Porque Barbie era AroAce escrita por Pinkie Bye


Capítulo 2
Get him back!


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! ♥ E olha nós aqui de novo.
Primeiramente, queria agradecer a @AnnLia_Lovegood e a @catwisz pelos comentários carinhosos no capítulo 1 ♥
Espero não ter demorado muito. A música desse capítulo é "Get him back!' da Olivia Rodrigo e relacionei a esse casal, porque lembro que logo após o lançamento do filme e do álbum, me deparei com um edit deles ao som dessa pedrada, no TikTok. Vou ver se encontro o tal vídeo, se encontrar, disponibilizarei o link nas notas finais.
E sim, hoje é dia 15/02 e ontem foi o Valentine's Day. Tentei postar ontem para combinar mais com a história, mas não deu kkkkk Enfim, semana que vem é a semanaro (semana da visibilidade arromântica), então vamos aproveitar que foi em prol disso.
Ainda não sei ao certo se haverá capítulo 3, focando neles como zucchinis. E como o desafio da song-fic dura até dia 20/03, quem sabe até lá eu não dê as caras novamente.
Boa leitura! ♥



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“Se eu tivesse que escolher, eu diria agora:

eu quero ele de volta!

quero deixar ele com ciúmes, quero fazer ele se sentir mal

porque, novamente, sinto falta dele e isso me deixa muito triste

eu quero uma doce vingança, e eu quero ele de volta!”

(Get him back! - Olivia Rodrigo)

 

BARBIE DEIXOU as compras na casa de Gloria, junto de um bilhete:

 

“Vou ficar umas semanas na Barbielândia, para resolver pendências. Desculpa não poder entrar em detalhes no momento, mas estou bem. Logo mais retorno

Beijos, Barbie!”

 

E depois pegou seus patins, foi até a praia e pegou o seu caminho para a Barbielândia. A cada camada que atravessava — do patins, foi para um snowmobile, depois para um trailer, sendo seguido por um foguete, um barco, uma bicicleta e um carro, respectivamente. — sentia seu coração disparar no peito.

Ao chegar lá, a cidade parecia a mesma, enormes construções iluminadas que mesclavam vários tons de rosa. Cumprimentou os rostos conhecidos, que acenavam de volta com uma expressão surpresa.

— Oi, Barbie!

— Oi, Barbie! Bem-vinda de volta! — A Barbie Sereia desejou e Barbie sorriu.

Dirigiu até sua antiga casa. E assim que desceu do quarto, ouviu um gritinho estridente. Era da Barbie Diplomata, que estava do lado da Barbie Presidente.

— Ai, que surpresa boa! — gritou a Diplomata. — Não acredito que está de volta, senti tantas saudades. — declarou, prontamente a abraçando com força.

— Sentimos. — A Barbie Presidente corrigiu e se juntou, formando um abraço triplo. — Ai, fico tão feliz que voltou.

— Eu também.

Elas se afastaram.

— Mas me diz, tem algum motivo especial pra visita? — A Presidente perguntou.

— É meio complicado.

— Então descomplica, mulher. — incentivou a Diplomata.

— Tava com saudades das minhas melhores amigas.

— Só da gente? — A Presidente cruzou os braços e a analisou séria.

— Claro que não. Tava com saudades das outras Barbies também.

— Sério? — Arqueou a sobrancelha.

— Deixa ela. — pediu a Diplomata.

— Tá bom. — As três riram. 

— Mas e aí, como andam as coisas por aqui? — Barbie loira puxou assunto.

— Longa história, amiga. Vamos entrar e tomar café para colocar tudo em dia. — sugeriu a Presidente.

Agora, sua amada Barbie Dream House pertencia a Barbie Diplomata. Sua amiga ainda continuava linda desde a última vez que a vira — baixinha, gordinha, com seus longos cabelos ruivos sendo um destaque, juntamente do seu vestido dourado brilhante —, eram aquelas características mais marcantes que a faziam única.

O mesmo poderia se dizer da Barbie Presidente. Seus longos cabelos encaracolados, seu sorriso branco e natural, a pele marrom iluminada com a luz que vinha das janelas. Ela usava um terno azul marinho, brincos grandes dourados e saltos altos brancos.

Barbie pensou em ajudá-las com a mesa, mas elas fizeram questão de que ela fosse visita. Colocaram os bules de chá, café e cappuccino na mesa, junto a uma forma de bolo de cenoura com cobertura de chocolate.

— A comida é de verdade?! — Deixou escapar, surpresa, ao levar a xícara à boca e sentir o gosto adocicado do chá.

