A ruiva cobriu o menino e sorriu, enquanto alisava seus cabelos, ele estava cansado e já piscava com lentidão, quase caindo no sono.

— Mãe, é verdade que não irei a Hogwarts? – Thiago pergunta e sua mãe nega, com um olhar terno.

— Claro que irá meu amor, e será um bruxo extraordinário – ela lhe deixa um beijo na testa e ajeita sua coberta, de repente se sentindo triste, ela não queria deixar seu filho ir, mas precisava, ele estava crescendo e ela tinha que desapegar – descanse querido, eu te amo.

— Eu te amo mamãe – Thiago suspira e fecha os olhos.

Gina se levantou e deixou o quarto, Lily e Alvo já dormiam há algumas horas, mas seu mais velho era o que sempre demorava de pegar no sono. A ruiva foi até o quarto e se embrenhou por de baixo das cobertas, logo se agarrando ao seu marido como um coala.

— Eles vão ficar bem – Harry sussurra e ela apenas assente.

Por mais que ela não dissesse, ele sabia perfeitamente o que ela estava sentindo, porque ele também tinha medo, se perguntava a todo instante se haviam tomado a decisão correta, mas que outra decisão podia tomar? Aquela era a melhor para todos, bem, ele tentava se convencer daquilo. Os dois apenas se abraçaram e dormiram no aconchego.

O loiro a abraçou por trás e apoiou seu queixo no ombro dela, suspirando com lentidão, parecia apreciar aquele momento, e mesmo com o pensamento longe, Hermione se sentiu grata por tê-lo ali.

— No que está pensando? – Draco pergunta, deixando um beijo no ombro dela e logo cheirando seus cabelos.

— Em como tudo mudou e logo nossos filhos vão estar em Hogwarts, mas... será diferente para eles, não vai? – Hermione se vira para o loiro, parecendo insegura.

— Claro que sim meu amor, eles não terão que passar o que nós passamos, eles serão felizes.

Ele não tinha certeza, mas teriam que se contentar com aquilo. Precisavam acreditar que a nova geração teria um futuro tranquilo.

No dia 1º de setembro Thiago e Aquila embarcaram para a sua nova aventura em Hogwarts, seus pais estavam preocupados, afinal, eles seriam os primeiros. Vinham de uma linhagem direta de magos, eram bruxos novos e seus pais foram pessoas muito importantes para seu mundo, aquilo poderia trazer uma carga maior do que a que eles deveriam carregar, mas não havia volta, aonde fossem, sabiam que teriam sobre si, todos os holofotes.

Zara olhou pela janela e suspirou. Eles haviam sido caçadores, caçados, inquisidores, almas, corpos, magos e existência, mas nada os preparou para o que seriam a seguir, os magos da ordem de Merlin tinham pouco tempo, mas tempo o suficiente para ensinar a próxima geração.

Era um tiro no escuro, mas teria que servir, afinal, se não fossem eles, não poderiam ser ninguém.

— Acho que já podemos tirar os tecidos e colocar as novas estatuas no lugar – Lauren diz se aproximando da loira, que apenas a olhou e sorriu – está preocupada?

— Sim – ela assume sincera, não tinha como não estar.

— O destino já os escreveu Zara, não tem com o que se preocupar.

— Sabe que tem – ela suspira e volta a olhar para a janela – Alvo Severo será grande, maior que Thiago, mas sabe o que vem com tanto poder?

— Arrogância e ganância – Tyler quem responde, se aproximando deles – e ele não é o único.

— E o destino não pode prever isso.

— Thiago e Aquila podem dar conta, não se esforce tanto – Alex coloca as mãos no ombro dela e a guia para longe da janela – vamos decorar a nossa sala de aula.

— Ai que chato – Zara resmunga.

— Você quem inventou – Chelsie acusa, enquanto molhava os cactos.

Zara revirou os olhos e caminhou até o centro da sala, olhando de um lado para o outro. Ela se sentiu nostálgica com aquilo, se lembrava perfeitamente de quando foram invocados pela primeira vez, estavam em uma sala de pedra como aquela, estavam desorientados e a claridade incomodava, mas ao colocar os olhos neles, ela soube que teriam uma história longa e duradoura, no fundo desejava que os quatro houvessem sobrevivido, mas assim como estava escrito o destino deles, o dos outros também estavam e eles cumpriram com o que precisavam.

Ainda assim, nada tirava o peso do que haviam feito, eles nove eram únicos, e sabia da maldição que os perseguia, sempre eram perseguidos. Todos os bruxos que tentaram lealdade a eles, cumpriam seus destinos e morriam.

— Acham que fecharão os nove? – Kaya pergunta curiosa, olhando para Zara.

— O fardo dos extras é a morte e devemos deixá-los ciente disso – Zara assume, não desejava mais esconder aquilo.

Havia perdido todos que vieram depois, Dumbledore, Ariana, Andromeda, Lilian, James, Sirius, Regulus... e eles sempre souberam, o destino é cruel, mas cada um tinha seu tempo e seu destino a cumprir, e não podia ser mudado.

Tyler encostou no arco da porta e mirou a mulher, lá estava ela novamente, como mais cedo, pensativa demais para alguém que havia conseguido revolucionar o mundo.

— Por que acho que tem algo que não está nos contando? – Tyler pergunta com calma e ela apenas olha para ele de soslaio, voltando a mirar a janela – não tem nada de interessante do fundo do lago negro.

— Tom teve uma filha – a mulher suspira – e assim como Aquila e Thiago, é uma descendente direta de mago.

— Tom? – Tyler parecia confuso – com quem?

— Bellatrix, que é uma black e os Black...

— Sim, eu sei.

O silêncio paira ali. Mas Tyler o quebrou, se sentindo incomodado demais para não saber.

— Quem está a criando? – ele fez a pergunta crucial, porque dependendo de quem estivesse cuidando dela, poderia ser ou não uma boa pessoa.

— Narcisa, mas antes dela a criança ficava com Rodolfo.

Eles conheciam os riscos daquela informação, e tinham certeza de que poderia ser difícil definir a personalidade da garota.

— Quem é ela? – Tyler pergunta e Zara finalmente o olha fixamente.

Aquila e Thiago adentraram a cabine e sorriram um para o outro, estavam tão animados com o fato de estarem indo para Hogwarts, que mal notaram a garota naquela cabine.

— Ops, já tem gente T. – Aquila diz meio tímida.

— Podem ficar – a garota sorri gentilmente e os dois apenas se acomodaram – como se chamam?

— Eu sou Aquila Malfoy e ele é Thiago Potter – a garota diz animada – e você como se chama?

Zara suspirou antes de finalmente dizer, em alto e bom som.

— Delphine Riddle.

Fim.