Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, boa leitura. Esse capítulo eu escrevi em janeiro de 2023, espero muito que vocês gostem



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Quando chego para o exame, Peeta já está na porta na clínica, com um cupcake nas mãos. Dou uma risada sincera, o abraçando.

— Desde que horas você está aqui, seu louco! — Como o doce, compartilhando com ele.

— Você disse às 14horas, então cheguei fazem 30 minutos. Já garanti sua senha. Só tem mais uma grávida na sua frente. 

Balanço a cabeça, agradecendo e o abraçando. Seus braços me envolvem bem carinhosamente e firme. Constantes. Fecho os olhos e aprecio seu cheiro único de pão fresco e açúcar.

Tiro um pouco de farinha que estava em sua testa, e o beijo castamente nos lábios. 

— Obrigada por tornar isso mais fácil. 

— Katniss, você é a única que deve receber agradecimentos. Sabe o que significa para mim.

Entramos de mãos dadas na clínica, é meados de agosto, ainda é verão mas o clima não está mais tão quente quanto em julho, hoje é uma tarde que poderia se passar sem problemas por uma tarde de outono. Não há muitas pessoas, e como ainda está frio, as roupas escondem os primeiros sinais da minha barriga que só irá crescer daqui para frente e eu sinto que estou começando a dar sinais. Isso é bom, porque nos traz privacidade.

Felizmente, não reconheço o rosto de ninguém além dos funcionários ali. Encosto a cabeça no ombro de Peeta e fico com os olhos fechados, como se presa ali, até que o meu nome seja chamado. A doutora que me acompanha é a mesma desde que recorri ao método anticoncepcional não-natural, quando passei a ter relações com Peeta, 15 anos atrás. É um alívio, pois não me sinto com crises de pânico de saber que uma desconhecida estará ouvindo além de nós os batimentos cardíacos do nosso bebê.

Quando aceitei o pedido de Peeta, eu pesei na balança absolutamente tudo. Meus pesadelos, meus medos, suas crises. Todavia, absolutamente nada poderia me preparar para ouvir os sons do coração desse bebê.

— É um coração bem forte, viu? — A médica diz, sorrindo bem grande para o monitor. É um monte de rabisco escuro, mas aquele som que preenche o pequeno cômodo é mais que emocionante, é aterrorizante. Choro, mas de medo. — O bebê parece estar bem saudável. Vou manter a medicação que mandei com as vitaminas, Katniss. Tudo está muito bem! Você está de aproximadamente 10 semanas, pelo o que posso ver, considerando o aparecimento dos sintomas e também as três semanas que levamos para marcar essa consulta desde que seu teste feito em casa deu positivo. Você está quase de três meses!

Peeta não parece perceber isso, ele está completamente cheio de alegria, prestando atenção como se pudesse entender aquilo. Preciso me segurar muito para não soluçar. Cubro meu rosto como uma criança birrenta, para que os dois não notem todo o meu terror.

Como eu pude? E se eu não der conta? E se eu perder isso aqui? 

Sinto falta de ar. Muita falta de ar.

— Por favor, desliga isso — peço, com a voz embargada. — Desliga isso!

Afasto o aparelho, descendo a camisa, escondendo a saliência da minha barriga. Não me incomodo com o gel, nem com a sujeira que isso acaba fazendo. É como se estivessem me sufocando. Peeta enfim parece entender, que não choro de êxtase.

Não é como se eu não quisesse ter esse bebê. É muito mais sobre eu não poder ter. Eu vou dar conta? Ou melhor… nós podemos dar conta?

Meu corpo está gerando um ser completamente novo, único. Órgãos, pele e osso formados no meu ventre pelos próximos sete meses e meio. Isso é extraordinariamente assustador. Nas últimas semanas, desde que descobri estar grávida, eu entrei em um modo avião. Nada parecia real, embora eu estivesse fazendo as coisas do cotidiano, como sorrir, me sentir triste com alguma notícia no rádio e ajudar Delly a arrumar a casa depois que as crianças foram para o parque com outras crianças. Eu e Peeta fizemos amor de forma bem gostosa em nosso quarto e na sala uma quantidade considerável de vezes. Porém agora a ficha caiu. Não tenho escapatória, essa é a minha nova realidade. Meu sutiã apertado indica isso também, além da calça jeans que estou usando eu sentir que está machucando meu quadril e vou ficar marcada.

— Katniss, é normal se sentir assim também. Você precisa fazer um acompanhamento psicológico junto com as avaliações para o seu bebê… bem, irei deixá-los à sós — diz a doutora, com carinho, fechando a porta depois de sai.

— Só me diz o que você está pensando — implora, também chorando, mas agora em um tom bem oposto de felicidade e eu me sinto arrasada por estar causando essa mudança de sentimentos nele. — Katniss, você quer desistir disso?

Nego imediatamente, mas não tendo tanta certeza de nada. É como se qualquer decisão que eu fosse tomar não fosse a alternativa certa.

— Eu estou com medo! — respondo, em um tom completamente desesperado. — Peeta, eu não sei se vou conseguir fazer isso sem enlouquecer. Tem uma pessoa dentro de mim. Eu tenho simplesmente medo de não conseguir dar conta.

Confessei. 

— Não imaginei que fosse ficar assim por causa de alguns instantes ouvindo os batimentos de um bebê, mas eu estou e é assustador! Desculpa, eu não queria ser assim!

