Jibbs Como Músicas escrita por Carol McGarrett


Capítulo 4
Baby - Cleanbandit feat Marina and Luis Fonsi


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo mesmo depois de quase dois meses.
Só para se situarem. Gibbs e Jenny foram juntos para a missão na Europa e, mesmo tendo se apaixonado um pelo outro, decidiram terminar tudo e viverem suas vidas. Até que eles se reencontram no casamento de Jenny.
Tenham uma ótima leitura!



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“Sé que te gusto a ti todavía
Tres, dos, uno”

 Às vezes eu paro e me pergunto se todas as escolhas que fiz na minha vida foram as corretas. Gosto de pensar que sim, que todas elas me trouxeram até onde estou agora.

Sou uma mulher realizada em todos os sentidos. Segui com a carreira que queria, fiz tudo o que queria, encontrei o amor, e, bem estou aqui, às portas de me casar.

Isso era tudo o que eu queria, não era?

Porém, há momentos em que uma simples troca de olhares me faz duvidar de tudo o que escolhi para mim.

E hoje é um desses momentos.

Estava eu no quarto que me fora reservado somente esperando o momento certo. Esperando ser chamada pela organizadora do casamento para que eu pudesse caminhar até o altar e encontrar com o meu futuro marido.

E, enquanto isso não acontece, sou obrigada a reviver cada uma de minhas escolhas. As boas, as ruins e aquelas com as quais eu terei que conviver pelo resto de minha vida.

Decidi por sair para a sacada e observar a decoração. Era uma bela noite de verão, com céu estrelado e uma temperatura agradável para se estar do lado de fora.

E, respirando o ar noturno, fechei meus olhos e tentei esvaziar minha mente. Contudo, querer não é poder e meus pensamentos voaram para uma outra vida, a vida de agente que eu levava. Abri um sorriso. Foram bons tempos, perigosos, é verdade, mas bons.

E pensar nestes bons momentos, me fez lembrar da única pessoa que eu tinha me proibido pensar.

Suspirei. Eu sabia que fazer isso traria uma carga emocional há muito esquecida, há muito enterrada.

Quando eu decidi seguir em frente, eu tinha me prometido a jamais pensar naqueles meses de trabalho e romance. Porque eu jurei que, para seguir em frente e me casar, eu tinha que aceitar que meu amor por Jethro era impossível. Que aquela paixão foi enterrada quando nossos caminhos se separaram.

No momento em que eu dissesse “sim, eu aceito!” na frente do padre, eu sabia que nunca mais poderia pensar naquele par de olhos azuis. Por mais que lá no fundo isso ainda me doa.

Ainda na varanda, pude ouvir a música que vinha dos fundos, o quarteto de cordas já se posicionara e agora, com uma leve melodia, recebia os convidados. Imaginei um momento mais à frente, depois de toda a cerimônia. O momento da valsa e, sem querer comecei a me balançar sozinha, no doce ritmo do violino.

Virei-me na direção do quarto, agora bem mais leve e até mesmo sorrindo, dando às costas para o belo jardim da casa que estava iluminado com todos os enfeites do iminente casamento e notei que não estava sozinha.

E, dentro daquele cômodo que era para estar vazio, justamente a pessoa que eu jurei que não me afetaria mais estava a me olhar.

Por um breve segundo eu vacilei em minha postura, e pude sentir meu coração se acelerar de forma violenta em meu peito.

Porque lá no fundo, eu ainda gostava dele. Até demais para uma mulher que estava prestes a se casar.

 

“Standing here in an empty room
I saw you there and my blood ran cold
Take me back to that long September
Don't know how I ever let you go”

Ele ainda não se movera, parado como uma estátua de cera, no meio do vazio, o único sinal de vida que eu podia ver a essa distância eram seus olhos que brilhavam enquanto observavam a minha figura e, quando ele me pegou olhando em sua direção, sua fachada estoica se quebrou e ele abriu um mínimo sorriso.

E, ao vê-lo ali, praticamente o mesmo de tantos anos atrás, eu congelei em meu lugar e minha mente vagou para aquela noite de setembro, naquele sótão em Marselha. E, uma parte de mim, que era mínima, mas conseguia ser muito barulhenta às vezes, me rebelou e quis que tudo aquilo fosse verdade novamente.

Impossível! – Respondeu meu lado racional.

Toda essa briga interna se passou por meros segundos em meu cérebro, enquanto nós nos encarávamos.

Sempre fomos bons em ler um ao outro. Talvez tenha sido isso que nos tornou uma das melhores duplas de agentes do NCIS. E, estranhamente, essa conexão inexplicável ainda existia.

