The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 28
Capítulo 28




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Peguei no meu vestido, aproximando-me da entrada do escritório de pai. Os policiais acabavam de sair e eu cruzei o olhar com eles, fazendo uma pequena vénia antes de entrar. Olhei para os policiais uma última vez, estabelecendo contato visual com um que tinha olhos verdes, careca que utilizava um chapéu. Fechei a porta por trás de mim, vendo Marquês sentado na sua mesa e Marquesa no sofá.

— Pai. Mãe. Em que devo esta agradável reunião?

— Não me chame de mãe. – respondeu Marquesa com rapidez, bastante ríspida, sem olhar uma única vez para mim.

Marquês apenas suspira.

— Vamos ser sucintos. É um assunto bastante rápido. A Marquesa disse-me que ontem tentou envergonhar a sua irmã Theresa no seu aniversário. Deu-lhe uma prenda que não foi do gosto dela. – Parece não ter paciência. Não é um tema que interesse o Marquês. – Qual… Nem me lembro bem o que era.

— A prenda era um pendente que continha algumas palavras escritas. Pediu para que lesse a mensagem à frente de todos aqueles nobres e à frente do marido, sabendo que Theresa é iliterária. Tentou envergonhar a minha filha… – diz Marquesa com a respiração irregular. Raiva presente em todo o seu discurso.

— Eu pedi desculpa a Theresa. A minha intenção não foi envergonhá-la. A frase foi bem-intencionada, dedicada a demonstrar o meu afeto para com a minha irmã. Se quiser, posso mostrar-lhe agora, Pai.

— Deixe de ser mentirosa! – grita a Marquesa e ele passa os dedos pelas têmporas. – Sabia perfeitamente o que estava a fazer.

— E o que estava eu a fazer, mãe?

— Não me chame desse nome! – A voz quebrou no final e ficou de pé. Ela cerra os punhos. Pela primeira vez os olhos azuis ficam concentrados em mim. – Desde que a sua mãe nojenta meteu os pés nesta maldita casa! – Apontou o dedo e antes de terminar o seu discurso de ódio, Pai interveio:

— Basta! – Ela ficou em silêncio e ambos centramo-nos em Marquês. – Já chega! Existem problemas maiores do que isto. A Eleanor já explicou a sua parte. Não fez de propósito e nem a imaginaria a fazer isso. E você, Berenice, parece estar mais incomodada do que Theresa. Eu já vi o pendente, é uma mensagem bonita. A Theresa deveria ter aprendido a ler, Marquesa. Não faz sentido ter alguém desta idade sem saber o básico!

— I-Isso.. Estamos a perder foco do que é importante! – diz Marquesa com convicção.

— Se quiserem, eu posso ensinar a minha irmã. Em breve, terá de tratar de documentação quando for mulher de Duque. Talvez seja melhor.

— Feche esse matraca. – rosna a Marquesa.

— Berenice. Mais uma vez, já chega. Fechamos o assunto assim. É irrelevante e tenho de falar sobre a nova coleção com a Eleanor. Se quiser acrescentar mais alguma coisa, diga-me mais tarde. – termina assim e ela deixa cair os braços, perdendo todas as forças que tem.

Não diz nada. O peito continua a movimentar-se com a respiração ofegante. Demora a reagir e apenas anda em direção à porta, indo contra o meu ombro com agressividade. Saí e eu limpo a garganta, cruzando os dedos à frente do colo.

— Espero que de facto esteja tudo esclarecido, pai. Não gostaria de ficar do lado errado da Mãe.

— Nem precisa de perder sono sobre o assunto, filha. A Marquesa tem a sua forma de se expressar, mas no final quer o bem de todos nós. Peço apenas que tenha cuidado com tais ações no futuro. Não posso ter nada que envergonhe o nosso nome, Eleanor.

— Assim o farei, pai. Peço desculpas mais uma vez.

— Passando para outro assunto. O fornecedor já fez a entrega na loja e fizeram as primeiras peças. Gostaria que as fosse testar. Aproveite e passe pela Esquadra. Requerem a sua presença hoje.

— Esquadra? – Chego à mesa, pegando no envelope que colocou. – Existe algum motivo específico para passar por lá?

— Desenvolvimentos sobre o caso dos atentados. É algo bastante simples. Leve Granville e Edward consigo. Quero que eles estejam por perto de todas as fases do negócio. – Foi claro e eu abandonei o escritório após ter feito uma vénia.

Passar na Esquadra… Pousei a mão sobre o peito. A algum tempo que não me sentia assim tão nervosa. Os meus planos estavam em andamento e como eu sabia que tinha muito para esconder, era difícil não me sentir assim. Ainda por cima, Isaac não tinha descoberto nada sobre os casos. Estava no escuro a avançar para o que quer que fosse.

— Pai requer a vossa presença para irmos ver os avanços da coleção Theresa. – Passei entre os dois homens que conversavam entre si na sala de refeições.

— Agora? – questiona Edward. – Ele nem me disse nada.

— Bem, acabou de me dizer isso. – Olhei para Kayin. – Por favor, pede para nos prepararem dois coches.

Olhei para a minha caixa de joias, procurando a que utilizaria no dia de hoje. Coloquei o par de brincos que me foi oferecido, pois eles eram lindos e combinavam muito com a maior parte das roupas que tinha e quando procurei pelo anel, não o encontrei. Estranhei, indo a outras gavetas e dei a volta pelo quarto, perguntando-me onde o poderia ter deixado.

— Menina Eleanor. Os coches estão prontos para partir.

— Sim… – Continuei à procura.

— Quer ajuda a encontrar alguma coisa, menina?

— Eu… Penso que perdi aquele anel que foi oferecido. Aquele com a esmeralda.

