O Bando Vizinho escrita por Adnoka


Capítulo 3
ΑΩβ. 02 — Apenas aceite.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, vamos tentar entender um pouco mais da Jin-ah.

Boa leitura meus amores, nos vemos nas notas finais.



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No dia seguinte a Jin-ah esperou dar dez da manhã para começar a montar seus móveis, teria muito trabalho pela frente, mas mesmo assim esperaria um horário mais confortável para começar a fazer barulho.

Acontece que apesar de toda sua vontade de fazer o melhor trabalho possível ela tinha consciência de que era um desastre com trabalhos manuais deste tipo, mas se queria mesmo poder se virar sozinha fazer aquilo seria necessário e ela estava mais que disposta a se sair bem.

— Certo Jin-ah, mãos à obra!

Ela fala para si mesma já com algumas ferramentas em mãos quando ouve as costumeiras batidas em sua porta.

— Mas quem será agora?

Ela coloca as ferramentas no chão e encara as prateleiras.

— Eu já volto, vocês não vão escapar de mim.

...

— Ah, oi! — ela levou um leve susto quando abriu a porta e viu três pessoas ali. — Bom dia! — Ela sorri meio tímida o que os três julgam ser a imagem mais perfeita que poderiam ver naquela manhã.

— Bom dia, eu sou o Minho, alfa líder do bando Lee, o bando do Binnie e do Innie que você já conheceu ontem.

Ela estava sem ação todos os três parados ali eram lindos de morrer em sua opinião, e os cheiros deles? O Alfa que falava com ela cheirava simplesmente a café que era um dos cheiros que ela mais amava nessa vida, ela nunca tinha encontrado ninguém com esse cheiro antes e pelos deuses ela estava completamente perdida no cheiro dele.

— Ah sim, muito prazer Alfa, me chamo Jin-ah.

Eles apertam as mãos e ali o Minho sente algo a mais e digamos que era algo muito forte mesmo, ela também sente, mas assim como fez antes com o Binnie e até o Innie ela simplesmente ignora aquele sentimento.

— Muito prazer Jin-ah, esse aqui é o Channie.

O citado estende a mão para ela que a pega sem hesitar apesar de sua única vontade ser a de querer sair correndo dali pois o cheiro de livro novo e baunilha que vinha daquele beta era total perdição para si e ela sabia que facilmente se perderia nele se ele a deixasse senti-lo de pertinho.

— Muito prazer beta. — Ela fala em um sorriso acanhado que o que a cumprimenta confessa intimamente ter adorado.

— O prazer é mesmo todo meu.

O alfa sorri com a cena, os dois estavam completamente perdidos um no outro em seu primeiro contato e isso era muito interessante de se ver.

— E esse aqui é o Hannie.

O outro beta se aproximou da ômega e beijou sua mão, o que a fez lembrar do beta da noite anterior e ela quis chorar, todos eles eram tão perfeitamente perfeitos e o jeito que eles à estavam tratando era injusto demais consigo, pois ela só queria não estar sentindo nada daquilo.

— Muito prazer coração.

Coração? O que? Ela gritava internamente, esse beta tinha mais um de seus cheiros favoritos na vida, chuva, aquele cheiro maravilhoso quando a água encontra a terra seca a molhando em um encontro perfeito e também melancia, uma combinação que por mais inusitada que pareça era incrivelmente deliciosa para ela, pois a levava a lembranças de sua infância quando ela em dias de chuva comia melancias doces no quintal daquela mesma casa com seu pai cantando alto ao fundo e sua mãe sorrindo bobo para eles.

E igual sentiu com os demais uma forte conexão acontecera ali, seu lobo estava eufórico dentro de si, ela o sentia pedir por eles, sentia seu lobo desejar ardentemente pertencer a eles e aquilo definitivamente a deixou apavorada.

