Margaery Tyrell: A Rosa Dourada de Highgarden 🌹 escrita por Pedroofthrones


Capítulo 36
Banco de Ferro




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Sansa estava no grande salão de seu tio, sentada no grande cadeirão do local (os Tully nunca foram reis, de modo que não tinham um trono propriamente dito, como os Stark), sobre um dossel azul escuro e com renda de prata em forma de peixes. Estava a cardar lã, mexendo e remexendo no fuso, descendo e subindo. O ambiente era pouco iluminado, com apenas algumas arandelas e tochas iluminando (em partes era para esconder os vestígios de sangue do massacre que ocorreu há alguns dias atrás, mas também porque estavam com poucas velas a disposição para usar — e andaram usando muitas velas nos últimos tempos, pois, mesmo durante o dia, o ambiente era negrume.).

 O local era preenchido principalmente por mulheres: Wynafryd e Wylla Manderly, Bárbara Bracken (e todas as suas irmãs), Roslin Tully (a lady de Correrrio acabara por largar o sobrenome de sua família paterna, por motivos um tanto óbvios), Jeyne Westerling, Cynthea Waynwood, Alys Karstark, filhas de lorde Blackwood (estas se mantinham distantes das filhas de Lorde Bracken), Lady Melisandre (que quis ir para a guerra, mas não teve autorização) e outras tantas outras damas westerosi — não todas, visto que seria de mais para o salão de Correrrio suportar.

Amerei Frey estava fora do salão, mas por motivos mais íntimos: estava prestes a dar a luz ao filho de Lyles Crackhall (aquele maldito!); a criança seria o possível herdeiro do lorde de Darry.

(Sansa detestava pensar nisso, mas sabia que a culpa não era de Amarei e nem de seu bebê não-nascido, e até permitira que a criança fosse chamada de Robb, caso a criança fosse um menino, e Catelyn, caso viesse a nascer uma menina.)

Uma figura interessante no salão seria a presença da selvagem Gilly, trazida por um colega do Rei Jon, quando este ainda era patrulheiro, um homem gordo chamado Samwell Tarly (um dos poucos homens que haviam no sal̃ao naquele presente momento); ele era bem gordinho e tinha uma corrente de vários elos no pescoço rechonchudo. Era praticamente um meistre formado, apesar de ainda não ter feito os votos.

O quase-meistre e a estranha selvagem haviam trazido um garotinho com eles — imaginou ser o filho bastardo dos dois, afinal, por qual outro motivo ele levaria a selvagem consigo para Vilavelha em primeiro lugar?

Mas, sem dúvidas, o mais interessante entre o pequeno grupo que havia atravessado o caminho de Vilavelha, ido da Campina até as montanhosas e ricas terras do oeste, e passado pelas terras devastadas do tridente, era Alleras, também chamado de “O Esfinge”.

O rapagão havia chamado a atenção de todas as moças da corte com a sua aparência dornesa: a pele cor de teca, os olhos escuros e brilhantes, como onixes, e um cabelo encaracolado que descia pelo topo da testa em um bico de viúva.

Sansa também havia mostrado um certo interesse pelo rapaz, mas não como a maioria poderia pensar: havia algo em Alleras, algo familiar em seu olhar. Era estranho, pois nunca o vira antes, e os únicos dorneses que conhecera fora em Porto Real (e nunca falou com eles por muito tempo, de qualquer forma).

Quando indagou o Esfinge sobre o assunto, perguntando se por acaso ele teria alguma linhagem nobre ou estivera de algum modo em companhia na corte do Víbora Vermelha, o rapaz negou qualquer envolvimento do tipo.

— Lamento, princesa, mas nunca estive na corte de Porto Real ou em qualquer outra — responde. Depois sorriu e disse: — Não sou filho de um nobre; apenas sou filho de um mercador dornês e uma mulher das ilhas do verão.

Ilhas do verão…, ela meditou quando o rapaz contara sua origem para ela, sim. Havia um nobre príncipe exilado do arquipélago, chamado Jalabhar Xho. A pele deste rapaz é mais parecida com a dele com qualquer um dos tons de pele dorneses.

Mas ainda existe algo nele, algo que não sei…

Poderia estar sendo paranoica? Talvez… O rapagão parecia sempre estar a sorrir de algum segredo que só ele sabia qual era (ele estava com este mesmo sorriso agora, enquanto Sansa carneava lã. Era realmente belo.), mas aquilo não era um gesto maligno ou qualquer coisa do tipo.

Além do mais, o Arquimeistre Marwyn havia confirmado a história de ambos quando os viu: ele instruiu Alleras por um tempo, antes de deixar a Cidadela, e, quanto a Sam, este havia sido confirmado também pelo arquimeistre, mas também pelos patrulheiros que estavam no castelo… E pela Senhora Melisandre.

