— Agora tudo faz sentido – Jennie ria histericamente, enquanto andava de um lado para o outro, seus cabelos estavam soltos, mal penteados, sua roupa de dormir amarrotada e seus olhos esbugalhados, em alerta, como se ela não dormisse a dias.

E de fato não havia, Jennie havia se tornado paranoica, havia passado tanto tempo remoendo aquele nome, que sua mente não conseguia mais esquecê-lo nem se quisesse.

— Ela está piorando a cada dia – Chaeyoung diz, ela e as outras duas estavam na porta do quarto, enquanto observavam Jennie andando de um lado para o outro, ensandecida.

 — Acha que devemos interferir? – Lalisa pergunta, soltando um longo suspiro.

— Já tentamos, até a levamos ao médico – Jisoo diz cabisbaixa – Jennie não vai parar, até sua mente entender de uma vez que não está sendo perseguida.

— Talvez ela não esteja tão louca, nós apenas não estamos na pele dela para saber – Chaeyoung diz em dúvida – cada uma de nós sofreu de uma forma diferente e essa é a dela – Chaeyoung indica a irmã que havia voltado para a cama.

As três deixam o quarto e vão para a sala de reuniões, onde os regentes aguardavam pela chegada delas, algumas coisas precisavam ser feitas, e agora que as três de fato estavam empenhadas em manter Lilases de pé, as coisas haviam começado a serem realizadas. Sim, as três. Depois de passar muito tempo internada, Jisoo finalmente se deu ao luxo de pensar no que de fato era importante para si, ela havia pensado com muito cuidado e precisava ajudar Lalisa e Chaeyoung a cuidar do povo, era tudo que lhes restava.

— Bom dia senhores – Lalisa surge no recinto, indo direto para sua cadeira.

Quatro cadeiras ficavam de um lado da mesa e cinco do outro, bem, supostamente era para haver cinco em cada lado, mas Kang Lia não estava mais ali.

— Majestades – os regentes dizem em uníssono e fazem uma breve reverencia, antes de se sentarem.

— Como estão os enfermos em Venom? – Chaeyoung pergunta quando já estava acomodada.

— Estão bem melhores minha senhora – Tuan diz cordial, mas feliz, pela primeira vez sentia que estava lutando por algo que daria resultados – a segunda leva de medicamentos chegaram ontem, Euphoria está cumprindo com o trato e nós estamos entrando em contato com os Campos Rochosos, eles estão com uma situação precária em plantação, sabemos que suas terras são inférteis.

— Ótimo, me avise se precisar de algo – Chaeyoung diz animada.

— Minha senhora, apesar de estarmos lucrando com nossa plantação, temos um grande problema com Astros – Youngbae diz coçando o queixo – os mineradores afirmaram que nosso minério está sendo roubado.

— Por que alguém iria querer roubar nosso minério? – Jisoo pergunta confusa.

Youngbae novamente coça o queixo, como se tivesse algo para falar, mas tinha receio da ira de suas rainhas, ainda assim ele respirou e apenas disse fazendo as três arregalarem os olhos.

— E por que só estamos sabendo disso agora? – Lalisa parecia furiosa.

— As senhoras nunca estavam presentes, eu nunca tive a oportunidade de falar sobre isso – ele diz contido, evitando qualquer que fosse a próxima reação delas.

Mas se surpreendeu quando Lalisa apenas respirou fundo e assentiu, de fato ele tinha razão, e não tinha como impedir que algo acontecesse, quando nem elas se importavam se estava acontecendo ou não.

— Vamos reforçar a área, tornar as minas privadas, registrar nossos trabalhadores, ofertá-los benefícios, precisamos da lealdade deles, e precisamos descobrir quem está roubando nossos tesouros – Lalisa diz muito racional, fazendo Youngbae assentir concordando.

— Achamos que pode ser a mesma pessoa que está roubando o gado de Shadow – Jinyoung fala indeciso sobre terminar aquilo ou não.

