Muitos seres humanos crescem com a crença de possuir um anjo da guarda, e as crianças são ensinadas desde muito cedo a rezarem para eles pedindo por proteção.

Mas e então? Eles realmente existem?

Na verdade, sim, eles existem e tem uns dos trabalhos mais difíceis de todos, pois ao contrário do que imaginam os anjos da guarda em resumo trabalham arduamente para nos proteger de nós mesmos, o que é uma tarefa bem complexa levando em conta que temos algo chamado de livre arbítrio e que eles de jeito nenhum podem interferir nisso, são as ordens e eles são extremamente obedientes, então muitas vezes o máximo que está ao alcance deles é nos “abraçar” quando tudo vai mal, e ficar ao nosso lado até que possamos nos sentir melhor.

Sim, é o que muitas vezes acaba acontecendo, mas não vemos esse movimento divino, logo muitas vezes não cogitamos que haja mesmo um anjo nos guardando e acreditamos que estamos sempre sós.

O Han Jisung era louco para mudar isso, ele queria poder sentar e ter longas conversas com seus guardados para que eles não se sentissem tão solitários, e por muitas vezes ele tentou junto a seus superiores, mas sempre em vão, então ele abraçava, sempre e muito seus humanos queridos e cantava belas canções que eles não podiam ouvir, mas sentiam as suas vibrações e se acalmavam, e aí então o anjo tentava apontar melhores escolhas para os seus amados, infelizmente essas nem sempre eram compreendidas por seus guardados, mas não importava ele sempre continuaria tentando.

— Vai ficar tudo bem Khristin, estarei sempre ao seu lado querida. — Ele abraçava forte uma menininha que tinha perdido seus pais e estava sendo levada a um orfanato.

Ele era o anjo da guarda designado a ela, geralmente ele ficava com as crianças e eram sempre as órfãs que ele acompanhava por toda a vida, caso contrário ele sempre trocava quando eles chegavam à adolescência com outro anjo guardador focado em jovens.

...

Da mesma forma que há quem nos guarde, há aquele que também nos instiga e ao contrário do anjo Jisung, Lee Minho assolava estas mesmas almas solitárias e perdidas. Seu fogo no geral era a ira que ele fazia questão de instigar, como quem ateia fogo em galhos secos e, no fundo, para ele tudo era um grande tédio e ele só se divertia quando via de fato as almas se corromperem e os resultados de tais corrosões se tornarem devastadores.

Por conta de seu posicionamento, volta e meia ele se deparava com um anjo da guarda, o que para ele era sempre a pior coisa que lhe podia ocorrer.

Assim que os avistava era também avistado e batalhas ferrenhas se travavam, ele querendo tocar a alma desolada e o guardião querendo o eliminar para que ele não encostasse na energia pura de seu guardado.

Ele já feriu gravemente alguns anjos, matou outros mais, e sua força e experiencia sempre o deixava sair vitorioso e mesmo que ferido levar o fogo da ira para seus alvos era sempre possível, porém havia um anjo da guarda em específico que a muito o derrotou e isso ele nunca pôde esquecer.

Seu trabalho de hoje era uma criança que acabou de perder os pais, e seu intuito era plantar nela desde já um ódio crescente pela humanidade, ódio esse que corroerá sua alma ao longo dos anos e ela crescerá perdida e sombria.

— Mas que caralho de asa! Porra de anjos da guarda sempre em cima dos meus alvos.

O demônio massageou sua têmpora, era bom matar ou ferir gravemente anjos da guarda, mas ele adoraria ter um dia livre desses pormenores para poder cumprir seu trabalho sem contratempos e curtir os frutos de sua ira implantados nas almas alheias.

Ele ouviu o anjo cantar para a garotinha e resolveu prestar mais atenção.

— Esse macaco alado canta bem... e olha essas bochechas, anjos acham mesmo que devem ser fofos?

O anjo da guarda se apertava no abraço que dava na menininha que estava atônita e completamente alheia a existência de seu anjo protetor.

— E ele insiste nisso... que inferno!

Quando o demônio esbravejou, o Jisung o ouviu e o encarou.

— O que você quer aqui ser obscuro? — O Han foi com tudo para cima do demônio, ele já conhecia bem a fama do senhor do fogo e da ira. — Deixe-a em paz ou eu...

— Ou você o que anjo bochechudo? Vai me matar? E como vai fazer isso? Me abraçando? Você é um ursinho carinhoso?

O anjo piscou de leve enquanto o demônio acendia seu cigarro.

— Olha isso, é indefeso! Me dá até pena. — O demônio consome seu cigarro em uma só tragada, liberando em seguida toda a fumaça na cara do anjo que começa a tossir. — Faz assim, vá embora e eu não mato você, coisa fofa.

Ele foi em direção à garotinha e o anjo se pós na frente, quando o fez uma luz ofuscante cegou o demônio.

— Quer que eu vá? Então me mate! Isso se conseguir me ver chegar.

O anjo foi para cima do demônio e o feriu com sua lâmina angelical, aquilo queimou o demônio que urrava com a dor.

— Filho da puta! Queridinho do papai, vá para o inferno ou volte para seu paraíso de merda.

O Demônio avançou no anjo que desviou com fluidez.

— Cães que ladram assim Lee, deitam com a barriga para cima quando encontram seus donos em sinal de submissão e rendição, — Ele encarou o demônio que parecia espumar, mas não vacilou um centímetro se quer em sua postura. — Você vai deitar para mim agora cãozinho?

O Minho explodiu em fúria, o que fez o Jisung ser jogado longe dali ele avançou na garotinha e a tocou, sem dar tempo de o anjo reagir.

— Lide com a minha criança agora, vamos ver do que ela será capaz ao longo de sua vida... — Ele sorria desdenhoso e o Jisung o odiou com todo seu ser. — Uma assassina? Psicopata? Ou uma pervertida? Será que ela ficará tarada por anjos bochechudos? Se sim, aproveite e trepe um pouco você precisa tirar essa aura virgem. — O demônio se virou e antes de sumir falou ao anjo. — Mas se não quiser esperar ela crescer, me chame, darei um jeito em você anjinho e aí veremos quem ficara de barriguinha para cima sendo o submisso.

O demônio sumiu deixando um anjo furioso para trás.

— Nem nos seus melhores sonhos, demônio maldito.

Ao se ver sozinho com sua guardada, ele novamente a abraçou, porém, por conta do toque que ela recebeu instantes antes, seu corpo estava frio, e suas emoções estavam sendo transformadas.

— Eu vou te ajudar a superar a influência dele querida, confie em mim e não perca suas esperanças.

E de volta ao inferno o senhor do fogo, já recuperado de seu ferimento, matou alguns demônios menores com ódio daquele anjo da guarda.

— Nos encontraremos novamente Jisung e você se lembrará de mim.

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