Após tudo ser confirmado, Sansa disse:

— Bem, como podem ver, meu irmão, o rei, não está, mas logo ele ficará feliz em rever seu antigo colega e discutir os assuntos que acharem pertinentes. — Sorriu para Sam. — Meu irmão há muito fala de você, e acredito que ficará em júbilo por saber de sua sobrevivência nas terras devastadas da Capital.

Para sua surpresa, Sam Tarly não pareceu tão contente ao ouvir falar sobre Jon. Apenas assentiu e disse:

— Tenho certeza que Jon ficará feliz. — E, depois: — Princesa, haveria por aqui o filho de Mance Rayder?

Sansa Franziu o cenho.

— O Rei-para-lá-da-Muralha. — Balançou a cabeça. — Não, ele está morto. Estava morto antes mesmo que eu chegasse ao Norte.

O rechonchudo homem olhou para a selvagem ao seu lado. Esta tinha um rapazinho no colo.

Nada mais foi dito; a mulher selvagem apenas abaixou a cabeça e Sansa teve a impressão de que ela ficou abalada ao ouvir aquilo — seria Mance pai do filho dela? Bem, Jon talvez confiasse naquele rapaz para protegê-los…

Se for isso, esse Tarly tem um coração nobre; poucos defenderiam filhos que não são seus.

Após a audiência com os forasteiros, Sansa foi ter com um dos meistres que haviam trazido do Norte (não confiava em Marwyn e o meistre de Correrrio, Vyman, estava morto) e indagou se ele saberia de alguns membros da família Martell, para ter a certeza de que Alleras não era algum membro disfarçado.

— Creio não sei com absoluta certeza, princesa — respondeu o homem. — Mas sei apenas que o príncipe Doran teve três filhos, e…

— Sei bem quais eram seus filhos — interrompeu o homem. — Mas, além de Arianne, sei que ele teve dois filhos. — Quando o meistre assentiu, ela continuou: — Bem, Trystane é só uma rapazinho, e, pelo que soube, Daenerys matou o outro filho, seja ele qual for…

O meistre pareceu nervoso quando ouviu sua menção a rainha dragão, mas assentiu mesmo assim.

— Bem, então o Esfinge não poderia ser filho do príncipe — Sansa disse, continuando a falar sobre sua linha de raciocínio. — Mas e quanto a Oberyn? Ele tem filhos, pois? Sei que ele nunca se casou, mas lembro-me de que ele tinha uma amante. Seu nome era Ellaria, Ellaria Sand.

O meistre franziu o cenho e titubeou um pouco até voltar a falar.

— Creio que o príncipe teve muitas, mas muitas bastardas — o meistre confirmou. — Mas sei apenas de que teve apenas filhas, não sei de nenhum filho. — Deu de ombros. — É difícil dizer sequer quantas filhas ele teve, princesa: A Víbora vermelha teve apenas bastardos; ninguém se importaria em lembrar deles.

Sansa assentiu lentamente, sabendo que o homem estava certo.

Um bastardo agora é rei de três reinos, refletiu, e é o possível futuro rei consorte dos sete reinos. Lembrava-se também das filhas de Oberyn: ela ouviu as pessoas as chamarem de “Serpentes de Areia”, e elas ajudaram a prima, a princesa Arianne, a tomar a Capital para Aegon…

…e, após isso, dar o trono e a coroa para a prima.

Mesmo sem achar nada de suspeito sobre Alleras, Sansa mandou suas ladies vigiarem o rapaz, assim como mandou vigiarem Samwell Tarly — ora, ele era parente de Randyll Tarly, não iria se esquecer disso.

E, até então, nada de interessante aconteceu. Sansa carneava lã, como qualquer outro dia qualquer, enquanto os irmãos, seus tios, e tantos outros estavam agora em uma batalha sangrenta em Harrenhal.

Era isso que restara para ela fazer: esperar e cardar lã.

Ao lado dela, estava uma das filhas de Nymeria: uma loba cinzenta de olhos dourados, que passou a acompanhar Sansa enquanto a mãe e os irmãos preferiam caçar.

Do outro lado, estava Hos Blackwood, de pé, de prontidão. O rapagão magro olhava de esguelha para o trabalho de costura de Wylla (a jovem costurava bem, mas era péssima cardar lã).

— Costura muito bem, milady — elogiou o rapaz, enquanto a moça terminava o trabalho.

Wylla sorriu em agradecimento e esticou o trabalho de costura, erguendo-o em direção de Sansa, que sorriu ao ver que era um lobo cinzento e com olhos amarelos, como a loba ao lado dela.

A jovem loba, parecendo reconhecer a imagem, levantou-se, moveu as patas em direção a costura, e farejou o belo trabalho de Wylla, curiosa.

Sansa sorriu e acariciou o pêlo.

