O Rei Negro escrita por Oráculo Contador de Histórias


Capítulo 4
O homem da mão direita




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Por estar com as mãos amarradas, Gabriel tinha caído duas vezes e em ambas acabou levando chutes de Sir Erick, como se fosse o real culpado pelo atraso na viagem. Dolorido, machucado e suspeitando que sua mandíbula não estava no lugar certo, sentiu que estava perdido, seguindo para uma morte certa. A faculdade e o trabalho simplesmente desapareceram de sua mente, era como se ele tivesse sido desconectado do passado. Morrer em um mundo tão diferente nunca sequer passou pela sua cabeça, tampouco ser agredido por cavaleiros como se fosse um criminoso. Dentro de si, uma voz o culpava por ser tão fraco, enquanto outra mais consoladora lhe dizia que não era sua culpa, pois não tinha como prever que acabaria em tal situação. Fosse como fosse, precisava se equilibrar para não tornar a ser espancado por um maldito soldado.

Os cavalos seguiam em ritmo lento e balançavam bastante, algo que deixou o rapaz realmente enjoado. Demorou para entender Decarlo quando este lhe disse:

—Se não for a pessoa que estamos procurando, vamos deixa-lo voltar para a sua cozinha. Talvez eu lhe dê um saco de odelas.

A julgar pela expressão zombeteira do capitão, estava mentindo. Não importava para ele se Gabriel era a pessoa certa, pois de algum jeito iriam mata-lo no fim.

Em algum momento, os militares saíram da estrada e desceram pelos campos em direção a floresta. Os primeiros raios de sol iluminavam por entre as folhas das grandes árvores e um som de queda d’água se tornava cada vez mais forte. Havia uma casinha em condições precárias na clareira logo adiante e foi ali que eles finalmente pararam. Sir Erick lançou o rapaz no chão, depois agarrou nas cordas que lhe prendiam as mãos e o arrastou para dentro da casa, sem se importar de machuca-lo nos quatro degraus de madeira. E lá dentro, o cavaleiro puxou uma cadeira muito velha e empoeirada, sentou sobre ela o rapaz e buscou mais alguns metros de corda para por fim amarrá-lo no móvel.

—Volte e traga-o. – ordenou o capitão para Louzada.

Nas várias horas que se seguiram, Gabriel ficou sozinho no cômodo, enquanto ouvia as conversas fúteis dos militares do lado de fora. De início pensou que poderia tirar proveito de alguma informação, mas tudo o que falavam era sobre mulheres e bebidas. “Será que sou eu a pessoa que eles estão procurando? A julgar pelo meu nome e por tudo que está acontecendo, tenho quase certeza que sim. Vou morrer por nada. Eu nunca quis estar nesse lugar... Tudo isso é tão injusto! Eu odeio esse mundo! Odeio essas pessoas! Ah... Estou com sede e com fome... Que saudade do meu quarto.”

—Aqui está ele, senhor. – disse Decarlo.

Um homem velho adentrou o cômodo sujo, mal iluminado e empoeirado. As paredes de madeira estavam com certeza podres e o cheiro de mofo predominava. Mas aquele homem contrastava com o ambiente ao seu redor, fosse pelas roupas realmente finas, douradas ou pelas joias em seu pulso, dedos e pescoço. Aliás, Gabriel notou que lhe faltava a mão esquerda e ao invés dela, havia uma peça de prata tapando a ponta do seu antebraço. Ele tinha cabelos longos e brancos, o rosto sem barba e muitas rugas que lhe conferiam uma expressão arrogante. Certamente era um nobre como os que Gabriel por vezes vira em filmes.

—Este é o rapaz? – indagou o sujeito, segurando o queixo do jovem e o avaliando como se fosse um produto na vitrine. Sua voz era aveludada e a maneira como falava destoava muito dos militares – Me recuso a acreditar.

—Tem olhos verdes, é jovem e estava vindo do Sul. – explicou o capitão.

—O cabelo dele.

—Pode ter sido cortado, vossa alteza. Seria fácil disfarçar esse detalhe.

