Se Lily Evans era maluca por planejar tudo aquilo Rose não sabia, só sabia que enquanto seu coração palpitava Alice ria do seu lado no avião, vendo alguma coisa no celular.

Alvo e Scorpius estavam a sua esquerda, lógico que Alvo tinha se beneficiado da situação, Lily Evans achara conveniente enviar todos para a França já que Victoire estava prestes a dar à luz ao primeiro bebê daquela geração da família.

A casa era grande, dissera Teddy na ligação para os Weasley, coincidentemente eles estariam livres naquele fim de semana e Lily deu um jeito de enfiar todos eles no avião.

Claro que Alice queria impressionar Lily Evans então não recusou o convite da ruiva, levando James Sirius no bolo.

— Qualquer coisa me avisa – Disse James para uma Alice encolhida no banco, segurou na mão dela

O estomago de Rose embrulhou, era mesmo uma boa ideia?

— Vou dormir, não me perturbem – Alvo baixou sua máscara de dormir e se recostou.

Enquanto o avião decolava vários pensamentos passaram pela cabeça de Rose, graças a Deus Dominique estava ali próxima para a mandar mensagem de tempos em tempos conversando asneiras e a fazendo distrair.

“Como estão os pombinhos?”

“Dormindo, credo, Domi”

“Calma aí, senhorita desespero”

“Tem razão, oi, sou eu, Domi, o meu grande problema”

“Você precisa relaxar, estamos indo para a França!”

“Ver um Weasley nascer!”

“Isso, pense no barrigão da minha irmã agora”

“Ele suspira enquanto dorme”

“Rose, você precisa de uma coisa e não ta sabendo pedir”

“Dominique!”

Rose corou e escutou a risadinha da prima

“Estou brincando, na verdade você ta sabendo sim”

Rose olhou para o celular e segurou a risada constrangida.

Ela se levantou e foi ao banheiro, para checar se lavando o rosto fazia sua ansiedade parar, estava tão entretida que saindo do banheiro não o vira e esbarrou nele.

Era óbvio que ela ia reconhecer ele, pelo seu cheiro, pelo seu toque quente e macio.

Eles esbarraram de frente e ele segurou nos ombros dela, a afastando para olhar em seus olhos

— Você ta bem? – Ele perguntou a olhando de cima

— Estou sim, não poderia estar melhor – sussurrou o olhando fascinada

James arregalou os olhos e corou à medida que ela realizava o que tinha dito.

Se soltou do menino enquanto engolia em seco, ele pigarreou, o clima estranho se instalou no ar.

— Você ta bem mesmo, Rose? – Ele franziu o cenho e Rose sorriu vacilante.

— Estou, desculpa, não queria ter...

— Rose, ta tudo bem – Ele comprimiu os lábios claramente envergonhado

O que ela deveria fazer? Não sabia como reagir perante ele, já tinha ido muito longe dizendo aquelas coisas.

Engolia todo seu orgulho pensando que ele ia voltar pra sentar do lado de Alice e beijar a boca dela...

— James? – Ela se permitiu ser impulsiva e voltou a se aproximar dele

Ele não se mexeu

— Sim?

Os dois prenderam a respiração

— Você está muito cheiroso, você sempre é.

Ela soltou com o coração disparando, James arregalou os olhos mais uma vez

— Você ta me zoando, Rose? – Ele a encarou se sentindo contrariado

Estava acostumado a ela sempre estar o alfinetando

— Eu não quero mais brincar com você – Ela sussurrou novamente

Viu os pelos no braço do menino arrepiarem, aquilo era um sinal, ele pendeu a cabeça levemente para o lado, abrindo a boca para tentar argumentar, mas nada saia, ele suava, ela suava, os dois estavam nervosos e ansioso com a situação, até que alguém apareceu atrás dos dois querendo usar o banheiro.

Eles saíram do caminho completamente desconcertados e voltaram aos acentos sem trocar nenhuma palavra, ele voltou a sentar do lado de Alice, mas dessa vez não pegou em sua mão.

[...]

A casa de Victoire  e Teddy ficava de frente para uma orla enorme em Nice, na França, como uma casa vitoriana, como os dois moravam numa casa tão grande? Provavelmente herança dos Delacour.

Como Dominique era dramática, Rose pensou, reclamando sempre sobre morar em Londres e choramingar sobre suas condições, Dominique só podia estar brincando mesmo.

Enquanto ela se acomodava no quarto com as meninas Rose olhava de esguelha para Alice, tirando as roupas da mala.

Alice pareceu sentir seu olhar e parou o que estava fazendo para encarar a ruiva, que desviou o olhar corando imediatamente.

