Jiban End escrita por Claen


Capítulo 5
Ocorrência ou trote?




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O telefone havia acabado de tocar na delegacia de Central City e o chefe Seichi Muramatsu foi quem atendeu a ligação.

— Central de polícia. – disse o policial, ficando em silêncio por alguns instantes, enquanto ajeitava os óculos, que insistiam em escorregar pelo nariz, e ouvia alguém falar do outro lado da linha. Sua cara não era das melhores e ele não parecia estar gostando muito do que ouvia. – Como é? Tem alguém no parque vestido de palhaço, atirando com uma arma de paintball nas pessoas? Isso é sério? Qual parque? Chidorigafuchi. Hum... hum. Tá, vou mandar um policial até aí, mas se eu descobrir que foi um trote, eu mesmo vou atrás de você! – finalizou, já irritado, batendo o telefone na cara do denunciante.

Seichi gostava de ser policial, mas paciência certamente não era uma de suas virtudes. Ele adorava prender os bandidos e se vangloriar em seguida (mesmo o mérito quase nunca sendo verdadeiramente dele), mas o que ele gostava mesmo de fazer, era de mandar nos outros. Sentia que tinha nascido para ser chefe. Dar ordens aos berros era sua especialidade, e curiosamente, as missões mais estranhas, como por exemplo, descobrir por que todos os relógios do país estavam descontrolados e marcando horários malucos (episódio 40), eram sempre delegadas a uma pessoa em especial: Naoto Tamura.

Para não perder o costume, daquela vez não seria diferente, e antes mesmo de colocar o fone no gancho, ele já tinha decidido quem ele mandaria atender à ocorrência bizarra no parque.

— Naoto! – gritou ele pelo policial, que estava sentado a menos de dois metros dele.

— Sim, chefe! – respondeu o rapaz prontamente, se levantado da cadeira num salto.

— Você ouviu, não é? – indagou Seichi, já sabendo da resposta.

— Ouvi, sim. Será que é verdade? – respondeu o membro mais novo da equipe, mas finalizando com outra pergunta.

— Não sei, mas é isso que você vai descobrir quando chegar lá. Vamos, mexa-se! – já apressou Seichi, mal esperando que seu subordinado absorvesse a ordem.

Não somente Naoto, mas sua parceira veterana, Yoko Katagiri, também largou imediatamente o que estava fazendo para poder acompanhar o colega na missão recém recebida, mas a moça logo foi impedida de prosseguir pelo chefe.

— Você fica, Yoko. Acho que o Naoto consegue dar conta sozinho de um maluco engraçadinho. Não é mesmo, Naoto?

— Sem problema, chefe. Pode deixar comigo! – respondeu o policial, animadamente.

— Tem certeza, Naoto? – perguntou a moça, incomodada por não ir junto. Aquele até poderia ser um caso bobo e com uma grande possibilidade de se tratar apenas de um trote, mas ela era sua parceira e sentia que deveria estar sempre ao seu lado, não importando qual o grau de dificuldade da missão.

— Tenho certeza sim. Fica tranquila, chefe. Se houver algum problema, eu aviso e peço reforços. – confirmou o rapaz, com sinceridade em suas falas.

— Então está certo. – concordou ela, sem muita aprovação.

Assim que falou isso, o jovem policial se despediu dos colegas com uma reverência respeitosa e saiu apressado para atender a ocorrência, deixando a parceira para trás, nada satisfeita.

— Por que fez isso, Seichi? – perguntou a policial assim que Naoto saiu, irritada com a atitude quase infantil de seu superior.

— Fiz o quê? – perguntou o chefe, se fazendo de desentendido, mas sabendo muito bem o que ela queria dizer. De fato, ele não tinha nada contra Naoto, que apesar de ser um pouco atrapalhado, era um bom policial, contudo, não podia negar que sentia uma pontinha de ciúme ao vê-lo junto de sua adorada Yoko para cima e para baixo o dia inteiro. Seu amor platônico pela bela policial linha dura, que nunca havia lhe dado esperanças ou levado suas cantadas ruins a sério (assim como nenhuma outra mulher), fazia com que ele, às vezes, descontasse sua frustração no rapaz, mesmo sabendo não haver nada entre eles.

— Como assim, o quê? – retrucou a moça, agora ainda mais irritada. – Não me deixou ir com ele!

— Ah... isso? Relaxa, Yoko. – disse Seichi despreocupadamente. – Até onde eu sei, vocês não nasceram grudados. E além do mais, a gente precisa deixar o rapaz abrir as asas e voar de vez em quando, para ganhar experiência. Ou você está preocupada achando que ele não vai dar conta? Se for isso...

— Não... não é isso. Mas é que nós somos parceiros e é para isso que os parceiros servem, para ajudar um ao outro.

— Não leve tão a sério. Ele já está bem grandinho e eu garanto que ele consegue se virar sozinho.

A moça decidiu não retrucar mais com o chefe teimoso e se deu por vencida, mesmo que a contragosto. Uma discussão com Seichi, certamente não levaria a nada, então ela deixou o assunto temporariamente de lado e voltou ao trabalho, porque tinha que finalizar e entregar um relatório muito importante ainda naquela manhã e agora estava sem o parceiro para ajudá-la.


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