— Olha — disse ela —, é você.

Enquanto entrelaçava os fios de lã, tentando deixar a mente livre dos verdadeiros problemas, um emissário avisou Sansa de que o enviado de Braavos, Tychos Nestoris, havia chegado para a audiência.

A princesa se viu um tanto nervosa com aquela situação. Braavos havia feito um acordo de frota com o norte, um acordo de comida com a muralha durante todo o inverno, e havia dado dinheiro para Stannis Baratheon arrumar mercenários.

A dívida somada de tudo aquilo era absurda, e, para piorar, ainda havia a promessa de que a dívida deles com o Trono de Ferro — que estava na casa dos milhões — seria paga quando Stannis conquistasse o trono.

Jon e Stannis tinham suas dívidas, e, agora, se uniram à mulher que em teoria era inimiga de ambos. No meio de tudo isso, o Banco havia despejado milhões e mais milhões na guerra de Westeros.

Não era difícil imaginar o que um enviado do banco estava querendo.

— Permita que ele entre — Sansa disse.

O homem usava arminho e tinha um chapéu enorme e espalhafatoso no topo da cabeça, parecendo uma torre púrpura. A barba era grisalha e ia quase até o chão.

— Senhor Tychos — Sansa o comprimentou, deixando o trabalho com lã de lado —, é um prazer vê-lo…

— Tenho certeza que é — o homem a interrompeu, impaciente. Franziu o cenho. — Mas não sei se o caminho para cá foi bom.

— Eu imagino — Sansa respondeu. — Lamento que o clima atual acabe por criar certos infortúnios para você e os seus na viagem que fizeram até aqui.

O clima andava cada vez pior: a neve voltara a cair em grandes quantidades e as nuvens atrapalhavam qualquer raio de sol, tornando o dia quase tão escuro quanto a noite. Para piorar, o Tridente estava praticamente congelado por inteiro: as galés de rio lá fora estavam presas no lugar, pois uma grossa camada de gelo havia se formado em volta de Correrrio, de modo que os cascos dos navios estavam congelados também.

Quando o degelo viesse, ela sabia, não seria melhor: o gelo se partiria em enormes pedaços, e provavelmente iria quebrar a madeira dos cascos, fazendo-os inundar e afundar nas águas.

O homem grunhiu em resposta às palavras polidas de Sansa.

— Bem — disse Tychos —, “infortúnios” é um modo interessante de resumir tudo. — Limpou a garganta. — De qualquer forma, eu venho dizer que o Banco de Ferro não anda feliz com os gastos destas terras; estão ainda piores do que o clima.

Sansa se esforçou para manter o sorriso amável no rosto. Assentiu as palavras.

— Bem, como sabe, lorde Tychos, na guerra, nem sempre ganha-se lucro.

O bravosi assentiu, com a cara desgostosa.

— De fato, princesa — concordou o homem. — E, pelo andar da carruagem, esta guerra está bem longe de terminar… — Apertou os olhos e, após uma longa pausa, disse: — Na verdade, pelo que vejo, não tenho muita certeza de que seu lado terá algum lucro no fim de tudo.

— Eu garanto que vamos conquistar tudo — respondeu Sansa, mantendo a voz firme. — Com Daenerys…

— aaah, sim! Daenerys! — o homem disse, com escárnio palpável. — Eu e muitos outros bravosis estamos felizes com as ideias de liberdade dela…

Sansa sorriu ao ouvir aquilo, sentindo-se mais segura. Talvez a rainha dragão não fosse tão ruim assim para a imagem do reino afinal.

—... só não achamos que ela é muito boa para os negócios — terminou Tychos. — Eu ouvi o que ela fez com boa parte de Essos, e vi o que ela fez com a maior parte de nossa frota.

Sansa ficou tensa ao ouvir aquilo. Sabia que a aliança com o Banco de Ferro estava no fio da espada. Sabia que, talvez, já até estivesse acabada.

— Então lembre-se bem do que viu e ouviu — aconselhou Sansa. — Pois, assim, terá uma ideia do poder que temos contra nossos inimigos.

O enviado do Banco de Ferro não se abalou ao ouvir aquilo.

— Os inimigos que vocês enfrentam também tem dragões, até onde eu sei — retrucou Tychos. — E não sei se existirá ouro e lavoura após ocorrerem batalhas de dragões.

— O dragão de Daenerys é o maior de todos!

O homem deu de ombros.

— Pode ter o tamanho que for — ele disse —, não muda o fato de que apenas trará muito caos para ganhar. — Continuou: — Até esta guerra acabar, mesmo que o seu lado ganhe, ainda hão de ter mais rastros de destruição!

Sansa ouviu um leve murmúrio no salão. Não durou muito, pois o arquimeistre Marwyn bateu o bastão valiriano no chão, o silenciando de uma só vez.

