O Sangue e o Silêncio escrita por EvieCristy


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Curta, comente e o mais importante: boa leitura ♥



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Após mais um dia de expediente, Jack soltou um suspiro de alívio e recostou-se na cadeira de seu escritório. Ao olhar para o teto, seu cenho se franziu quando lembrou-se das palavras de sua amada após encontrá-la olhando os livros à mostra na vitrine de sua livraria e repassou os diálogos em sua cabeça até que fechou os olhos enquanto as palavras de ameaça dela ecoavam em sua mente, claramente referindo-se à traição que ele havia cometido contra ela.

“Fique ciente de minhas palavras, Ja-cob, pois eu as cumpro.”

— Mas que merda… — disse Jack ao bufar de raiva ao abrir os olhos brilhando em castanho claro.

De repente, sua mente começou a se lembrar da prazerosa noite anterior ao lado de Lindsay, mas para ele, reviver aquele momento dentro de sua mente o fez cerrar os punhos com bastante força e franzir o cenho. Ao se recordar dos beijos que ambos trocaram, do calor de seus corpos suados movendo-se em sincronia, as posições que usaram, os gemidos que ela soltava com cada estocada debaixo dos lençóis, claramente o irritavam, mas o que ele podia fazer?

“Eu ainda não entendo como isso acontece, quanto mais eu me afasto da Lindsay, ela dá um jeito de se aproximar e eu odeio isso, odeio com tudo!”

Então, Jack pegou a sua caneca de café e terminou por quebrá-la ao jogá-la com força contra a parede e provocar um som de algo se estilhaçando. Ao fazer aquilo, ele respirou e escutou passos as quais ele sabia bem a quem pertenciam e quis disfarçar aquele ato ao fingir concentrar-se em seu computador enquanto ouviu a porta bater, então, permitiu a entrada do ser que se tratava de um jovem da mesma idade que o lupino e que também era branco mas com um estilo mais adolescente e com os olhos cor ciano.

— Chefe, eu vim falar com o senhor mas eu acabei escutando algo como um vidro quebrando, está tudo bem? — perguntou o jovem com a sobrancelha arqueada.

— Está sim, não foi nada e não tem que se preocupar com aquilo — respondeu Jack ao soltar um suspiro.

— Se não, porque a sua caneca favorita tá quebrada no chão? — questionou o rapaz.

— Nathaniel Dawson, não tem o que se preocupar — respondeu o chefe ao olhá-lo um pouco sério.

— Está bem, não vou insistir. Agora…eu queria saber se já podemos fechar a livraria com a minha equipe — disse Nath apontando para o andar de baixo.

— Ah sim, já podem, eu ficarei aqui até tarde pra resolver umas coisas, então a chave mestre está comigo — respondeu Jack.

— Certo, chefe — disse o rapaz assentindo com a cabeça.

Após isso, o lupino alfa percebeu o olhar de seu funcionário sendo direcionado a um quadro com uma foto revelada da Charlotte com um vestido lilás com decote coração, mas com o modelo parecendo ser da era regencial, já a felina usava acessórios simples de ametista e estava segurando uma rosa roxa em uma pose natural sentada na grama enquanto sorria levemente com os olhos fechados, o que dava um ar encantador para ela. Jack havia deixado aquele retrato pendurado na parede de seu escritório pois não tinha tido coragem de guardá-lo no porão, mas sabia que apenas ao ver aquele quadro, seu coração se apertava.

— Sente saudades dela, eu sei, mas do jeito que as coisas estão, ela não vai aparecer em nossa presença nem tão cedo — disse Jack ao levantar a cadeira e ir até o seu funcionário.

— Tudo por causa dessa traição…mas se o senhor tentasse mais uma vez… — disse Nathaniel ao sentir seu chefe colocar a mão em seu ombro.

— Não adianta, ela não quer me ver nem pintado a ouro e ela não quer nem conversa, nem explicações — disse o chefe ao soltar um suspiro.

— Mas e se insistir? O que acontece? — perguntou o jovem ao olhá-lo.

— Ela vai ficar com mais raiva ainda, Nath, não há nada o que fazer por enquanto — respondeu Jack ao olhar para o retrato.

— Entendo — respondeu o rapaz de cabeça baixa — Vai continuar respeitando o espaço dela então?

— Até onde puder, mas tem a Moon, não posso deixar de vê-la por causa disso, ela é importante pra mim também — disse o chefe ao se apoiar em sua mesa e abaixar a cabeça dela.

— Sei bem, os dois a adotaram e a criaram juntos, então não tem como deixar de ver a Moonzinha — disse Nath olhando para o lado. — Sinceramente…

— Hum? — perguntou Jack olhando-o de relance.

