The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 27
Capítulo 27




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Os lábios de Eleanor movimentaram-se. Carnudos, rosados e brilhantes. As palavras rolavam suavemente entre ambos, o seu tom de voz calmo, sempre pausada e envolvente. “Não acha que resulta para mim? Não acha que estou sempre bonita?” Os olhos grandes castanhos com pestanas longas encaram Duque. Ele não consegue perceber que resposta procura, mas aquela expressão, a forma como falava e movimentava o rosto, provocavam emoções dentro de Duque que já não sentia a algum tempo.

Abriu os olhos. Estava deitado nos seus aposentos. Já se tinha passado algum tempo desde que a festa terminou. Olhou para a escuridão. Suspirou fundo. Foi apanhado de surpresa quando a porta do quarto dele foi fechada. Ele estremeceu e olhou naquela direção.

Debaixo da luz escassa vinda de entre as cortinas, viu uma figura feminina. Ele apoiou-se de forma a ficar sentado na cama, de sobrancelhas unidas. Olhou para o seu próprio corpo, o torso quase descoberto e puxou a manta para cima do corpo dele. A figura desconhecida foi-se aproximando, passos silenciosos, pois tinha os pés descalços. A pele mulata, os caracóis desarrumados, naturais a caírem sobre os ombros que apenas carregavam  alças finas de um vestido de cetim negro. Tem um pequeno sorriso no rosto e Granville parece confuso ao vê-la ali. Tão tarde e com pouca roupa.

— Senhorita Eleanor?

— James. – Ela sentou-se em cima da cama, demasiado perto de Granville e levou a mão ao rosto dele. Os olhos dela estabelecem contato visual por um longo período de tempo, em silêncio, antes de se focarem nos lábios. Granville não se desvia e tenta não olhar para qualquer lugar que não fosse o rosto dela, mas era bastante difícil.

— O que faz aqui?

— Vim ver se está mesmo a sentir-se bem… – O tom de voz mais doce e ele aperta a manta entre os dedos. Ele não sabe o que responder e engole seco.

— A sentir-me bem?

— Sim… – Ela abana a cabeça positivamente.

Não desenvolve muito mais. Também não hesita. Fechou o espaço que existia entre ambos. Pousou a mão em cima da cama, atrás do corpo dele. Assim que os lábios se tocaram, os olhos dele arregalaram-se. Ele demorou a agir, fechando os olhos e pensando se deveria afastá-la, fazer o que é o correto ou segurá-la, tocar naquela pele reluzente e puxá-la para si. Pensava que toda a situação era estranha. Como estaria ali? Como teria passado entre os cavaleiros? Porque estaria ali? Estaria a tentar aproveitar-se dele? Teria sentimentos por ele e só estava a revelar agora?

— Senhorita Eleanor! – Segura-a pelos braços, afastando-a. – Isto… Isto não é correto. – Olha para baixo.

— Eu quero que me beijes, James. – disse o nome novamente, pousa suavemente a mão sobre o peito de Granville, trocando o olhar entre a pele descoberta e o rosto dele. Assim que o fez, James sentiu que tinha perdido todas as forças, e que todos os pensamentos e dúvidas que ele tinha naquele momento desapareceram da sua cabeça.

James colocou a mão na nuca de Eleanor, puxando-a para si. O beijo foi mais intenso. Com os lábios a movimentarem-se na mesma intensidade e dinâmica, parecem esfomeados. Eleanor colocou os seus braços em volta de pescoço James e este foi colocando as mãos em volta dela, puxando-a para seu colo. Pararam de se beijar novamente, as respirações ofegantes, as testas coladas uma na outro. James fechou os olhos por breves momentos, apreciando todo o momento. Desde sentir a fina separação entre o corpo de ambos que se tratava do vestido de cetim, a alça caída, o peito de Eleanor a movimentar-se irregularmente devido à respiração. Ter as mãos no corpo dela. Todo o momento parecia perfeito. O que deveria ser.

— Eleanor… Porque veio aos meus aposentos? – pergunta e ela passa a mão pelo cabelo dele, mexendo-se com tranquilidade em cima dele, fazendo James gemer ao sentir o peito dela contra ele e disse:

— Porque você quis que eu viesse.

— Porque eu quis que você viesse? – Fica confuso, mas ao mesmo tempo, vai apreciando a forma como Eleanor se mexe, tendo dificuldade em dizer as palavras.

— Tinha razão, sabe? – fala contra os lábios dele, provocando-o. – Você deveria dormir com os olhos abertos quando está comigo. – Ele estranha a frase e ela dá-lhe um último beijo antes de James sentir uma dor aguda no pescoço.

Eleanor afasta o torso, a mão manchada de sangue com uma faca cravada no pescoço de James. Tem imenso sangue a sair e ele entra em pânico, olhando para Eleanor que desata a rir. Granville tenta levantar-se, pedir ajuda e estranha toda a situação. Deveria ter desconfiado desde o momento que a porta fechou. Agora, via-se a deitar na cama com dificuldades a respirar e a dizer palavra alguma, enquanto Eleanor sorria, passando a mão pelos fios de cabelo dele que estavam atrás da orelha.