— Nós temos dinheiro — a princesa disse, quando o som cessou. — Acredite em minha palavra quando lhe digo que nossa dívida será paga. Nosso dinheiro…

— Dinheiro? — indagou o enviado. — Que dinheiro exatamente?

— Nossos lordes do Norte e Tridente trouxeram uma boa quantia de dinheiro com eles — Ela respondeu. — Tenho certeza que uma boa parte…

— Ah, entendo — ele a interrompeu, com um tom de desdém. — Diga-me, princesa, depois que pegarmos esta parte, quanto tempo até que você e os seus lordes vão sentir falta dele e pedir mais dinheiro de Braavos? Na verdade, imagino que todo o ouro que eu receber por agora, nem de longe chegará a metade da dívida, e isso me faz questionar: como vocês pagarão essa dívida inteira, se o pouco que vocês têm já está para acabar? Vão nos pagar com nosso próprio dinheiro?

Sansa calou-se. Sabia que aquela situação só estava para piorar.

— Eu creio que não entendeu, princesa — Tychos falou. — Eu não apenas vi o caos da frota que Daenerys causou; eu vi também o caos que aconteceu no Vale — apontou para ela —, causados pelos impostos que foram criados pelo seu marido!

Todos os olhos do local cravaram-se em Sansa, surpresos pela cena e curiosos para saber o que a princesa iria responder.

Respirou fundo, tentando se acalmar. A loba ao seu lado deu um rosnar longo, sem abrir a boca.

Maldito seja, Harry!

— O que meu marido fez é um assunto que não diz respeito a Braavos — respondeu, com a voz calma, mas dura. Recostou-se no cadeirão. — Além do mais, se estava no Vale, de certo pôde pegar o ouro arrecadado dos impostos.

— Ah, aquela quantia pueril? — indagou com exaspero. — Não paga nem um décimo de nossa dívida! E, além do mais, o Vale também está destruído; terras infestadas de selvagens, neve até as coxas, o povo em grande revolta e os portos destruídos por turbas em revoltas!

A princesa tentou pensar em algo, mas nada veio. Não havia o que fazer; ele estava certo: o Vale era uma ruína naquele momento.

— Na verdade — continuou Tychos Nestoris —, além das terras do Vale, eu vi o estado das terras em que me encontro agora: cinzas e cadáveres. — Ele apontou para uma das janelas de cristal do salão. — Vi as pessoas acumuladas no pátio e nos estábulos deste castelo; vi o imenso exército de bocas para além destas muralhas vermelhas. Milhares de pessoas famintas que vão morrer neste inverno!

— Nós temos comida…

— Tem? Tem mesmo, princesa?

— Lorde Tychos…

— O Banco de Ferro deu suprimentos para a muralha ser abastecida durante o inverno, isto quando seu irmão ainda era lorde comandante, mas vocês simplesmente largaram o local!

— Meu irmão ordenou…

— Ah, o seu irmão! — exclamou o enviado de Braavos. — Há muito eu disse que ele só poderia ser filho de uma vendedora de peixes, tamanha a falta de capacidade de barganha dele. — Continuou: — Mas acho que superestimei a capacidade dele para negócios!

Lady Alys Mormont segurou o cabo da espada, mas Sansa fez um gesto simples com a mão, indicando que ela devia ficar quieta. A imagem do Norte estaria em frangalhos caso fizessem algum mal a um enviado.

— E quanto a Stannis e Daenerys? — indagou o enviado. 

— Eles são aliados — Sansa respondeu. — Não há nenhuma querela entre eles!

— O Banco de Ferro fez um acordo com Stannis, dê-mo-lhe dinheiro para sua empreitada para a conquista do trono… Agora ele une-se a uma rival!? Como pode ser uma coisa dessas?

Aquilo estava péssimo… Sansa tinha de resolver aquela situação, mas como? O Banco de Ferro era capaz de derrubar reis para ter dinheiro, e dinheiro era algo que estava em falta…

— Lorde Tychos — disse Sansa —, sei que as coisas parecem ruins por agora, mas o dinheiro em breve será dado com juros.

O homem estreitou os olhos escuros.

— E de onde virá esse dinheiro? — exigiu ele saber. — O Norte está abandonado, estas terras estão perdidas, queimadas pelos invasores, e o Vale é uma pilha de neve! — Respirou fundo e continuou: — Que ideia absurda é esta de largar as terras nortenhas? E por qual motivo fazem o mesmo no Vale?

— Nossos reis tomaram suas decisões por bons motivos — Sansa lhe respondeu. Nem mesmo ela tinha certeza daquilo.

A princesa afastou-se do respaldo, como que para se aproximar do enviado, e esticou os braços pelos circunlóquios. 

— Eu espero que não acredite que o sul esteja melhor — avisou, sem rodeios. — Os homens de Ferro se banquetearam por lá.