— Pois é — Barbie Presidente riu, acompanhada da Diplomata. — Muita coisa mudou depois que você foi ao mundo real, querida.

— O que mais andou rolando?

— Agora os Kens têm mais voz em nossa sociedade. — Começou a explicar a Diplomata. — E podem escolher suas próprias profissões, eles não são mais presos em serviços domésticos.

— Grande avanço, todos merecem igualdade.

— Concordo, Barbie. — disse a Presidente.

— E o meu Ken…? Ele encontrou um emprego? Encontrou outra Barbie? — Encarou sua xícara de porcelana.

As outras Barbies se entreolharam, rindo.

— Tô confusa. Por que estão rindo? — Franziu o cenho.

— Seu Ken começou a focar apenas em si mesmo, depois que você foi embora. — explicou a Diplomata. — E vive dizendo que não pensa em um relacionamento no momento.

— Pelo menos ele tem responsabilidade emocional. Um ponto positivo para ele. — disse a Presidente, antes de dar mais uma bebericada em seu cappuccino.

— Pois é. — concordou a Diplomata. — Em uma coisa ele tem que acertar.

— E onde ele vive?

— Atualmente ele está morando numa casa da colina, perto da casa da Barbie Estranha e está seguindo a carreira de Boêmio.

— Mas pelo que eu saiba isso não é uma carreira — pontuou a Barbie loira.

— Bom, ele acha que é — A Diplomata deu de ombros.

— Soube também, pelas minhas fontes — prosseguiu a Presidente. — Que seus hobbies favoritos agora são: Passar as tardes ensolaradas cultivando sua hortinha e ouvindo música clássica. Interprete “música clássica” como: Linkin Park e Led Zeppelin.

— Isso é a cara dele. — disse, sorrindo para o nada.

As outras Barbie se entreolharam mais uma vez e bebericaram seus cafés.

— Ele está em casa agora?

— Aquele lá não sai da casinha dele por nada. — afirmou a Diplomata.

— Vocês poderiam me levar até ele? 

— Achei que nunca fosse perguntar, Barbie — respondeu a Presidente.

— Mas vocês não estão ocupadas agora? Imagino como trabalhar com política deva ser exaustivo. Realmente não quero atrapalhá-las.

— Infelizmente, temos que ir pro emprego agora. — A Diplomata olhou seu relógio de pulso. — O dever nos chama. MAAAS

— Conhecemos quem está disponível agora para te dar carona. — A Presidente piscou.

[...]

A Barbie de cabelos castanhos, vestido verde e que ganhara o prêmio Nobel em Física, apareceu dirigindo um jeep rosa, ao lado do seu melhor amigo Ken.

— Oi, Barbie!

— Oi, Barbie! — A loira respondeu.

— Oi, Barbie! — cumprimentou o Ken negro.

— Oi, Ken!

— Quanto tempo, garota! — Ele disse, jogando seu lenço laranja para o lado. — Minha amiga agora é motorizada. — Abraçou-a pelos ombros.

— Pois é — Concordou a Física. — Que bom que está de volta! Veio matar saudades?

— Sim, mas ela tem alguém em específico. — A Presidente explicou, tocando os ombros da loira.

— Entendi. — Os dois sorriram, maliciosos. — Então, nosso destino é?

— A nova Mojo Dojo Casa House daquele Ken. — explicou a Diplomata.

— Amiga, que babado! — Ken disse.

Despediram-se da Presidente e da Diplomata, que haviam que voltar para os seus deveres políticos, e se dirigiram para a nova casa do Ken, que ficava no alto da segunda montanha após a casa da Barbie Estranha.

— Obrigada, Barbie. Obrigada, Ken! — A loira agradeceu, beijando a amiga na bochecha, apertando a mão do amigo e descendo do veículo.

— Não tem de quê, Barbie — Ele acenou. 

— E boa sorte! — Ela buzinou.

Observou o jeep se afastando e virando a curva da montanha.

— Parece que essa é minha deixa. — Suspirou. — Coragem, Barbie! 

A fachada da casa era imponente, com um design moderno e minimalista.

Subiu as duas dúzias de degraus e ficou de frente as portas de saloon marrons da residência. Elas eram de uma madeira bem polida e estavam protegidas apenas por duas correntes, presas a um cadeado frágil, aos seus olhos.

— Boa tarde, tem alguém em casa? — chamou, batendo palmas. Nenhum ruído. — Alô? Ken? Você tá aí? Eu vim te visitar… tava com saudades.

