Há quem diga que a luxúria depende do amor, mas poucos são os que dizem o contrário, acreditando que o amor é puro e casto em sua forma mais perfeita, porém sempre tem um ou outro que acredita que, na verdade, esses dois andam lado a lado como se um dependesse completamente do outro para existir ou para ser perfeito.

Minha pergunta é se esses poucos não seriam os corretos...

A verdade que ninguém vê, é que o amor entre os homens é manifesto por um anjo de luz que na cultura humana é conhecido e chamado de Cupido, nome esse que, na verdade, se refere ao deus do amor e os estudiosos vão além dizendo que ele foi o ser que mais amou na existência possuindo uma bela história de um romance inigualável o que não era bem o caso, a verdade era que aquele anjo do amor apenas vivia seu trabalho de lançar suas flechas nos casais designados sem nunca ter podido viver o amor de fato.

Atualmente ele prefere ser chamado de Lee Felix, mas com o passar dos milênios ele já teve inúmeros nomes.

— Então hoje vocês serão os afortunados que receberão minhas flechas.

Ele olhava para um casal que estava num encontro em um parque de diversões.

— Vocês são fofinhos, e formam um belo casal, e os olhando assim acredito que mais uma vez o destino acertou, então lá vai.

Ele sacou seu arco e flecha, mirou primeiro no rapaz e atirou acertando em cheio bem o centro do coração dele, e depois repetiu o feito, mas agora sua mira era o coração da moça e assim que ele a acertou os dois se olharam profundamente entendendo que bem ali tinham encontrado suas almas gêmeas.

— E mesmo com todos esses anos eu ainda acho esse momento a coisa mais linda que existe. — Ele falou sorrindo enquanto guardava seu arco.

...

Do outro lado do parque estava um ser que humanos leigos chamam de demônio da luxúria, mas essa nomenclatura vai muito além na esfera demoníaca e o que se encontrava ali, na verdade, era um poderoso íncubo.

Muito mistificados, os íncubos são os filhos mais queridos de Asmodeus, este que sim é o próprio demônio da luxúria, pois não apenas manifestam o pecado sexual do ser humano, como também usufruem dele de forma ativa, e era exatamente aquilo que o Hwang Hyunjin estava fazendo bem ali naquele parque, ele jogava todo seu encanto para uma bela jovem que antes mesmo que ele falasse uma só palavra já havia se perdido naquele belíssimo demônio de forma intensa e irremediável, e em breve ela lhe servirá como alimento e diversão.

O que os humanos desconhecem é que esses seres são tão belos que se passariam tranquilamente por anjos de perfeição e principalmente que ao contrário do que os conhecedores do assunto acreditam eles amam se deitar e usufruir de suas vítimas corpo a corpo não se limitando apenas a sonhos eróticos ou invasão de consciência para sugar sua energia como era dito nas lendas sobre eles.

Assim que ele conseguiu conquistar sua vítima, ele selou seus lábios carnudos e convidativos aos dela que o beijava avidamente e antes que ele saísse dali com ela ele avistou a essência de um anjo e aquilo o atiçou, pois seu segundo passatempo favorito era aterrorizar os iluminados seres de bondade insinuando que os encheriam com o pecado que ele carrega, e então deixando ela em meio a um transe ele se afastou de sua vítima e começou a seguir o rastro.

— Ah, não pode ser, um cupido? Sério? Que tédio!

Ele falou de longe, mas continuou observando.

— Ele atira bem, devo admitir.

O demônio filho da luxúria detestava anjos, na verdade, todo o demônio que se prezasse os odiariam, mas ver aquele frágil cupido atirando suas flechas de forma tão imponente e precisa o deixou curioso, pois era a primeira vez em sua existência que ele via um cupido tão de perto.

...

— Gostou do que viu íncubo, está precisando de amor em sua vida?

O Hyunjin deu um pulo e se sentiu atordoado, quando foi que o maldito cupido notou sua presença? E quando foi que ele foi parar atrás de si? E o melhor, ou pior, ele ainda estava decidindo sobre, que voz deliciosa era aquela? Era assim que ressoavam os anjos do amor?

Ele simplesmente manteve sua postura soberba, porém encantadora e o encarou.

— E por um acaso é você quem vai me dar esse amor bebê anjo? Cadê sua fralda e por que você não está desnudo? Não é assim que cupidos são? Bebês chorões peladinhos que usam fralda?

O cupido o encarou com certo desdém.

— E cadê suas pernas peludas e seus cascos de sátiro? Aliás, cadê os chifres? Um demônio sem chifre é um demônio sem história, não é? Ou será que sua classe demoníaca é tão inferior que nem isso vocês têm?

— Posso te mostrar o que minha classe inferior tem, e te garanto que você vai amar sentar nele.

O Felix ruborizou e o Hyunjin gargalhou alto enquanto jogava seus cabelos para trás.

— Do que você está rindo seu idiota?

O demônio se aproximou bem rápido do anjo.

— Estou rindo da sua castidade, do seu templo intocado e do seu coração regado de pureza bebezinho.

— Cale a boca, seu íncubo imundo, e nem pense em colocar essa mão em mim.

O demônio que levava uma de suas mãos para tocar o rosto do anjo levantou as mãos em rendição e saiu andando.

— Se eu te encontrar novamente, anjo do amor, eu vou te dar exatamente o que deseja e não o que seus lábios falam em mentiras para me manter longe, sonhe comigo coisinha linda e se quiser eu posso te visitar em seu sonho.

O demônio saiu dali e o anjo o observou ir até sua vítima.

— Se eu te flechar agora, seu inútil, você se apaixonará por uma mortal, que tal hein sabichão?

E cada um sumiu dali para concluir seus propósitos, o Lee foi unir mais alguns casais de sua lista, e o Hwang foi macular a alma da jovem que conquistou, condenando-a ao inferno, e enquanto isso se alimentaria dos prazeres sexuais que teria vindo de seus atos mais luxuriosos com a jovem.

E naquele dia tanto o demônio quanto o anjo tiveram mais alguns pensamentos um sobre o outro, mas sempre os afastavam alegando ser o ser dono de seus pensamentos alguém que eles sempre odiariam.

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