O homem meneou a cabeça, aquiescendo.

— Sim, de fato, já o sabia… assim como sei que aquelas terras nem de longe estão tão destruídas como estas. — Deu de ombro. — Bem, pelo menos a praga não tomou este lugar.

Ao ouvir aquilo, Sansa arqueou as sobrancelhas.

— Praga? Que praga?

O homem ergueu uma sobrancelha.

— Não sabe? Ora, a escamagris!

Um suspiro de horror foi ouvido, todas as mulheres começaram a cochichar umas com as outras, nervosas.

Sansa olhou para o altivo Alleras, mas este meneou a cabeça de um lado para o outro. Ele não sabia de nada.

Então ocorreu durante a sua viagem para cá…

— Escamagris? — indagou Sansa. — Tem certeza de algo assim?

Tychos Nestoris anuiu.

— Muitos culpam o atual regente do local — revelou. — O tal Lorde Connington. Dizem que ele trouxe a praga.

O murmurar aumentou e o arauto real bateu o bastão, pedindo silêncio.

Sansa não fazia ideia de que Connington era regente da Campina… Que caos estava acontecendo ao sul do Gargalo?

— Bem — disse Sansa —, então vejo que o sul não anda em boas mãos…

— Não tente bancar a espertinha comigo, princesa! — Avisou o enviado. — O sul ainda tem mais dinheiro do que seus três reinos!

— Lorde Tychos, já temos algum dinheiro aqui — Sansa disse, a contragosto.

O homem a esquadrinhou, com dúvida palpável.

— Tem, é? E qual seria?

Sansa suspirou.

— Temos algumas peças preciosas trazidas pelo povo livre — Sansa disse, sabendo que aquilo não seria o bastante. Voltou para as mulheres no salão. — E tenho certeza de que minhas Ladies estarão dispostas a dar algumas de suas joias para ajudar na causa.

As mulheres ficaram visivelmente surpresas com a atitude de Sansa. Nenhuma disse nada; todas estavam perdidas com a atitude da princesa, totalmente fora dos padrões.

O que mais querem que eu faça?, ela quis perguntar. Preferem realmente morrer a dar um vestido bonito e um par de brincos de pérolas?

Para sua sorte, muitas mulheres assentiram, e algumas pegaram as joias que estavam usando e estenderam as mãos — Wylla soltou as pérolas do cabelo, assim como a sua irmã mais velha, que também pegou as conchas de seu colar; Bárbara tomou o colar de âmbar dourado; Lyanna Mormont tirou o manto bem trabalhado de pele de urso, e Lady Glover entregou um anel de rubi…

Tychos Nestoris viu o gesto com um certo desdém, mas titubeou.

— Bem, pelo que vejo, diferente da falecida rainha Lannister, a princesa ainda tenta pagar suas dívidas.

Cersei está morta? Aquilo a pegou de jeito, mas tentou manter-se calma. Respirou fundo e depois expirou.

E então percebeu: o Banco de Ferro já devia estar tentando relações com o Trono de Ferro — ou, pelo menos, teria algum espião na corte. Isto explicaria como saberiam tão rápido certas coisas.

— Façamos o seguinte — continuou o enviado, analisando as joias —, eu analisarei sua proposta, mas não aceitarei seus presentes por agora. — Voltou-se para Sansa. — Eu conversarei com meus companheiros, e um de nossos ourives analisará as joias, e inspecionará os “agrados” do povo livre. — Concluiu: — Quando esta batalha na qual seu irmão e sua rainha se encontram acabar, daí, então, eu e o Banco, após falar com os vencedores, tomaremos a decisão que acharmos melhor.

Sansa assentiu.

— Certo, Lorde Tychos — respondeu. — Que façamos bons negócios no futuro. — Dispensou-o com um gesto da mão e ele e seus companheiros fizeram uma profunda reverência e saíram do ressinto.

Aquilo era melhor do que nada, pensou Sansa. Dificilmente as coisas que o Povo Livre tinha para oferecer eram de grande agrado ao banco: algumas conchas, obsidiana, talvez algumas mercadorias roubadas com algum valor…

Por sorte, haviam alguns outros objetos a serem vendidos: além do ouro e prata guardados em Correrrio, e dos objetos de valor do castelo (tapeçarias, taças de cristal, joias, taças de metais preciosos, etc.), também poderiam usar algumas joias, taças, lustres, vestes caras e um tanto de dinheiro que haviam sido trazido pelos outros lordes — Sabia que muitos ficariam irritados por terem suas coisas vendidas, mas eles deviam saber que isso era necessário; o Banco de Ferro era um inimigo pior do que um dragão.

Uma coisa era certa: provavelmente o Banco de Ferro estava apenas um pouco titubeante em deixar a aliança com o Norte e Daenerys, com medo de que o lado deles perdessem.

