A Contadora de Histórias escrita por lady_animedark


Capítulo 13
12




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“O tempo não para. Só a saudade que faz as coisas pararem no tempo.”

                                                              Mario Quintana.

_Acho melhor você ir para a quadra. _disse Sakura, após selarem a promessa. _Se o Gai-sensei descobrir que você está descumprindo as regras dele, pode acabar tendo problemas.

_Nossa... Tem razão. E eu não preciso de mais uma. _disse Sai, com um sorriso tímido. _Vê se não vai botar fogo na escola rosinha.

_Baka! _gritou Sakura, vendo o moreno se afastar.

Depois que ele saiu, Sakura pode refletir melhor sobre os acontecimentos recentes. Sai havia sido criado em um mosteiro, por isso agia como um idiota. Apesar de tudo, havia reconhecido seu erro e até estava sendo legal.

Pelo menos está tentando.” _pensou Sakura, enquanto caminhava por entre as mesas do refeitório.

Tudo estava acontecendo tão depressa. Naquela manhã havia entrado um novato estranho. Ignorou-o, brigou com ele e agora era amiga dele. Tudo isso em menos de 24 horas.

_Espero que esse dia acabe logo. _murmurou Sakura, passando a mão pelos fios róseos.

O refeitório era um lugar grande, encontrava-se no centro do colégio, ao lado do pátio principal. Havia diversas mesas com apenas quatro acentos cada uma. Suas paredes possuíam o tom azul e branco, que eram as cores do colégio. Era uma das áreas cobertas do colégio.

_Pelo menos se começar a chover, eu não me molho. _murmurou Sakura, caminhando por entre as mesas.

Não entendia o motivo daquela ronda, afinal, o que ela poderia fazer contra algum estranho que resolvesse invadir o colégio? E Sai? Era tão magrelo quanto ela.

Resolveu parar de pensar em tolices. Era sempre assim. Começava a refletir sobre algo e logo milhões de pensamentos incabíveis dominavam a sua mente.

_É melhor acabar com isso. _murmurou, analisando as horas pelo relógio de pulso.

O tempo realmente voara e nem percebera. Já eram 20h e ainda estava no refeitório. Se continuasse naquele ritmo, não conseguiria fazer a ronda completa na biblioteca. Aquele lugar era simplesmente imenso.

Com um suspiro, começou a direcionar seus passos para o corredor que levaria a biblioteca. Esta se encontrava no subsolo do colégio, pois assim se tornaria um local de difícil acesso no caso de invasão.

Desceu alguns poucos degraus até deparar-se com uma porta velha de ferro. Sakura pode notar que as suas dobradiças estavam enferrujadas, fazendo com que temesse ficar presa naquele lugar.

_Vamos lá, Sakura! O que de pior pode acontecer? _murmurou, como um incentivo para si mesma.

Girou a fria maçaneta de bronze e estranhou o fato da porta não estar trancada. Os diretores mantinham aquela biblioteca com toda a cautela, não cometeriam um erro tão tolo de deixá-la aberta.

_Gai-sensei deve ter destrancado quando chegou. _murmurou Sakura, abrindo a porta por completo.

Assim como em um filme de terror, a porta rangeu, provocando arrepios no corpo da jovem Haruno. Odiava aquele clima sombrio.

Suas pequenas mãos tatearam a parede em busca de um interruptor. O encontrou. As luzes foram de acendendo de forma linear, tornando o ambiente mais agradável.

_Nada mal. Agora entendo porque cuidam tanto desse lugar. _murmurou Sakura, olhando abismada.

Era extremamente grande. Haviam dezenas de prateleiras, recheadas com todos os tipos de livros. Eram organizadas de acordo com o assunto e a data de publicação.

Cada estante cabiam cerca de cinqüenta livros e Sakura mal conseguia contar o número de estantes que havia ali. Ela estava fascinada com aquele lugar. Não o achava mais tão amedrontador.

Suas paredes eram de madeira entalhada, com diversos detalhes que lhe levavam para outra época. Definitivamente, era um lugar dos sonhos, não acharia ruim ficar presa ali.

_Vejamos... O que temos aqui. _murmurou, enquanto caminhava por entre as estantes.

Seus olhos estavam encantados, todos aqueles livros. Quanta informação estaria guardada ali dentro, quantas histórias jamais contadas, jamais sonhadas. Poderia mergulhar em cada uma delas e, mesmo assim, não estaria saciada a sua sede.

História, geografia, ciências políticas, sociologia, filosofia. Havia de tudo um pouco ali. Até ficção para quem preferir. Mas, para Sakura o assunto não importava. Queria apenas embriagar-se com o prazer de saber.

Escolheu um livro ao acaso. Não lhe chamara muita atenção, haviam muitos outros ali. Não sabia explicar, mas suas mãos agarraram exatamente aquele.

Não havia título em sua capa que, aliás, era em tom vinho, nada mais. Nenhuma descrição sobre o seu autor ou sobre o seu conteúdo. Olhou para cima, estava na sessão dos indefinidos.

_Que piada. _ironizou, folheando-o. _Que estranho!

Ele estava em branco. Não havia se quer uma palavra escrita em suas várias páginas amareladas. Curioso. Por que o colégio teria um livro sem conteúdo?

Revirou de todas as formas possíveis, mas nada encontrou nele. Já estava o fechando para devolvê-lo a estante, quando acidentalmente cortou seu dedo em uma das folhas.

Com o susto, acabou derrubando-o no chão. Levou o dedo até os lábios, lambendo o local. Sentiu o gosto metálico do sangue e uma leve dor. Estava bem, certo?