De repente, um barulho de cadeira caindo. Barbie franziu o cenho. Logo Ken apareceu, com sua típica camisa azul listrada e desabotoada, sua bermuda branca larga, com uma xícara de café — preto, sem açúcar —, com um olhar incrédulo. Porém sorriu ao ouvir aquele:

— Oi Ken!

Que tanto sentiu saudades! Mas ele suspirou fundo, disfarçando o nervosismo. 

— Oi pra… você também, quanto tempo! Como tá… sendo a nova experiência no mundo real?

— Bacana.

— Bacana… e aí, quer entrar pra tomar café?

— Eu adoraria. — Sorriu. Ken deu-lhe passagem.

As paredes estavam pintadas em tons de cinza e preto. Ao abrir a porta, havia um amplo hall de entrada. O chão era coberto por um tatame tradicional. As paredes eram adornadas com armas de artes marciais meticulosamente dispostas, cada uma delas brilhando sob a luz suave do ambiente.

À esquerda, encontrava-se uma sala de estar espaçosa. Os móveis simples, mas elegantes, com linhas limpas e cores neutras. Uma grande televisão de tela plana na parede, ao lado de uma prateleira cheia de troféus e medalhas dos Kens.

À direita, uma cozinha moderna e totalmente equipada. Os eletrodomésticos de aço inoxidável brilhavam sob a iluminação embutida, e o balcão de granito preto adicionava um toque de sofisticação.

— Cozinhar virou um dos meus novos hobbies, quem diria, né? — Ele comentou.

— Quem diria! Você me parece esforçado, deve ser um excelente cozinheiro.

— Espere até você experimentar. — Piscou.

Barbie enrubesceu.

No segundo andar, passaram pela porta aberta do quarto dele. A cama king-size ocupava o centro do quarto, com lençóis de algodão egípcio e um edredom de penas de ganso. Havia um grande guarda-roupa no canto, cheio de roupas de grife meticulosamente organizadas.

No final do corredor, havia uma porta que levava ao dojo propriamente dito. O espaço era grande e aberto, com tatames cobrindo o chão e um grande saco de pancadas pendurado no centro. As paredes eram adornadas com espelhos, permitindo que Ken observasse e aperfeiçoasse cada um dos seus movimentos.

Ele a chamou, abrindo a porta de um outro cômodo.

— Entre, por favor. — disse, abrindo passagem.

— Obrigada.

Ao atravessar, viu que era uma sala de jantar, com uma janela que ocupava toda a parede, permitindo-os ter a visão de uma paisagem incrível das montanhas e da Barbielândia minúscula.

— Aqui é muito lindo!

— Eu e os outros Kens que construímos e organizamos tudo.

— Arrasaram.

— Valeu. Primeiro as damas — ofereceu, puxando a cadeira para ela.

— Obrigada. Não sabia que ainda estava na moda o cavalheirismo.

— Eu tento.

Foi até a cozinha, que estava acoplada no cômodo, e da geladeira trouxe a mesa: iogurte natural, patê de legumes — cenoura e berinjela —, salada de frutas, mini sanduíches de presunto e queijo e uma jarra de suco de morango.

— Como não conhecia esse seu lado mestre cuca antes?

— Deve ser porque você nunca teve interesse em saber algo de mim, de fato. — Os dois ficaram em um silêncio desconfortável. Infelizmente, Ken falara a verdade e Barbie não poderia se sentir mais arrependida.

— Mas eu estou aqui agora, para te ouvir e saber mais sobre você.

— Acho que a sua vida deve ser mais interessante do que a minha. — Bufou. — E aí, como está sendo viver no mundo real? Está dentro das suas expectativas?

— Viver na companhia de Sasha e Gloria é maravilhoso. Elas são fofas, gentis, e realmente buscam me entender, sem julgamentos. Porém, como você também já experimentou uma dose do mundo real, nem todo mundo é assim, gentil. Eu agora consegui um emprego de garçonete e os clientes de lá não são nem um pouco educados como os daqui. Tem dia que eles vêm estressados e descontam na gente, e nem podemos rebater afinal: “O cliente sempre tem a razão”. Essa afirmação claramente é uma mentira.

— Isso deve ser terrível.

— Nem me fale. — disse, provando a salada. — Essa salada está divina.

— Obrigado.

— Como aprendeu a fazer tudo isso?

— A Barbie Cozinheira deu aulas particulares para mim.

Barbie sentiu seu estômago embrulhar.

— Ah foi?

— Foi.

— Mas e aí, como está a sua carreira de Boêmio?