— Muito estranho. Talvez eu o possa ter deixado num lugar diferente. Deixe que eu procuro com ele. Vá descansada na sua viagem. – pede, ajudando-me a vestir um casaco.

— Obrigada. Volto mais tarde.

Desci as escadas, junto da Ourivesaria Berenice, a loja do meu pai. Para entrar na loja, segurei a mão de Isaac que me acompanhou a jornada toda.

— Senhor Edward, Senhorita Eleanor… – Fez a vénia e em seguida olhou para a terceira pessoa.

— Duque Granville. – introduziu Edward.

— Granville como o grande herói? – questiona o gerente e ele fica tímido, mas responde que sim. – Muito prazer. Posso dar-lhe a mão? – Ele aceita e apertam a mão durante tanto tempo que nem sabia para onde olhar. Tive de conter o riso, apertando os lábios num no outro.

— Podemos ver as joias que têm feitas? – Edward sempre a ser rude, mas pelo primeira vez, agradeço, pois já estava a ficar constrangedor.

— S-Sim, claro. – Gagueja, largando a mão de Granville. – Esperem um momento que já regresso.

Observem as montras, vendo novos brincos que tinham na loja. A parte interessante da Ourivesaria do meu pai é que cada peça era única. Existiam diferentes tipos de brincos, mas assim que levasses um par, não existia mais ninguém que tivesse um parecido a não ser que tentasse copiá-los. Até estas braceletes que iriamos criar, mesmo que tivessem a mesma base e pendentes feitos em massa, existia forma de termos os customizáveis por um preço diferente. A qualidade era imbatível.

— Aqui têm. – Trouxe um tabuleiro com três tipos de pulseiras de prata e alguns pendentes de lado. – Fizemos de diferentes peças para perceberem o que gostariam de ter.

— Parece-me bem. – Inclinei-me em cima das peças, observando-as de perto. De seguida, retirei uma, colocando-a debaixo da luz do dia para observar. – Esta é muito moldável. – São pequenos cilindros de prata unidos por um fio. – Como se colocaria o pendente se está totalmente selado?

— Poderíamos inserir com um alicate. Se quiser, posso fazer uma demonstração agora.

— Não será preciso. É feia. Tem um ar muito pobrezinho por causa desta união pelo fio. Não parece algo elegante o suficiente para a nobreza. Agradeço muito a partilha na mesma.

Passo para outra bracelete e Edward troca o olhar entre mim e a bracelete que deixei no tabuleiro. A segunda é mais rígida e era um círculo bem feito, não totalmente fechado e contem duas esferas nas pontas a selar a pulseira.

— Esta é interessante. – Experimentei no meu pulso, vendo-me no espelho. – Parece-me algo que as pessoas usariam.

— E acrescento que para colocar, é mais simples. Desenrola-se a esfera numa das pontas, coloca-se os pendentes e fecha-se novamente. Qualquer pessoa pode fazer isso.

— Parece-me bem pensado. O que acham? – Levantei o pulso para eles também verem.

— Quer ver a outra pulseira?

— Não estou interessada.

— Mas… Mas eu estou. – diz irmão Edward, pegando nesta segunda bracelete. – Temos de ver tudo antes de avançarmos. E na minha opinião, esta é melhor. – Coloca a bracelete totalmente fechada e rija à frente do meu rosto. – Vamos por esta. – Decide e eu suspiro, retirando a pulseira que tinha.

— Será uma terrível escolha se avançar para essa bracelete. É totalmente fechada. Colocar os pendentes será uma trabalheira e não é inovador. Não tanto quanto esta.

— Pois mas eu acho que iremos ficar mais bem servidos com esta. – Insiste. Não percebe nada, mas insiste pois quer ter a última palavra. Que chatice que homem.

— E porque acha isso? – Ele fica calado, cerrando o maxilar. Não tem nada para me dizer. – Não é que essa pulseira seja má, mas esta tem a componente de ser mais fácil de jogar com pendentes. Mais fácil para os funcionários, reduzimos o custo de colocação exatamente por ser mais fácil e qualquer pessoa pode fazer. Essa terá sempre de com alicates e fazer combinações ou trocá-las é mais desafiante.

— Não me interessa a sua opinião. – falou lentamente e parece não se importar com o que tenho a dizer. Bate com a pulseira na mesa, fazendo com que o gerente e eu nos assustemos. – Eu dito o que devamos fazer.

— Não sei se posso concordar.

— Eu não quero saber da porra da sua opinião. Sou o chefe da casa quando o pai não está presente. – Dá mais passos na minha direção e eu vou baixando o olhar, intimidada, mas ele procura o meu rosto. – Está a desafiar-me?

— Talvez devamos acalmarmos. – Granville coloca a mão no ombro de Edward e este fica parado. – Percebo que querem o melhor para a Ourivesaria, mas talvez devamos perguntar ao Marquês. Levamos as pulseiras connosco e mostramos-lhe para ver o que acha. Pode ser assim?

Edward fica mais relaxado e consente. Atira a pulseira com força, levando-a a saltar parra fora do tabuleiro e vai-se embora.

Respirei fundo, abanado a cabeça para afastar os pensamentos.

— Pode embalar, se faz favor? – Peço e o homem corre logo para a parte de trás de forma a fazer o que lhe foi dito.

— Está bem? – indaga Granville, baixando a cabeça para ficar ao meu nível e tem a mão em cima do meu braço.

— Sim, sempre bem. – Fiz um sorriso fraco e ele devolve. – Agora… Podem partir sem mim. Talvez seja melhor levarem as pulseiras convosco, pois ainda preciso de passar por um sítio antes de ir para casa.

— Se precisar de mim, diga. – sugere e eu baixo o olhar. Continua com a mão no meu braço e eu limpo a garganta, voltando o rosto para a entrada da loja.


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