O contrario também aconteceu com os três em sua frente, o lobo do alfa já gritando dentro dele “ela é nossa”, repetidas vezes e também “precisamos protegê-la”, como se ele soubesse de algo que o próprio alfa não sabe e os lobos dos betas estavam de igual forma; onde o do Chan gritava para si “eu quero ela, ela é nossa, quero o cheiro dela, abrace ela” e o do Han “ela é nossa companheira, precisamos protegê-la, ela está com medo”.

— O prazer é meu. — Ela fala tão baixo que eles mal ouvem, mas o cheiro dela se intensifica e seu lobo chora e uiva baixinho dentro dela não entendendo bem o que está acontecendo, mas sabendo que assim como aos outros dois também pertencia a esses três em sua frente, era confuso e doloroso demais para si, e a intensidade de seus cheiros os enlouquece e então todos os quatro ali se forçam a voltar a realidade. — Bom, em que posso ajudá-los vizinhos?

— Nós que viemos ajudar você! E conhecê-la também obviamente.

Ela ficou sem ação.

— Me ajudar?

— Sim, a montar os seus móveis.

— Isso mesmo e o Channie aqui é muito bom com isso acredite, eu nem tanto, mas consigo ajudá-lo muito bem e o Minho também tem seus dons. — O Han fala todo empolgado.

— Eu agradeço a disposição de vocês... — ela ia negar a ajuda, mas foi prontamente interrompida pelo alfa.

— Por favor não venha com um “mas” Jin-ah, viemos ajudá-la e vamos fazer isso então por favor apenas aceite.

Ela não sabia o que fazer, não queria parecer rude os dispensando, mas também não queria ajuda pois na sua cabeça ela precisava passar por isso como quem passa por um luto, sozinha, até por que era meio que um luto passar por um divórcio, perder tudo, ser rejeitada de tantas formas e não ter ninguém ao seu lado; ela passou tempo demais tentando ser forte e não tinha se permitido ainda sentir o que precisava sentir mas estava ali para isso, mas com eles sendo tão solícitos consigo ela temeu não conseguir.

Eles não sabiam de seus atuais pensamentos, mas o cheiro dela começou a oscilar o que a entregou e o Han voltou a intervir.

— Coração, se acalme sim?

— Ãnh, oi?

— Seu cheiro.

— Ah me desculpem, — ela parou um instante como quem fazia uma anotação mental. — Entrem por favor.

Ela acabou se rendendo, pois o guarda roupas dela era de fato enorme e ela sabia que insistir nele seria burrice sua ainda mais que bem ali estavam três pessoas completamente dispostas a ajudá-la.

— A casa está tão diferente, está mais bonita na verdade.

— Obrigada beta, eu acho.

— Ah me chame de Chan, Channie, Bang Chan, só Bang, Chris, como preferir por favor, mas não precisa me tratar de forma formal eu te imploro.

Aquele beta era uma intensa mistura de fofo e atraente e ela desviou o olhar com medo de o estar encarando demais.

— Certo Bang Chan, me desculpe.

— Não se desculpe com a gente por favor meu bem. — O alfa a assustou colocando uma de suas mãos no ombro dela e o pulinho que ela deu fez os três sorrirem pequeno.

— Ela é tão fofa. — O beta sussurra para os outros dois.

— Pensei o mesmo Hannie, — o alfa sussurra de volta — bom por onde começamos? Precisamos começar pois já vi que teremos muito a fazer.

— Eu ouvi vocês, sabe? E não, eu não sou nada fofa... — Ela fala mais séria do que queria parecer, aquilo tudo a estava enlouquecendo. — Bom, podem vir comigo para meu quarto? — Ela falou aquilo e os três a olharam firme, não haviam intensões a mais ali, mas houve uma tensão que pôde ser sentida pelos quatro. — É que meu guarda roupas...

Os cheiros se intensificaram, mas os rapazes ali logo se controlaram para não a assustar.

— Sinto muito, — Ela disse abaixando a cabeça, pois ela sabia que eles apenas estavam reagindo ao cheiro dela. — Se não se importam, sabem me dizer onde tem uma farmácia?