Quando tentou gritar, o seu coração a palpitar sem fim, abriu os olhos. Acordou ofegante. Tocou no seu corpo e no pescoço. Estava intacto. Suspirou de alívio, apesar de estar todo suado e a cama também ter marcas do seu corpo.

— Merda... – reclama, passando a mão no cabelo. Fica feliz por ter digo um sonho e levanta o lençol reparando que mesmo depois de tudo, continuava fortemente atraído por madame Eleanor. – Devo ter algum problema… Só pode.

No pequeno-almoço, todos se sentaram à mesa.

Duque Granville ficou de sobrancelhas unidas, olhando para Eleanor. Esta passou manteiga sobre o seu pão torrado, colocando entre os lábios. Os olhos dele estreitaram, fixados nos lábios dela e quando ela ergueu o olhar para lhe encarar, ele desviou, limpando a garganta antes de pegar no que queria comer.

— Eu agradeço muito a vossa presença neste pequeno-almoço. – Sorri Marquês Stirling para todos. – Eleanor, peço que depois se dirija ao meu escritório.

— Claro, pai.

Ouviu-se várias batidas vindas da porta principal. Alfred foi abrir e revelaram-se dois polícias.

— Bom dia. O meu nome é Sr. Garrett e este é o meu parceiro, Linwood. – Mostra o emblema oficial. – O Marquês Stirling está? – questionam e Alfred olha para ambos, parecendo preocupado, mas acena.

— Ele está a tomar pequeno-almoço. É possível aguardarem?

— O assunto é bastante urgente. Não pode aguardar.

— Muito bem. Sendo assim, peço aos meus colegas que lhe acompanhem até ao escritório de Marquês, por favor. Ele estará lá em breve. – Alfred vai para a sala de refeições e diz: – Marquês Stirling, Lamento imenso estar a incomodá-lo enquanto faz a sua primeira refeição do dia, mas temos aqui policiais que requerem a sua presença.

Marquês limpa os lábios, unindo as sobrancelhas antes de se levantar do seu lugar com dificuldade e foi com os seus empregados.

— Eu acompanho-o, pai. – sugere Edward, erguendo-se para ir.

— Senhor Stirling. Peço desculpa por estar aqui tão cedo. – diz, levantando-se do sofá de dentro do escritório. – Mas temos assuntos para falar.

— Bom dia. Não é que a vossa presença seja um incómodo para mim. Espero que tenham notícias sobre os atentados recentes. – diz Marquês, sentando-se por trás da sua secretária.

— Entendo perfeitamente. – diz um dos agentes. – Estivemos a investigar e gostávamos de falar consigo, chefe desta família, pois parece-me que faça sentido. Tivemos uma pessoa, testemunha, que veio à esquadra e disse-nos que viu uma pessoa, mais nomeadamente uma mulher a encontrar-se com um dos bandidos que fizeram o atentado.

— Muito bem… Existe então uma pista.

— Sim… – Troca olhares com seu colega. – E pela descrição, apesar de ser num lugar escuro, parece-me que possa ser uma das damas que fazem parte da casa de Stirling. – conclui.

— Uma das damas da casa Stirling? – repete Edward, ficando de sobrancelhas unidas.

— Está a dizer-me que existe a possibilidade de ter alguém dentro de casa que está a cometer este crime? – pergunta Marquês Stirling. – Isto com base exatamente no quê? Disseram que as cartas eram impossíveis de perceber quem era o culpado. Assumimos verdade perante o que é dito por um civil? Um comum qualquer? Porque é uma prova válida? Sabem os riscos de tais acusações, agentes?

— Ainda não temos certezas. É uma testemunha e viemos aqui falar consigo, porque queremos interrogar as damas. Não queríamos passar por cima tendo em conta todo o respeito que temos pela sua família e toda a contribuição que fez. Não daremos nas vistas. Levá-las-emos como simples vítimas de forma a interrogá-las, como um caso habitual.

— Não deixarei. – diz Marquês. – Não acredito. As evidências têm de ser mais fortes para lhe permitir que avance com tal coisa. Os agentes trocam um olhar. – Eu…

— Pai. – intervém Edward. – Eu percebo o que quer dizer. Pode trazer vergonha à família Stirling. Mas por outro lado, precisamos de trazer o assassino à justiça. Um dia podem tentar cometer um assassinato contra si. Não podemos permitir isso. Existe uma possibilidade que cairmos em termos de honra, mas também podemos cair, porque morreremos. Porque nos recusamos a cooperar. Deveríamos fazer o que nos pedem, pai.

Marquês Stirling suspira.

— Sendo assim… Pode ser. Podem avançar com os interrogatórios. Peço que sejam em dias separados.

— Obrigada pela colaboração, Marquês Stirling. Assim o faremos.


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