Jethro deu um passo para frente e eu decidi que era hora de abandonar aquela sacada e voltar para a segurança do quarto, para que ninguém visse meu vestido antes da hora.

Nossos caminhos se cruzaram no meio do cômodo, e eu não pude deixar de me perguntar o porquê de ter deixado que ele se fosse tão facilmente.

Como eu fui burra!

“I was young, didn't know 'bout love
You were wild, couldn't get enough
Gave my heart to another lover
Don't know how I ever let you go”

Eu era muito nova e amor não era uma palavra que existia no meu dicionário, ou nos meus planos, até porque eu nem fazia ideia do que era amar de verdade.

Por outro lado, Jethro não era do tipo de homem que se prendia, tendo em vista seu histórico de casamentos e namoradas, eu me surpreendi que nós tenhamos durado tanto.

E, mesmo assim, nós nos encontramos novamente. Na mais inesperável das situações. No dia mais improvável.

— Olá, Jethro! – Forcei as palavras e o cumprimento.

Ele, sem tirar os olhos de mim, respondeu usando o apelido que só ele era permitido usar.

— Jen.

Um silêncio caiu sobre nós e a música que fluía do jardim ficou mais alta, assim como as vozes dos convidados. Apesar de estarmos ocultos na penumbra do quarto, virei meu rosto para a porta, talvez temendo que alguém aparecesse e nos pegasse ali.

— Você não mudou nada, Jen. – Ele chamou minha atenção novamente e virei-me na sua direção.

— Nem você. – Peguei-me falando.

Não sei quem deu o primeiro passo, mas quando notei estávamos frente a frente, nossos rostos quase colados. E ele, em um movimento rápido, enlaçou minha cintura e começou a me conduzir no ritmo da música que entrava pela janela.

Mais por instinto do que por querer, passei meus braços por trás de seu pescoço e me permiti dançar.

Ficamos perdidos um no olhar do outro, até que minha mente me lembrou que eu tinha dado o meu coração para outra pessoa. Eu não poderia fazer isso.

— Eu não deveria ter te deixado ir. – Murmurei em francês, sabendo que ele não entenderia as palavras.

E entre querer reviver, nem que por breves minutos o passado inesquecível, e o dever para com o presente, meu corpo e minha mente me fizeram ficar ali, nos braços de Jethro.

“Find me, in another place and time
If only, if only you were mine
But I'm already someone else's baby
Guess I had my last chance
And now this is our last dance
You fell through the cracks in my hands
Hard to say it's over
But I'm already someone else's (C'mon)”

Com a cabeça escorada em seu ombro minha mente voava para diferentes cenários, alguns impossíveis, outros de um futuro que nunca existiu. E, me pus a pensar que, se eu não tivesse tomado as decisões que tomei, será que iríamos nos encontrar novamente? Em que situação? Em que lugar?

Jethro me rodopiou, como fizera uma vez em um baile em Paris e, quando encontrei seu olhar, ele parecia pensar no mesmo que eu.

Se, naquele momento, ao menos ele me pertencesse...— sonhei acordada.

Mas eu tive a minha chance, não tive? E nós dois concordamos que não daríamos certo, pelo menos foi isso que dissemos um ao outro quando nos despedimos dentro do aeroporto na França.

E, em um momento que eu só posso definir como de fraqueza, porque declarações assim só saem da boca de Jethro nestes momentos, ele soltou:

— Ah, se você fosse minha, Jen. Mas agora você é de outro, não é?

Sem confiar na minha voz, apenas meneei a cabeça.

— Ele, ao menos, te trata como eu te tratei?

Não. Era a resposta correta que deveria dizer. Mas eu preferi dizer:

— Como você ninguém será, Jethro. Jamais. Mas a nossa chance já acabou.

— Então essa é a nossa última dança.

— Sim. A nossa última dança. Nosso último encontro.

E, com essas palavras eu acabei de selar duas coisas, nossos destinos e de quebrar a pequena parte do meu coração que ainda tinha a esperança de reviver a paixão daqueles dias.

E, no aperto que Jethro deu em minha mão, eu sabia que ele sentia o mesmo. Que ele sabia que eu dissera a verdade.

Era difícil de dizer isso, de sentir tudo isso, mas eu já era de outro alguém.

Outra pessoa me chamava de baby.

