The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 29
Capítulo 29




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— Vemo-nos em casa. – despedi-me deles, indo ter com Isaac.

— Espere. – Granville alcança-me o braço. – Deixe-me acompanhá-la. Não é seguro ir sozinha onde quer que esteja a ir.

— Com todo o respeito, é por isso eu estarei lá para lhe proteger. – interveio Isaac com um ar sério no rosto.

— Segurança nunca é demais. Temo que tenha de insistir. – Estabeleceu contato visual com Isaac. Ambos estavam tensos e cada um segurava num dos meus braços.

Troquei o olhar entre ambos antes de suspirar fundo e digo:

— Sim, junte-se a mim então, Granville.

A presença de Granville não era um incómodo. Isaac não parece feliz com a decisão, tal como um dos cavaleiros de Granville. Ele estende mão para eu segurar e entrar no coche, tem um pequeno sorriso nos lábios e quando eu estou prestes a aceitar, Isaac rouba-me a mão e ajuda-me a subir. Sentando-me lá dentro, Granville segue logo a seguir, ficando à minha frente.

— E então, vamos aonde?

— A esquadra.

— Esquadra? – Ele parece surpreso. Vou acreditar que ele não deve também saber o que se passa.

— Sim, esquadra. O pai pediu-me para ir lá, mas não sei exatamente o que será. Penso que seja para dar o meu testemunho.

— Está nervosa?

— Não. – menti. – Tenho muito a esconder, mas nada a ver com este caso. Só quero sobreviver para ver os meus objetivos a concretizarem-se.

— Por falar em objetivos, parece-me bastante parada.

— Parada?

— Pensava que todos os dias iria sempre revelar alguma coisa nova. Fazer a sua família sofrer.

— Se for para fazer todos os dias, não chegarei até ao fim. E tenho de desfrutar o momento, fazer tudo calmamente. Isto é como fazer um vestido. Tens de pensar na ideia, ter os materiais certos, saber como coser e com o que coser. Tem calma, Duque Granville. Em breve, arruinarei os seus planos. Os planos do grande herói, James Granville.

— Está a meter-se comigo?

— Não. Porque faria isso? – Encolhi os ombros, brincando com uma mecha de cabelo entre os dedos. – Eu até fico entusiasmada em apertar-lhe a mão, grande herói James Granville.

— Eu aceito. – Inclinou-se para a frente, segurando-me pela mão. Eu tento ficar com a mesma expressão apesar de ter arregalado os olhos por um momento. Eu esfreguei os lábios, baixando o olhar.

— Como está a correr com a Theresa? – Mudei de assunto e o rosto dele também ficou mais tenso, encostando-se contra o banco. Largou a minha mão e senti que conseguia respirar.

— Está a correr bem. – A resposta foi muito curta.

O coche para. A porta abre e Isaac ajuda-me a sair antes de observar Duque de cima a baixo. Eram nestes momentos que Isaac parecia ser o meu verdadeiro pai. Coloquei o meu braço em volta do de Isaac, encostando a minha cabeça no ombro dele enquanto entravamos na Esquadra.

— Bom dia, menina Eleanor Stirling. Prazer em tê-la na nossa esquadra. Sou o agente Garrett. – Aperto a mão dele. – O seu pai já deve ter falado sobre mim e o meu parceiro. Estamos a investigar os ataques que vos aconteceram e neste momento, gostávamos de pedir o seu testemunho.

— Bom dia. Estou feliz para conseguir ajudar o máximo que posso.

— Siga-me, madame. – Eu concordo e olho para ambos, Isaac e Granville como forma de lhes assegurar de que já estaria de volta.

Entrei numa sala que continha uma mesa e duas cadeiras de madeira. Ele puxou uma das cadeiras e eu sentei-me.

— Quer água? Chá?

— Confesso que sou fã de chá, mas vou por água hoje.  – Ele serviu um copo para me entregar. – Muitíssimo obrigada.

— Fã de chá? E o que costuma beber?

— Eu não sou uma pessoa esquisita. Costumo fazer a minha própria combinação de ervas e já experimentei de quase tudo. Desde canela, frutos tropicais… Rooibos… Uma grande variedade. Prefiro ser eu a combinar tudo em vez de saquetas. Sinto que tem mais sabor. – Olhei para as saquetas de chá, bebendo o meu copo de água.

— Parece-me muito interessante. É raro ver uma nobre que conheça a arte de chá. Parece-me que vou ter de experimentar. Costuma comprar as plantas aonde?

— Na feira. Costumam ter produtos do sul. Encontra boa qualidade na cidade. Posso-lhe acompanhar se um dia estiver curiosidade.

— Combinado. – Trocamos um sorriso. – Tem uma companhia agradável. Costuma andar muito pela cidade?

— Sim, gosto muito. Entre comprar plantas para fazer chá, frequentar a boutique de Leyland, ir à Ourivesaria do meu pai e passar na pastelaria da cidade… Existe muito que fazer. Eu gosto muito de andar por aqui acompanhada pelos meus cavaleiros. É uma cidade bonita, mesmo com o mau tempo. Não concorda, agente Garrett?

— Posso mostrar-lhe os desenhos que temos dos retratos dos atacantes?

— Claro que pode. Não sei se lhe conseguirei ajudar, porque na altura não os consegui ver bem, mas… Farei o máximo.

Ele retira da sua pasta um conjunto de papeis. São cinco retratos, bastante detalhistas.