— O que? – Jisoo pergunta interessada.

— Bem.... – Jaebeom toma a iniciativa e suspira – achamos um altar para sacrifícios, achamos que o gado e os minérios roubados são para algum ritual antigo.

— Ritual? – Chaeyoung questiona confusa.

— Sim minha senhora – o homem confirma, fazendo Rosé apenas assentir.

Elas três se entreolham e concordam, aquilo estava longe de acabar e definitivamente estava muito além delas. As três agradeceram aos regentes e eles logo se retiraram, as deixando sozinhas na sala de reunião, livres para se esparramarem em suas cadeiras, exaustas, e a reunião nem havia sido de fato cansativa.

— Jimin disse que não fomos as únicas a tentar matar Kang Lia – Rosé revela, colocando sua cabeça para pensar – agora sabemos que nosso irmão que deveria estar morto, está vivo, e de repente um altar para um ritual, acham que ele vai tentar os rituais antigos?

— Como podemos ter tanta certeza de que é ele, e não é outro alguém? – Jisoo pergunta, ainda custando a acreditar de que seu irmão que elas nunca conheceram, estava vivo.

— A mamãe guardava fotos de um garoto em suas coisas, ela parecia ter todas as fases da vida dele – Chaeyoung suspira, de fato, ela sabia de muitos segredos que ninguém tinha se quer noção – um dia a peguei bêbada em seu quarto, olhando aquelas fotos, e ela me contou sobre Yixing, foi a primeira vez que a vi sofrer por um filho – Chaeyoung olha para suas irmãs e assente – o brasão que você arrancou – ela olha para Lalisa – o veneno que você tomou – ela olha para Jisoo – a adaga que rasgou meu braço e a roupa que ele vestia naquela noite, é tudo que nossa mãe me mostrou pela última vez em uma foto que escondia no fundo do seu baú.

— Porque Yixing foi dado como morto? – Lalisa pergunta curiosa, aquilo ainda não havia ficado claro para ela.

— Mamãe nos disse que foi a peste, mas era mentira – Chaeyoung perde seu olhar sobre a mesa, como se lembrasse de um ponto especifico da história – naquela noite ela me contou que quando Yixing nasceu, era a criança mais linda do mundo, ele tinha olhos grandes e expressivos, ela me disse que havia se apaixonado pelo seu bebe, mas que a marca não havia transcendido no corpo dele, eu não entendi muito bem sobre isso, mas ela disse que quando o conselho descobriu, ordenaram que matassem o seu primogênito e até tentaram, com o veneno, mas a Rainha Lee o deu a uma curandeira, e nunca mais o viu, mas ela sempre recebia fotos do garoto, enviadas pela curandeira, até que a última chegou e ele vestia a mesma roupa daquela noite, ela nunca mais soube nada dele.

— A marca.... – Lalisa parecia confusa – eu li em um livro que a marca é dada ao primogênito no dia do seu nascimento.

— Tem muitas coisas que não sabemos sobre o Trono de Diamante Lisa, e essa marca é um mistério – Chaeyoung diz e puxa os cabelos para o lado, fazendo Lalisa arregalar os olhos.

— É ela.... como, como a conseguiu? – Lalisa se levanta e caminha até a outra loira, que a olhava confusa.

— O que? Do que está falando? Ai Lisa – Chaeyoung grunhe quando Lalisa abaixa o pescoço da outra para analisar – eu só a percebi no dia em que fui a Euphoria.

— Rosé, essa marca é única – Lalisa agacha na frente da irmã e alisa seu rosto – precisamos descobrir como a ganhou.

— Meninas – Jisoo chama a atenção das duas, que a encaram confusas – vamos ter que adiar isso – ela aponta pela janela e ao longe, elas podiam ver Jennie caminhando pelo corredor, entre as janelas, enquanto o fogo se alastrava do quarto para os outros cômodos do castelo.