—Certamente. – concordou o excêntrico homem a contragosto – Diga a seus homens que saiam.

Decarlo acenou com a cabeça e os quatro soldados se retiraram de imediato.

—Tudo isso começou por causa de uma maldita visão, Sir. Pessoalmente, acho que é impossível...

—Por favor, não falem nada confidencial. – apelou Gabriel – Sou inocente, mas se eu souber demais, vão querer me matar.

Ser interrompido deixou o homem realmente incomodado. Ele caminhou lentamente até ficar frente a frente com o jovem, se abaixou para olhá-lo bem e lhe acertou uma forte bofetada.

—Não permito que isso se repita, fui claro? Pois bem, como eu dizia, Sir Decarlo, não acho que seja possível tamanha bizarrice. Mas em se tratando daquele maldito monstro, não podemos cometer nem mesmo um único deslize. Como esse verme se chama?

—Disse que se chama Tral alguma coisa, vossa alteza Di Blanco. Um cozinheiro da Cidade dos Portos que veio em busca de odelas.

—Uma historinha realmente infantil. E o nome pode ser falso. – sugeriu Di Blanco, tornando a se abaixar para encarar o jovem cabisbaixo – Olhe pra mim! – ordenou e logo foi atendido – Tem olhos muito bonitos, Tral. Seu rosto é diferente, oh sim. Mas esses olhos realmente me trazem memórias bem desagradáveis.

—D-do que está falando, senhor?

—Realmente não sabe? Fique tranquilo. O capitão aqui presente vai esclarecer melhor as coisas para então podermos conversar.

O homem se afastou e cruzou os braços, acenando com a cabeça para o militar que imediatamente começou a espancar Gabriel. Socos na barriga, chutes nos tornozelos, cortes de punhal pelos braços sem a menor pressa para saborear os gritos de dor do garoto, que só conseguia tremer e agonizar diante das agressões, sem, no entanto, ser capaz de pensar em qualquer coisa. Decarlo tirou as luvas para começar a dar bofetadas e socos no rosto da sua vítima até encher seus lábios de sangue.

—Faz aquilo com as duas espadas. – sugeriu Di Blanco com um sorriso de satisfação, exibindo rugas horríveis ao redor do rosto.

O capitão sacou ambas as espadas, arrancou fora a camisa do jovem com um corte que lhe feriu o peito e ficou parado, apontando-lhe ambas. Pouco a pouco, as lâminas começaram a ser rodeadas por um brilho estranho e arroxeado. Ele fincou as pontas de ambas as espadas no tórax de Gabriel, mas elas estranhamente não abriram qualquer ferimento em sua pele. Por outro lado, o rapaz gritou tão alto que os pássaros da floresta se assustaram e os militares em volta ficaram inquietos. Ele estava sentindo uma dor terrível percorrendo todo o seu corpo, como se fosse eletrocutado e queimado, não sabia discernir. Quando as pontas das lâminas foram retiradas, não deixaram nenhum ferimento ou marca em seu tórax, todavia ele estava tremendo e quase perdendo a consciência. Decarlo jogou um pouco da água do seu cantil no rosto dele, fazendo com que despertasse.

—Eu amo sua técnica, capitão. É agradável de assistir. – admitiu Di Blanco – E você, Tral? Está pronto para uma conversa franca? Entenda, sou um homem ocupado. – sorriu de maneira falsa e perigosa.

—Saiam do caminho ou acabo com vocês! – a voz rouca e ameaçadora de um homem idoso veio do lado de fora. Di Blanco e Decarlo se entreolharam, enquanto que Gabriel atordoado nem ao menos notou – Estão loucos se pensam que vão me impedir de entrar na minha própria casa, moleques!

—Senhor, se acalme! Não podemos deixar que entre porque... – tentava Sir Erick com um respeito similar ao que tinha para com Decarlo.