Mas nem o medo faria com que o Banco deixasse de escolher o lado inimigo, caso a facção de Jon se provasse um erro.

Quando as portas duplas do salão se fecharam, Sansa virou-se para Hos e disse:

— Pegue as joias e, depois, leve-as para os enviados. — Confiava mais nele do que em um empregado qualquer, pois alguém poderia tentar roubar para si.

Hos assentiu e retirou a boina, usando-a para botar as joias.

— Aquele enviado é um esfomeado! — ralhou Wylla. — Falou mal de nosso rei!

— Quieta, Wylla! — ordenou Sansa, mas com um leve sorriso no rosto.

Voltando a cardar lã, Sansa pensou no que fazer sobre a situação do ouro. Mesmo que ganhassem a guerra, Westeros estava desolada, e haveriam muitas dificuldades para conseguir restabelecer o reino: deveriam esperar o fim do inverno, repovoar os reinos largados, futuros cercos que seriam feitos contra os lordes rebeldes que não se ajoelhariam (certamente haveriam muitos, ela tinha certeza), a reconstrução de áreas destruídas, a enorme população trazida de Essos, entre outros milhares e milhares de problemas…

Ocorreu-lhe de que uma forma de resolver alguns destes problemas seria por meio de casamentos; com as alianças matrimoniais certas, os problemas com ouro e brigas de família poderiam ser resolvidos.

Bem, Lorde Blackwood não queria que seus filhos se casassem com pessoas da casa Bracken (e lorde Bracken tinha a mesma opinião). Nesse caso, poderia casar os filhos e filhas de Blackwood e Bracken com membros de casas do Oeste — isto calharia de resolver alguns infortúnios, certamente.

Mas ainda restava saber quem casaria com quem… Pelo que sabia, o Tyrek Lannister, filho de um dos irmãos falecidos do, também falecido, Lorde Tywin, estava na corte de Porto Real — Não fazia a menor ideia de como ele estaria lá, visto que ele sumira na revolta de Porto Real, no dia que a falecida Myrcella foi para Dorne.

Certamente era algum esquema da Varys: Tyrek era o herdeiro Lannister, caso Tyrion morresse. Se o rapaz estivesse vivo quando tudo aquilo acabasse e ainda solteiro…

Mas, com Tyrion vivo, isso pouco importa. Tyrion era o atual lorde do Rochedo, ele era quem logo poderia estar casado novamente e tendo herdeiros…

(Ou voltar para a sua antiga esposa.)

Um súbito e sombrio pensamento fez Sansa estremecer, ainda segurando o fuso, e ela torceu para que ninguém tivesse visto.

Pensar em Tyrion a deixa nervosa — Não! Apavorada! Só a ideia de que ele poderia voltar a pôr as mãos nela…

Tyrion nunca me fez mal antes, lembrou a si mesma, enquanto estava a cardar lã, com o fuso indo e vindo, indo e vindo… Por qual motivo me faria mal agora?

Mas os tempos mudaram; sabia que, caso os irmãos estivessem mortos, ela voltaria a ser herdeira de Winterfell, e, quem estivesse casado com ela… (Claro, Harry ainda estava vivo, mas seria uma tolice acreditar que ele duraria para sempre.)

Tyrek poderia estar ocupado — lembrava-se de que ele estava comprometido com lady Ermesande Hayford no passado —, mas sabia que haviam outros pretendentes: Lady Alysanne Lefford era a dona atual da casa. Não estava casada, até onde Sansa sabia, mas era possível que acabaria se casando, caso o Rei no Trono de Ferro assim o ordenasse.

Se Lady Alysanne não fosse muito velha, bem poderia aceitar um casamento nortenho ou com um lorde dos rios, bastava que não se casasse até Daenerys e Jon conquistassem o trono.

As Terras Ocidentais estavam, por agora, neutras: as casas juraram fidelidade a Aegon, mas em nada fizeram movimentos de apoio. Fazia sentido, afinal, a maior parte do exército das casas do Oeste foram mortos nas batalhas travadas das guerras anteriores. Mesmo que Aegon fosse o vitorioso, eles não pretendiam mover um dedo enquanto pudessem evitar fazê-lo.

O mais provável é que uma ou outra casa tivesse enviado dinheiro ou tivesse parentes como reféns na corte — ou, então, os próprios lordes e ladies de algumas das casas, já que eram os Lannisters quem mandavam na Capital antes desta vir a cair.

A aliança entre Norte e Oeste deveria esperar, pelo menos, por hora. Quando Sansa se reencontrar com o irmão, falaria para ele sobre suas ideias para casamento.

 Enquanto estava a cardar lã, os guardas abriram as portas duplas, alguém entrou no Salão de Correrrio, e foi correndo em direção a princesa. Alys Mormont pegou o cabo da espada e ficou perto de Sansa, mas não era necessário: o homem logo dobrou os joelhos e abaixou a cabeça.

