A Lenda de Kaito escrita por Thunder


Capítulo 4
CAPÍTULO 3 – QUEM SOU EU




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Nas últimas semanas Kaito tem sentido uma mudança crescente em sua própria essência, como se algo dentro dele tivesse despertado para uma nova compreensão de si mesmo e de suas habilidades. Essa transformação silenciosa é acompanhada por uma série de eventos que adicionam uma camada de mistério à sua rotina cotidiana.

Enquanto Kaito explora suas recém-descobertas habilidades de dobra de metal, ele percebe sutis alterações no comportamento de Raijin, o espírito de luz que o acompanha. As teias espirituais douradas que agora adornam a casa sugerem uma comunicação incomum, uma mensagem oculta que ele tenta decifrar em meio às complexidades do mundo espiritual.

Ao mesmo tempo, a preocupação evidente em sua mãe, Nia, lança sombras sobre o ambiente familiar. O constante toque do telefone e as conversas secretas que ele ocasionalmente testemunha deixam Kaito inquieto, instigando sua curiosidade e despertando um senso de urgência em descobrir a verdade por trás dos segredos que envolvem sua família.

A voz preocupada de sua mãe ecoa pelos corredores da casa, misturando-se ao som distante do telefone que toca incessantemente. Kaito se encolhe em seu esconderijo improvisado, tentando decifrar as palavras carregadas de ansiedade que flutuam pela sala. Entre as frases fragmentadas, surge o nome "Mestra Jinora", envolto em um véu de mistério e urgência.

A menção da Mestra Jinora, uma figura reverenciada por sua sabedoria e conexão com o mundo espiritual, desperta um turbilhão de perguntas na mente de Kaito. O que poderia vincular sua mãe a uma mestra tão respeitada? E por que o tom da conversa indica uma ameaça iminente, algo que parece pairar no horizonte como uma sombra sinistra?

Enquanto Kaito se esforça para entender o que está acontecendo ao seu redor, ele sente um calafrio percorrer sua espinha. A sensação de estar à beira de algo monumental o envolve, como se o universo estivesse sussurrando segredos que só ele pode desvendar. Ele sabe que está prestes a entrar em um território desconhecido, onde mistério e perigo se entrelaçam em uma dança perigosa, moldando seu destino de maneiras que ele mal pode imaginar.

Com o coração acelerado e a mente cheia de perguntas, Kaito decide confrontar sua mãe sobre a misteriosa ligação que ele ouviu por acaso. Ele encontra Nia na sala, onde ela está absorta em uma pilha de documentos, parecendo tensa e preocupada.

"Mãe", Kaito começa, sua voz carregada de apreensão, "posso falar com você por um momento?"

Nia ergue os olhos dos papéis, percebendo a seriedade na expressão de seu filho. "Claro querido", ela responde, um leve traço de preocupação se misturando em sua voz. "O que foi?"

"Eu ouvi você ao telefone", diz Kaito, escolhendo suas palavras com cuidado, "você estava falando sobre a Mestra Jinora e algo perigoso. O que está acontecendo? Por que você está tão preocupada?"

Os olhos de Nia se encontram com os dele, revelando uma mistura de surpresa e preocupação. Ela hesita por um momento, como se estivesse ponderando sobre como responder. Finalmente, ela suspira e se aproxima de Kaito.

"Kaito, eu... Eu gostaria de poder te proteger de tudo isso", diz ela, sua voz um sussurro carregado de emoção. "Mas há coisas acontecendo, coisas que estão além do nosso controle. Eu estava apenas tentando... manter você fora disso."

"Mas, mãe, o que está acontecendo?" insiste Kaito, sentindo-se cada vez mais angustiado pela falta de respostas.

Nia coloca uma mão gentil no ombro de Kaito, olhando profundamente em seus olhos. "Não posso dizer muito, filho", ela murmura, "mas saiba que não importa o que aconteça, sempre estarei aqui para você. Somos uma equipe lembra? Por favor, confie em mim."

Kaito franze a testa, lutando contra a sensação de impaciência que cresce dentro dele. "Mãe, eu sei que você está tentando me proteger, mas eu não posso simplesmente ignorar tudo isso", diz ele, sua voz carregada de determinação. "Eu ouvi você falando sobre algo perigoso, e eu... Eu preciso saber o que está acontecendo."

Nia olha para seu filho com uma expressão de aflição, vendo a determinação nos olhos dele. Ela engole em seco, lutando para encontrar as palavras certas para explicar a situação delicada em que se encontram.

"Kaito, eu... eu sei que você está preocupado", diz ela, sua voz vacilante. "Mas há coisas que são melhor deixadas... não ditas. Coisas que são maiores do que nós, coisas que... que podem nos machucar se nos envolvermos nelas."

