The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 6
Capítulo 6




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Alika e Kayin tinham acabado de fazer o último vestido, colocando dentro de uma caixa vermelho escura, o interior forrada de papel rosa, com um laço por cima branco. As cinco caixas estavam todas prontas e foram colocadas dentro de baús. Sai do quarto, vendo Isaac e Oliver carrega-los para baixo.

Cruzo-me com Marquês Stirling, que acabava agora de sair do quarto dele.

— Bom dia, Pai. – Sorri, indo para lado dele, dando-lhe dois beijos, um em cada bochecha. – Como dormiu esta noite?

— Querida filha Eleanor. – Retribui o carinho. – Dormi melhor hoje. Parece que as doenças gostam de mim, mas pelo menos hoje estou a conseguir respirar ligeiramente melhor.

— Fico muito contente em ouvir tais notícias.

Marquês Stirling tinha uma saúde muito frágil, uma vez que tinha uma idade bastante avançada e passava imenso tempo a tossir e a espirrar, constipado e com febre. Portanto, já não conseguia fazer a viagens de negócios que fazia antigamente e passava a maior parte dos dias entre o quarto e o escritório. Sempre disse que se fosse para morrer, seria a trabalhar, mesmo não sendo como antigamente.

— Vejo que vai sair agora. – Olha para os cavaleiros a descer as escadas. Eu  envolvo o braço dele no meu, enquanto lhe ajudo a descer os degraus. – Vai buscar mais ervas para fazer infusões?

— Sim, Pai. Estou a ficar quase sem erva príncipe, gengibre e frutos silvestres secos. E estou curiosa por experimentar paus de canela que chegaram agora ao mercado.

— Fico muito triste que não se junte a nós para almoçar.

— Eu também, mas depois podemos ter um momento de chá mais tarde com o que trouxer da cidade. – Deixei um beijo na bochecha e larguei o braço dele quando chegamos ao final das escadas.

Segurei na mão de Oliver para entrar no coche. Isaac aparece na porta e pede-me permissão para entrar no veículo e eu consinto. A nossa viagem demorou cerca de trinta minutos, o que foi o suficiente para falar com Isaac sobre o tema que estava mais presente e relevante no momento. Fui direta ao ponto:


       — Ele sabe. – Isaac não reage. Apenas suspira fundo.

— Disse ou estamos a assumir?

— Com a conversa ridícula que tivemos, seria estúpido da minha parte não ter percebido a indireta. Mas não fez nada com a informação, portanto eu não irei agir. Não tem provas, não tem como as ter. Não tem como me acusar. Portanto… Vou ignorar. Continuar com o meu plano. Tenho de escolher as minhas batalhas. Se ele se intrometer, acabamos com ele. Até lá, vou fingir.

— Penso que fez uma ótima decisão, senhorita Eleanor.

Aproximando-nos da cidade. Logo na entrada, vi várias pessoas a passearem, passando pelas diferentes bancas de produtos, desde frutas, vegetais, carne, peixe, cestos de rafia, panos e tecidos. As casas que existiam eram antigas, feitas de madeira e em algumas esquinas, existiam pessoas mais magras, quase esqueléticas, sentadas no chão com as mãos estendidas. No final, e aquilo que me deixou mais concentrada, foi um conjunto de pessoas de pele escura vestidas apenas com a sua roupa anterior algemadas, sendo levadas por um conjunto de cavaleiros.

Por momentos, parecia ter visto uma senhora de lenço vermelho amarrado à volta do cabelo de pele castanho escura com um rosto nostálgico. Mas depois de ter pestanejado algumas vezes, apercebo-me de que eram ilusões da minha mente.

Depois de algum tempo, passamos para a parte em que os passeios eram feitos de mármore e as construções dos edifícios, das lojas e dos lares tinham um aspeto muito melhor cuidado, feitas de madeira, mas revestidos por diferentes cores, alguns eram feitos de diferentes tipos de pedra. Tinha muito melhor aspeto. As pessoas tinham os vestidos longos e volumosos de diferentes estilos e padrões, casacos feitos de pelo para lhes proteger do frio, claramente de melhor qualidade, e as pessoas deste lado da cidade eram nobres.

Saímos do coche. Isaac e Oliver carregaram a caixa.

Entrámos por uma esquina e indo pelos lugares mais sujos e apertados, vimos uma porta traseira para uma loja. No final da esquina, estava outra rua principal, e também alguns rapazes parados. Observavam-nos enquanto Isaac batia à porta.

Esta demorou a abrir, pois estava a ser destrancada e apareceu um homem. Ele olhou para nós, fez uma vénia com a cabeça antes de olhar para os lados e permitir-nos entrar.

— A madame Leyland está no escritório. Deixe-me levar-vos lá.

Seguimos o rapaz pelo corredor estreito, subindo as escadas e o corredor era maior com diferentes portas. O homem bateu à porta de uma das divisões. Abre a porta e revela um escritório pequeno, estantes a abarrotar de livros, uma pequena poltrona, a mesa e uma cadeira por trás dela. No centro, estava uma senhora de estatura baixa, corpulenta, pele clara, cabelo loiro, mas com as raízes grisalhas e olhos castanhos. Ela vê-me e demonstra um sorriso grande.

