A estrada até aqui escrita por MaryDuda2000


Capítulo 3
Crescer simplesmente acontece


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi! Como estão?
Espero que muito bem. Se não estiver, que possa melhorar.
Gosto demais desse espacinho inicial para termos um papinho rápido. Lembra que estamos entre pessoas mesmo que através de uma tela.
Enfim, boa leitura!



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Para minha surpresa, havia um mapa no carro com marcações ao longo da estrada.

Bastou uma pesquisa para descobrir ao que se referiam. Coisas de turista, grande parte envolvendo a natureza.

De repente, aquela viagem pareceu interessante. Jamais imaginara que Sasuke gostava de coisas do tipo. Perguntei-me se por acaso tinha vergonha de compartilhar sobre ou se era uma jornada que preferia segui solo mesmo; se seu colega de viagem (será que já não se conheciam?) toparia aquela aventura ou se meu irmão estava apenas seguindo caminho para casa evitar ouvir sermão. Orgulhoso como é, não me surpreenderia.

Optei por seguir a trilha. Não como perseguidor ou irmão obcecado, mas como um universitário exausto que parecia ter ganhado um itinerário atrativo. Passava tanto tempo estudando ou dentro da faculdade que sequer lembrava da última vez que simplesmente me sentei numa praça para pegar sol e não fazer mais nada.

Realizei algumas paradas e deixei-me encantar por experiências que possivelmente nunca viveria. Realmente havia muita beleza em tudo aquilo, uma aura tranquila e otimista a cada parada.

Um templo do século XVII, uma fazenda de apicultura, uma bela moça que fez meu coração bater mais rápido e...

Ia tudo bem até Sasuke parar de responder minhas mensagens. Não é como se conversássemos toda hora, no entanto ficou um dia inteiro sem dar sinal de vida. Difícil não se preocupar, ainda mais quando se está escondendo algo do radar materno.

Quando ligou, meu irmão manteve a postura altiva, disse que teve um imprevisto com o celular e emendou num discurso de como era necessário desconectar-se da escravidão tecnológica, sobre ser autêntico e despediu-se logo depois.

Sasuke definitivamente queria causar um ataque cardíaco na mamãe e, pior ainda, estava me tornando cúmplice de seu plano cheio de furos. Sequer tinha respondido à pergunta de quem era seu companheiro de viagem. Não é como se fosse investigar sua vida inteira, mas pesquisar se tinha antecedentes criminais era compreensível, não seria tão absurdo assim. Existem muitos malucos na estrada.

Inevitavelmente, pensei em minha mãe. Como ela se sentiu quando precisei mudar de cidade por causa da universidade? Sabia que tinha ficado preocupada e cheia de saudades, mas eu sempre ligava ao anoitecer para garantir que estava bem.

Como se para colaborar com o clima de reflexão sobre a vida, o cenário bonito e todos os acontecimentos, tocou uma canção daquelas que te fazem sentir como numa cena de filme.

É... O tempo passa.

Eu cresci. Sasuke cresceu. Estava na hora de meu irmão investir em planos para sua vida que não me incluíam.

Não é como se eu sentisse que precisava estar grudado nele todo segundo. Longe disso! Nunca fui do irmão intrometido e excessivamente protetor, eu acho. Na verdade, sempre tentei ser um eixo de equilíbrio e trazer suavidade aos lados de minha mãe, que acabou ficando superprotetora após a viuvez, e Sasuke, para que não se sentisse sufocado com esse amor. Bom, era difícil não querer protegê-lo. Talvez fosse reflexo pós-traumático que peguei de minha mãe.

Ser o irmão mais velho é difícil. Nunca estamos prontos para ver nossas crianças crescerem. É quase como ser pai, todavia com menos responsabilidades. É um dever moral que assinamos com aqueles que amamos sem pedir nada em troca. Simplesmente queremos protegê-los da crueldade do mundo, evitar que passem por situações desagradáveis às quais já vivenciamos... Por vezes, esquecemos que eles precisam aprender a lutar as próprias batalhas.

É, preciso voltar para a terapia.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi muito coisa de irmão. Essa história toda foi baseada nisso, inclusive "A estrada até você".

Itachi sofreu bastante com as consequências da perda do pai, que desestruturou a família. Tentando segurar a barra e ocupar uma posição que não lhe cabia para conseguir um tanto de normalidade, jogou-se como escudo de Sasuke para qualquer problema que viesse. Mesmo tentando evitar, acabou pegando certos costumes da mãe e por isso faz terapia. Ele tem ciência que não cresceu numa situação saudável. Aliás, todo mundo deveria fazer.

Teve gente enquanto lia a drabble achou Itachi um irmão solícito demais, especialmente depois do que Sasuke fez (surrupiando seu carro e abandonando-o). Aqui venho mostrar um pouco disso.

Um bom irmão sim, sequelado também. As relações interpessoais são complexas e há uma linha muito tênue entre tentar fazer algo pelo bem e isso tornar-se problemático. Aqui veremos mais de suas falhas, sempre tentando acertar. Um produto do seu meio, bem elencado nos Determinantes Sociais de Saúde (DSS). Aprendi isso na faculdade e ajuda bastante a enxergar como tudo em nossa vida contribuiu para nosso estado de saúde físico e mental.

Se tivesse que relacionar essa história familiar de Itachi e Sasuke a um filme da Disney, seria Procurando Nemo. Talvez não concordem, mas, se repararem, não é tão diferente. Talvez apenas não tivessem se dado conta ainda.

Conforme escrevia a drabble, cogitei trazer esse olhar de irmão mais velho da situação, porque não existe personagem melhor para explicar toda reta final que não seja ele. Logo entenderão.

Agradeço desde já por darem uma chance do nosso xamã/medium problemático mostrar-lhes a versão dele de tudo.

Até!!



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