"Mas eu não posso simplesmente fingir que nada está acontecendo!" Kaito exclama, sua frustração transparecendo em sua voz. "Eu tenho sonhado com coisas estranhas, coisas que não consigo explicar. E aquela sombra... Eu sei que não foi apenas um sonho. Há algo acontecendo, e eu... Eu preciso saber."

O coração de Kaito se aperta ao ver o brilho de medo nos olhos de sua mãe, uma emoção que ele raramente testemunhou nela. Ele sente um arrepio percorrer sua espinha quando Nia se aproxima com pressa, mal percebendo o impacto da cadeira de rodas em suas pernas.

"Mãe, você está bem?" Kaito pergunta, sua voz cheia de preocupação enquanto ele a ajuda a se recompor.

Nia parece perdida em seus próprios pensamentos, mas quando finalmente se volta para Kaito, há uma determinação intensa em seu olhar.

"Kaito, você precisa me dizer mais sobre esse sonho", diz ela, sua voz tremendo ligeiramente. "Sobre essa sombra que você viu. Por favor, eu... Eu preciso entender."

Kaito engole em seco, sentindo o peso da seriedade na expressão de sua mãe. Ele hesita por um momento, mas então decide que é hora de compartilhar o que ele viu, sabendo que sua mãe merece saber a verdade.

"Eu estava em um lugar estranho", começa ele, suas palavras cuidadosamente escolhidas enquanto ele tenta descrever o sonho da maneira mais clara possível. "E havia essa sombra, como um homem, mas... diferente. E ele falou comigo, como se me conhecesse."

Nia ouve atentamente, sua respiração fica mais rápida à medida que Kaito continua. Ele descreve cada detalhe do encontro, desde a atmosfera sombria até as palavras enigmáticas que ecoavam em sua mente. Ele conta sobre a sensação de medo que o envolveu e a estranha presença da palavra "Raava".

O coração de Kaito dispara quando Nia quase grita a palavra "Raava", e ele sente um arrepio percorrer sua espinha ao ver o tremor que percorre cada objeto de metal na casa.

"Sim", responde Kaito, sua voz um sussurro carregado de temor. "Você sabe quem é."

Nia balança a cabeça, as lágrimas já rolando pelo seu rosto. "Não pode ser", murmura ela, como se tentasse convencer a si mesma. "Você não, você não..."

As mãos de Kaito tremem, e ele se aproxima da mãe, segurando suas mãos trêmulas em busca de conforto. "O que está acontecendo, mãe? O que é Raava?"

Antes que Nia possa responder, uma batida forte na porta os interrompe, fazendo com que os dois pulem de susto. O som ecoa pela casa, enchendo o ar com uma tensão palpável enquanto os olhos de Kaito se encontram com os de sua mãe, ambos compartilhando um olhar carregado de incerteza e medo.

Com a dominação do metal, Nia abre a porta da casa e se depara com uma cena inusitada. Do lado de fora, uma assembleia impressionante de figuras notáveis espera pacientemente.

Mestra Jinora, uma figura esbelta e graciosa, usa um manto dos mestres do ar com tons de laranja e amarelo, complementado pelo icônico adorno de uma seta azul em sua testa, distintivo dos mestres dobradores de ar. Seus olhos cinzentos, profundos e sábios, emanam uma aura de tranquilidade e poder espiritual.

Os conselheiros da Cidade República estão lá, representando a diversidade da nação. Um deles é um homem de meia-idade, com cabelos grisalhos e uma barba bem cuidada. Ele veste uma túnica formal da Cidade República, com detalhes em azul e amarelo, símbolos da união e diversidade da cidade. Ao seu lado, uma mulher de expressão séria e olhar perspicaz, vestindo uma túnica semelhante, mas com cores mais neutras, refletindo sua abordagem pragmática e equilibrada.

Os sacerdotes dos cinco templos do Avatar também estão presentes, cada um carregando a essência de seu elemento em suas vestes. Um sacerdote de aparência robusta veste um manto vermelho vibrante, representando o elemento do fogo, enquanto outro, mais esguio, usa um robe azul-celeste, simbolizando a água. O sacerdote da terra está envolto em tons de verde profundo, denotando sua conexão com a natureza, enquanto o representante do ar veste um manto branco flutuante, refletindo a liberdade e a espiritualidade do elemento. Por fim, o sacerdote do Templo Espiritual é adornado com um robe roxo exuberante, representando a ligação entre o mundo físico e espiritual.

Enquanto Nia absorve a visão diante de si, ela sente o peso da responsabilidade que recai sobre seus ombros. Essas figuras proeminentes não vieram sem motivo, e ela sabe que o destino de sua família e talvez até mesmo do mundo está prestes a ser decidido.

