Metalwillverso escrita por Metal_Will


Capítulo 5
A Gangue do Terror (This Is My Gang!)


Notas iniciais do capítulo

Sem dúvida alguma, "This Is My Gang!" foi a história que mais me diverti escrevendo. A proposta era fazer uma comédia escolar com humor simples e inocente, mostrando o cotidiano de um garoto desengonçado que se mudou para uma escola nova e logo no primeiro dia entrou na gangue do Wilson, um menino extremamente criativo e empolgado, que tinha como objetivo criar a gangue mais popular na escola. Além de Daniel, a turma contava com o guloso Jorjão, a bela Demi e a quieta Karina.

Foram mais de 200 capítulos contando as confusões dessa turminha. Esse é o tipo de história que tem gosto de infância, da época de escola em que tudo era mais simples. Ao mesmo tempo, foi como uma terapia para mim, já que meu ensino fundamental foi a época que mais sofri bullying. Sim, projetei muita coisa, mas ainda assim adorei o resultado. Amo essa turma de paixão!

Neste capítulo especial, nossa gangue encontra novos rivais que sugerem uma disputa bem...diferente. Confira! ;)



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Cala a boca, despertador!

Ai, de novo. Desculpem por começar a história de um jeito tão mal-educado, mas o som desse despertador me irrita e, ei, acho que já comecei a história desse jeito em algum momento, não?

Bom, seja como for, era mais um dia comum, mais um dia de aula, apesar do ano já estar terminando. Depois do baile, ainda teríamos mais alguns trabalhos finais e depois, finalmente, férias.

Sim, eu preciso de férias. Já devo ter falado isso, mas escola é um lugar barra pesada. Você não só precisa lidar com um monte de lições, trabalhos e provas, como precisa lidar com professores irritados, coordenação incompetente e colegas malucos. Essa última parte, em particular, era minha especialidade. Se tem alguém para falar de colegas malucos, esse alguém sou eu, sim, senhor.

Quem sou eu? Ah, acho que você deve lembrar quem eu sou. Não? Tá, vou relembrar. Meu nome é Daniel Luz, tenho 13 anos e estou terminando o oitavo ano do fundamental. Estudo no Megatec, um colégio com ensino técnico bem conceituado no mercado, mas com a maior quantidade de malucos por metro quadrado. Se você está aqui, deve saber bem disso. Se não, vamos lembrar de quem são meus colegas de escola.

Naquele dia, ao chegar no colégio, eu não tinha muita escolha. Apenas me dirigi ao banco mais afastado no pátio, ignorando o valentão do nono ano atormentando o garoto do sétimo, as patricinhas falando mal de alguma menina da sala delas ou os metidos a atleta da minha sala ansiosos para a aula de Educação Física (eca!). E lá estava eu. Geralmente sou um dos primeiros a chegar, mas dessa vez, dois de meus amigos, Wilson e Jorjão, já estavam ali.

—Daniel! - falou Wilson, o menor deles - Cara, que saudade!

Ele correu e me abraçou.

—Por que isso agora? - estranhei - A gente se viu ontem! Você fala como se a gente não se visse há uns dez anos.

—Sei lá - disse ele - Não sei porque mas estou mesmo com a impressão de que a gente não se vê uns dez anos mesmo.

—Você tá mais doido do que de costume - retruquei.

—Salgadinho? - ofereceu Jorjão, o maior dos dois (e bota maior nisso) já devorando um pacote de Fandangos logo de manhã.

—N-Não, valeu - respondi - Não tô com fome.

—Obrigado - falou Jorjão - Quase achei que você ia aceitar.

E ele devorou o resto do pacote de uma vez só.

—Agora só falta as meninas chegarem - falou Wilson - Ah, lá vem uma delas.

—Oi, gente - disse uma das meninas do nosso grupo se aproximando. Demétria Gomez, ou simplesmente Demi, continuava linda como sempre.

—Demi. Bom dia - falei, já um pouco mais animado. Meus amigos são todos uns doidos, mas a Demi era um alívio no meio de toda aquela insanidade.

—Achei que ia chegar mais tarde hoje - disse ela - Minha mãe demorou uma eternidade para se arrumar.

—Não, tá cedo ainda - falou Wilson - Só vamos esperar a Karina chegar.

—É, ela costuma ser uma das últimas a chegar - comentei.

—Já cheguei - disse ela, atrás de mim, sem que eu percebesse. Aquela garota tinha o dom de esconder a própria presença.

—Por que você sempre chega assim?! - reclamei.

—A culpa é sua por estar distraído - falou ela, arrumando os óculos. Continuava a garota baixinha, inteligente e de óculos de sempre. Ai, ai, certas coisas nunca mudam.

—Bom, então estão todos aqui - falou Wilson - Ótimo. Já podemos pensar nos nossos planos para o ano que vem.

—Já está pensando no ano que vem? - perguntei.