O homem alterado era alto, com uma bigodeira tão grande quanto aquela do taverneiro Heitor, todavia muito branca, bem como o longo emaranhado de cabelos que caíam pelos ombros. Usava vestes encardidas, calça marrom, botas e camisa amarela ou talvez originalmente mais clara. Era difícil saber só de olhar. Tanto nas mãos até onde se conseguia ver, quanto no pescoço, estava repleto de cicatrizes.

—Porque o caralho, porra! Vai a puta que te pariu, pirralho de merda! Quem vocês pensam que são para invadir a minha casa e fazer dela uma sala de tortura? Torturem em outro lugar, porra! – vociferou.

—Não fazia ideia de que essa espelunca era capaz de abrigar vida. – debochou Di Blanco ao sair sozinho pela porta – Desbocado como sempre, não é mesmo, Sir Alabas?!

—Intrometido como sempre, não é, Walther?! Seu merdinha!

Os quatro soldados apontaram suas espadas para Alabas, que deixou surgir um sorriso horrível sob a bigodeira. Walther Di Blanco ergueu a mão direita para o alto, ordenando:

—Abaixem as armas!

E os quatro obedeceram, embora não entendessem o porquê dele permitir ser tratado com tamanho desrespeito.

—Não vou mata-lo em consideração ao bom trabalho que prestou ao rei e a Calendria, Sir Alabas. Mas já é um homem velho, distante do seu auge. Não deveria ser tão arrogante.

—Se acha que estou velho o bastante para ensinar boas maneiras aos seus soldados de merda, por que não comprova com os seus próprios olhos?

Walther cerrou os dentes, então respirou fundo e fingiu uma expressão simpática.

—Já disse que não fazia ideia que esta... casa? Bom, que ela poderia ter um dono. Me deixe terminar o que vim fazer e o recompensarei com ouro.

—E quem seria digno o bastante para ser torturado fora das muralhas? Sobretudo com a supervisão do grande duque Walther Di Blanco?

—Isso é segredo.

Alabas fechou o semblante, claramente desgostoso com a resposta. Diante disso, Walther deu outro longo suspiro e acenou com a mão direita para que os soldados se afastassem, num gesto como alguém que quer afastar as moscas. Depois se aproximou do outro para lhe falar em voz baixa:

—Madame Lionora viu um garoto em seu caldeirão. Segundo ela, ele tinha um cabelo estranho e seus olhos eram iguais aos do regicida. Esse garoto poderá se tornar uma ameaça tão grande quanto foi aquele monstro. Ela disse estar confusa se estava vendo outra pessoa ou o próprio.

Alabas olhou Walther de cenho franzido por alguns segundos, até subitamente desabar em uma sonora gargalhada que ecoou pela floresta. Enquanto um desatava a rir, o outro esbravejava.

—Não tem graça nenhuma! É um assunto de extrema importância! Você, tanto quanto eu, sabe o quão perigoso seria se aquele indivíduo retornasse!

—O regicida está morto, Walther! Pare de alucinar! Não acredito que você deu crédito a uma velha picareta como a Lionora! Quando foi que ela acertou alguma merda?

—Não estou disposto a correr riscos!

—Deixe-me ver o pobre infeliz que estão torturando. Se Gabriel estiver vivo, eu mais do que ninguém conseguirei perceber.

Embora relutante, Walther acabou concordando e o levou para o interior da velha casa. Ao chegar lá, Alabas deu uma boa olhada em Gabriel, que continuava cabisbaixo, ferido e sangrando. Não satisfeito, segurou o queixo do rapaz e percebeu que estava deslocado. Nesse instante, conseguiu ver os olhos verdes do jovem. Olhos estes que tinham uma cor rara; embora outras pessoas pudessem se assemelhar, dificilmente chegariam a ter um tom esverdeado tão puro. Então o soltou, olhou para Walther com uma expressão provocadora e este questionou impacientemente:

—Então? É ele?

—Consegue enxergar Gabriel nesse moleque? Nem mesmo seu olhar possui qualquer vontade ou determinação. Ele está morto, Walther. Merlin o matou. Vocês estão torturando um miserável qualquer.

