A experiência com humanos e sua forma de vida era pouquíssima para o híbrido de quase dois séculos de idade. Porém, ele entendia alguns sinais pois já os tinha visto em sua irmã menor Maysun, a híbrida que se relacionava com o vampiro de nome Bruno a alguns anos. Ele viu nos olhos do “homem lobo” , como costumava se referir aos Quileutes, um brilho diferente e conseguia muito bem ler as emoções de outros, e no homem a sua frente ele viu decepção em seus olhos.

     Nahuel não se importava com a opinião ou sentimentos do transfigurador, desde que o mesmo soubesse seu lugar. Com relação a namorada, acreditava fielmente que ela nunca se envolveria de outra forma se não por amizade com seres que eu sua opinião era inferiores a eles. Assim que Jacob saiu daquela casa, vendo que Renesmee já estava quase totalmente recuperada, o híbrido tentou um contato mais intimo e se sentiu frustrado por ela não permitir com a desculpa que Charlie e Sue estavam na casa, ele acabou engolindo essa desculpa, mas a verdade é que ela não tinha certeza se as marcas arroxeadas deixadas por o moreno em seu corpo já haviam desaparecido, e se acaso o híbrido as visse seria fácil demais juntar dois mais dois e o resultado seria catastrófico.

       Por volta das oito da manhã eles se levantaram, de mãos dadas seguiram até a cozinha fazendo tudo em velocidade humana conforme a híbrida o orientou. Sue travou no espaço entre a pia e a mesa onde era servido o café da manhã com uma jarra de suco de laranjas na mão. Desejou que ao acordar aquele monstro já tivesse ido embora, mas lá estava ele, a razão de ter tido pesadelos a noite inteira.

       Ele soltou a mão da namorada e foi até a senhora que estava paralisada, tentando ser gentil pegou a jarra das mãos dela e indicou que se sentasse na cadeira, ele não queria que a avó humana da namorada se sentisse desconfortável em sua presença. Queria mostrar que era um bom rapaz, coisa que claramente nunca se preocupou em ser.

       - Pode deixar que eu termino de por a mesa. – ele disse sorrindo para a senhora, que voltou seu olhar para a híbrida que já estava sentada à mesa.

        - Deixa, Sue. Aproveita não é sempre que ele se comporta como cavalheiro. – ela brincou se servindo de um pouco de leite.

        - Bom dia para as  duas mulheres mais lindas de todo  o condado. – Charlie surgiu pela porta sorrindo, mas desfez o sorriso ao ver Nahuel. – Bom dia pra você também

       A hostilidade de Charlie fez o híbrido rir de leve, em seu ponto se vista era divertido quando um humano ficava com raiva.

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        Jacob não voltou para a aldeia naquela noite, muito menos assumiu a forma lupina. Tudo no que queria era silêncio em seus próprios pensamentos que já estavam tão agitados, não precisava de mais ninguém na sua mente dizendo coisas que ele já tinha ciência. Ele que acreditava que tinha conseguido virar o jogo a seu favor, começava a acreditar que tinha sido apenas usado para aplacar a carência da híbrida. Aquilo não devia ter acontecido, pois agora ele se sentia cem vezes mais dependente da presença dela, e não podia estar com ela.

        Sentado a beira do penhasco onde costumava saltar com seus amigos, com as costas coladas em um caule gigante, e com olhar perdido no horizonte ele mal se deu conta que já haviam se passado tanto tempo, ele se quer percebeu os poucos raios solares que tocavam em sua pele e principalmente não havia percebido que já era dia. Estava perdido demais em seus questionamentos internos para se atentar a qualquer coisa no mundo a sua volta.

        O jovem alfa não percebeu a aproximação de alguém, mesmo que esse alguém tenha dado muitos sinais auditivos e propositais que estava se aproximando, ela não queria o pegar de surpresa. Passou por entre as árvores, e conseguiu ver o corpo moreno sem camisa encostado na árvore, sua mente retrocedeu muitos anos atrás, quando ainda eram crianças e brincavam em toda a reserva sem se importar com nada, sem entenderem quem eram na verdade e a honra que era carregar o sobrenome Black, na época eles também não tinham ideia do quão reais eram as lendas e muito menos o papel de sua família nisso.

       - Jake – a voz de Rebecca o tirou de seus pensamentos. Uma grande diferença entre as gêmeas Black, era o fato de Rachel ser mais impulsiva e com zero paciência, se Paul tivesse cedido ao desejo da mulher ela entraria ali já gritando com o irmão caçula, falando sobre o quão irresponsável ele era por deixar todos preocupados achando que ele iria embora de novo. Teria soltado alguns palavrões também, todos eles sabiam disso. Rebecca não, Rebecca era cautelosa com suas palavras era algo que havia aprendido com o pai.

      Rebecca olhou para trás, com um breve aceno deu permissão para o genro que estava em forma de lobo e havia trago ela aqui, se retirar. Jacob a levaria de volta. A passos lentos se aproximou e estendeu a mão para tocar o topo da cabeça do irmão, fazendo-lhe um carinho.