— Madame Eleanor! – Ela abraça-me sem perder tempo. Eu sinto-me a ficar mais relaxada, devolvendo o abraço. – Como tem estado? – Afasta-se, observando-me de cima a baixo. – Parece ainda mais magra do que a última vez que a vi.

— Talvez seja impressão sua. – Ri-me e disse: – Tenho estado bem. Está tudo a andar. E hoje decidi passar por aqui para lhe entregar as encomendas. – Aponto para os meus cavaleiros que deixaram o baú no chão.

— Chegou na altura certa. As madames estão todos lá em baixo à espera e tenho mais pedidos para si. Tenho cada vez mais pessoas a aderir aos meus pedidos. – Vai para atrás da secretária, trazendo um envelope grosso para me entregar.

Olho para as janelas gigantes que existem por trás da secretária. Aproximei-me, observando o andar de baixo da boutique de Leyland. O espaço eram caracterizado pelas cores branco, creme e bege. As paredes e o chão feitos de mármore, sofás azuis com detalhes nas bordas dourados onde estavam sentadas várias mulheres nobres que tive oportunidade de conhecer noutras instâncias, nas mesas à frente delas, vários petiscos, doces, chá e café. Existiam seis portas coladas numa parede, os provadores, e a andar de um lado para o outro, as funcionárias vestidas com um vestido, o uniforme, azul e bege.

A boutique de Leyland era uma das mais conhecidas do país. Tinha modelos de moda interessantes, únicos e o serviço ao cliente era um dos melhores, tendo um espaço bastante acolhedor, era maioritariamente frequentado pelas Marquesas e Duquesas mais influentes de Seren. Ela vendia as peças desenhadas por estilistas independentes, eu era uma delas e, de acordo com o quão grosso estava o envelope, era também uma das mais populares.

Sempre gostei de desenhar e sempre gostei de roupa. Entrei por esta boutique em busca de uma oportunidade que encontrei após ter demonstrado as minhas ideias e os vestidos que tinha feito. A minha única condição era receber cinquenta porcento do lucro e que a minha identidade fosse anónima. Tinha sido já há um ano atrás… O tempo passava demasiado rápido.

— Gostei destes detalhes! – disse, passando os dedos pelas pérolas que estavam nas mangas de um vestido do qual tinha aberto a caixa. Tem os óculos na ponta do nariz, observando os materiais em detalhe. – Colocaste as pérolas com linha. Como conseguiste perfurar?

— Teve de ser com uma agulha. Por isso é que demoramos um mês com este vestido. Foi um a um. Muitos quebraram para chegar a esse resultado.

— Magnífico! – Parece maravilhada. Levanta-se, colocando os óculos dentro do bolso do vestido que tem no peito. – Também tenho de lhe dar o pagamento. – Dirige-se para a estante. Por trás dos livros, retira dois sacos. Tem dificuldades a segurar e Jonathan oferece-se para ajudar colocar por cima da secretária.

Eu abri e vi os dois sacos cheios de moedas de ouro.

— Contado três vezes. Tudo como prometido. – Sorri e eu peço para os meus cavaleiros levarem ambos os sacos com eles.

— Podem ir andando. Já vou lá ter. – afirmei e eles abandonaram o escritório. – Muito obrigada, também pelo esforço, senhora Leyland.

— Eu é que tenho sempre de lhe agradecer, meu anjo. – Segurou-me pelas mãos. – Ainda bem que não a recusei na altura. – Continuamos a rir. – Quer-se juntar a mim para comer? Ia agora para o restaurante mesmo aqui à frente.

— Não é preciso. Não tenho fome e tenho de ir para o mercado comprar algumas coisas. Pode ficar para uma próxima.

— Uma pena… E como tem estado a família? Nunca mais vi a Marquesa aqui.

— Estamos a passar por um momento difícil, Leyland. Tivemos uma tragédia. O meu irmão Viktor morreu.

— Morreu? Aí Jesus! – Faz o sinal da cruz à frente do corpo.

— Suicidou-se. Amarrou uma corda à volta do pescoço e acabou por aí.

— Aquele rapaz sempre foi um bocadinho… Descompensado, mas não pensava que fosse terminar assim. Pobre rapaz…

— Sim… – Ela fica a abanar a cabeça negativamente, focada noutro assunto e eu digo: – Mas vai ficar tudo bem. Estamos todos a andar para a frente.

— Pronto… Força para vocês todos, querida. Como estará a Marquesa? Perder um filho assim… Nem consigo imaginar! – Abana a cabeça, suspirando.

— Verdade… – Desviei o olhar. – Penso que agora tenho de ir. Mas mais uma vez, muito obrigada, madame Leyland.

Fui-me embora. Andei pelo corredor até chegar às escadas e ouvi o som vindo de trás de mim. Olhei para trás, mas não vi ninguém e não era suposto, pois era restrito a mim, as minhas quatro pessoas e madame Leyland. Pensei estar a ouvir mal e fui-me embora.

Assim que saí pela porta de traseiras, dei-me de cara com um homem.


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