Metamorfose escrita por RobbieDawson


Capítulo 3
Capítulo 03 - Conexões


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora nós adentraremos no universo fantástico desta tão diferente Sweet Amoris ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811780/chapter/3

 

A cada instante que ia passando, a ‘Sweet Amoris’ foi surgindo no horizonte e por trás das várias copas de árvores, enquanto o trajeto pela floresta ia tornando-se cada vez mais plano e vasto - dando a impressão de que a própria natureza ao redor estava se abrindo para nos receber.

Conforme gradualmente avançávamos, uma aglomeração de vozes, a princípio, distantes, foram tornando-se cada vez mais audíveis.

Ao perceber isso, prensei prontamente o meu nariz em uma das janelas do carro para assim conseguir visualizar melhor o que estava à nossa frente - o que me proporcionou uma visão privilegiada da ostensiva fachada da ‘Sweet Amoris’.

A escola, por si só, era cercada por muros gigantes. 

E entre os muros havia uma abertura contendo um gigantesco aro dourado e um portão de ferro logo abaixo dele - portão este que estava aberto. 

Assim que o senhor Louis prosseguiu adiante, nós adentramos na propriedade da escola. 

Naquele momento, os meus olhos automaticamente se encheram de lágrimas e o meu queixo foi quase parar no chão. 

Logo na entrada pude avistar um jardim imenso e colorido. Além dele, a grama que revestia a superfície era tão verde e cheirosa que o seu aroma podia ser sentido até mesmo através das janelas.

Mais um pouco adiante, estava o prédio principal, que servia praticamente como uma cópia do Palácio de Versalhes, só que numa versão inferior, se é que isso fosse possível. Além disso, as colunas ornamentais que sustentam a estrutura da escola pareciam que tinham sido esculpidas na Grécia Antiga e transportadas para a atualidade.

Definitivamente uma visão de tirar o fôlego.

—Jessica! -De repente, sou despertada de meus devaneios. -Já chegamos! -Informa o senhor Louis assim que ele estaciona perto de uma longa escadaria. 

—Obrigada pela carona! -Agradeço-o gentilmente e ele apenas assente para mim com um movimento de cabeça. 

Quando saio do carro, empunho os meus pertences comigo e prontamente arrasto a minha bagagem pelo piso de mármore bege que adorna o chão.

—Até um dia, senhor Louis! -Eu falo, acenando para ele.

Ouço o mesmo buzinar duas vezes com o carro antes de partir na direção oposta de onde viemos. 

Quando constato que ele se foi e eu encontrava-me sozinha, encaro a escadaria que dá acesso ao interior do prédio com um certo receio, contudo, no momento em que eu me preparo para começar a subir os degraus, uma voz doce e suave chega até mim.

—Com licença! 

Um rapaz loiro e de belos olhos dourados se aproxima timidamente. 

Noto que ele veste uma camisa social branca e se utiliza de um crachá em seu pescoço que contém os dizeres “monitor-chefe”. 

—O meu nome é Nathaniel. 

Ele se apresenta estendendo a sua mão e eu, educadamente, o cumprimento de volta. 

—Olá! O meu é Jessica! -Falo ao me apresentar.

—É um prazer conhecê-la, Jessica! -Ele diz com um sorriso meigo. -Eu sou um aluno do segundo ano e faço parte do programa de Monitoria aqui do colégio. Você está precisando de ajuda?

—É tão óbvio assim que eu sou uma caloura? -Pergunto, em um tom de brincadeira.

Nathaniel não responde, porém sorri corando fortemente. Claramente o meu comentário o deixou constrangido de alguma forma - por mais que não tenha sido a minha intenção. 

—A energia dos calouros é inconfundível. -Ele elucida com as bochechas ainda rosadas. 

—De fato. -Concordo com uma risada. -Mas o que vocês fazem em relação aos veteranos? Os ignoram até o final do dia?

—Tipo isso. -Nathaniel, desta vez, solta uma risada descontraída. -A nossa prioridade hoje são vocês. Somos os responsáveis por passar orientações e oferecer assistência quando necessário. E a sua mala aparenta estar bem pesada, você gostaria de alguma ajuda com ela?