     - Eles nos contaram que o híbrido esta na cidade. Ninguém dormiu essa noite lá em casa e na Rachel. Todos estão com medo que você desapareça e dessa vez pra sempre. – se agachou, ficando ao lado do irmão procurando uma boa posição pois sabia que aquela conversa demoraria um pouco. – Você não vai fugir, ou vai?

     - Não

     - Ele sabe o que você e ela fizeram?

     - Não

     - Ela vai embora com ele?

     - Acho que não.não sei 

      - Jake, sou sua irmã. Sua conselheira desde sempre, sei que pode e quer responder algo mais do que apenas “não”. Eu quero te escutar,  me deixa te ajudar e ser útil da maneira que eu posso ser.

      - Rebecca, quer mesmo saber ? – ela assentiu. Ele negou com a cabeça mas resolveu falar, pensando erroneamente que ela logo o mandaria parar. – Eu a levei pra longe na praia, eu tirei toda a roupa dela e explorei cada parte daquele corpo alvo e delicioso. – ele fez uma pausa ao perceber que a irmã não iria desistir, e não podia expor sua Nessie dessa forma.- Ela foi minha,  quase não dormimos aquela noite e ainda teve um acréscimo ao amanhecer. No meu entendimento, tudo estava perfeito entre nós dois, estávamos juntos enfim, como um verdadeiro casal. Rebecca, ele se alimenta dela, eu vi as gotas de sangue no sofá, e vi a cicatriz no pescoço dela. – a última frase saiu com raiva- Não entendo, como posso proteger ela de algo que ela claramente o deixa fazer? E pior, se ela permite algo tão nojento assim, significa um grau de intimidade muito maior do que eu imaginei. Eu não tenho chance alguma, não posso lutar contra isso!

       Jacob se abriu totalmente para a irmã, que ouviu atenta cada detalhe das palavras ditas por ele. Tinha vindo até ali para ajudar e era isso o que iria fazer. Ela não deixaria seu irmão caçula sofrendo dessa maneira, sabia muito bem que a rejeição do imprinting o levaria a morte e tinha que fazer algo para mudar isso.

—

        Os dias que se passaram foram tensos, Renesmee sentia seu peito doer por não poder se aproximar de Jacob, queria falar com ele e justificar suas ações. Mas não podia deixar Nahuel sozinho na casa com Charlie e Sue. Seth havia dado o recado e até tentado convencer a mãe e o padrasto passarem uns dias na reserva mas não obteve êxito. Seth não queria nenhum tipo de desavença com a híbrida, porém o bem estar de sua mãe estava acima de qualquer coisa e quando teve oportunidade deixou claro pra ela que estaria de olho vinte e quatro horas, e ele cumpriu, deixando até mesmo Raabe de lado por esses dias para ficar de plantão ao redor da casa dos Swans.

        - O lobo está lá fora – comentou Nahuel debochado ao olhar pela janela e avistar o lobo cor de areia.

        - Seth está com medo que você faça algo contra Sue. Ele não vai baixar a guarda até que você vá embora. – ela deu de ombros.

       - Bem, então ele poderá descansar a partir de amanhã pois eu vou partir essa madrugada.

       - Mas, já? – ela não queria demonstrar que se sentiu um pouco aliviada.

        - Sim, Maysun está se desentendendo com Huilen agora que Johan sumiu e ninguém sabe dele. Voltar significa colocar a casa em ordem, como vocês dizem. – ele falou puxando Renesmee para seus braços e a beijando com volúpia. Por todos os quinze dias que ele ficou ali ela conseguiu evitar os toques íntimos do namorado. Não se sentia bem, se sentia como se estivesse traindo a Jacob cada vez que Nahuel a beijava ou tentava algo a mais. Embora fosse exatamente o contrário, Nahuel era seu namorado, seu companheiro e não Jacob.

         Terminar com ele também não era opção, ao menos não naquele momento. O conhecia o suficiente para saber que nada de bom sairia do término e agora se lamentava por não ter escutado Alice e sua família e esperado para se comprometer mais para frente.

       Os toques se tornaram mais urgentes, o híbrido não estava afim de esperar mais para conseguir o que de fato tinha vindo buscar em Forks. Ele sentia saudades de tudo o que já viveu com Renesmee, e o fato dos avós humanos terem saído um pouco facilitou para ele e não deu chances de Renesmee os usar como desculpa novamente. Ela também sabia se mesmo se eles estivessem aqui, ele a levaria para qualquer outro lugar, não iria embora sem sentir o corpo dela conectado ao dele.

        Algum tempo depois, ele estava visivelmente satisfeito mas ela não se sentia nada bem com aquilo. Deitou sua cabeça no peito dele, de modo que ele não conseguia olhar diretamente para os olhos dela que ameaçavam derramar lágrimas. Ela não conseguia entender como se sentia tão suja por estar ao lado dele naquele momento.