O Retorno escrita por Kaisaca1976


Capítulo 4
Capítulo 04: Observados


Notas iniciais do capítulo

Estranhos acontecimentos na Terra e em Gailar continuam e despertam a preocupação nos dois planetas sobre um possível inimigo à espreita.



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A nave Miranda estava em uma missão de patrulhando no local onde os destroços da Ravask tinham sido encontrados. Na sala de comando todos os operadores olhavam atentos para seus monitores digitais. Cory sentado em seu posto de co-piloto olhava fixamente para as inúmeras estrelas à sua frente. Seu olhar se desviou para o piloto-mor, que ao perceber que era observado lançou-lhe um olhar frio, envergonhado desviou o olhar para onde estava Amanda, ela parecia totalmente absorvida em seus monitores, mais acima em sua cadeira de comando o capitão Zatáros com semblante sério. Olhou para seu lado onde estava Roger atento a seus painéis. Ele sentia a tensão no ar.

Um sinal no radar chamou a atenção de uma das operadoras, mas logo sumiu.

— Senhor, o radar captou um estranho sinal por alguns segundos.

— Que tipo de sinal? – perguntou o capitão.

— Foi muito rápido.

O comandante Zatáros olhou para o sub-capitão Darius que esperava a ordem. - Envie o comandante Dankan investigar.

— Sim, senhor. – A voz do sub-capitão soou pela nave e a ordem para a partida dos doubles foi seguida imediatamente.

— Qualquer anormalidade avise imediatamente. – ordenou o comandante antes de se dividirem em grupos.

— Sim, senhor. – a resposta foi unisom e os doubles sumiram nos confins do universo.

A equipe de Rita era formada por ela, Dimitri e mais quatro doubles. Ela olhou para a foto que sempre colocava no painel e relembrou os momentos que voava com Joe no Pirata do Espaço. Deu um suspiro de saudade.

— Nada ainda. – perguntou ela pelo comunicador.

— Nada. – respondeu Dimitri

— Talvez seja um alarme falso. – disse um dos pilotos.

— Aqui é o comandante Dankan. Todos os doubles retornem à nave.

— Acho que desistiram. – A voz de Dimitri soou no comunicador do grupo

— Vamos retornar. – disse outro piloto.

— Podem ir, eu vou dar a volta neste planeta. – disse Rita. Eles estavam perto de um planeta rochoso e sem vida.

— Está bem. Quer que a acompanhe? – perguntou Dimitri.

— Não daqui a pouco eu os alcanço. Eu só quero colocar um pouco de velocidade. – disse ela

— Nós não vamos facilitar para você. – disse Dimitri.

— Então é melhor correr, em breve eu os alcançarei.

— Vamos ver. – E os doubles retornaram.

Rita se dirigiu para o planeta inóspito e quando começou a dar a volta algo chamou a atenção. Uma luz verde apareceu diante dela.

— Mas o que é aquilo? – perguntou se aproximando. Os instrumentos não registraram nada.

Em fração de segundo a luz verde sumiu e um estranho objeto se precipitou em sua direção atirando um raio também verde. Graças a sua habilidade ela conseguiu desviar.

— Uma nave misteriosa. – disse ela e se pôs a seu encalço, mas a nave era veloz, suas asas eram chatas e seu corpo era de forma cilíndrica de suas laterais saiam duas formas pontudas de onde atirava seus raios.

— Aqui é Rita, estou sendo atacada.

A nave voltou-se para sua direção disparando contra ela em uma velocidade surpreendente, quase pega de surpresa conseguiu desviar e disparar seu raio acertando na nave. Desistindo de um novo ataque a estranha nave voltou a se camuflar com a luz verde e sumiu em segundos. Ela ainda tentou segui-la, mas foi em vão. A nave havia desaparecido.

— Rita?... Aqui é Dimitri. Rita onde você está? Responda. – a voz angustiada de Dimitri a trouxe de volta.

— Estou aqui. – Respondeu abrindo o vídeo de sua nave

— Você está bem? – a voz de Dimitri parecia trêmula, mas se tranqüilizou ao avistar a nave de Rita

— Sim.

— Aqui é o comandante Dankan. O que está acontecendo?

Logo Rita estava cercada por uma dúzia de doubles.

— Senhor, fui atacada por uma nave desconhecida. – a imagem do comandante apareceu em todos os vídeos dos doubles.

— Atacada!? – exclamou o comandante

— Sim senhor.

— E de onde ela veio?

— Acho que estava aqui o tempo todo.

— Nossos instrumentos não captaram nada. - A incredulidade na voz de Dankan era visível.

— Exato, senhor. Eu me deparei com ela quando dava a volta no planeta.