— Princesa — o homem começou a dizer, após resfolegar —, uma caravana… Do Va-Vale… O símbolo Arryn e… coff, coff… e a…

— Ah, Myranda e Jeyne! — exclamou, sentindo a surpresa se misturar com o júbilo em seu estômago. Largou o trabalho com a lã e se levantou. — Obrigada, Sor, devo ir para o pátio, receber tal visita!

Antes que alguém falasse algo, Sansa moveu-se para fora do salão, subindo a bainha prateada de prata de seu vestido e fazendo as saias criarem farfalhar enquanto andava rapidamente, quase correndo.

As damas de seu séquito foram atrás, e ela teve de se conter para não correr até a entrada do castelo. As ervas aromáticas estavam em falta, mas havia um pouco de feno no chão, com cheiro fresco e suave. Podia ouvir os passos apressados e os murmúrios curiosos atrás dela.

— Princesa! — chamou Alysane, dando passos largos e apressados atrás dela. Não demorou para que alcançasse-a. — Não pode afastar-se assim… É perigoso.

Sansa a ignorou, assim como ignorava alguns dos servos e cortesãos que lhe faziam reverência, e apertou o passo. Logo estava fora do castelo, adentrando no pátio. Várias pessoas lhe faziam reverência, conforme ela passava por eles. A maioria era do povo comum, que estavam agasalhados e comendo algum mingau grosso.

Antes seria impossível entrar em Correrrio por terra, pois Edmure pensou ser mais seguro abrir as comportar e deixar o castelo ilhado novamente, para o caso que pior acontecesse.

Não haveria problemas naquilo, pois haviam barcos para trazer as pessoas para dentro; isto, porém, veio mudar quando o rio congelou de vez, em camadas grossas que impediam o movimento dos esquifes.

Quando Sansa percebeu aquilo, achou melhor mandar quebrar o gelo e fechar as passagens de água, assim, aqueles que viriam de fora — e, neste caso, ela pensava nos colegas do Vale e os enviados de Braavos — poderiam passar sem problemas.

Os portõesde Correrrio estavam escancarados. Alguns porta-bandeira entraram primeiro, erguendo bandeiras tremeluzentes com o símbolo Arryn e o dos Royce dos Portões da Lua. Em seguida, uma carruagem de madeira teca, bem modesta em tamanho. Não exibia muita coisa, apenas um simples símbolo dos Redfort no topo.

A carruagem logo parou no meio do pátio. Os cavaleiros montados vinham logo atrás, e paravam nas laterais da carruagem.

Sansa reconheceu o cavaleiro que parara ao lado da carruagem e que desceu do cavalo primeiro: Sor Donnel Waynwood. O mais belo dos Waynwoods (na verdade, o único belo, de fato), e que desceu do cavalo, fez uma rápida  reverência a Sansa, e foi até a porta da carruagem, abrindo-a.

De dentro, saiu Myranda Royce, que foi auxiliada a descer pelo galante cavaleiro. Depois, a jovem e quieta Ysilla Royce, filha de Yohn Royce, e a esposa de Mychel Redfort.

Mas, sem dúvidas, a que mais emocionou Sansa Stark, foi Jeyne Poole, que saía com extremo cuidado da carruagem.

— Jeyne! — gritou.

Sansa foi até a colega, correndo como quando era uma criança.

Jeyne virou-se e, antes que pudesse fazer algo, Sansa a tomou nos braços, dando um abraço acalentador. Jeyne demorou, mas logo retribuiu o gesto, fazendo Sansa sentir o coração pesar e lágrimas vieram aos seus olhos, queimando as suas bochechas

— Ah, como é bom revê-la! — exclamou a princesa, sentindo o calor corporal da antiga companheira.

— Também é bom rever você… — Jeyne disse. Sua voz era um suspiro fraco.

Quando as duas se afastaram, Sansa notou que ambas estavam com lágrimas e cobertas de neve.

Sansa franziu o cenho, estranhando a falta de Mya, mas logo um dos cavaleiros retirou o capacete e percebeu ser ela.

Ao notar que todas estavam por lá, Sansa voltou-se para Myranda.

— Espero que não tenham tido…

— Ah, tivemos vários problemas — exclamou a filha do falecido lorde dos Portões da Lua. — Selvagens para todos os cantos, e neve também. Tivemos de evitar diversas vilas, pois povo nos nervos graças ao seu estúpido marido. — Deu de ombros. — Nada demais.

Sansa deu um sorriso triste em resposta. Podia ver o cansaço e tristeza nos olhos escuros da amiga.

Será que ela chorou pelo pai?, se perguntou. Nestor Royce podia não ser o pior dos pais, mas ela sabia que ambos não tinham uma boa relação.