Quando Nathaniel diz isso, eu analiso a distância que há entre o início da escada até o topo dela, pelo menos umas três vezes. 

A minha conclusão foi de que não tinha como eu levar as minhas coisas sozinha. O risco de eu cair e rolar uns degraus abaixo é muito grande, fora a vergonha que eu passaria no meu primeiro dia, eu também não quero ser conhecida como “a novata que rolou a escada abaixo”, então, devido a essa grande probabilidade, eu terminei aceitando a ajuda oferecida.

Com isso, eu e Nathaniel nos posicionamos de uma forma que favorecesse o nosso peso com o da mala. 

Apesar da dificuldade no começo, conseguimos pegar o jeito rapidinho e carregamos a bagagem com sucesso escada acima.  

—Se precisar de qualquer tipo de ajuda, pode me procurar. -Ele me comunica antes de alcançar um garoto com calças militares que vinha logo abaixo. 

Assim que Nathaniel se afastou, uma menina de longos cabelos castanhos e blusa azul, veio até mim entregar um panfleto. 

—Olá! Seja bem-vinda! -Ela me recepciona citando praticamente as mesmas palavras que Nathaniel, antes de se apresentar como Melody. 

Melody então me orientou a ir até a Sala da Administração, que ficava exatamente ali por perto, junto ao hall de entrada. 

De acordo com ela, eu receberia a chave do meu quarto e também um papel contendo os horários das minhas futuras aulas.

—Este panfleto traz algumas instruções sobre as regras do nosso campus. É importante que você leia-o assim que possível. -Ela avisa antes de se virar para outro estudante e falar a mesma coisa.

Ao meu redor haviam tantas pessoas se movimentando de um lado para o outro, que ler aquele panfleto era a última coisa que eu queria fazer. Sendo assim, eu fui para onde Melody havia me indicado.

Não foi difícil localizar a Administração, já que, havia uma fila comprida que se estendia em direção a uma porta de madeira no final de um corredor mais estreito.

Por conta da quantidade de pessoas, eu sabia que iria demorar um pouco até chegar a minha vez, por isso, aproveitei o momento para enviar algumas mensagens aos meus pais, informando-os que eu estava bem.

As mensagens em si demoraram para serem enviadas, por conta da conexão ruim, no entanto, o sinal felizmente não me abandonou.

Nos minutos seguintes, fiquei aguardando pacientemente a minha vez na fila.

Apesar do tédio momentâneo, eu tive a sorte de ter feito uma amizade discreta com uma garota ruiva chamada Íris, contudo, quando eu estava prestes a descobrir mais sobre como é a vida de uma Sereia, eu sou chamada por uma moça.

—Boa tarde! -Digo me aproximando de um balcão. 

Sentada do outro lado, a mulher nem ao menos fez questão de olhar na minha cara, ela continuou teclando em seu computador incansavelmente. 

—Você precisa da minha identidade? -Pergunto abrindo uma parte da minha bolsa para procurar a minha carteira, entretanto, a mulher simplesmente me apontou para um canto qualquer e me pediu para ir até lá.

Eu fiz o que ela mandou, sem questionar nada, é claro. Porém, antes mesmo que eu pudesse explicá-la que os meus pais é quem tinham resolvido todas as questões burocráticas da minha matrícula, ela me atinge com um flash de luz que possui uma coloração azul-celeste, o que me deixa totalmente atordoada. 

—Perdão! Eu estou apenas verificando se você está no nosso sistema, querida. -Ela se justifica ao notar o meu olhar de espanto.

—Mas o que diabos foi isso? -Eu questiono olhando o pequeno objeto que ela segura entre os dedos. 

—É um batom enfeitiçado que realiza reconhecimento facial. -Ela explica enquanto anda de volta até a sua cadeira e mexe, novamente, em seu computador. 

—Certo… -Eu murmuro achando esquisito que um mecanismo de identificação é um simples batom. 

—Você está liberada! -Ela afirma e em seguida me entrega um papel juntamente com uma chave.

—Os dormitórios femininos ficam no segundo andar. 

—Obrigada! -Digo, assentindo.