— Mas como?

—Parecia que tinha algum tipo de barreira que nossos instrumentos não foram capazes de ler.

— Impossível. – murmurou o comandante. - Vamos retornar à nave e relatar ao capitão. – ordenou Dankan.

Após narrar o encontro com a misteriosa nave, Rita e seus amigos estavam em uma das muitas áreas de convivência da nave, o local era grande com um enorme painel de vidro de onde podiam ver o espaço com suas inúmeras estrelas.

— Você está bem Rita? - Perguntou Amanda preocupada com a amiga. Ela e Cory estavam de folga.

— Sim, estou. - Respondeu ela com um leve sorriso para tranquilizar os amigos.

— De onde seria essa nave e o que estava fazendo aqui? - Perguntou Dimitri

— Talvez uma nave de reconhecimento. - Rita já esteve em uma guerra e seu instinto lhe dizia que aquela nave representava algum tipo de perigo.

— Você quer dizer que estamos sendo observados? - Cory estava começando a ficar receoso.

— Sim, é o que penso. - Rita não queria assustar seus amigos, mas também não podia fingir que não estava acontecendo nada.

— Você acha que corremos algum perigo? - Dimitri falou devagar.

— Eu não sei, mas acredito que tem algo lá fora nos observando. 

Ao dizer essas  palavras, os quatro olharam para o vasto universo através da janela.


*****

O professor Tobishima e Joe estavam no Comitê de Defesa Internacional junto com o chefe Yoshida e mais alguns cientistas e militares.

— Nos últimos dias tivemos várias interferências em nossos satélites. – estava falando o chefe Yoshida. – nossas transmissões de rádio, tv e comunicações foram prejudicadas.

— Na base Akane também tivemos problemas de comunicação – falou o professor Tobishima. - Alguma explicação para isso?

— Nós estamos investigando. - respondeu um dos militares. - Mas ainda não sabemos, a única coisa que podemos afirmar que não foi falha técnica.

— E o que vocês acham que pode estar acontecendo? – indagou Joe que agora era respeitado em assuntos do interesse da defesa internacional.

— Nossos satélites estão funcionando perfeitamente. - O Chefe Yoshida era o presidente do comitê - Já fizemos todas as investigações possíveis. E o que é mais estranho é que essas interferências vêm ocorrendo em todo o mundo e na mesma hora.

— Uma interferência magnética talvez. - Disse o professor Tobishima

— Também pensamos nisso. – disse um dos cientistas presentes – E o mais estranho, parece que estas interferências estão vindas de fora da Terra.

— O senhor quer dizer do espaço? – perguntou Joe.

— Sim. Há relatos de estranhos objetos sendo vistos nos céus da Europa e América. - Falou um representante dos Estados Unidos

Houve um silêncio na sala. Joe olhava para o rosto daqueles homens e podia ver preocupação em cada um deles. O chefe Yoshida se levantou e foi olhar para o céu através da ampla janela.

— Deus queira que esteja enganado. Mas acho que estamos nos deparando com vidas alienígenas novamente.

O murmúrio foi inevitável, mas essa desconfiança já passava pela mente de todos. Joe olhou preocupado para o professor e recebeu de volta o mesmo olhar.

— Imagino que se for de extraterrestres - começou Joe - O senhor acha que eles estão tentando fazer contato ou... – fez uma breve pausa – ou estão nos observando?

— Joe, se for provado que está vindo do espaço. Tenho quase certeza que eles não estão querendo fazer contato, se quisessem já teriam feito. – conclui o chefe Yoshida.

— O senhor fala de um povo desconhecido e isso exclui os gailarianos. – disse um dos oficiais. – O senhor se esqueceu que os gailarianos já tentaram dominar a Terra uma vez.

A surpresa causada por essas palavras fez todos olharem para o oficial perplexo.

— Os gailarianos têm um pacto de paz conosco. Eles não nos atacariam. – disse Joe.

— E o que faz pensar assim? A sua amiga alienígena?... Ela foi embora levando a notícia que viveu em um planeta tecnologicamente inferior a eles. Assim como o Imperador Geldon, outro governante daquele planeta pode ter lançado olhos cobiçosos sobre nós.

— Impossível. Os gailarianos não fariam isso. Se eles estivessem aqui já saberíamos. – disse o professor Tobishima ao ver que Joe estava a ponto de explodir.

— O senhor Eigi tem razão. Se nos atacaram uma vez. Poderiam muito bem ter voltado para nos atacar novamente. – disse outro oficial.

— Não sejam ridículos. O povo do planeta Gailar não faria isso. – Joe elevou a voz e fez todos o olharem. – chefe Yoshida o que o senhor acha?

