Ars Olins, estado de guerra escrita por MT


Capítulo 7
Capítulo 3.5° — Estava na hora de ligar para os outros países




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Sun Wukong -  Monkey

 

 

Havia algo de nojento naquilo. Milhões de pessoas vibrando enquanto uma esfera passava por entre duas barras de aço ou era enfiada em um aro, discussões sobre quem é o melhor nessas atividades enchendo quase quilometricamente a internet, chegando em alguns casos a criar cenas violentas na vida real, a análise de reality shows para esclarecer pontos de vista sobre a banalidade de pessoas postas a morar juntas, livros de ficção, séries e filmes que não se dão ao trabalho de apresentar uma forma de interpretar a sociedade ou a si mesmo digna de nota. É desconcertante.

Não odiava-as, até praticava e consumia parte delas, apenas odiava a super compensação e a energia gasta em atividades que deveriam ser apenas uma descontraída pausa das tarefas focadas no avanço. Ciência deveria ter atenção dada a essas trivialidades. O estômago de Sun Wukong revirava sob a injustiça.

É quase o suficiente para convencer um homem a sair em guerra

Mas a revolta não passa de outro tipo de tolice. Com a morte todas as coisas se tornam iguais. Assim sendo, por quê se privar daquilo que dará a sua breve estadia maior prazer e sentimento de realização apenas por não agregar diretamente na evolução da sociedade?

Quando alguém me disse ter preferido o último aos dois anteriores, o chamei de tolo, ´´só tem uma maldita vida, viva`` avisei.

Mas essa noção não basta. Ainda me dá nojo. Ainda me faz querer esmagar a cabeça das massas e colocar algum juízo lá antes de reformá-las. E os deuses sabem que posso fazer isso. Sabem o quanto luto para não fazer isso.

Otimizar a sociedade, não como blocos separados de pessoas de países diferentes, e não pensando nelas como máquinas indiferentes ou sem necessidade do prazer. Mas sujeitos ao qual tarefas são designadas, cujos talentos são notados e redirecionados a onde se destacam. 

Eu tentei. Cada um dos treze estados é composto por pessoas com diferentes funções, sendo testadas em intervalos regulares de três semanas para checar a existência de alguma aptidão e dando espaço em suas cargas horárias para se especializarem se assim desejarem e… soltou o ar pela boca. 

Não vem ao caso agora.

— Por que está aqui? 

— Eu sou a porra de um turista, seu ba…! — o bastão acertou a mandíbula do sujeito ruidosamente. Sangue o vazou por entre os lábios e a metade de baixo da boca balançou despida de firmeza. 

Sun Wukong andou até a frente da mulher cujos joelhos tocavam o chão, os pulsos e canelas pendiam sob algemas em forma de braceletes. As íris castanhas dele encararam as negras da humana mestiça. 

— Por que está aqui? 

O monkey (macaco na língua da magia e nome dada a raça de Sun Wukong mais de um milênio atrás) era um indivíduo da ciência. Fatos, provas e evidências o moviam como acreditava ser dever de qualquer pessoa sensata ser movido por. Mas nunca foi um homem de ignorar seus instintos lapidados em batalhas, lutas e investigações de casos estranhos nos limites dos treze estados.  Um quarto do mundo foi consumido. Duas das nações mais belicamente preparadas haviam partido e a que sempre havia sido a primeira nesse quesito continuava aqui, com o exército na mão de uma criança maníaca por derramar sangue. 

Então me perguntei que tipo de avanço militar seria mais adequado. Usar as armas de destruição em massa geraria uma retaliação de igual potência pela mão do homem morto do país atacado(um contra ataque que consiste na ativação do bombardeio ao inimigo após a destruição da nação ser constatada), então ao menos no início seria uma carta a se manter nas mãos. O que eu faria em um mundo globalizado onde pessoas que treinaram o bastante podem causar grandes danos até desarmadas?

Depois disso passara dias checando os dados dos que viajaram para os treze estados, utilizando-se também de ia’s para diminuir o trabalho e indo ao encontro das que o chamaram a atenção. E ver aqueles três, o ritmo de suas passadas, a aura de seus núcleos de mana tocando-lhe os pelos e observando suas silhuetas, os músculos de médio porte, o meio termo entre uma alta força e grande agilidade. Militar. Ou atleta? Academia? Genética e um esforço razoável? Procedimentos cirúrgicos?

´´Eles são parte da investida inimiga`` a mente formava quase inteiramente sem o consentimento de Sun Wukong. E ele quebrara o maxilar de um homem em nome da confiança que tinha nos próprios instintos.

A mulher estava pálida e transpiração a marcava o rosto que pairava voltado ao chão. 

— Só acabe logo com isso… — ela murmurou. 

Essa fala corrobora minha suspeita perfeitamente bem.

— Como queira. 

O bastão varreu a cabeça da mulher para fora do pescoço dela, desmanchando-a em pedaços róseos que caíram sobre o sujeito a sua esquerda. O corpo foi ao chão e jatos de sangue foram lançados do buraco na garganta para o calçamento. 

O último incólume, entre os que parara, tremia, tinha os olhos arregalados e a pele marcada pelos restos de sua companheira.  ´´Ele irá falar`` surgiu na mente de Sun Wukong quase por si só.

— Por que está aqui?

Ele falou.

Foi entediante. 

Como ver o término de um filme cujo final você pôde predizer em seus minutos iniciais. 

Gravou o relato do soldado de Marte, prendeu ele e o companheiro deste que teve a mandíbula quebrada. O corpo da mulher foi levado ao necrotério. 

 

Sentado no topo do edifício de pesquisas BioforLife, Sun Wukong soltou o ar pela boca e deixou as costas tocaram o telhado da estrutura. 

Algo parece terrivelmente errado. Por que eu estava tão precisamente certo? Por que foi fácil fazer um agente de infiltração de Marte falar

Ou é esse espaço em branco na trama que ainda não sei como responder? Nem mesmo que tipo de pergunta pode ser o ponto de partida.

Poderia ser a morte de Ars Olins um estratagema? Provável, considerando que enviou soldados para se esgueirarem país adentro, isso deve indicar que a explosão dela foi uma tentativa de baixar a guarda das nações. O que induz a pensar que os foguetes a serem produzidos não eram foguetes, mas naves de guerra para ataque aéreo. O que insinua a disponibilidade de uma nova tecnologia capaz de passar despercebida por radares

Um arrepio atravessou-o e com um impulso pôs-se de pé.

Essa última ideia é perturbadora.

Estava na hora de ligar para os outros países e avisar sobre a possibilidade de agentes de Marte também terem se infiltrado por lá, além de oferecer-se a uma aliança contra essa nação.

O cano frio de uma arma encontrou a traseira da nuca de Sun Wukong. O gatilho foi pressionado, o curtíssimo e baixo ruído do motor do rifle soou. Por três segundos pedaços de carne, ossos e sangue tinham voado. 


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Notas finais do capítulo

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