Eternamente escrita por llRize San


Capítulo 7
Fake Love




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811566/chapter/7

— Você vai adorar a sua nova casa — Disse Kai, com empolgação — Decorei tudo do jeito que você gosta. Vai ser tão bom ter você ao meu lado novamente. Seremos felizes — Kai olhou para Jin, que estava estático e com o olhar vazio — Esqueceu o que precisa dizer, Jin? Vamos, diga. 

— Kai, eu te amo. 

— Isso, é sempre bom dizer o que sente — Kai o puxava, segurando sua mão com firmeza. 

Jin caminhava sem rumo, parecendo totalmente inerte e perdido em seus próprios pensamentos, enquanto Kai o guiava pelo caminho. Durante a jornada de aproximadamente uma semana, eles caminharam, fazendo pausas para descansar, e Kai cuidava de Jin como se fosse seu marido. Entretanto, Jin permanecia enfeitiçado, e Kai garantia que o feitiço não se dissipasse, certificando-se de que Jin sempre ingerisse aquela poção mágica.

Após uma semana de viagem, finalmente chegaram a Hillvards, cujas florestas eram consideradas as mais belas de Amicitia. A região apresentava uma incrível variedade de plantas, árvores e flores, tornando tudo extremamente colorido e alegre. Várias espécies de animais circulavam por lá, inclusive animais raros e de origens místicas. No entanto, não era ali que Kai morava. Como um Elfo Noturno, ele e seu povo habitavam as escuras cavernas mais profundas, isolados do restante do mundo, vivendo em paz.

Kai afastou a enorme pedra que bloqueava a entrada da caverna e conduziu Jin para o interior. Desceram por corredores estreitos e escuros até chegarem a um vasto pátio subterrâneo. O teto era naturalmente decorado com estalactites, formando rochas pontiagudas em direção ao chão. O local era escassamente iluminado, com poucas velas lançando uma luz fraca ao redor. Dentro desse amplo pátio, encontravam-se pequenas casinhas semelhantes a iglus, construídas com pedras em vez de neve. Os Elfos usavam essas habitações para dormir e passar tempo com seus familiares. Era evidente que as refeições eram compartilhadas, pois havia outro grande pátio na caverna, composto por mesas e cadeiras rústicas feitas de pedras. Para os Elfos Noturnos, aquele lugar era um verdadeiro paraíso, frio e escuro como preferiam. No entanto, para Jin, aquilo seria um pesadelo se ele estivesse consciente, pois ele apreciava a natureza, a luz, o calor e, principalmente, a liberdade.

Kai levou Jin para o que seria o quarto deles. O quarto de Kai era uma extensão do ambiente rústico das cavernas. Os móveis, feitos de pedra áspera e natural, contribuíam para a atmosfera austera do local. Prateleiras de livros esculpidas na própria rocha exibiam tomos e pergaminhos que refletiam o conhecimento e a sabedoria do povo dos Elfos Noturnos.

No centro do quarto, uma cama de casal robusta, também construída com blocos de pedra, ocupava o espaço. Uma coberta tecida de fios de algodão, meticulosamente arrumada por Kai, era um gesto considerado para o visitante Elfo da Floresta, Jin, que apreciava o calor e estava mais acostumado ao contato constante com o sol.

A iluminação era escassa, apenas algumas velas estrategicamente colocadas proporcionavam uma luz suave e difusa. Essa atmosfera escura e fria, que Kai considerava reconfortante, contrastava com o mundo externo de Jin. 

— Acho que você se lembra desse quarto, já fomos muito felizes aqui, Jin. É lastimável que você tenha resolvido fugir de mim… mas isso é coisa do passado. Eu te perdoo, mesmo sabendo que você estava se aventurando com aquele humano fraco e tolo. Sei que estava confuso, mas eu te salvei — Kai acariciou o rosto de Jin — Agora poderemos ficar juntos como antes, e nada nem ninguém irá interferir.

Jin fitava Kai com um olhar destituído de qualquer emoção, sem expressão e sem reação aparente. Após infindáveis horas de conversas sobre o passado com Jin, Kai cuidadosamente despiu o Elfo da Floresta e o conduziu a uma banheira para um banho. Enquanto lavava os longos cabelos loiros de Jin, Kai entoava alegremente uma melodia, mergulhando no passado com uma nostalgia que Jin não compartilhava.

— Nossos filhos serão lindos, Jin. Imagine eles com sua aparência e os meus cabelos brancos. Imagine o quão poderosos eles serão. 