“Olá, Nia” diz Jinora “desculpe-nos por vir assim de última hora, podemos entrar?”

Nia, embora claramente incomodada, acena com a cabeça em resposta ao cumprimento de Jinora. Com um gesto silencioso, ela permite que todos entrem. Em um movimento habilidoso e poderoso, Nia utiliza sua dobra de metal para reorganizar a sala, movendo cadeiras e sofás para criar espaço para todos se acomodarem.

"Habilidosa como sempre, amiga", elogia Jinora, tentando dissipar a tensão no ar.

"Amiga?", responde Nia, sua voz carregada de secura.

"Sim, amiga", responde Jinora com calma, mantendo o tom amistoso apesar da reação de Nia.

"Onde está o rapaz?" pergunta um dos conselheiros, rompendo o silêncio tenso que se seguiu.

Nia, ainda visivelmente perturbada, responde com firmeza: "Eu já disse que não é ele. Por que estão aqui?"

Jinora se aproxima, mantendo o olhar firme nos olhos de Nia. "Temos que ter certeza, Nia", ela responde com seriedade. "Onde está Kaito?"

Nia hesita por um momento antes de apontar discretamente para a sala ao lado, onde Kaito está ouvindo a conversa com ansiedade. Logo, Kaito entra na sala, seu nervosismo palpável diante do olhar atento dos presentes. Ele se sente desconfortável sob os olhares curiosos e expectantes.

"É um prazer conhecê-lo", diz Jinora, tentando dissipar a tensão.

"Qual é sua idade, garoto?" pergunta o conselheiro

"Quatorze", responde Kaito, mantendo a postura apesar do desconforto evidente.

"É um dominador?" pergunta o sacerdote com robe azul, seus olhos expressando interesse genuíno.

"Sim, posso dominar a terra e estou aprendendo a dominar o metal", responde Kaito, sentindo-se um tanto intrigado com as perguntas.

"Já dominou algum outro elemento?" questiona o sacerdote de verde.

"Não", responde Kaito, percebendo o tom peculiar da pergunta.

"Vejo que tem uma conexão com os espíritos", comenta o sacerdote do ar, observando-o atentamente.

"Raijin sempre foi um artista", comenta Jinora, observando as teias douradas de Raijin pela casa.

"Conhece Raijin?" pergunta Kaito, surpreso.

"Sim", responde Jinora com um sorriso. "Ele é um velho amigo."

Kaito arregala os olhos diante da revelação. "Sério?"

"Sim, eu te dei de presente meu no dia do seu nascimento", explica Jinora, sua voz carregada de significado. "Kaito, estamos aqui para confirmar uma coisa."

"Que coisa?" indaga Kaito, sentindo uma mistura de expectativa e apreensão.

Jinora convida Kaito a sentar-se com ela e iniciar uma meditação. Eles estão de frente um para outro e todos estão ao seu redor. Kaito e Jinora cruzam as pernas e juntam seus punhos frente ao peito em sinal de meditação. O ambiente ao redor fica mais fresco e sereno, e logo diversos seres espirituais começam a aparecer, cada um com sua forma única. Raijin emite um brilho intenso e se posiciona sobre o peito de Kaito, cuja respiração se torna mais profunda e calma.

De repente, todos os sacerdotes se curvam diante da cena, enquanto Nia, emocionada, cobre a boca com as mãos, lágrimas escorrendo por seu rosto. Jinora, por sua vez, abre um sorriso reconfortante.

"É bom vê-la de novo, Raava", murmura Jinora vendo o contorno de Raava no peito de Kaito. Em seguida, ela olha para os olhos dele, que agora brilham com uma intensidade inexplicável.

"Kaito, você é o Avatar", declara Jinora solenemente.

O mundo ao redor de Kaito parece congelar no tempo. Tudo se torna silencioso, como se o próprio universo estivesse prendendo a respiração. Ele mal percebe a explosão, perdido em seus próprios pensamentos enquanto observa os outros ao redor, com olhos arregalados de medo e incerteza. O chão começa a tremer sob seus pés, e lentamente, como se estivesse assistindo a um filme em câmera lenta, ele vê as pessoas começarem a sair da casa, movendo-se como sombras distantes em um mundo desfocado.

O tempo parece esticar-se, dilatando-se enquanto Kaito tenta entender o que está acontecendo. O silêncio é quebrado gradualmente pelo som ensurdecedor das sirenes que ecoam por toda a cidade, como o grito de um monstro adormecido despertando de seu sono. Cada sirene é um lembrete assustador de que algo terrível está acontecendo, algo que ameaça a segurança e a paz de Zaofu.

O coração de Kaito acelera com a urgência da situação. Ele sabe o que as sirenes significam. Zaofu está sob ataque.





NIA


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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que estão acompanhando. Espero que gostem XD



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