Foi então que percebeu a falta do irmão mais novo de Myranda. E de mais alguém…

— Myranda, onde está Albar? — indagou. — Ele…

As narinas dela se dilataram, e ela bufou, irritada:

— Sor Albar logo chega — respondeu, irritada, e Sansa notou que ela não o chamou de “irmão”. — Assim como a imbecil da Margaery.

Sansa piscou.

— Eles…

— Estão presos, princesa — explicou Sor Donnel Waynwood. Ele olhou para Myranda, meio temeroso, e, após constatar que ela nada diria, limpou a garganta e continuou: — Lady Margaery e Sor Albar tramaram contra Lady Myranda.

Sansa arregalou os olhos, chocada com aquilo. Era a última coisa que esperava ouvir.

— O quê? Por quê? — Olhou para Myranda, buscando respostas.

— Creio que ela temia encarar a rainha dragão — respondeu Myranda de forma branda. Deu de ombros. — Albar nunca teve o melhor cérebro dos sete reinos, você sabe bem…

Sansa podia sentir o pesar na voz de Myranda; podia ver como a revolta do irmão a havia abalado duramente.

Daenerys matou o pai deles, lembrou-se. Myranda podia até engolir o orgulho, mas não eram todos que aceitariam fácil aliar-se àquele que matou seu pai — a bem da verdade, o próprio irmão de Sansa recusou-se a dobrar os joelhos perante Joffrey, mesmo que isso custasse tudo.

E lembrou-se de como Margaery também perdera o pai para Daenerys. E a maioria irmãos.

E então, um pensamento lhe ocorreu: muitos nobres compartilhavam o sentimento de Margaery — e quantos estariam dispostos a revoltar-se contra Jon para impedir a rainha dragão de tomar o poder?

Um dos soldados de Correrrio, usando um elmo com uma escama de peixe no topo, bradou algumas ordens e afastou as pessoas sem-terra do local, para dar mais espaço para as novas carruagens, carroças e cavalos que adentravam no local.

Haviam alguns membros de famílias nobres (de alto e baixo nível) do Vale chegando, parentes de lordes que já estavam fora do Vale desde o começo da guerra.

Sansa olhava para os estandartes (Waynwood, Redfort, Royce, Hunter, Hersy, Corbray, Egen, entre tantas outras), temerosa com o grande número de pessoas que estavam por vir. Correrrio já estava com capacidade máxima de pessoas, alguns lordes até dividiam seus quartos com outros, ou preferiam ficar nas tendas que estavam do lado de fora de Correrrio.

Talvez devessem usar as celas para nobres de nascimento para algumas daquelas pessoas; seriam pequenas, mas confortáveis.

Bem, apesar disso, a vinda de tantas pessoas queria dizer que havia agora mais suprimentos e dinheiro. Sim, isso, pelo menos, era uma vantagem.

Mya passou uma perna pelo garanhão castrado e desceu de sua sela, indo até a princesa e o restante grupo.

— A situação ficou bem ruim — a Mya comentou. Olhou para Randa. — Conte.

Randa a olhou irritada, e mandou que se calasse com um olhar irritado, mas era tarde demais.

— O que houve? — indagou Sansa.

Todos os quatro se entreolharam, temerosos em dizer. Por fim, Sansa olhou para Jeyne, e esta entendeu a ordem sem fala:

— Sor Albar… bateu na irmão.

Sansa imediatamente olhou para Myranda, sem acreditar naquilo. Sor Albar poderia ser estúpido, mas nunca imaginara algo assim vindo dele.

Myranda desviou o olhar para o lado, como se não suportasse olhar para a princesa e amiga, e disse:

— É verdade. — Respirou fundo. — Meu irmão bateu em mim. — Tocou a bochecha com uma mão. — O vermelho agora já está fraco, e o rubor do inverno faz parecer que estou apenas corada, mas fui agredida, Sansa. Meu irmão… Ele… — Calou-se. Não queria falar nada.

Sansa assentiu, mostrando que nada mais precisava ser dito.

No meio de tantas carruagens e carroças, uma carruagem pequena e apertada passou lentamente pelo aro dos portões. Não usava bandeira alguma, nenhum brasão.

Sansa sabia exatamente quem estava lá dentro, mesmo sem qualquer estandarte.

Os soldados do Vale, que acompanharam Myranda até ali, foram até a carruagem e retiraram Margaery e Albar, de forma rude, puxando-os pelos grilhões negros que os prendiam pelos pulsos e calcanhares.

Sansa lembrava-se de ter usado correntes assim, embora as dela fossem mais dignas de sua posição do que aquelas.

— Traga-os para dentro — ordenou Sansa para Sor Ronnel. Este fez um sinal com a mão e os soldados levaram os dois prisioneiros para dentro.


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