— Rose? – Alice perguntou sentando na cama e olhando para a menina

Somente o jeito com o que ela puxou o vestido por baixo das pernas ao sentar fazia Rose embrulhar o estomago, ela podia estar exagerando, mas seus ciúmes eram tão sem pé, nem cabeça que a constrangeu.

— Sim – Ela perguntou num fio de voz engolindo em seco

— Está tudo bem? Você parece que viu um fantasma – Ela disse erguendo as sobrancelhas

Eu vi sim, Alice, você assombrando minhas vontades, pensou Rose.

Ela quase balançou a cabeça para afastar o pensamento

— Está sim, Alice, e você está?

— Estou, obrigada por perguntar, só estava um pouco enjoada com a viagem – Ela disse sorrindo

Como Rose estava sendo boba, querendo transformar em um monstro uma garota tão gentil, será que estava fazendo o certo?

Ao olhar mais atentamente para Alice um lampejo de arrependimento se instalou em Rose, o que ela estava fazendo? Tirando algo assim da menina que não tinha nada a ver com os desejos frustrados de Rose, dos quais ela não conseguiu tratar e esquecer e tornou a virar uma avalanche.

Sua pequena bola de neve, desmanchava entre seus dedos enquanto ela realizava o que estava fazendo.

Você deveria pegar suas malas e voltar para Londres, Rose pensou, devia ligar para Hugo lhe buscar na estação de trem, dar uma desculpa para Lily Evans e de preferencia nunca mais aparecer na Toca, para nenhum almoço ou jantar.

— Rose?

Dominique quebrou o momento da garota estalando os dedos na frente dos seus olhos

— Acorda, Rose, eu sei que está cansada, mas temos que ajudar Victoire a fazer a janta, papai e mamãe foram resolver algumas coisas...

A loira falava pelos cotovelos.

Rose recobrou seus sentidos e olhou uma última vez para Alice, que estava na cama com as pernas cruzadas, as mãos apoiando um queixo, olhando para Rose com uma sobrancelha erguida, ela tinha um olhar divertido, Rose não teve tempo de analisar aquilo pois a prima lhe puxou escadas a baixo.

[...]

— É realmente muito difícil andar com essa barriga enorme pra cima e pra baixo...

— Por isso estamos instalando você aqui em baixo, querida – Disse Teddy depositando um beijo no topo da cabeça da esposa, que suspirou e se aconchegou no sofá.

Depois de se alimentar eles sentaram juntos na enorme sala para conversar com Victoire e Teddy, que não viam desde, provavelmente, o momento que Victoire disse que estava grávida e evitou viajar até Londres

— Sua barriga está linda, Vic – Disse Scorpius sorrindo

Ele estava sentado do lado de Alvo, com a perna sobre a dele, Rose pensou o quanto os dois estavam confortáveis ali, por que eles não podiam parar de esconder de uma vez para o resto da família? De qualquer forma ela não se intrometeria naquilo.

— E muito pesada – Victoire riu acariciando a barriga

Igual o papel de palhaça que eu to fazendo aqui, pensou Rose encostada no ombro de domingo

— Não consigo nem imaginar a sensação – Dominique sibilou

— Nem pense em imaginar por agora – Vic lhe lançou um olhar afiado e a irmã mostrou a língua

— Eu espero ter muitos filhos – Disse uma James entretido sentando espalhado no sofá, com o braço ao redor da namorada

Rose sentiu as palavras como uma chuva de agulhas finas em sua pele, claramente incomodada, ela se remexeu do lado de Dominique.

Dominique essa, que juntamente de Alvo e Scorpius olharam no mesmo instante para Rose.

Eles não sabiam nem disfarçar, pensou Rose.

Rose fez uma careta para que eles desviassem o olhar.

Eles desviaram desconfiados.

Alice percebeu a movimentação, porque enquanto James ficava perdido em seus pensamentos, Alice observava, ela sorriu de canto, como um sorriso sarcástico, aquilo fora o suficiente para fazer Rose contestar tudo que tinha pensado a umas horas atrás.

— Eu também quero ter muitos – Disse Rose por impulso, ela não estava blefando.

— Um monte de criança para sofrer nas suas mãos? – James soltou já rindo enquanto erguia os olhos para olhar para a prima

—  Como se você conseguisse cuidar de alguém, não consegue nem de si mesmo

— Olha quem fala

Os dois se encaravam agora com olhares afiados, Scorpius estava claramente prendendo a respiração apertando a mão de Alvo que olhava a cena pronto para soltar uma gargalhada.

— Se acalmem, crianças – Vic se pronunciou quebrando a tensão entre os dois.

Tudo que Rose sentia eram milhares de borboletas em seu estomago e uma sensação de adrenalina inabalável.

Até que Victoire se levantou com os olhos arregalados, puxou a barra do vestido olhando chocada para baixo.

Eles observaram o líquido escorrendo pelas pernas dela

— A bolsa estourou!