—É claro - disse ele - Esse ano nossa popularidade subiu bastante, mas ainda falta muito para sermos o grupo mais influente dessa escola. Vai dizer que já esqueceu? Somos os Notórios Estudantes da Revolução Divertida! Estamos aqui para fazer história! Somos a gangue mais terrível desse lugar!

"Notórios Estudantes da Revolução Divertida". Ou, abreviadamente, N.E.R.D. Wilson encarava nossa turma como uma gangue com a missão de dominar a escola. Pela força como as gangues americanas? Não, não. Pela influência. Ele queria nos tornar o grupo mais querido, popular e descolado do colégio. Só que até agora éramos apenas o grupo mais detestado e patético da escola. É, tínhamos uma longa jornada pela frente.

—Tem alguma ideia? - perguntou Demi, fazendo a pergunta mais perigosa de todas.

—Obrigado por perguntar, querida Demétria! - disse Wilson - Estava pensando em meteorologia.

—Como é que é? - perguntei.

—É. Vamos inventar uma máquina que controla o clima - disse ele - Vamos decidir quando chove e quando faz sol. Todos vão querer a nossa ajuda. Já estava até fazendo pesquisas em ciências atmosféricas e...

—Ei, vocês! - uma voz de criança interrompeu a explicação de Wilson. Quem foi o abençoado que nos salvou? Olhei para trás e vi três crianças, dois meninos e uma menina. O garoto que gritou tinha um olhar confiante e cabelo castanho liso. A garota tinha traços orientais (não sei dizer se era japonesa, coreana ou chinesa) e o outro garoto era negro e usava óculos (parecia bem mais quieto do que o outro).

—Sim? - perguntou Wilson - Vocês querem alguma coisa?

—Vocês são a N.E.R.D., não são? - perguntou ele.

Wilson ia responder, mas o próprio garoto respondeu.

—Ah, claro que são. Nem sei porque perguntei. A gente acompanha vocês faz tempo, apesar de ter demorado para percebermos isso.

—Espera aí - reclamou Wilson - Quem são vocês, para começar?

—Nós? Quem nós somos? - o garotinho riu - Nós somos a Gangue do Terror.

Mas só o garoto mais falante que parecia animado com isso.

—Bom, eu só queria conhecer vocês mesmo - falou a garota timidamente.

—É - concordou o outro menino.

—Ah, parem com isso - disse o moleque mais tagarela - Vão arregar agora?

—Insisto - continuou Wilson - Quem são vocês?

—Meu nome é Kauã. Essa aqui é a Isis e esse aqui é o Kleber. Somos todos do quarto ano. Como já falei, somos a Gangue do Terror. Viemos desafiar vocês!

—Desafiar? - repeti - Como assim "desafiar"?

—Nós somos seus fãs e...

Mas Kauã interrompeu Isis na mesma hora.

—Sim, somos fãs. Mas somos rivais. A ideia de vocês me deixou muito motivado! Ser a gangue mais popular da escola! Achamos isso fenomenal.

—Sério? Sério mesmo?

Wilson começou a ficar empolgado. Já eu só conseguia pensar que nossa gangue só poderia fazer sucesso mesmo com o público infantil.

—Só que essa é uma ideia que eu já tive - reclamou Kauã - Eu só não consegui gente o bastante para colocar em prática. Todos os meus colegas de sala são uns babacas que só querem saber de jogar futebol. Foi aí que, um dia, vi a Isis curtindo uma foto da Demi e depois vi o Kleber reassistindo o trailer do filme de vocês. Chamei os dois e descobri que eles também eram fãs da N.E.R.D. Fiquei feliz por ter mais gente que curtia vocês, mas fiquei mais feliz ainda porque achei alguém para fazer parte da minha gangue.

—Na verdade, a gente só queria conhecer vocês - disse Kleber.

—Para de estragar o momento! - reclamou Kauã.

—Deixa eu ver se entendi - disse Wilson - Vocês são nossos fãs, mas também querem nos desafiar.

—Exato - disse Kauã - Queremos mostrar que somos capazes de derrotar vocês.

Wilson começou a rir.

—Qual é a graça? - perguntou Kauã.

—É que vocês ainda estão no quarto ano - disse Wilson - Precisam comer muito feijão com arroz para alcançar a gente.

E olhando para o Jorjão, bota feijão com arroz nisso.

—Não é justo! - reclamou Kauã - Idade não importa. Conseguimos ser tão legais quanto vocês. E vamos provar isso.

—Só para saber - perguntou Demi - Que tipo de desafio vocês estão pensando?

—Somos pequenos demais para disputar algo muito atlético. E sabemos que Wilson é um gênio, então não pode ser nada ligado à inteligência. Também não pode ser nada ligado à música ou dança, ou a Demi vai acabar com a gente. Também não pode ser culinária, porque nossos pais não nos deixam mexer na cozinha. Se for um campeonato de arroto, o Jorjão ganha e...

Estamos ficando sem opções.