Soluços incontroláveis saem de mim, cubro o rosto, percebendo que estou falando com um fio de voz. Peeta faz o que tenho certeza que não é qualquer parceiro que faria. Simplesmente me abraçou até eu parar de me tremer e sentir que em algum momento eu iria ter uma resposta, e tudo bem se não fosse naquele instante.

Será que um dia teremos resposta? Não foi naquele momento que fiquei sabendo, mas ele conseguiu me acalmar. Infelizmente fiz com que toda sua alegria por um sonho estar se realizando foi completamente ofuscada pelas minhas inseguranças e problemas emocionais, que pensei já terem sido resolvidos espontaneamente com o tempo.

(…)

Quando chegamos em casa, o clima não estava ruim, porém estava bem longe de ser considerado bom. Peeta silenciosamente foi para o seu ateliê e encostou a porta. Ele nunca se tranca, exceto quando está tendo uma crise. Mas quando eu sou bem-vinda, ele deixa toda aberta. Sei que só está tentando ser educado e maduro, mas não quer lidar comigo agora, o que eu entendo. Se eu pudesse, nem eu estaria lidando comigo mesma.

Butter passa pelas minhas pernas, afago sua cabeça, e ela parece muito contente dessa forma. Era de se esperar que fosse até Peeta, mas está resolvida em me fazer companhia. Aceitando que não poderia ficar sozinha, subo para trocar de roupas, me escondendo em uma calça larga ao ponto se precisar usar o cinto de pano que tem na mesma e uma blusa de manga longa e revestida com dois dedos de algodão por dentro.

A gata mia, pedindo colo e eu preciso ceder. Sento por alguns instantes com ela em meu colo e sinto novamente uma vontade de chorar. Minha garganta dá um nó, e tudo o que eu comi ameaça subir, lágrimas pesando a vista mas nada vem, de fato. Isso é pior do que o choro. Sinto como se não tivesse nenhum controle sobre minhas emoções e sentimentos. Não que eu fosse boa nisso! Mas eu tinha controle sobre o momento certo de tomar alguma decisão.

Dou um longo e pesado suspiro, apreciando a presença de Butter. O que foi aquilo no exame? Todos os meses precisarei passar por isso, eu preciso superar. 

Tiro Butter do meu colo, e resolvo fazer uma coisa. Levanto até os seios minha blusa, expondo minha barriga de dois meses - quase três, segundo a doutora. Prendo a respiração, e é como se eu estivesse em meu peso normal. Volto a respirar - já que estou ficando sem fôlego com mais frequência, por ter me afastado um pouco da campina desde que descobri - e lá está. Tem algo de diferente, que não é apenas sobrepeso, eu consigo identificar a diferença, embora ninguém mais possa.

Algo me diz que eu vou ficar com uma barriga bem aparente. Não me incomodo com nada que se relacione ao meu corpo, realmente gosto da ideia de passar por toda a modificação necessária para gerar esse bebê. Mas o que é que me incomoda tanto…? Por quê sinto tanto medo? Por quê senti vontade de fugir ao ouvir os batimentos cardíacos?

Suspiro mais uma vez, tocando em minha barriga. Devagar, começo a alisar, e é uma sensação diferente. Não consigo controlar as lágrimas dessa vez, mas essas são silenciosas.

Butter aparece rapidamente para me consolar, e passa sua cabeça em minha barriga, fazendo carinho. De maneira instintiva. Acho isso ridiculamente adorável, e dou um sorriso choroso para a cena. Vendo a gatinha me consolar, lembro de Peeta fazendo o mesmo comigo mais cedo, ainda que eu tenha estragado o melhor momento de sua vida. Lembro da paciência da qual fui tratada pela médica…

Meus pensamentos são levados para Johanna, que passou por coisas inimagináveis, e conseguiu passar pela maternidade com Gale. Delly tem três filhos. Penso em Annie, que criou Finneas sozinha. Penso em minha mãe, e me solidarizo, enfim, com ela e a forma que ficou doente após a perda do meu pai.

Com mais um suspiro, sinto que é possível. Eu preciso contar para elas, viver no meu mundo não vai me fazer bem, e nem tão pouco para Peeta e o bebê, que precisa de mim da melhor forma que eu puder.

Quando saio do banheiro, ainda estou chorando. Vou até o ateliê de Peeta, onde ele está deitado no grande sofá, com um braço sobre os olhos e o outro caído em direção ao chão, mexendo em um lápis.

— Pode falar, Katniss — diz, em um tom leve, sem me olhar, mantendo sua posição.

— Podemos ir ao 4 no mês que vem? — fungo no final, e ele me olha, então dá um sorriso. Sorrio torto, sabendo que é um sim. Com timidez e vergonha, vou até ele, me sentando ao seu lado e ele me abraça, sem dizer mais nada. Sim, nós podemos ir ao 4 no mês que vem.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, eu disse anteriormente e gostaria de reiterar que eu tenho muita coisa escrita, então ainda estou filtrando. Mas eu vou escrever o máximo possível, porque não pretendo continuar postando nada depois que concluir essa história e é claro, A Seleção da Herdeira, da qual pretendo terminar até o carnaval. Eu gostaria de publicar capítulos contando de mês em mês sobre a gravidez, e até o momento acho que vá ser dessa forma mesmo. Bem, um abraço para vocês



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