As quatro se reuniram naquela enorme sala, ali, era onde as rainhas e os regentes, junto a seus escudeiros pessoais, se reuniam para falar sobre economias, jurisdição, dívidas, projetos ou problemas, e no momento, a última opção era o que definia a situação delas, com a batata quente sobre o colo e a cabeça a prêmio, elas ouviam várias vozes indignadas falando coisas como “devemos levantar as barricadas” ou “quem é o reino que deseja entrar em guerra” até mesmo “não temos tropa suficiente para uma guerra”. A verdade era que Lilases era um reino que apesar de ser o maior e o principal dentro da Dinastia, ele era muito mal governado pela Rainha Lee, que estava sempre com seu foco em outras coisas, que não a solução para reforçar suas barreiras e alianças com outros povos.

— Já chega – a loira entre elas grita, estava exausta da noite anterior e já havia acordado recebendo uma péssima notícia da sua dama de companhia – simplifiquem.

— Precisamos mantê-las seguras minha Rainha – o seu escudeiro particular fala, traduzindo de fato a questão que importava ali – talvez devamos contratar outro escudeiro.

— Quem ia querer matá-las? – um regente pergunta confuso. E de fato aquilo fazia sentido, porque Lilases apesar de não possuir tantas alianças, ainda assim não era um reino que estava ou entraria em guerra com ninguém.

— Muita gente comandante Wang, mas eu desconfio da nossa irmã – Jennie fala, jogando os cabelos castanhos e longos para trás, cansada de pensar naquela maldita cabeça na entrada do castelo – ela não apareceu na cerimônia, e logo depois que nossa mãe viaja, alguém decide nos ameaçar.

— Talvez ela queira o trono só para ela – Jisoo dá de ombros, entediada, enquanto mirava suas unhas, era a única que de fato não parecia ligar muito para o que estava acontecendo.

Lalisa e Chaeyoung dão sorrisos discretos, Jisoo e sua maldita falta de interesse, isso causava inveja nelas, também gostariam de não se preocupar tanto assim com uma iminente ameaça de morte. A verdade é que elas estavam apenas supondo coisas para os outros, já que sua irmã devia estar de baixo de sete palmos naquele instante. Enquanto eles se distraiam procurando a quinta Rainha, elas estaria verdadeiramente procurando aquele que estava ameaçando a integridade delas.

— Eu me casarei no fim do mês com o Príncipe de Serendipity, precisamos acabar logo com isso e seja quem for, deve ser levado à forca – Jennie brada, impaciente como nunca – não me importa o que vocês vão fazer – se dirigiu aos regentes – apenas encontre aquela maldita e mate-a.

Ninguém ousou dizer mais nada naquela sala, Jennie havia dado o recado com muita clareza, e ninguém gostava de contraria-la, até porque sua personalidade não permitia que os fizesse.

Os regentes se dispersaram dali, e seus escudeiros pessoais ficaram com a missão de encontrar mais um guerreiro, para poder reforçar a segurança das Rainhas. Cada uma tinha um escudeiro, mas agora passariam a ter dois, isso era uma janela de oportunidade pequena para quem quer que estivesse tentando matá-las, mas ainda assim, era uma brecha.

E foi assim que a primeira Rainha teve sua vida atentada, semanas haviam se passado, quando uma delas precisou sair de Lilases e ir até sua cidadela, pois havia problemas na fronteira ao sul, um gado inteiro havia sido degolado e o povo em Shadow estava apavorado, por isso a própria Lalisa foi em pessoa, para saber o real problema diante de si.

Assim que desceu do cavalo viu uma quantidade absurda de sangue espalhado por ali, tinham alguns camponeses encarando a cena e a presença da Imperatriz que comandava o reino ao sul não ajudava em nada para amenizar as coisas. Seu marido estava ao seu lado, ele parecia pensativo, e por isso não viu quando Lalisa o encarou com raiva.

— Imperatriz D’Ângelo, Imperador Min – Lalisa cumprimenta, a outra apenas sorri breve, e acena com a cabeça, o Min optou por ignora-la – relatório – Lalisa fala se virando para seus escudeiros.

— Minha Rainha, o fazendeiro que teve seus animais roubados no meio da semana, mandou uma carta para o castelo – o moreno estende a carta para ela – disse que havia a encontrado presa em uma das cercas, e nós confirmamos que não foi ele que enviou.