—Inferno! – praguejou Walther e bateu com a mão direita contra a parede de madeira, derrubando poeira e sacudindo a casa que já não era tão resistente – Que seja! Matem-no e vamos acabar com esse teatro!

Sir Decarlo se precipitou com suas duas espadas, mas Alabas passou a sua frente e esbarraram um no outro.

—Ah, Decarlo! Como você cresceu, finalmente virou um soldado! Desculpe, estou senil, simplesmente não reparei que era você.

—Há quanto tempo, comandante. – respondeu o capitão com um aceno respeitoso de cabeça.

—Não sou mais comandante, ainda assim agradeço pelo seu respeito. Deixe que eu cuido desse rapaz. Vou jogá-lo na cachoeira. – afirmou Alabas.

Walther gesticulou um ‘tanto faz’ com a destra, enquanto Decarlo guardou as espadas e acompanhou o duque até a saída. Próximo a estrada, haviam cavalos e também uma carruagem luxuosa, preta com detalhes dourados, exceto o brasão de uma flor na cor branca. O nobre embarcou na carruagem assim que seu cocheiro abriu a porta. Os quatro militares escoltaram o veículo e minutos mais tarde já tinham desaparecido de vista.

Alabas, que tinha acompanhado tudo a distância, sorriu satisfeito. Mas de repente, começou a falar:

—Deveria ter partido com eles, garoto.

Sir Erick, que estava escondido atrás de uma grande árvore, se viu sem saída e acabou surgindo diante do velho já com a espada desembainhada.

—Tenho ordens para garantir que o cozinheiro seja executado, senhor. Mate-o e vou embora.

—Eu vou matar sim... – murmurou perigosamente. No segundo seguinte, começou a caminhar na direção do cavaleiro.

—O que está fazendo? Pare aí mesmo!

Alabas prosseguiu exalando uma aura assassina.

—É meu último aviso, senhor! Pare aí mesmo!

Já o tendo ao seu alcance, Erick tentou golpeá-lo com uma perfuração na barriga, mas Alabas se esquivou para o lado com a destreza que não se espera de alguém tão velho. O cavaleiro tentou outra estocada, mas nada encontrou. Por fim a terceira tentativa, dessa vez na direção do rosto, porém falhou miseravelmente. O ex-comandante desferiu um chute contra as costelas do mais novo, lançando seu corpo contra a árvore mais próxima e provocando um som alto pela colisão da armadura de aço contra a madeira. Tamanha foi a violência do golpe que o espadachim simplesmente deixou sua arma cair. Não entendeu como era possível que alguém o atingisse diretamente apenas com a perna e lhe quebrasse os ossos, estando ele protegido com a armadura. Não entendeu e não teve tempo para entender, pois tão logo Alabas apanhou a espada no chão e a espetou no rosto dele, pregando seu crânio na árvore.

—Minha nossa! Quem está treinando vocês? Isso foi ridículo.

Assim que voltou para o interior da casa, desamarrou Gabriel completamente e o pegou nos braços, carregando até o cômodo mais ao fundo, onde ficava seu quarto. Alabas repousou o corpo do garoto na própria cama, notando que ele estava inconsciente. Depois foi até o rio, próximo a cachoeira, apanhou um balde d´água e voltou. Ao redor da casa, apanhou algumas ervas e moeu todas elas no pilão de madeira, jogando uma pitada de sal por fim. Com tudo pronto, se apressou a aplicar sua mistura em cada um dos ferimentos no corpo daquele rapaz. Precisou de paciência, afinal estava muito machucado. Com um pano molhado no balde, limpou o sangue e a sujeira, só aí percebendo que deveria ter limpado antes de aplicar a mistura.

—Puta que me pariu! – rosnou irritado com a própria estupidez – Mas deve ser mais do que suficiente para dar jeito em você. É inacreditável... Como veio parar nesse inferno outra vez? O destino não tem sido muito gentil contigo.

Gabriel estava inerte, adormecido. Seu cérebro lhe dera um descanso temporário das terríveis dores pelo corpo inteiro, todavia, nada poderia fazer acerca do que estava acontecendo no interior da sua alma.

