ESMORECER

Parte V

Sinto o sereno da noite me consumir...

Suprimido numa raiva indolente que não consigo definir.

Por que você ainda está aqui?

Por que sua maldita presença não pode só partir?

Eu queria que sua voz deixasse de ressoar,

Tão certo quando odeio a Lua em crescente luar.

Você se demora nesse lugar,

Como um fantasma que não quer me deixar.

Assombrando nossas memórias,

E me envolvendo em uma névoa de solidão.

O que restou de nós então?

Sua essência costumava cativar meus sonhos.

E agora os pesadelos são tão reais,

As suas fotos não me deixam em paz.

Pois me dão uma falsa sensação,

Que arde fraca em meu coração.

E por isso eu te sinto aqui...

Por favor, afaste meus medos infantis.

Ou se vá e me deixe assim.

Eu só quero que essa dor acabe enfim.

A raiva é o único sentimento,

Enquanto eu amaldiçoo o destino que te levou.

A raiva é o último alento,

Nessa Lua crescendo um ódio pelo que ficou.

Suas fotos estão rasgadas pelo chão,

Como suas memórias não fazem mais sentido.

O que o meu luto fará contigo,

Quando finalmente o teu cheiro evaporar do piso.

Esmorecer...

O que a minha alma sente com a perda?

Desvanecer...

Sinto raiva, ódio e pena.

Sinto-a serenamente, pequena...

Uma luz que alimenta minha visão.

Uma luz que se apagou na escuridão.

Uma luz que esfriou meu coração.

Tão só...

Queria te cantar só mais um poema,

Só mais uma canção.

Mas, por quê?

Por que não?

~Gabriel.