Lalisa pega o papel apressada e o abre, lendo as letras em vermelho sangue, que pareceu apavorar até sua alma.

— Você leu? – ela pergunta exasperada – responda-me Byun, você leu?

— Não minha senhora, apenas o camponês que o encontrou e o escudeiro Oh – Byun responde se curvando brevemente, sabia que sua Rainha era temperamental, e por isso não tinha nenhuma intenção em desobedecer qualquer coisa vinda dela, coisa que Sehun lhe aconselhou amigavelmente quando contratou-o para a segurança dela – Sehun, ache o fazendeiro e o leve ao castelo, preciso ter uma conversinha com ele – seu olho tremia, e sua respiração estava pesada, ela estava perdendo o controle, não só das suas reações, mas também da sua vida.

— O que tem no papel Rainha Manobal? – Safira pergunta, desconfiada.

— Não se preocupe D’Ângelo, isso é problema meu e do Reino de Lilases – ela sorri breve, mas não era um sorriso, estava mais para uma careta – eu cuidarei disso.

Safira dá um sorriso debochado.

— Cuidar, como vem cuidado de todos os problemas em Lilases? – o Min pergunta sugestivo, até parecia que ele sabia de alguma coisa, e talvez soubesse, ou talvez estivesse apenas jogando com ela.

Seus olhos se semicerram, ela não admitiria em ser afrontada por ele, e quando abriu a boca para dar uma resposta, uma adaga passou rasgando em sua bochecha, fazendo-a arregalar os olhos e olhar de um lado para o outro desesperada. Seus escudeiros e guardas correram até ela, fazendo uma parede de escudos com os próprios corpos, estavam em estado de alerta.

Lalisa mirou o outro lado da fronteira e viu Safira lhe dar as costas calmamente, andando com o Imperador Min ao seu lado.

— Se eu souber que Orion está metido nisso, matarei todos sem piedade – Lalisa profere, fazendo a mulher parar de andar e virar apenas o rosto, com um sorriso nos lábios.

— Mesmo que tente Rainha... – debochou a outra – jamais seria capaz, seus dias estão contados, cuidado com a cabeça, ela pode sair voando.

E junto ao Imperador, ela deixou aquele lugar, na verdade, aquilo não era obra sua, ela não desejava causar uma guerra ou afrontar ninguém, mas tinha certeza de que aquilo era uma armadilha para Lalisa, no momento em que viu o pingente ao chão, o brasão antigo de Lilases. Aquilo era entre eles, uma guerra entre si, por ganância, por poder.

Orion não seria louco de se meter, até que aquilo finalmente acabasse, ela se manteria quieta, afinal, logo uma delas derrubaria as outras, e a última de pé, ainda seria a melhor opção para comandar o Reino mais importante entre eles.

Naquela mesma noite, enquanto dormia, o quarto de Lalisa foi sorrateiramente invadido e seu pescoço foi apertado, tirando todo o ar que saia tranquilamente de seus pulmões. Seus olhos estavam esbugalhados, enquanto ela se debatia e tentava tirar quem quer que fosse de cima de si. Nunca havia ligado para as aulas de defesa pessoal, e esperava que seu desespero fosse suficiente para lhe salvar, sua consciência estava quase no fim quando ela agarrou um colar e puxou, apagando em seguida.

Horas depois seus olhos se abriram desesperados, seu cérebro revivendo as cenas de algumas horas atrás, seu corpo tremia, enquanto lágrimas saiam de seus olhos e sua garganta ardia como brasas, seus escudeiros adentraram o quarto desesperados, ao ouvir a movimentação estranha de coisas sendo derrubadas, era Lalisa tentando levantar, enquanto suas pernas cediam a cada passo.

Sehun lhe acolheu em seus braços, enquanto ela se desesperava, Baekhyun correu até a cozinha para buscar um chá e acalma-la.

Ali ela percebeu, as ameaças eram reais, mas mais que isso, ela estava perdendo todo o controle que pensava que ainda tinha, e se pudesse apostar em alguém, chutaria que sua irmã, que deveria estar morta, não estava tão morta assim, afinal, quem mais teria motivos para lhe matar?