— Alguma vez os viu antes do atacantes?

— Não. – Encostei-me contra a parede após ter feito uma boa observação dos retratos.

— De certeza?

— Nunca. Não são pessoas com quem me associe.

— Muito bem… – Ele abre novamente a pasta e retira um anel de outro com uma pedra valiosa. Eu uno as sobrancelhas. – Reconhece este anel?

Eu hesito. É o anel que estava à procura esta manhã. Aqui estava ele… Tinha-o utilizado tão raramente que me lembrava de todas as ocasiões que o tinha utilizado. Era impossível tê-lo perdido.

— É meu. – Fui honesta.

— Então creio que me esteja a mentir sobre não conhecer estes homens. O anel foi encontrado por um civil que diz ter visto uma figura feminina de noite a encontrar-se com o líder deles. – insinua e eu rapidamente percebo que é um interrogatório. Desconfiam que eu possa estar por trás disto.

— Creio que não. Eu não tive com esses homens.

— E o anel?

— É meu.

— Então pode me explicar como ele foi parar a este civil?

— Só porque o civil diz tal coisa, não significa nada. Eu não me encontrei com eles. Se teve de ser um civil a insinuar algo, não deve ter obtido respostas por parte dos atacantes. Podemos estar perante uma cilada contra mim.

— Tem inimigos?

— Faço parte de uma das famílias mais influentes de Seren e metade do meu sangue pertence a uma escrava de pele negra. O que acha, agente Garrett? – Ele fica de maxilar tenso. – A única afiliação que tenho com estes homens é o facto de me terem tentado assassinar. Se não acredita em mim, não sei bem o que dizer. Em que dia é que esta testemunha me viu a falar com eles?

— Há duas semanas atrás.

— Pode ser segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo. Qual foi o dia? – Sinto-o a ficar mais nervoso e eu vou batendo suavemente com o polegar em cima da mesma, esperando uma resposta. – Isso é muito vago. Não tem fundamentação. A palavra de um civil qualquer… – Passei a mão pelo meu cabelo. – Ficamos semanas sem ouvir falar da esquadra. Quando finalmente nos contactam, tem evidencias mal fundamentadas. A gerar o pânico sem certezas. O que pensará Marquês Stirling se lhe contar sobre esta conversa?

— Diga-me onde esteve nessa semana em específico. De segunda a domingo.

— Porque haveria de partilhar isso consigo? – Ele arregala os olhos com a minha questão.

— Porque eu sou um agente de autoridade. E exijo saber detalhes que podem ajudar a provar a sua inocência. Desobediência às autoridades leva a aprisionamento.

— Que interessante… Quem é a testemunha?

— Confidencial.

— Qualquer um que tivesse encontrado um anel desse valor teria penhorado. Se de facto me tivesse encontrado num bar com esses senhores, teria sido num lugar à rasca. Quem o tivesse pegado não seria honesto suficiente para devolver. Eu não o fazia se fosse um plebeu. Penso que não o faria mesmo sendo nobre… – calculei. – Quanto é que lhe pagaram? – Inclinei-me para cima da mesa.

— O-O que é que me perguntou?

— Alguém lhe pagou para me incriminar. Deve ter sido uma grande quantia de dinheiro para estar a falar de me prender. – Ele não responde. – Dei por falta desse anel hoje de manhã, acredita? A única forma de o obter seria se alguém lhe tivesse estado dentro da casa onde vivo, pego no anel e lhe entregue com uma grande quantia de dinheiro.

— N-Nós não estamos aqui para me interrogar, senhorita Eleanor. E se continuar, de facto passará a noite aqui na esquadra. Acabou de admitir que teve num bar com os homens.

— Até distorce as minhas palavras… – Sorri.

— Eu sou um homem da justiça.

— Eu odeio quando se fazem de difíceis.

— Bem senhorita Eleanor. Está presa por tentativa de homicídio de Duque Granville e de seu irmão Edward Stirling.

— Não, não estou. – disse. – O que estiverem a pagar-lhe, eu duplico. Aí, precisa apenas de me dizer quem armou a cilada.

— Quero o triplo.

— Ou então, eu dou-lhe o duplo e garanto que ninguém toca na sua família. – Olho para o anel no dedo, piscando-lhe o olho.

— Não se atreveria.

— Experimente tocar num cabelo que seja. Encontrar a família de Visconde Garett não deve ser muito difícil. Com certeza deve ter uma mulher… Quantos filhos? – Esbocei um sorriso e ele tinha o punho cerrado. – Temos um acordo?

— Eu não lhe posso dizer quem armou a cilada. A minha vida e da minha família também está nas mãos desta pessoa se lhe vender. Saberá que fui eu. – Suspira fundo. – Posso… Posso dar-lhe a dica de que é alguém que a observa. Tem interesse em si.

— Muito genérico, mas eu aceito. Eu irei tratar de lhe entregar o dinheiro. Viva a sua vida em paz. Fica entre nós. Marquês não saberá.

— Está a falar a sério? – questiona com os olhos verdes a acenderem-se.

— Sim. A sério. Sou uma pessoa que cumpre com a sua palavra e tenho mais com que me preocupar. Temos um acordo?

— Temos. – Estendeu a mão para apertar a minha, mas eu apenas pego no anel, indo-me embora.

Assim que sai da sala, vi Granville sentado do lado de fora. Respirei fundo.

Uma pessoa que tem interesse em mim…


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