—Que tal uma competição de piadas? - sugeriu Karina.

É, essa é uma sugestão que eu não esperava dela.

—Como assim, Ka? - perguntou Demi.

—É o campo que temos menos experiência - disse Karina - Eles devem ter uma chance nisso.

—Desculpa, mas...no que isso vai provar qual gangue é melhor? - perguntei.

—Ora, Daniel - disse Wilson - Se queremos ser os mais populares, ser engraçado ajuda. Por mim, tá fechado.

—Tá, mas quem vai julgar nossas piadas? - perguntou Demi - Precisa ser alguém neutro.

Quase todo mundo da escola odeia a gente, então só nos restava procurar alguém que fosse imparcial o bastante para não ficar nem de um lado e nem do outro.

—Tudo bem - disse o professor Denis, na hora da saída, quando explicamos a situação para ele e pedimos que fosse até nosso banco no pátio para julgar as nossas piadas (ou tentativa delas) - Posso julgar as piadas. Desde que não sejam sujas.

—Claro que não - falou Kauã - Não gosto de fazer piadas sobre coisas nojentas.

Não foi bem isso que ele quis dizer, mas...

—Quem começa? - falou Wilson.

—A Isis - disse Kauã, apontando para sua coleguinha - Ela é ótima com piadas, não é?

—Bom, eu conheço uma - falou a garota - Qual é o oposto de volátil? "Vem cá sobrinho"

—Volátil, vem cá sobrinho - repetiu o professor Denis - Ah, entendi. Boa.

Não sei escolhemos o melhor juiz.

—Agora você, Wilson - falou Kauã - Quero ver contar uma melhor.

—Muito fácil - disse ele - Sabe porque a melhor hora para pescar é meio-dia e cinquenta e nove?

—Por quê? - perguntou o professor.

—Porque uma hora o peixe vem - disse Wilson, confiante. O professor deu uma risada bem mais alta.

—Cara, vocês são demais.

O que eu estava fazendo ali? Mas é claro que não podia parar naquele round, não é?

—Vai, Kleber - disse Kauã - Conta aquela que você falou outro dia.

—Ah, não. Eu tenho vergonha - disse o pobre garoto.

—É o destino da nossa gangue, Kleber!

—Ai, tá bom - falou o tímido garoto, balbuciando devagar - Por que a plantinha não foi atendida no hospital?

—Por quê? - perguntou o professor.

—Porque só tinha médico de plantão.

O professor riu alto. Realmente, acho que não escolhemos o melhor juiz.

—E vocês? - perguntou Denis para nós.

—O Jorjão tem uma - falou Wilson.

—Tenho - disse Jorjão, depois de devorar uma coxinha que ele trouxe para enganar o estômago antes do almoço - Por que é melhor falar no telefone deitado?

—Por quê? - perguntou Demi.

—Para não cair a ligação.

Denis riu alto também.

—Tá empatado - disse ele - Vocês são muito criativos.

—Tá legal - disse Kauã - Agora é a minha vez. Essa todo mundo vai rir.

—Manda aí - falou Wilson.

—O homem chegou na padaria e perguntou "Tem pão?". O padeiro respondeu, "Acabou de sair". O homem disse, "Sério? Que horas ele volta?".

O professor, claro, riu de novo.

—Adorei - falou ele - Vocês tem cada uma.

—Agora é a sua vez, Daniel - falou Wilson.

—Eu? Não conheço piada nenhuma! - retruquei.

—Como não? É só lembrar. Tenho certeza que você sabe alguma.

—Não, não sei - insisti.

—Claro que sabe. Conta a sua melhor aí! - insistiu Wilson - Sempre morro de rir contigo, cara.

—Eu? Engraçado? Só sou engraçado porque minha vida é uma piada!

Assim que falei isso, não só o professor riu, como todos riram (menos Karina, que nunca ri, mas aposto que ela estava rindo por dentro).

—Ótima essa - falou Denis - Vocês ganharam. Sinto muito, crianças. A turma do Wilson se superou.

Kauã e os outros dois também estavam rindo.

—É, não dá - disse ele - Vambora, gente. Precisamos treinar muito para superar esses caras. N.E.R.D! Um dia a gente vai superar vocês!

—Podem vir - falou Wilson - Estaremos prontos.

—Puxa, Daniel - falou Demi - Você é demais mesmo.

—Sabia que você tinha alguma piada guardada - disse Karina - Você é mesmo surpreendente.

—É isso aí, Daniel - falou Wilson, dando um belo tapa nas minhas costas - O que seria da nossa gangue sem você!

E assim foi mais um dia letivo no Colégio Megatec com esses caras. Ai, ai. Essa é a minha gangue...


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Notas finais do capítulo

Ai, quase choro de saudade aqui. Pena que é só um capítulo por história, porque quando começo a escrever sobre essa galerinha não dá vontade de parar. Kkk

No próximo capítulo, vamos relembrar a suave sedução de Letícia. Até lá.



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