— Eu não sei... – respondeu ele após um breve momento.

— Escutem bem. – interveio o professor Tobishima. – Nós sabemos que há vidas inteligentes e mais avançadas que nós no universo. Isso abre um leque para outros povos. Não só nós e os gailarianos.

— O professor Tobishima tem razão. – arrematou Joe. – O fato de existirem vidas em outro planeta nos leva a crer que pode haver outras raças no universo. Por isso a acusação contra o planeta Gailar é infundada.

— Senhores, senhores... – disse um dos cientistas. – isso não nos leva a nada. O que temos a fazer é tentar descobrir o que está acontecendo.

— O senhor... tem razão. – disse o chefe Yoshida. – Vamos continuar com as investigações. 

A reunião terminou logo e todos se retiraram da sala. O chefe Yoshida pediu para que o professor Tobishima e Joe ficassem mais um pouco.

— Devemos estar preparados para tudo. – disse ele com expressão séria assim que todos se retiraram. – E Joe mantenha o Pirata do Espaço pronto para qualquer eventualidade.

— Pode deixar chefe, mas me recuso aceitar que o planeta Gailar é que está causando tudo isso.

— Eu também espero isso. – respondeu ele. O chefe Yoshida estava temeroso porque um pequeno grupo em uma nave quase conquistaram o Japão e se o governante de Gailar também pensasse como o imperador Geldon? Afinal não ficou muito claro qual tipo de exploração os gailarianos estavam fazendo antes de cair na Terra.

O professor e Joe saíram da sala contrariados. Mariko veio ao encontro deles no corredor, parecia que ela os esperava.

— Olá Joe, professor... como vão? – perguntou ela com um leve sorriso. Ela sabia do motivo que levou ambos ao Ministério da Defesa.

— Mariko. Que bom vê-la. – disse o professor. – Não é mesmo, Joe?

— Sim é sim... – disse ele taciturno.

— Parece que a reunião não foi muito boa. – disse ela. Percebendo o mau humor de Joe.

— Desculpe-me Mariko, mas não quero falar sobre isso. Professor, vou esperar no carro. – disse ele.

— Joe... – tentou detê-lo, mas ele se afastou muito rápido. – Me desculpe, Mariko. Joe ficou um pouco chateado com o que aconteceu lá dentro.

— E o que foi tão ruim assim? – perguntou ela.

— Você já deve saber dos estranhos acontecimentos.

— Sim. Corre entre alguns militares que talvez possamos estar à beira de uma nova invasão,  foi isso que aborreceu o Joe, não é mesmo?

— Como?

— Sei que o general Eigi pensa que possamos ser vítimas dos gailarianos novamente. – Mariko falou devagar.

— É. Esse assunto também foi levantado.

— É por isso que o Joe parecia tão irritado  e não quis falar comigo.

— O Joe é assim mesmo, logo... logo ele se acalma. Bem, eu preciso ir. – disse o professor. – Até logo Mariko.

— Até logo professor. Diga a Joe que se ele quiser sair e conversar um pouco...

— Pode deixar, eu falo com ele para te ligar.

— Obrigada. – Desde aquele jantar os dois não haviam se encontrado mais, se falaram algumas vezes por telefone, mas os assuntos não fluíram. Ela suspirou, não iria desistir.

*****

Joe estava encostado no carro com os braços cruzados. Pelo semblante o professor percebeu que ele estava aborrecido.

— Podemos ir? – perguntou ele assim que o velho se aproximou.

— Sim. Podemos. – respondeu ele e entraram no carro.

— Eu ainda tenho alguns assuntos para tratar no centro tecnológico. Porque você não liga para Mariko e a convida para um jantar… teatro ou um cinema.

— Eu sei aonde o senhor quer chegar, mas hoje não estou disposto.

— Joe, meu filho, não deixe que o que aconteceu o abale, são apenas hipóteses e tenho certeza que são infundadas.

— Pelo menos em uma coisa concordamos: não acredito que seja apenas uma pane e que o planeta Gailar esteja envolvido.

— Eu também penso assim.

— E o que será então?

— Não vamos pensar nisso agora. Estamos na capital com muitas coisas para se fazer com uma companhia melhor que um velho resmungão.

— Está bem... Mariko é uma moça encantadora. Quando chegar ao hotel eu ligo para ela e peço desculpas pela minha grosseria e a convido para jantar. Tá bom pro senhor? 

— Com certeza.

Apesar da companhia agradável de Mariko, Joe sabia que ela estava interessada nele e também sabia que não corresponderia a altura. Não tinha o direito de brincar com os sentimentos dela, mas talvez devesse dar uma chance a si mesmo...


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