— A presidente já falou para você, foi? — Soltou um sorriso tímido, mas lindo. — Minha carreira vai bem, ganho meu dinheiro fazendo shows aos finais de semana, e gasto ele focando em mim, em minhas bebidas e comidas favoritas, no meu cantinho, o que mais um Ken poderia querer?

— Uma companhia?

— Eu tenho o Rambo. — Apontou para o cachorro da raça border collie. Era tão quietinho, dormindo em sua caminha, que passou despercebido por ela. — Ele não me abandonaria por nada.

— Deve tratá-lo como rei.

— Ele merece. Mas me diga, as suas Barbies já te atualizaram de todas as fofocas da Barbielândia?

— Bem que queriam, mas elas estavam com o prazo curto, por causa de seus empregos. E eu estava com presa também. Não queria tomar muito de seus tempos.

— Tudo bem, eu termino de te atualizar. A Barbie estranha está namorando com a Barbie Presidente. — Começou a inumerar com os dedos. — O Ken, namorado da Barbie Física, se assumiu bissexual. Depois de anos, finalmente um Ken entrou na câmara de vereadores. Allan e Midge finalmente tiveram um bebê, um menininho chamado Michael. E agora a Barbie Médica saiu do hospital e juntou uma grana legal para abrir sua própria clínica

— Quem diria. Tudo isso graças ao nosso ato de rebeldia.

— Pois é… Barbie, não quero parecer estranho, mas por que realmente veio? Não me diga que foi para ver só esse Ken. — Pareceu cabisbaixo.

— Eu vim ver só esse Ken. O meu Ken.

Fora a vez dele de corar e disfarçar.

— O que te fez mudar de ideia?

— Eu estive confusa, não só em relação a você, foi em relação a mim mesma. Acreditava que nunca havia conseguido me apaixonar na vida e eu estava certas, em partes.

Ken franziu o cenho.

— Vou te explicar direitinho. Ontem, foi o Dia do Amor no mundo real. E o amor mais comemorado nessa data é dos casais apaixonados e senti um vazio dentro de mim, afinal todos trocavam beijos apaixonados e pareciam felizes. A comparação estava me matando aos poucos. E no final daquele dia, após atender muitas pessoas na lanchonete que trabalho, acabei tendo, sem querer, um  encontro desastroso com um homem horrível que trabalha comigo e ele me disse coisas que me fizeram me sentir mais mal comigo mesmo. Então tive uma conversa com a Sasha, sabe, a filha da Gloria, que esteve aqui.

— Sim, me lembro, achei que o nome dela era outro, tipo Taylor, mas combina Sasha com ela.

— Taylor? Por quê Taylor?

— Ela tem cara de Taylor. E tem uma cara de mandona que me faz sentir medo. — Fez careta.

— Tinha me esquecido como você era engraçado. — disse, entre risos.

— Fiquei com saudade da sua risada.

Barbie sorriu.

— Então, eu desabafei sobre tudo que eu sentia com a Sasha, ela atenciosamente me ouviu e me explicou que eu poderia ser uma pessoa assexual e arromântica, isso é, uma pessoa que sente de maneira nula, parcial ou condicional ambas as atrações: sexual e romântica. E que eu poderia sim amar alguém, mas o meu amar não está dentro dos padrões convencionais que a sociedade impõe num relacionamento, entende?

— Sabe, enquanto fazia minhas pesquisas sobre o mundo real, quando estava com tempo livre no meu emprego de boêmio, claro, acabei me deparando com termos parecidos, como assexualidade, demissexualidade e etc…

— Não sabia que tinha feito pesquisas.

— Digamos que você sempre parecia tão entusiasmada com tudo aquilo, que me despertou curiosidade também, mas dessa vez, sem me apegar a um lado extremista.

— Como é um alívio ouvir isso. — Levou a mão ao peito.

Comeu mais um pouco da salada. Ficaram em silêncio por um tempo. Barbie ansiosa, construindo as frases em sua mente, entretanto com receio de proferi-las. A incerteza e a insegurança bateram. Acha mesmo que ele vai aceitar você de novo? Que iludida.

— Vou direto ao ponto — Inspirou profundamente. — Gostaria que você fosse o meu zucchini.

— O que seria um zucchini? 

— Ah, zucchini é um parceiro queeerplatônico. Esse termo surgiu como uma brincadeira que surgiu na comunidade assexual e arromântica, por causa da falta de termos para descrever relacionamentos que fogem do padrão. Basicamente, é um parceiro para a vida, algo entre a amizade e o amor romântico. Existem vários relacionamentos da vida real que funcionaram dentro desse parâmetro.