Quando estou saindo da ala administrativa, passo por Iris rapidamente, cumprimentando-a, e ando mais um pouco pelo recinto até localizar um elevador que fica entre duas estátuas com formatos draganianos. 

Assim que eu entro nele e pressiono o botão que indica o segundo andar, aproveito o meu tempo de espera para ler o papel que contém as informações em relação as minhas aulas.

Na parte superior do material há um texto de boas-vindas e um outro que explica a dinâmica de estudos na ‘Sweet Amoris’.

De acordo com ele, as aulas aqui são divididas em “específicas” e “gerais”. 

As que são categorizadas como específicas são aquelas dedicadas aos conhecimentos e habilidades que refletem a identidade de cada estudante, enquanto as gerais refletem a integração e diversidade que constitui o corpo discente - além também de serem estudos necessários para a nossa formação acadêmica.

Fora os referidos textos, um pouco mais abaixo, há também uma tabela com o nome das matérias juntamente com o nome dos professores responsáveis.  

Segunda-Feira: 08:30 AM -12:00 PM

Ensinamentos do Vampirismo - - - - - - - - - - - - - - Cullan Brown (Específico)

Terça-Feira: 09:20 AM - 13:00 PM

A Anatomia dos Vampiros - - - - - - - - - - - - - - Delanay Augustine (Específico)

Quarta-Feira: 09:00 AM - 12:00 AM / 14:30 PM - 17:20 PM

Saúde e Curandeirismo - - - - - - - - - - - - - - Agatha Florence (Geral)

Educação Física - - - - - - - - - - - - - -  Boris Castro (Geral)

Quinta-Feira: 15:20 PM - 18:10 PM 

O Saber da Arte Vampírica  - - - - - - - - - - - - - -  Zachary Taylor (Específico)

Sexta-Feira: 07:00 AM - 10:20 AM 

As Origens do Misticismo Mundano  - - - - - - - - - - - - - -  Faraize Émile (Geral)

A cada nome que eu lia, eu ficava mais e mais curiosa, principalmente em relação aos meus professores. 

São tantos questionamentos que se passam pela minha cabeça: 

Como eles são? 

E os meus colegas de turma? Eu me darei bem com todos? 

E aqueles que são vampiros como eu? 

Ah! São tantas perguntas para serem respondidas de uma só vez, contudo, só o que me resta é ser paciente, sobretudo, comigo mesma. 

Ignorando os meus insistentes pensamentos, eu sigo adiante assim que a porta do elevador se abre.

A chave que foi entregue a mim tinha um pequeno número marcado nela: 215, que devia ser o número do meu quarto.

Após seguir por um corredor e fazer algumas contagens rápidas, localizei a porta correspondente, sem muitas dificuldades. 

O quarto, como um todo, é bastante confortável e simples. 

Há uma cama colada na parede, uma escrivaninha que fica de frente para uma janela, um cômodo com um abajur e um guarda-roupas. “Os banheiros daqui devem ser compartilhados”, pensei, ao sentir a falta de um.

Depois da averiguação, analisando cada canto do recinto, eu começo a desfazer a minha mala, separando cada um dos meus calçados e vestuários, para em seguida, colocá-los no guarda-roupa disposto. 

No entanto, no meio da minha arrumação, eu sou surpreendida por um estrondo alto e uma garota gritando. 

No mesmo instante, eu volto o meu olhar para o corredor e vejo uma garota de longos cabelos brancos caída por cima de um amontoado de malas.

—Perdão! -Ela diz com um sorriso nervoso. -Eu tropecei e acabei caindo.

—Não tem problema! -Falo indo socorrê-la. -Qual o seu nome? -Pergunto, ajudando-a a ficar de pé.

—Rosalya, mas eu prefiro que me chamem de Rosa. E o seu?

—O meu é Jessica. 

—Prazer! -Ela ri, esbaforida. -Pelo visto nós seremos vizinhas, Jessica. -Rosa comenta abrindo o quarto defronte ao meu. -E como uma boa vizinha você vai me dar uma mãozinha, né? 

