The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 7
Capítulo 7




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O homem tinha a cor de pele semelhante à minha, cabelo ondulado castanho-escuro que caia sobre o rosto, tinha alguns fios a roçar os ombros vindos da nuca, tem brincos dourados nas orelhas, olhos castanhos claros, alto e a roupa era diferente do que estava habituada a ver em Seren, com um turbante branco na cabeça, roupa que pareciam ser panos, linhas mais relaxadas da mesma cor, com um manto ou capa por cima com padrões pouco usuais, cheios de cores, vermelho, azul, entre outros. Eu apertei a maçaneta da porta, dando um passo atrás.

— Peço desculpa, senhorita. Não lhe queria assustar. – garantiu com um sorriso. Tinha um sotaque forte, claramente inglês não era a sua primeira língua. Só pela aparência e forma de falar, sabia que estava a falar com alguém de Zavian, um império de norte de África.

— Menina Eleanor. – Isaac coloca-se à frente depois de correr na minha direção para me proteger. – Este homem está a incomodar-lhe? – Coloca a mão por cima do punho da espada.

— Bem… – Não sei o que responder.

— Não! Eu não queria incomodar. – Entra em pânico, passando o olhar entre Isaac e Oliver.. – Eu só queria pedir direções. Eu não sou daqui e preciso de ajudar. – Eu tento sair de trás de Isaac, continuando a espreitar a figura que nunca tinha visto antes com curiosidade.

— Não, não me está a incomodar. – Fiquei menos tensa. – Em que podemos ajudar?

— Eu estava à procura do mercado de Lindwood. É a minha primeira vez em Seren e gostaria de saber onde é.

— Eu sei qual é a direção. Na verdade, até estou a ir para lá. Se quiser, podemos ir juntos.

— Madame. – disse Isaac, desaprovando da minha decisão. – Penso que deveríamos apenas indicar qual é o caminho. É estranho ele ter aparecido neste beco, exatamente no momento que estava a sair da boutique. – É direto e não tem medo de dizer tais palavras perto do desconhecido que parece estar desconfortável.

— Eu percebo que é um bocadinho estranho, mas eu de facto perdi-me. Se for mais confortável, eu posso ir sozinho para o mercado se me disserem o caminho.

Eu olho novamente para ao rapazes no final do beco que pareciam ser perigosos e depois para o desconhecido que estava bem vestido com joias de ouro que pareciam ser bastante valiosas. Isto tinha tudo para correr mal e eu não queria deixá-lo ir assim.

— Não. Iremos acompanhar, porque eu digo que sim e é a minha palavra final. Se algo me acontecer, conto contigo e Oliver. – Passei por ele, aproximando-me do estranho. – Eu até irei de coche. Junte-se a mim.

Eu entrei, ficando perto da janela de frente para o estranho. Ele tinha um pequeno sorriso, mas sempre olhava na diagonal, observando Isaac que tinha a cara trancada, olhos estreitos e sobrancelhas cerradas, de olho nele. Ao lado do estranho, Oliver que parecia mais relaxado, mas a sua figura igualmente intimidante.

— Já que estamos neste coche juntos, posso perguntar qual é o seu nome? – questiona o desconhecido depois de limpar a garganta. Estende a mão e eu analiso-a antes de a segurar. Isaac fica com o maxilar cerrado, limpando a garganta.

— Eleanor Stirling. Pode chamar-me de Eleanor.

— E não se esqueça de utilizar a palavra senhorita. – adiciona Isaac e eu mordo o lábio, tentando não rir da intervenção.

— Muito bem… Prazer em conhecer-lhe, senhorita Eleanor. O meu nome é Ashar Hadid. – Os lábios tocam na costas da minha mão e sorri.

— Primeira vez em Seren, certo?

— Sim, certo. Confesso que sabia que era um país frio, mas não pensava que fosse assim tão mau.

— Percebo… O mais quente já tive foi no sul de Seren e a diferença já era demasiado grande para mim. Não imagino o que seja para si. Pelo menos tem gostado da visita?

— É uma pergunta difícil de responder. Tem uma cultura interessante, a forma de vestir, formas de agir… Comida podia ser melhor, mas é um bom ambiente. Existe menos pobreza. A arquitetura é interessante… – Observa as crianças a correrem atrás umas das outras às gargalhadas. – Talvez a única coisa que me deixe insatisfeito é o facto de utilizar escravos. Muita mão de obra do império... – Parece sério quando estabelece contato visual comigo e eu fico sem reação. –  Não concorda?

Eu demorei a reagir. Não sabia bem o que responder. Tinha duas empregadas de pele negra. Um cavaleiro da mesma complexão. Nunca pensei muito no assunto. Nunca refleti nos impactos que trazem… Tinha a mente posta noutro sítio. Numa causa pessoal, egoísta.

— É a moeda de troca oferecida pelos impérios africanos… Confesso que sempre vi como normalidade. – Baixei a cabeça, observando o meu colo. Não estava satisfeita com a minha resposta. – Para além da diferença de clima, como é Zavian? – Foi uma tentativa demasiado óbvia de mudar a conversa.

— Como sabe que sou de lá?

— Pelas roupas e a aparência física. O meu Pai já esteve no império, contou-me várias histórias e sempre estive interessada em conhecer alguém de lá.

— Foi por isso que decidiu ajudar-me?

— Confesso que parte do motivo foi esse. – Sorri. O outro foi porque se o deixasse lá, seria roubado, espancado ou morto, mas penso que não valeria a pena mencionar.

— Zavian tem a mesma movimentação… As cidades cheias, multidão nos mercados. A fruta e os legumes ligeiramente diferentes. Tem muitos eventos a acontecerem nesta época, é que quando temos maiores ondas de calor. Os festivais acontecem durante a noite com diversos jogos e atividades. Somos um império cheio de pobreza, mas estes momentos fazem-nos esquecer a triste realidade que existe. – A forma como fala é encantadora. Tem uma expressão de nostalgia no rosto, olhos suaves e sorriso leve.

— O que vai buscar no mercado de Lindwood?

— Quero experimentar as frutas. Existem alimentos que nunca tinha visto. Existem umas… bagas? Estou a esquecer-me das palavras exatas. São pequeninos e existem em vermelho ou azul-escuro quase roxo.

— Frutos vermelhos então.

— Isso mesmo! – Fica contente mal disse a palavra. – É fã de frutos vermelhos?

— Não como muitas frutas, mas gosto de tangerinas. Costumam vir do sul de Seren. Não sei se temos a esta altura do ano, mas se estiver no mercado, deveria experimentar.

— Terei em conta essa recomendação. – Mantem contato visual, mas é quebrado, pois o coche para de se movimentar.

— Chegamos. – diz Isaac, abrindo a porta do coche.

Paramos perto do mercado, a movimentação revelando de imediato o lugar. Ashar sai, parecendo maravilhado com a visão, diz algumas palavras numa língua que nunca tinha ouvido e depois voltou-se para mim.

— Agradeço imenso a sua compaixão, Eleanor. – Segura-me pela mão. – Como gratidão, gostaria de lhe dar um dos meus anéis.

— Não se esqueça de senhorita. – sussurra Isaac.

— Não é preciso… – Apesar de ter dito isso, ele colocou o anel que tinha no dedo mindinho no meu dedo do meio, o único que servia, pois o anel era grande nas minhas mãos.

— Espero que nos voltemos a encontrar, senhorita. – Deu-me um beijo na mão antes de partir.

Observei o anel de ouro com uma pequena joia de esmeralda no centro e depois para ele a ir-se embora.


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