Baby, ahh
Baby, ahh
Baby, ahh
I'm already someone else's

 All caught up in the way we were
I feel your hands getting close to mine
Don't say the words that I love to hear
The beat goes on and I close my eyes”

Nossa dança continuou, mesmo que a música tinha parado, não sei se era o certo ou se era errado estar em um quarto vazio dançando com aquele que era a grande paixão da minha vida, quando eu estava a minutos de me casar. Contudo, eu me sentia bem ali, em seus braços.

Jethro também estava confortável com nossa dança e eu pude sentir o momento em que suas mãos deslizaram pelas minhas costas e me trouxeram para mais perto. Era quase um dejà vu. Eu já estive nessa situação antes, nessa mesma situação, a mesma prévia. E eu sabia o que ele iria falar agora.

— Por favor, não diga as palavras que eu amo escutar agora. Não faça isso conosco.

E, nem a minha súplica foi o suficiente para quebrar o encanto, quando ele, mais uma vez, me girou e me trouxe de volta aos seus braços.

— Apenas feche os olhos, Jen. E deixe comigo.

E como eu confiava cegamente em suas palavras, apenas encostei minha cabeça em seu ombro e fechei meus olhos, sentindo a batida de seu coração em meu ouvido e foi esse o som que nos embalou por muito tempo.

“I was young, didn't know 'bout love
You were wild, couldn't get enough
Let's leave things the way they were
You'll stay with me like a lullaby”

E cada batida de coração, a cada vez que girávamos pela sala escura, eu não conseguia parar de pensar no que poderíamos ter sido. Se eu não fosse tão jovem e ele tão indomável...

Mas, talvez tenha sido que tornou esse amor tão inesquecível, tão inigualável. Talvez termos deixado as coisas como ficaram, tenha sido o que tornou toda aquela aventura tão especial.

Especial ao ponto de que eu levaria Jethro comigo como se fosse a minha música preferida, minha cantiga de ninar para as noites de tempestade.

Nós terminamos tudo como amigos, como bons amigos. Era o certo, mesmo que nossas personas tenham sido modificadas para sempre. Mas a certeza que eu tinha era que eu o amaria por todo o sempre.

“Ey, sé que te gusto a ti todavía por mucho que digas
Además puedo ver en tus ojos
Que no sólo quieres quedar como amigos
Tienes mi corazón, eres mi obsesión
Soy tuyo pa' siempre”

Jen não me enganou na nossa despedida e não me enganava agora. Eu fiz questão de segui-la por essa noite e, de encontrá-la neste quarto só para poder ter a certeza de que nada havia mudado mesmo depois de anos. E, vendo-a hoje, cara a cara depois de quase seis anos, eu tive a certeza, que não importava o que ela dissesse, ela ainda gostava de mim.

No instante em que nossos olhares se cruzaram eu vi que ela queria que tivéssemos sido mais do que amigos.

Sei que terminamos tudo nos melhores termos, ela foi a única que conseguiu isso de mim e, por isso, era a mais especial delas. A única que efetivamente nunca esqueci e que acabou por se tornar a minha obsessão, aquela que teve o meu coração quando eu nem sabia que o tinha dado.

Não sei no que ela tanto pensava quando escondeu eu rosto de mim, todavia, tudo o que eu queria era que estivéssemos em outro lugar e em outro tempo. Para que não cometêssemos o mesmo erro.

“Guess I had my last chance
And now this is our last dance
You fell through the cracks in my hands
Tell myself be stronger
My heart's like a rubber band
And it's such a shame
You'll always be the one who got away
We both know that deep down you feel the same
Hard to say it's over
But I'm already someone else's (C'mon)”

Se essa era a minha última chance de poder ficar com Jethro, eu a aproveitaria até o final. Nosso último baile, nossa última dança. Sem querer apertei minha mão em seu pescoço, como que me garantindo que ele não escaparia dessa vez.

Mas isso era impossível, bastasse que a magia se quebrasse, que a luz se acendesse, que ele escaparia através de meus dedos e eu nunca mais o veria.

Algo dentro de mim se quebrou em mil pedaços quando constatei o futuro. Era estranho como essa parte mínima do meu coração que nunca o esqueceu pudesse ser tão dolorida. E, por mais que doesse e que continuasse a doer pelo resto da minha vida, eu precisava ser forte. Porque no fundo eu sabia, esse amor não estava destinado a ser.

Mais uma vez nós nos encaramos, creio que tentando guardar a feição do outro para a eternidade. Ou talvez, só quiséssemos que o tempo parasse no aqui e no agora.

— Eu... – Tentei falar e ele colocou um dedo na frente de meus lábios que já ostentavam o batom vermelho. O mesmo batom que ele sempre adorou.

— Não hoje, Jen.