— Eu queria que isso nunca tivesse acontecido — disse o jovem ao cerrar os punhos — Ou que tudo voltasse ao normal.

— É mais fácil falar do que fazer, na minha situação, eu tô completamente fudido: Charlotte não quer me ver, traio ela com a Lindsay e a minha família não pode nem sonhar! — exclamou Jack cerrando os punhos novamente.

— Como isso aconteceu? Eu quero entender também — disse Nath cruzando os braços e franzindo um pouco o cenho.

— E eu, mas nada podemos fazer — disse ele fechando os olhos e quase arranhando a mesa. — Estamos de mãos atadas nessa merda.

— É eu sei, se a gente for atrás, a Lindsay pode contar o que sabe sobre a máfia e o submundo e isso pode nos prejudicar — disse o jovem abaixando a cabeça e ficando entredentes.

— E se ela soltar que eu traio a Charlotte, vai virar um escândalo enorme nas famílias Austin e Hernández e pelas leis, eu e ela seremos mortos — disse Jack respirando pesadamente e com os olhos brilhando de raiva.

— E se outra pessoa investigar? — perguntou Nathaniel com as sobrancelhas franzidas.

— Ela vai saber, tem policiais prontos para entregar informações para ela, então é em vão — respondeu Jack ao bater o seu punho com força na mesa.

— Não tem jeito…só manter as aparências pro pior não acontecer — disse Nathaniel com um suspiro pesado.

— Sim…mas quando eu tiver a oportunidade de pegar essa vadia…eu vou ter o prazer de dar uma boa tortura para ela antes de rasgar a garganta dela com minhas garras — disse Jack olhando-o de relance e com as garras à mostra.

— E sobre a Charlotte? O que iria fazer? — perguntou o rapaz com a sobrancelha arqueada e engolindo em seco.

— Bem…eu tentaria me reconciliar com ela, eu não vou desistir de mi rosa, eu a amo e eu sei o quanto ela está ferida — disse o chefe soltando um suspiro pesado.

— Eu imagino como ela está… — disse Nath sentindo seu coração se apertar.

— Sim… — disse Jack com um olhar cabisbaixo. — Agora vá logo fechar a livraria, já passou do horário e tem gente querendo ir embora assistir Interflix ou algo do tipo.

— Sim hehe — disse o jovem rindo de leve, mas logo soltou um suspiro.

Enfim, Jack viu o seu funcionário saindo de seu escritório e escutou a porta sendo fechada. Após isso, o lupino branco ao sentir-se sozinho, acabou descarregando a sua raiva arremessando dois vasos de planta contra a parede e arranhando a parede com as suas garras, mas após isso, ele respirou ofegante e olhou para o quadro com o retrato de sua amada e soltou um suspiro enquanto se acalmava e abaixou a cabeça.

— Lindsay sua puta vadia desgraçada…o que foi que você fez pra que acabasse assim? — perguntou Jack com os punhos cerrados.

De repente, a imagem da bela felina branca sendo corroída pela dor passou pela cabeça do lobo. Ao ver ela chorando com o coração partido e provavelmente pensando que ele mesmo não a amava mais, o fez sentir seus olhos enchendo-se de lágrimas enquanto seu coração se apertava imaginando toda a dor que a sua amada havia passado durante aqueles três meses e mesmo com aquela ameaça que fez a ele, sabia que ela não imaginava que mesmo assim continuava sendo traída às escondidas.

“Charlotte…mi amormi corazónmi rosa…me perdoe, eu não sei o que está havendo comigo, eu não sei porque me sinto atraído pela Lindsay, não sei como isso aconteceu.”

Jack sentiu as lágrimas banhando seu rosto enquanto ele socava a parede e ignorava a dor que estava sentindo em seus pulsos. A cada golpe que dava na parede, a recordação das noites que havia passado com a policial apareciam em sua mente com todos os detalhes. Lembrar daquilo só o fez sentir-se enojado, era como se a vontade de se purificar ou trocar de corpo para esquecer o passado o permeasse, mesmo que fosse impossível de realmente acontecer.

“Como? Como isso foi acontecer? Porque aconteceu? O que aquela puta viu em mim sabendo que eu já estava prometido?”