O que está acontecendo?” _pensou Sakura, levando a mão até a testa.

De uma forma inexplicável, uma tontura descomunal dominara o seu corpo. Suas pernas estavam sem força e ela não tinha controle algum sobre o próprio corpo. Estava se sentindo mole e nada mais enxergava. Antes de perder a consciência, sentiu o choque do seu corpo contra o chão.

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Assim que abriu os olhos, Sakura encontrou-se em uma clareira, no meio de uma floresta sombria. Levantou-se, sacudindo o vestido para retirar a grama que grudara nele.

_Que estranho! Eu não me lembro de ter algo assim no meu guarda-roupa. _murmurou Sakura, ao reparar melhor no que estava vestindo.

Era um vestido longo que lhe cobria até os tornozelos. Tinha mangas longas e um decote arredondado. Era preto em toda a sua extensão, exceto pelo corpete, era rosa.

_Espero que tenha gostado. _disse uma voz fina e delicada. _Eu que o fiz.

Mal havia notado a presença de outra mulher ali. Ela possuía cabelos negros e curtos que mal lhe alcançavam os ombros. Sua pele branca e os trejeitos delicados lhe lembravam uma pequena fada. Usava um vestido azul-celeste curto com flores bordadas.

_Quem é você? _perguntou Sakura, confusa. _E que lugar é esse?

_Meu nome é Shizune. Sou assistente da fada mestra. _disse, sorridente. _Você está em Wonderland. Eu te trouxe até aqui.

Sakura ficou ainda mais confusa. Fada mestra? Wonderland? Só podia ter ficado louca.

_Espera um segundo. Fada mestra? Wonderland? Está brincando comigo? _perguntou Sakura, passando a mão pelos fios róseos de forma nervosa.

_Não é brincadeira. É tudo verdade. _disse Shizune, caminhando até Sakura.

A Haruno achou por um momento que aquela mulher fosse capaz de voar, seus movimentos eram tão leves que nem notara o quão próxima ela estava.

_Isso é Wonderland. O lugar onde os sonhos maravilhosos são possíveis. _disse Shizune, apontando para tudo em sua volta.

_Eu acho que não. _murmurou Sakura, olhando a paisagem. _Isto mais parece um local onde os pesadelos são possíveis. É tudo tão sombrio e frio.

_Eu te entendo. _falou Shizune, suspirando. _É que as coisas não são mais como antes. Tudo mudou desde a morte dela. A primavera se nega a chegar e tudo se tornou... Triste.

_Como a morte de uma pessoa pode mudar um lugar? _perguntou Sakura, reparando no tom cinza adquirido pelo céu.

_A morte de um ser humano tolo, realmente, não faz a menor diferença no sistema dos mundos. _disse Shizune, como se uma ofensa tivesse sido dita. _Mas, Akemi não era um ser humano tolo. E a forma cruel como ela foi morta... Não é natural. Todos foram afetados por essa tragédia. E o pobre príncipe... Céus! Como ele deve ter sofrido.

Sakura estava perdida com as palavras de Shizune. Não conseguia acompanhar o ritmo acelerado de sua fala e era muita informação.

_Espera... Não consigo entender. _disse Sakura, cobrindo os ouvidos com ambas as mãos.

Um calor descomunal começou a se apossar do corpo dela. Era como se tivesse sido lançada as brasas de um vulcão.

_Está sentindo isso? _perguntou Sakura, tentando tirar um pouco de suor da testa.

_O que eu fiz?! _murmurou Shizune, assustada. _Ainda não está na hora. Deve voltar quando for o momento certo.

_O que? _murmurou Sakura.

Antes que pudesse reagir, já estava perdendo os sentidos novamente. Tudo a sua volta estava escurecendo.

_Tenha bons sonhos, princesa. Wonderland precisa de você.

Foi tudo o que Sakura ouviu antes de desmaiar outra vez.

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Aos poucos, Sakura foi retomando a consciência. Ainda sentia-se um pouco sonolenta e sua mão estava dormente, mas nada grave havia acontecido.

Apesar de não haver nada com o seu corpo, Sakura logo percebeu que algo realmente estranho estava acontecendo.

_Kami sama! _murmurou com a voz trêmula.

O local estava todo tomado por fumaça e o calor estava insuportável. A biblioteca estava tomada pelas chamas.

_Oh rosinha o que... O que você fez? _perguntou Sai, entrando na biblioteca correndo.

Antes que pudesse responder qualquer coisa, Sai pegou a garota pelo pulso e a puxou para fora daquele lugar.

Sakura ainda estava sem reação. Faziam poucos minutos que os bombeiros haviam sido acionados e o incêndio já havia sido controlado.

_Senhorita Haruno, acalme-se. _disse Gai, estendendo uma caneca de café para a garota.

Todos se encontravam na sala dos professores naquele momento. O capitão dos bombeiros conversava com o diretor, Sarutobi, que havia sido chamado por conta dos problemas burocráticos.

_Vai ficar tudo bem. _murmurou Sai, abraçando Sakura pelos ombros.

Sakura sabia que não ia ficar tudo bem. Soube disso no instante em que percebeu o olhar frio do diretor sobre si. A boa aluna, agora era uma incendiária.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu gostaria de agradecer aos reviews e dizer que eles me deram inspiração para escrever esse capítulo.
Por um milagre inexplicável, consegui concluir esse capítulo em apenas um dia. E, foi um dos que eu mais gostei de escrever.
Como eu disse antes, as coisas começaram a esquentar e a vida da Sakura vai dar um giro de 360º.



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