The Dream escrita por Nappy girl


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810914/chapter/1

Viktor Devon Stirling. O Primeiro filho da casa de Stirling

Dentro do bar cheio de bêbados, destaca-se pela sua pele branca pálida, semelhante a neve e pela figura esguia e alta. Se não o conhecesse, acharia que era um plebeu comum, igual a qualquer um dos homens que troca palavras e gargalhadas, naquela noite de inverno. Nem parecia que pertencia a uma das famílias mais influentes do reino de Seren.

Apontei para ele. Ri, salientando as bochechas rosadas, torso esquelético exposto, olhos azuis totalmente vermelhos em cima da mesa de madeira de um bar tosco a cambalear, gritando algumas palavras sem conexão alguma enquanto derrama o líquido vermelho do copo.

Eu ajeitei o capuz da minha capa, segurando nas saias do meu vestido negro antes de me afastar da entrada do bar. Segurei na mão de Alika, uma das minhas empregadas pessoais que me ajudou a entrar dentro do coche. Retirei o capuz, respirei fundo e encostei-me contra a janela. Não é como se existisse muito para ver, uma vez que a noite estava cerra, apenas via vários plebeus a andarem pelas ruas iluminadas por velas a dançarem animados enquanto chocam os copos de cerveja.

O coche movimentou-se. Entrou Viktor acompanhado por um cheiro intenso a álcool. Retirei o lenço da minha bolsa, cobrindo o nariz. Ele entrou de gatas. Mal conseguia estar de pé. Levantou o olhar, ficando de olhos estreitos, o corpo tremido, procurando reconhecer-me.

— Irmã Eleanor! – Deixa cair o rosto em cima das minhas saias, esfregando-se contra o tecido de algodão. – Veio à cidade por mim? Nesta noite tão gélida, irmã? – Tento não me incomodar com o aspeto desleixado nem com o cheiro, enquanto passo a mão enluvada pelo cabelo oleoso, fazendo festas cuidadosas e carinhosas na cabeça.

— Fiquei preocupada consigo, irmão. Esta cidade à noite cria todo o tipo de histórias possíveis e imagináveis. –Sorri carinhosamente. Mesmo que fosse meu irmão mais velho, neste momento aparentava ser uma criança mais nova acabada de sair da escola com saudades da mãe. Buscava conforto que eu podia lhe oferecer.

— Sempre foi a única que se preocupou comigo. – O tom de voz lento, a expressão facial suavizada. Bocejou. – Acha que o pai também se preocupa comigo, irmã? – Eu hesitei, mas depois de pensar cuidadosamente nas palavras que iria dizer, prossegui:

— Em breve será o herdeiro da casa Stirling. A pessoa que irá suceder o pai. Ele… – Fui interrompida.

— Não em respondeu à questão, irmã Eleanor. – Eu mantive a mão em cima de seu cabelo, vendo a expressão de tristeza no rosto dele. Perguntava-me como tinha perguntas tão eloquentes neste estado.

— Não sei o que lhe responder, irmão. Gostaria de lhe contar apenas as verdades que não são dolorosas. – A camisa de Viktor é tão larga que me permite ver o princípio das costas uma textura de pele irregular, cheia de cicatrizes, prova de como eram tratados aqueles que não cabiam na imagem que casa de Stirling queria vender. Álcool sempre foi a melhor forma de Viktor lidar com todos os seus problemas, traumas e fantasmas.

Suspirei fundo, olhando para fora da janela do coche. Já tínhamos saído a algum tempo da cidade. Apenas tínhamos a escuridão em nosso redor. O cenário agora era de um bosque, folhas de árvores a chocarem entre si, tal como os arbustos. Animais a saltitarem e correr ao redor.

— O pai perguntou por si hoje. – disse e ele abriu os olhos.

— Perguntou? – Aperta a minha saia. Parece estar a antecipar uma reação negativa, algum medo do porquê de pai ter referido seu nome.

— Estava preocupado consigo. Pode não ser a sua pessoa favorita, contudo, ele precisa de si inteiro. Por isso pergunta.

— E qual foi o motivo da pergunta? – Ergue o rosto. Os olhos azuis apagados, sem brilho algum. Não espera nada de um pai que nunca lhe deu nada para além de feridas físicas e mentais. As expectativas baixas.

— Sim, perguntou. – Acenei com a cabeça, segurando-o pelas bochechas para encarar-lhe a face. Removi alguns fios de cabelo da frente com os dedos. O coche cessou todo o seu movimento, mas neste momento, Viktor estava demasiado focado em mim para notar qualquer alteração que existisse. – O pai questionou por si para saber quando teria tempo para reverem os contratos todos existentes. – Passo os dedos pelo rosto, passando pela barba mal feita, pousando no queixo. – Pai pode ser uma pessoa… Difícil de gerir e de perceber, mas ele fica sempre entusiasmado em partilhar todos os detalhes do seu negócio com toda a gente da família. – Sorri. – Talvez essa seja a melhor forma de se relacionar com o pai.

— Acha, Eleanor? – Finalmente surge um pequeno brilho nos olhos, esperança.

Oiço passos a aproximarem-se da porta do coche. Ela abre-se e ambos observamos o cavaleiro que eu conhecia muito bem, alto, corpulento e careca de pele negra, Isaac, com uma corda de rafia nas mãos. Troquei o olhar entre ele e a corda.

— Chegámos? – Viktor tenta levantar-se, mas com muitas dificuldades.

Ninguém lhe respondeu. Isaac apenas coloca a corda à volta do pescoço dele. Viktor parece confuso, tocando na corda, e, antes que pudesse reagir, começou a ser arrastado para fora. Ele arfa, segurando-se a tudo e esperneando, até tenho de me afastar para não ser atingida. Isaac puxa-o para forma com imensa violência e brutalidade, mas como Viktor tinha um corpo fino, foi fácil de levar e ser puxado até a corda passar por cima de um ramo de árvore por completo.

Viktor continua a espernear em busca de ar. Outro cavaleiro, este com de pele morena e mais novo do que Isaac, Oliver, ajuda-o a puxar a corda, erguendo-o do chão. Brevemente os pés sem da lama e pairam no ar. A pele que parece neve torna-se avermelhada, os olhos arregalados para o céu.

— Deveria ficar dentro do coche, menina Stirling. – pede Isaac e eu observo Viktor a ficar cada vez mais quieto.

— Eu prefiro ver tudo até ao fim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Dream" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.