Então, após acalmar-se e soltar grunhidos de dor, Jack sentou-se na cadeira e procurou um kit de primeiros socorros para poder tratar-se, porém enquanto o fazia, lembrou-se das palavras de seu funcionário a respeito de tentar falar com Charlotte para tentar esclarecer tudo. De repente, ele se recordou das vezes que tentou se aproximar da felina sem sucesso, vendo o quão forte ela tentava parecer ser enquanto tentava disfarçar a dor que estava sentindo, as olheiras profundas, o peso que ela havia ganhado, os olhos inchados de tanto chorar, porém, ele sempre era rejeitado e até mesmo a porta já foi batida em sua cara.

— Charlotte não quer conversar, foi demais para ela, depois de tanto tempo juntos ela acha que eu sou infiel e não confia mais em mim — disse Jack para si mesmo. — Não tem para que eu me explicar sendo que na cabeça dela, não há explicação.

“Traição não se explica, Jack, a culpa foi sua”

Aquelas palavras permearam pela cabeça dele e o fez suspirar pesadamente. Para Charlotte, ele teve escolha de recusar, de mostrar que estava comprometido com ela, mas preferiu deitar-se com a policial e sem arrependimentos, o que claramente a fez perder a confiança nele e o ameaçou dizendo que se ele a pegasse traindo ela iria matar Lindsay sem nenhum remorso e Jack queria evitar aquilo ao máximo para que nada suspeito pudesse chegar ao departamento,

Contudo, apesar disso, Charlotte distanciou-se e deixou a vigia em Jack por meio de Nathaniel, mas mesmo assim o lupino continuou traindo a amada longe dos olhares do rapaz e mesmo que ele confessasse o que fazia, pedia para não dizê-lo à felina para que não houvesse repercussão que tornasse a situação pior e lembrando-o que acima de tudo e todos, eles estavam de mãos atadas e não podiam fazer nada pois era tão delicado como andar em uma corda bamba com o risco alto de queda.

“Se Lindsay morrer, o departamento vai fazer de tudo para encontrar o culpado e ela disse que caso morresse, tem provas de que eu sou infiel e isso só iria piorar tudo”

Lembrar disso fez Jack soltar um suspiro pesado enquanto terminava de fazer curativos em seus punhos e enrolá-los em uma faixa de linho para que pudesse esconder dentro de suas luvas. Após isso, ele guardou o kit em sua gaveta e em seguida começou a acessar documentos confidenciais a respeito de seu negócio de tráfico de armas customizadas dentro do submundo e que não tinha quaisquer ligações com a máfia por apenas um motivo: ele teria de fazer seu nome tão grande quanto o do seu pai.

Os negócios dele agiam como qualquer serviço dentro do submundo: envolvendo uma gangue profissional que era composta por soldados, negociantes, equipe de segurança, apagadores de rastro, executores e interrogadores que formam uma hierarquia onde o chefe está no topo ao lado de seus fiéis braços direitos. Jack é o líder da poderosa gangue Scorpions e sabia que tinha que continuar com seus negócios para não falirem e não manchar a sua reputação em sua família, pois, mesmo estando naquela situação, a vida dele teria de continuar.

“Hum, parece que alguém me devendo uma enorme quantia por causa das pistolas que comprou há um mês e não pagou.”

O documento que o lobo estava segurando, por sua vez, falava a respeito de um cliente que contratou o serviço dos Scorpions há cinco meses para que eles fabricassem uma leva de de pistolas calibre 12 customizadas para que pudessem atirar três balas por segundo e pagou cerca de vinte mil dólares pelas caixas, mas teria de pagar mais vinte. Ciente disso, Jack franziu o cenho e sorriu de forma cínica, pois ele não era do tipo que gostava de ficar esperando muito tempo pelo pagamento de produtos dele.

“Parece que o senhor Campbell precisa de um estímulo para lembrar que precisa me pagar, então…eu vou dar exatamente o que ele precisa.”

Após isso, Jack riu de forma levemente cínica e pegou o seu celular pousado em cima de sua mesa e, ao  digitar alguns números, ele ouviu uma voz masculina um pouco grave que se tratava de um de seus executores favoritos e um dos mais confiáveis, ao qual deu as ordens de encontrar Louis Campbell. O Scorpion sorriu de leve e de forma cínica ao ouvir que deveria dar um aviso claro para que o cliente pagasse logo o dinheiro que ele ficou devendo para o chefe, ou senão as consequências poderiam ser fatais e ameaçariam a família dele.

Ao desligar o telefone, Jack soltou um suspiro e semicerrou seu olhar enquanto cruzava os braços e abaixava a cabeça enquanto caminhava até chegar perto da janela. Ali, ele podia vislumbrar o crepúsculo que já estava dando lugar à noite, que para ele, era o melhor horário pois sabia que a cidade era ativa tanto durante o dia, quanto durante a noite, e ele esperava encontrar uma possibilidade para se divertir um pouco e esquecer um pouco os problemas que estavam rodeando a sua mente.

