Pior do que o mal escrita por The Bringer of Rain


Capítulo 8
Capítulo 8




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Era uma noite nublada em Shenyang, a cidade chinesa exibia uma atmosfera intensa, com seus edifícios de arquitetura imponente envoltos por uma neblina densa que se entrelaçava entre as ruas estreitas. Aquele grande centro urbano, tingido de cinza, era pontuado pelos intensos letreiros luminosos de lojas e cafés, que piscavam como estrelas distantes, lançando seus reflexos nas superfícies úmidas das calçadas.

Shenyang é uma das maiores cidades do nordeste da China, e ostenta uma fusão dinâmica de história, cultura e modernidade. Ela é um reflexo da evolução rápida que marcou a China nas últimas décadas. Seus arranha-céus modernos se misturam com edifícios históricos, criando uma paisagem urbana diversificada. O Palácio Mukden, uma antiga residência imperial, é um testemunho do passado imperial da China.

À medida que a noite se desenrolava, os contornos dos arranha-céus revelavam-se apenas parcialmente, evocando uma sensação de mistério e segredos enterrados nas entranhas da cidade. Os letreiros luminosos das lojas e cafés piscavam como faróis distantes em meio à penumbra, proporcionando um brilho melancólico ao cenário, além de seus diversos museus e parques.

De noite a vida noturna de Shenyang é animada, com diversos bares, clubes e restaurantes que oferecem desde pratos tradicionais chineses até cozinha internacional. Aqui as luzes da cidade ganham vida, proporcionando uma atmosfera animada e acolhedora. Nem mesmo os invernos frios conseguem espantar a animação dos clubes, mas os olhos estavam longe da animação da cidade.

A névoa pairava sobre os telhados das construções tradicionais e modernas, às margens dos canais, reflexos indistintos da arquitetura local e das luzes da cidade desenhavam uma pintura efêmera, como se o próprio ambiente estivesse envolto em uma narrativa de suspense.

Do alto daquele quarto de hotel, a cidade de Shenyang estendia-se como um mosaico de luzes entrelaçadas, uma tapeçaria urbana que se desenrolava diante da janela de um andar elevado. O quarto, banhado por uma suave luz amarelada da luminária de pé, transmitia tranquilidade apesar da agitação da cidade lá fora.

A observadora, envolta em um cobertor macio, mantinha-se de pé próxima à janela, seu próprio corpo tinha as curvas que o tecido permitiam serem expostas esboçadas pelo brilho suave da cidade.

O zumbido distante da cidade, sua sinfonia noturna, filtrava-se pelo vidro, enquanto quem observava, mergulhava imersa na quietude do quarto. Shenyang, sob sua perspectiva privilegiada, tornava-se uma miragem cintilante diante de seus olhos, onde a modernidade coexistia harmoniosamente com a beleza melancólica da noite.

O silêncio era interrompido apenas pelo suave ronronar de um motor distante e pelos eventuais murmúrios da cidade que nunca dormia. A observadora, perdida em seus pensamentos, continuava a enrolar-se no calor do cobertor, uma testemunha solitária da cidade que se estendia além da janela, uma visão silenciosa na noite de Shenyang.

Um leve eco de batidas reverberou pelo quarto, quebrando a quietude da noite em Shenyang. Mei Mei, a observadora solitária que se mantinha enrolada no cobertor, se aproximou da porta. Seus passos eram silenciosos, quase imperceptíveis, enquanto ela se preparava para receber quem quer que estivesse do lado de fora.

Ao abrir a porta, a silhueta de Ogata emergiu na entrada. Ele parecia um tanto amassado, como se o cansaço o tivesse atropelado em alta velocidade.

O homem observou primeiro Mei Mei. Mei Mei, ao abrir a porta, apresentava-se de uma maneira que destoava de sua habitual compostura, ao menos a que ele já havia visto. Seus cabelos, normalmente trançados com precisão, agora estavam soltos, dividindo-se em mechas que caíam pelos lados do rosto. A coberta que envolvia seu corpo era estrategicamente mantida, mantendo apenas a visão de seu pescoço, ombros e parte da clavícula. O que se mantinha escondido por debaixo da coberta seria um mistério para a mente processar.

Ogata, a encarou em silêncio por um breve momento. O silêncio que novamente carregava uma tensão palpável, como se ambos estivessem cientes de que se testavam mutuamente. Não era desconfiança, deveria ter outro nome.

Finalmente, os olhos de Ogata desviaram-se para adentrar o quarto. Sua expressão permaneceu inabalada, viu o irmão dela deitado na cama, em sono pesado, o machado cuidadosamente apoiado na mesa de cabeceira como um símbolo de preparação e as malas no canto.

— Se procura ouro ali dentro não vai achar. — comentou ela atraindo a atenção para si.

Novamente as atenções estavam em seus devidos interlocutores:

— Já investigou a cidade?

Ela acenou afirmativamente, seus cabelos soltos dançando sutilmente com o gesto.

— Deixei meus corvos sobrevoando o local. — Mei Mei respondeu, mantendo sua postura serena.

Ogata inclinou a cabeça, seu olhar agora curioso, como de um gato que escuta um piado.

— Eles encontraram algo?

— Sim, mas nada que não tenha lidado antes. Maldições comuns, nenhum sinal de feiticeiros por enquanto.

Ogata assentiu, entendendo o cenário que se desenhava na cidade. Sua atenção, no entanto, desviou-se para Ui Ui na cama.

— E seu irmão?

Mei Mei suspirou suavemente.

— Ele está cansado. O poder dele ainda é desgastante.

Ogata não compreendeu os por menores daquilo, afinal não era de fato um feiticeiro Jujutsu apesar de conseguir lidar com maldições. Sua falta de treinamento formal porém, não o impedia de realizar alguns trabalhos quando solicitado.

— Quanto tempo de viagem? — perguntou ela com a mesma expressão.

— Gojo comprou um voo com escala. No total, oito horas de viagem. Cheguei pouco antes de vir até aqui. — respondeu Ogata, sua voz mantendo a cadência tranquila.

Mei Mei, agora com uma expressão mais ativa, olhou para o relógio na parede de seu quarto.

— Em trinta minutos, sairemos.

Ogata, em um tom provocativo, sugeriu:

— Uma desculpa para aproveitar a noite comigo?

Ela não voltou a encará-lo.

— Duvido que você conseguisse fazer com que eu aproveitasse. — respondeu em mesmo tom, fechando a porta do quarto com um gesto firme.

No corredor, outros hóspedes transitavam em silêncio, e o som distante da chuva começava a se intensificar, marcando que tipo de noite seria aquela em Shenyang. Enquanto o diálogo se desenrolava, o encontro na porta do quarto tornou-se um prelúdio para o que a noite chinesa ainda reservava.


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