Eu queria me desculpar por ter ido, por não ter insistido no que parecia ser certo. Mas, no final, eu seria para sempre aquela que foi embora. Ele sabia disso e mesmo assim... estava aqui.

No fundo, eu queria falar algo, fazer algo. Porque nós dois sentíamos o mesmo. Era o mesmo sentimento que fluía entre nós.

Só que Paixão não é amor.

Mesmo assim era difícil dizer que acabou. Que estava fadado a acabar.

“Baby, ahh (Eso no, eso no)
Baby, ahh (Mereces mejor)
Baby, ahh (Y a tu calor)
I'm already someone else's”

Eu podia ouvir alguém me chamando, chamando meu mais novo apelido. Alguém gritava Baby, era quase o momento de ir.

Jethro me apertou ainda mais contra si e murmurou em meu ouvido:

— Tudo menos isso.

E, quando mais uma vez me chamaram, eu me permiti sentir o calor da pele dele na minha por uma última vez. Ao abraçá-lo ainda mais apertado. Ao esconder meu rosto na curva de seu pescoço e sentir o cheiro que era tão ele. E, depois, dei à pequena parte estraçalhada de meu coração o último motivo para bater feliz, eu o beijei.

Beijei Jethro como nós nos beijamos em Paris.

E essa foi a despedida. Esse foi o beijo que selou a morte de nosso amor, da nossa paixão.

Eu já era de outro.

— Jethro eu...

— Jen... – Ele me encarou com aqueles lindos olhos e eu perdi o ar.

Wish I met you at another place and time
If only, if only you were mine
This love story ends for you and I
'Cause I'm already someone else's
Baby, ahh (Contigo otra vez)
Baby, ahh (Mereces mucho mejor, mucho mejor)
Baby, ahh (Lo que tienes con ella, no es amor)
I'm already someone else's

Baby, ahh (Cada noche más te extraño, cada día sin ti me hace daño)
Baby, ahh (Sabes que mereces mejor, lo que sientes por ella no es amor)
Baby, ahh (Por mucho que digas somos más que amigos)
I'm already someone else's (Y el tiempo se acaba en cuatro, tres, dos, uno)”

Ah, como eu queria que ele tivesse voltado em outras circunstâncias e não no dia do meu casamento.

Ele teve tanto tempo para reaparecer na minha vida!

Porque se assim o fosse, ele seria meu e só meu. E eu não o deixaria ir jamais. Mas não era esse o caso. Essa história de amor terminava aqui e agora, para minha infelicidade.

Se ele não tivesse demorado tanto, eu não seria de outro.

Jen se achegou em mim, me abraçando mais forte, e tudo o que eu quis dizer que ela merecia alguém melhor.

E eu sei que ela retrucaria com a seguinte pergunta: “Quem?”

Minha resposta: eu.

Porque desde o dia em que nós seguimos caminhos diferentes, por querer isso, eu sinto a sua falta, seja de dia ou de noite, eu sinto a falta de cada momento que vivemos.

E, no fundo, eu sei, o que ela sente pelo noivo não é amor, não o amor que ela sente por mim e que eu vejo em seus olhos nesse momento.

— Você sabe que sempre seremos mais do que amigos... – Falei ao seu ouvido.

Uma lágrima solitária desceu por sua bochecha, quase estragando a maquiagem que ela usava.

— Eu sei, Jethro. Sei que te levarei para sempre comigo. Até o fim. Mas... não estávamos destinados a ficarmos juntos.

— Eu te amo, Jen.

— Sabe que eu também te amo. – Ela colocou a mão em minha bochecha.

Dei um passo para trás e observei-a. Ela era a noiva mais bonita que eu já vira. E eu já vira muitas. E, infelizmente, essa não desceria o altar para me encontrar.

— Você é a noiva mais bonita que eu já vi, Jen.

— Vindo de você é um verdadeiro elogio, Jethro. – Ela riu e, para meu espanto, deu o passo que a trouxe para perto de mim e me deu um beijo, manchando minha boca de vermelho.

— O último, para você sempre se lembrar de mim e eu de você. – Ela sussurrou enquanto eu ouvia passos no corredor.

Nossos olhares se cruzaram pela última vez.

E a contagem regressiva do nosso fim começou: quatro, três, dois, um.

A porta foi aberta, Jen passou por mim, apertou minha mão. Virei-me para vê-la e ela me encarava, e sussurrado falou:

— Eu sempre vou te amar, mas sou de outro agora.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso. Espero que tenham gostado.
E, recomendo ouvir a música depois!
Muito obrigada a quem leu.
Até o próximo capítulo!
xoxo



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