— Antes de pensar nisso, eu vou ver a Moon, faz um bom tempo que eu não vejo a minha pequena — disse Jack sorrindo de leve consigo mesmo.

Contudo, os pensamentos do lupino logo foram em direção a Charlotte, que por sua vez não estava garantido se iria recebê-lo bem mesmo com sua boa intenção e isso o fez soltar um suspiro pesado. Jack sabia que haveria possibilidade da felina bater a porta na cara dele e rejeitar que ele veja a pequena chao, mas não havia o porquê de não fazer apenas uma tentativa naquela noite, então o lobo decidiu que após terminar o que ainda tinha que resolver em relação ao seu trabalho.

No final, as horas pareciam passar de forma lenta aos olhares do lupino, que ao terminar o seu trabalho, guardou seus documentos em uma pasta confidencial e guardou em um cofre junto de outros documentos valiosos. Ao fazer isso, ele pegou a chave mestre, trancou seu escritório após passar pela porta e fez o mesmo após sair de sua livraria, então Jack pegou a sua moto e viu no relógio que já ia dar nove horas da noite, o que fez xingar baixo.

“Porra, Charlotte já deve estar se preparando pra dormir, eu tenho que ir rápido!”

Após subir na moto e colocar o capacete, Jack começou a dirigir pelas ruas da cidade e calculando uma rota que o faria chegar logo na casa da felina branca. Ao parar em um sinal vermelho, sua incerteza voltou a rondar a sua mente pois sabia que a felina estava em uma situação complicada a qual dificilmente ela iria aceitar vê-lo, mas mesmo assim ele prosseguiu com o seu caminho e imaginando o que poderia acontecer.

“Vou torcer que ela não bata a porta ou que não me permita ver a Moon…ou que Axel tome a frente para protegê-la”

Claro, também tinha Axel, que faria o possível para que ele fosse embora logo e não incomodasse a Charlotte e isso o fez soltar um suspiro de leve e se perguntar mais uma vez como a traição aconteceu e porque ele não consegue superar a Lindsay, porque se sente atraído a ela? O que ela tem de especial que a sua amada não tem? Essas dúvidas o deixaram um pouco distraído e apenas voltou a prestar atenção quando um carro buzinou atrás dele 

Vendo que o sinal agora estava verde, Jack continuou pilotando a moto pela rota até que ele chegou no bairro nobre Vila Dourada e estacionou perto da calçada de frente a casa da felina cujo número era 455. Após isso, seu olhar foi para a janela perto da varanda onde sabia que ela estava o olhando com um rosto de desdém, o que o fez suspirar de forma pesada e de cabeça baixa, mas ele não iria embora antes de ver a pequena.

“Tão linda…isso me trás tantas lembranças…pena que aquela filha da puta apareceu…”

Enquanto Jack pensava, ele mexeu as orelhas e usou sua habilidade, a de sentir a presença dos outros, para sentir a da própria felina, que parecia ter se distanciado mas que logo voltou a ficar próxima. Finalmente, eis que Charlotte abria a porta devagar e andava até ele com os braços cruzados e com expressão séria enquanto tentava ler o que o lupino estava pensando naquele momento e com um olhar desconfiado sobre ele, o que o fez olhar para o lado por um momento.

— Eu pensei que tinha deixado bem claro pra você não vir mais aqui — disse Charlotte de forma seca. — Agora vejo que além de tudo, é surdo.

— Você falou e eu ouvi bem, senorita — respondeu Jack com uma costumeira voz neutra e grossa. — E posso dizer que meus exames auditivos estão em dia.

— Me poupe, Jack, o que você veio fazer aqui, afinal? Você não tem um trabalho para fazer ainda? — perguntou a felina, estreitando o olhar.

— Eu só vim para ver a Moon, você sabe, ela é nossa e o documento dela prova isso — disse o lupino mantendo a neutralidade.

— Tem um problema, querido, a Moon está dormindo, então ela não precisa ver o seu rosto hoje — respondeu Charlotte com um sorriso cínico e sarcástico.

— Ora, não seja por isso, eu posso muito bem vê-la dormir e depois disso eu posso seguir com o meu caminho — disse Jack imitando o sorriso dela por dentro do capacete.

— Você tem cinco minutos — respondeu Charlotte ao revirar os olhos e seguir para dentro de casa — Contando a partir de agora.

— Você que manda, chefinha — disse o lobo ao tirar o capacete e revelar seu sorriso cínico.


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Notas finais do capítulo

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