Don't Remember Me escrita por MarianeSilva


Capítulo 3
Capítulo 2 - Não é o fim


Notas iniciais do capítulo

Hey, tem alguém acompanhando? Ç.Ç



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Roslyn ;(                                         

Estava tão frio naquele dia, ainda posso sentir o ar gelado entrando em meus falecidos pulmões. Caramba! Era mesmo para estar tão frio? As pontas dos dedos de Leonard estavam brancas enquanto segurava a caneca de café que dei para ele de presente há 2 anos.

Ok, talvez eu tenha que orar algumas vezes, meu ouvinte! Esse dia foi terrível, mas eu juro que aceitar é a solução! Faz parte do ciclo da vida, mas ainda sim, é tão difícil… você os vê, você os ouve, mas eles não te enxergam!

Eu sei, fique tranquilo… não, por favor, não chore! Não se culpe, está tudo bem, ok? Eu sei que vai ficar tudo bem… Vamos lá….  
  Na manhã do dia 21 de dezembro, minha casa estava lotada como eu nunca tinha visto antes! Tios, primos, conhecidos, amigos, só faltava você… Minha mãe estava medicada no quarto com Melanie , meu irmão estava recebendo as visitas e Leonard… Respirei fundo, pois ainda dói lembrar. 
     Leonard estava organizando as coisas do meu funeral. Ele estava sendo o alicerce da família naquele dia, e mesmo sofrendo muito, ele escolheu um belo caixão, um vestido que eu nunca havia usado e as melhores maquiagens que eu tinha.
— Eu quero o que você tem de mais caro, minha Evie merece o que você tem de melhor. — Disse ao agente funerário enquanto engolia o nó que se formava na garganta.
   Meu irmão, Robert, não se permitiu sofrer, pois tinha que cuidar da mamãe. Ah! Robert, se você soubesse o quanto precisava chorar naquele dia… Meus parentes se acomodaram em minha casa e na casa do vovô e tia Nancy, e passaram a madrugada. ******************************************

E então, chegou o dia 22 de dezembro, o dia mais gelado de toda minha vida, ou morte no caso.

O meu caixão era preto com detalhes em dourado. Havia uma cruz bem em seu meio, e as dobradiças eram de boa qualidade, do tipo que não permitem que insetos ou outros seres vivos entrem para te devorar com tanta facilidade. Eu ainda não conseguia acreditar. Eu via minha família chegando ao cemitério logo cedo, e me perguntava: sou eu mesma que está ali? Mas como isso pode acontecer!? Eu sei que você também está se perguntado isso, mas ainda vamos chegar lá, eu demorei para entender. Eu tive raiva, irá, ódio. Quando vi mamãe chorando compulsivamente em cima do meu caixão, quando vi meu irmão alisando meu rosto por baixa dos algodões, quando vi Leonard abatido por não ter dormido 3 dias seguidos e nem se alimentado, quando vi minhas tias se lamentando… eu senti ódio! E minha doce Melanie, que tristeza em seu olhar, eu queria que ela soubesse que enxuguei todas as suas lágrimas naquele dia! Porque eu? Por quê!?

 

Caramba! Eu só queria ter mais 3 dias, eu só queria ter mais chances! Durante todo o enterro Leonard evitou aproximações, ele ficou sentado lá, isolado... enquanto minha família se revezava para dar o último adeus.

Vez ou outra, eu via suas mãos tremendo tanto que ele não conseguia segurar o próprio café, e seus olhos estavam tão fundos como puro reflexo de seu sofrimento. E aquele maldito frio, cheiro de flores e terra de cemitério com certeza acompanhou Mamãe, Robert e Leonard por dias!

Como eu estava? Bom, posso dizer que o maquiador se esforçou para esconder os hematomas. Um algodão aqui, uma costurada ali, até que aceitável! Não estava em um dos meus melhores dias, mas deu para o gasto. Só tinha um problema: não era eu.    

Com certeza aquele corpo inchado, roxo, quebrado, fatiado, gélido e pálido não era eu! Era apenas uma cópia do que eu já fui um dia! E eu juro que tentei explicar isso para todos naquele dia:

— Eu estou aqui, por favor! — Gritava enquanto via meus tios e tias chorando ao meu redor.

Ninguém. Nem um mísero olhar em minha direção. Mas eu pude sentir a sensação…

No caminho do cortejo, Leonard, Robert e os agentes funerários carregavam meu caixão enquanto o choro dos meus familiares ecoavam pelo percurso.

Caramba, eu já falei do frio né? Mas estava surreal aquele dia!

Quando chegaram no meu túmulo, com muita comoção e sofrimento, pude ver meu corpo sendo levado até a cova profunda que havia sido cavada, e eu senti aquela maldita sensação de sufocação, de terra nos pulmões, e aquele cheiro de podridão… senti que iria desaparecer, que minha consciência seria simplesmente dividida em milhares de átomos e desapareceria por aí, a deriva no universo. Mas quando olhei para Leonard, consegui recuperar os sentidos e voltar para a realidade.

Leonard segurava uma rosa em suas mãos, e depois de alguns segundos de silêncio, vi jogar a rosa em cima do meu caixão e sussurrar baixinho:

— isso não é o fim Evie, eu te prometo.

Leonard, se você soubesse o quanto eu sou grata pela rosa e o quanto ela me salvou… Aquele cheiro fresco de rosas invadiu o meu ser, e eu senti que tudo ficaria bem, mas a sensação durou pouco… Naquele momento eu pude ter outra certeza além da morte: O Leonard que tanto amei e me apaixonei não existia mais, ele estava tão machucado e magoado que nunca se recuperaria por completo.


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