Uma escuridão sem fim. Se olhasse para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita, ainda assim não enxergaria nada além de trevas. Quando olhou para si mesmo, não viu nada, estava sem corpo muito embora ainda o sentisse. Notou que conseguia caminhar, então o fez, passo a passo. Outro e mais outro. Um arrepio terrível lhe percorreu a espinha e ele olhou para trás porque sentia que tinha alguém ali. E era verdade...

Não estava sozinho...

Tão próximo...

Jamais tinha visto algo parecido...

Um rosto distorcido, encoberto pelas trevas, onde a única coisa possível de se ver claramente eram seus olhos banhados de cólera, vermelhos como sangue. O garoto se sentiu acuado, nunca tinha visto alguém o encarar com tamanho ódio, era assustador. Queria parar de olhar para aquilo, o que quer que fosse. Queria sair dali. Se sentiu aprisionado. Não conseguia fechar os olhos, estava preso àquela imagem assustadora. Não conseguia falar.

Gabriel levantou de supetão e ficou sentado sobre a cama, respirando ofegante. Estava suado, como se tivesse acabado de correr um longo trajeto. Olhou para as próprias mãos, sentindo alívio por conseguir enxerga-las.

—Finalmente.

Se assustou com a voz de Alabas e recuou até encostar na parede, pois não se lembrava dele. Rapidamente foi tomado pela horrível sensação de estar outra vez na posse de Calendria, prestes a ser torturado.

—Você dormiu mais de um dia. Achei que precisaria te carregar para longe daqui.

—Q-quem é você?

—Ninguém importante. Não temos tempo pra essas coisas, eles já devem ter notado que o maldito soldado não retornou. – o velho homem não se importava com as expressões confusas do rapaz – Levanta e vem comigo, se quiser viver.

Quando se colocou de pé, várias ervas caíram. Ele notou que seus ferimentos tinham sido tratados e isso aguçou sua curiosidade acerca daquele sujeito estranho.

—Senhor, eu...

—Pegue! – ordenou Alabas ao empurrar uma espada embainhada no peito de Gabriel, que a segurou desajeitadamente. Havia uma flor branca decorando o centro da empunhadura – Não é grande coisa, mas é melhor que nada. Prende a bainha no cinto da calça e não fique aí parado feito idiota! Vamos!

No lado de fora da casa, o ex-comandante assobiou e instantes depois ouviu-se sons de galopes. Um cavalo alazão veio de encontro ao seu dono, que preparou a sela com extrema facilidade. Em seguida, chamou o garoto com um gesto de mão impaciente e o ergueu sobre o animal, montando ele próprio depois. O mais jovem viu o corpo de Sir Erick com uma perfuração no rosto e aquilo lhe revirou o estômago; não se lembrava de ter presenciado uma cena tão grotesca. Contudo, entendeu o motivo da urgência daquele homem. Entendeu também que possivelmente a espada que agora carregava na cintura pertencia ao militar morto.

—Eah! – gritou Alabas ao apertar as coxas em volta do animal, inclinando-se para frente. Quando a corrida começou, o garoto quase caiu – Segura igual homem! Não seja tão mole! – repreendeu.

Rapidamente deixaram aquela área, seguindo em velocidade por uma trilha repleta de obstáculos no interior da floresta, distante da estrada principal. O sol do meio dia já se aproximava, mas não conseguia ser muito efetivo com tantas árvores, o que certamente facilitaria a viagem. Gabriel se segurava na cintura do sujeito que por alguma razão estava lhe ajudando, sem direito a fazer perguntas ou se mover demais, pois poderia acabar derrubado por um galho ou deslizar e cair. Sem camisa graças a tortura de Decarlo e sem a trouxa de suprimentos que recebera na Vila dos Farrapos, incluindo o mapa de Heler, tinha voltado a estaca zero. Agora, Calendria já não era mais uma opção, pois lá estavam seus perseguidores. Agora, pensou consigo, seu objetivo era simplesmente sobreviver.


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