“O laço emocional entre os envolvidos é tão profundo que podem até mesmo optar por morar juntos, ter filhos, ter pets como também de ter relações sensoriais. Como dar selinho, andar de mãos dadas, fazer cafuné um no outro. Ou até ter relações sexuais! Tudo consentido, é claro. Sei que é tudo muito novo e que você precisa de um tempo para digerir tudo.

Ken pareceu ouvir tudo atentamente. Era quase impossível ler sua expressão facial. Ele parecia estar decodificando tudo. Esperava encarecidamente que aquilo fosse um bom sinal.

— Isso é realmente um misto de informações, me desculpe. Admito que fiquei chateado desde que você disse que não gostava de mim, na frente de todo mundo. Um coração partido é uma das piores dores que existem e parece ser uma das únicas capazes de deixar cicatrizes pro resto de nossas vidas… quero que saiba que não sinto raiva de você. Pelo contrário, te admito por sempre ser tão destemida e confiante do que quer. Como agora. Mas vou ser sincero, você não era a única que havia feito uma jornada de autodescoberta. Também ando confuso em relação aos meus sentimentos.

Os dois encaram o chão. Mais uma vez silêncio. Barbie sentiu uma vontade avassaladora de chorar, porém conseguiu se segurar. Alcançou a mão dele e fez carinho, antes de falar:

— Tudo bem, imaginei que não fosse fácil. Leve o seu tempo, só quero que fique claro que o que eu sinto por você é verdadeiro e está longe de mim querer te enganar ou brincar com seus sentimentos mais uma vez. Irei ficar na cidade por mais sete dias, antes de voltar pro mundo real. Se mudar de ideia… estarei na minha antiga casa dos sonhos.

— Ok.

— E essa noite parece que as Barbies vão fazer uma festa de boas-vindas para mim. Acho que todos nossos amigos vão, está convidado também.

— Ok.

— Então, vou nessa.

Deu-lhe as costas, com os olhos querendo lacrimejar.

— Barbie — chamou-a quando ela estava na porta. — Senti sua falta, muita mesmo. Você é muito especial pra mim e sempre torço pela sua felicidade. Queria que soubesse disso.

— Eu também.

[...]

Para sua infelicidade, não houve qualquer sinal de Ken. Nem na festa, nem nos dias que se procederam.

— Sentimos muito, Barbie. — A Presidente se manifestou.

— Tá tudo bem, meninas. Eu entendo, querendo ou não, eu o chateei muito no passado. Ele precisa de mais tempo. — garantiu para as outras Barbie. Todas a olharam com compaixão e a abraçaram.

Mesmo que quisesse continuar, deveria retornar as suas obrigações do trabalho. Sua semana de folga havia passado num piscar de olhos.

Despediu-se de todas suas amigas e prometeu retornar em breve. Durante a volta, a cada etapa que percorria, sentia seu coração se apertar mais no peito. Enquanto desabava em lágrimas, chegou a constatação de que fingir ser forte era mais doloroso do que encarar sua dor.

A vida no mundo real seguiu sua rotina monótona. Evitava conversar com David e se sentia entediada vendo os dias correrem. Sempre a mesma coisa, nada de novo. 

No entanto, em um dia como qualquer outro, um desconhecido atravessou as portas da lanchonete onde trabalhava. Naquela manhã, estavam lotados, com o burburinho constante dos clientes preenchendo o ar e crianças rindo.

Numa mesa afastada, o desconhecido, de sobretudo marrom e chapéu panamá, tocou o sino. Apressadamente, ela se aproximou.

— Boa tarde, o que o senhor gostaria de pedir? — perguntou, tentando se fazer ouvir acima do barulho.

— Um sanduíche com queijo e abobrinha — respondeu o homem.

Barbie olhou para ele, confusa, mas logo soltou uma risada, percebendo a mensagem oculta naquele pedido peculiar.

— Achei que você não iria aceitar — Ela disse, ainda rindo. — Fico muito feliz que tenha me escolhido.

— Pela primeira vez, você estava errada — Ken respondeu, levantando-se de sua cadeira. 

— Sabia que você voltaria para mim — Barbie, sem hesitar, e o abraçou apertado.

— Dentre todas, eu sempre voltaria pra você. Eu te amo!

— Também te amo!


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Notas finais do capítulo

Observação: Zucchini, em tradução para o português, significa Abrobrinha. Por isso, Ken fez o trocadilho.



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