Kai observava Jin naquela banheira, absorvendo cada detalhe da beleza diante de seus olhos. Nunca em toda a sua existência havia encontrado alguém tão deslumbrante. Aproximou-se e o beijou, unindo seus lábios aos de Jin. A falta de resposta por parte de Jin, que permanecia com os olhos abertos e sem corresponder ao beijo, não incomodava Kai; em sua mente distorcida, interpretava como se Jin estivesse apreciando aquele momento.

Conforme os dias se desenrolavam, Kai se via cada vez mais envolvido por seu amor por Jin, que mais parecia um cadáver ambulante, limitando-se a proferir apenas as palavras "Kai, eu te amo". Mesmo diante desse quadro, Kai dedicava-se a alimentar Jin com frutas, cereais e legumes, oferecendo-lhe suas comidas favoritas. Preparava o alimento com todo cuidado, tratando Jin como sua rainha, até providenciando um trono de pedra ao lado do seu próprio para que Jin se sentasse. Em um desses dias, Kai ordenou que Jin deitasse na cama, queria repousar a cabeça no colo de Jin para receber carinho em seus cabelos.

Kai relaxou enquanto sentia as mãos quentes de Jin acariciando seus cabelos. Recordava os tempos em que eram um casal feliz há centenas de anos, e agora que finalmente reencontrara Jin, desejava reviver essa vida. As carícias de Jin eram tão reconfortantes que, inevitavelmente, Kai acabou adormecendo.

Algumas horas se passaram, e Kai despertou ainda envolto pela sonolência. Ao olhar para Jin, percebeu que este também havia adormecido. Com cuidado, Kai se aproximou para observá-lo de perto.

— Agora você finalmente é meu — Disse ele passando os dedos nos lábios de Jin, que abriu os olhos lentamente, desnorteado e confuso. 

— Onde estou? — Disse Jin com a voz fraca. 

Kai arregalou os olhos, tomado pelo susto ao perceber que havia esquecido de administrar a poção a Jin. Num movimento ágil, levantou-se num pulo, fazendo com que Jin também despertasse.

— Quem é você? O que eu estou fazendo aqui? — Jin olhou em volta, confuso — Que lugar é esse? 

Kai o observava com expressão assustada, desviando rapidamente o olhar para a escrivaninha onde repousava o frasco da poção do "amor". Percebendo a situação estranha, Jin tentou se levantar, mas Kai estendeu sua mão, criando um campo de força invisível ao redor de Jin, imobilizando-o por completo. Mesmo tentando se mover, Jin percebeu que estava completamente restrito.

— O QUE ESTÁ FAZENDO? — Jin se debateu — ME SOLTE AGORA MESMO!

— Jin Jin… já falei que você é meu, não o deixarei ir. 

— SEU LOUCO, EU NEM TE CONHEÇO.

— Sim, você me conhece, e muito bem. Eu sou seu marido!

— VOCÊ É UM DOENTE. EU NUNCA ME CASARIA COM VOCÊ!

— Tanto se casaria como se casou. Já fomos tão felizes, Jin. Mas quando você partiu eu soube que fez algo para esquecer todo o tempo em que esteve casado comigo. Me diga Jin, nunca passou pela sua cabeça onde você esteve dez anos antes de seu irmão nascer? 

Jin respirava descompassado, misturando ódio e perplexidade. No entanto, aquelas palavras o fizeram parar para pensar. Realmente, havia um período de sua vida que parecia um borrão, uma lacuna de memória onde não conseguia recordar o que havia feito e onde havia vivido. Até mesmo seus pais diziam que ele havia desaparecido por anos e só retornou quando Hoseok nasceu. Jin se questionava sobre os motivos que o levaram a viver com um homem tão perturbado, e agora começava a entender por que suas memórias daquele tempo eram vagas, imaginando que não eram lembranças boas.

— Eu não sei ao certo se fui ou não casado com você, eu não me lembro… mas uma coisa é certa, isso foi há mais de trezentos anos atrás, você já deveria ter superado, não temos mais nada. Eu não gosto de você e nem mesmo me lembro de você. Eu jamais viveria com alguém como você que me priva da minha liberdade. Me solte e vá viver sua vida e me deixe viver a minha.

— Te soltar para você ir correndo para os braços daquele humano inútil?

— NÃO SE META NA MINHA VIDA OU EU TE MATO! 

— Vejo que aquele humano é o seu ponto fraco — Kai riu com uma maldade explícita em seu sorriso — É bom saber disso. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kai, só digo uma coisa... SUPERA!

Não dá pra forçar alguém a te amar e as pessoas não são objeto.
Infelizmente esse tipo de personagem é bem real...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eternamente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.