—Quer dizer… claro? -A minha resposta gera uma mútua troca de risadas e Rosa abre espaço para eu auxiliá-la. E assim, nós duas, pouco a pouco, começamos a organizar a bagunça provocada pelo tropeço dela.

Durante esse tempo que gastamos juntas, trocamos algumas ideias e Rosa ficou muito contente ao descobrir o meu gene vampiresco, assim como eu, que também me empolguei quando ela revelou fazer parte de uma tradicional linhagem de Grifos. 

—Você participa de caçadas? -Rosa pergunta. -Eu cresci escutando diversas histórias sobre caçadas através da minha avó. Ela sempre gostou de estudar sobre esse assunto.

—Bem… eu “participo”… mas…, as minhas caçadas não devem ser iguais as histórias que a sua avó lhe conta. As minhas são bem tediosas.

—Como assim elas são “tediosas”? -A entonação na voz de Rosa evidencia um desapontamento.

Ah! -Eu suspiro como sinal de frustração. -Os meus pais sempre me levaram para caçar coelhos e esquilos numa floresta regional. Eu nunca achei tão legal assim. 

Ao guardar um par de botas, Rosa se joga na sua cama, conforme cruza as pernas, e então, ela comenta:

 -As caçadas dos Grifos são bem parecidas com as suas. No entanto, nós não podemos caçar em qualquer área. Precisa ser um local bem isolado. Além do mais, para participar eu preciso dominar a técnica de transmutação, e como eu não sei fazer isso ainda… eu sou proibida pela minha família. 

—Poxa! Eu sinto muito! 

—Não sinta! -Rosa traz consigo um ar esperançoso. -É por esse motivo que eu estou aqui. -Ela sorri em minha direção com determinação. -É o meu propósito! 

—Faço das suas palavras as minhas! -Comento, pensativa. Rosa reage ao meu comentário com um sorriso radiante e eu a retribuo.

Nos minutos seguintes, nós continuamos o restante do nosso trabalho papeando os mais diversos assuntos e nos conectando com gostos em comum. 

Enquanto isso, no corredor, nós podíamos escutar várias garotas andando de um lado para o outro, até que, uma delas nos adverte a respeito de uma palestra que irá acontecer no anfiteatro da escola. 

—Os monitores estão chamando. Vamos! -Ela anuncia indo embora. 

Eu e Rosa apenas trocamos olhares vagos e seguimos o fluxo de pessoas até sairmos do prédio principal. 

O trajeto até o anfiteatro é relativamente rápido, sendo este, um outro edifício, mas que se localiza na parte de trás da ‘Sweet Amoris’. 

Chegando lá, a maioria dos assentos já estavam ocupados. Por isso, eu e Rosa começamos a procurar por dois lugares que estivessem disponíveis.

A partir disso, os meus olhos analisaram cuidadosamente o local, no entanto, a minha concentração acabou perdendo o foco quando um par de olhos heterocromáticos se cruzaram com os meus.

Eu não sei dizer quanto tempo ficamos presos naquela troca de olhares, porém foi o suficiente para eu admirar cada centímetro da sua aparência, em total fascínio.

Os seus cabelos prateados tinham as pontas discretamente pintadas de verde-escuro, criando um efeito degradê gracioso à sua aparência.

O seu queixo, que possui um formato harmonioso, e as suas vestes, de estilo vitoriano, geraram todo um aspecto enigmático em torno da sua figura masculina.

Por conta disso, o meu coração começou a palpitar fortemente. 

O meu rosto inteiro começou a queimar e a minha nuca suar. 

O seu olhar sob o meu fazia as minhas pernas ficarem bambas como num passe de mágica.

Eu não sabia descrever o que eu sentia, só sabia o quão hipnotizada eu estava.

—Jessica! -A voz de Rosa me traz de volta a realidade. -Por aqui! -Ela fala me puxando pelo braço.

Diante disso, nós duas marchamos para os lugares vagos que ela tinha encontrado.

Assim que nos acomodamos, Rosa continuou a discorrer as suas impressões sobre o lugar, contudo, a minha mente e o meu coração não conseguiam esquecer o misterioso garoto de olhos bicolores. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Metamorfose" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.