— Você está bem?

— Sim alfa, mas preciso mesmo saber.

Eles acharam estranho, mas o Han acabou falando onde teria uma e era bem perto da casa deles.

...

— Esse é o quarto, e aquele é o guarda roupas.

— Grande mesmo.

— É, não é? — Ela sorria — Bom posso deixar vocês aqui um pouco? Preciso mesmo ir à farmácia.

— Tudo bem, Hannie, vá com ela sim?

— Vou sim amor.

— Não por favor, não se preocupem comigo eu vou e volto rapidinho prometo.

Ela saiu correndo do quarto e o Han acabou ficando.

— Por que será que ela precisa tanto ir na farmácia?

— Tenho uma suspeita Channie, mas vou esperar para ter certeza, vamos começar?

— Vamos.

...

Ela realmente não demorou muito e assim que chegou ficou surpresa pois eles estavam na cozinha já montando o armário ali.

— Vocês já montaram o guarda roupas? Eu demorei tanto assim?

— Não demorou nada, é como disse; o Channie é realmente muito bom com essas coisas afinal é o seu trabalho.

— Ah é?

— Sim ele é dono da marcenaria, faz e monta móveis muito luxuosos, trabalho manual é um dom que ele tem.

— E eu estou abusando de sua boa vontade fazendo ele fazer isso de graça?

— Ah não por favor, nós nos oferecemos, nem vem querer nos pagar hein.

Ela ruboriza novamente, parece que esse é seu estado normal ultimamente.

— Tudo bem, está bem...

— Vai lá ver como ficou o seu quarto.

Ela acenou positivamente, deixou a sacola que trazia em cima da mesa e foi lá olhar.

...

— Como eu pensei, — o Minho olhou a sacola por cima e viu o que ela tinha ido buscar. — Inibidores de cheiro.

— O que? Não!

— É meu esquilinho, ela acredita que será um problema para nós.

— Mas Lino, amor, ela não é um problema.

— Eu sei Channie, eu sei, vamos falar com ela depois.

Ela desceu as escadas encantada, até as prateleiras do quarto que ela separou para ser seu “lugar de conforto” eles tinham colocado, todas nos lugares que ela já tinha demarcado, ela estava realmente feliz.

— Vocês são incríveis! — Eles a olharam sorrindo por sua empolgação — Não sério, está tudo perfeito lá em cima, obrigada rapazes.

— Não precisa agradecer meu bem, mas ficamos felizes por estar feliz.

Ela tenta controlar seu cheiro, e lembra de tomar o remédio que comprou, mas quando vai em direção da sacola os três se colocam na frente dela.

— Posso perguntar o que vai fazer?

— Vou tomar meu remédio.

— Remédio? Está doente?

— Não beta, estou bem já disse — Ela sorri para o Han — Mas preciso desse remédio.

— Me chame de Hannie, ou de Han está bem? Não precisa se referir a nós por status e você não precisa tomar nada.

— Tudo bem Han, mas nisso eu vou precisar descordar de você.

Ela os encara, aparentemente eles não sairão da sua frente.

— Por que quer usar inibidores?

Ela arregala os olhos para o alfa.

— Você mexeu na minha sacola alfa? — Ela estava indignada.

— Não minha querida, mas já trabalhei em farmácia e conheço bem uma caixa de inibidores de cheiro, deu para ver através da transparência da sacola.

Ela respirou fundo, o que poderia dizer?

— Olha eu sei que meu cheiro incomoda vocês, sei o quão forte ele é e eu não quero causar nenhum problema aqui — Ela os encara mais uma vez — Eu vim para cá para me isolar, mas parece que chamei a atenção de vocês e eu sinto muito por isso, vou tomar meus inibidores e prometo que vocês mal me verão andando por aí.

Os três se olharam incrédulos, aquela ômega linda e perfeita estava acreditando que os incomodou? Que seria um fardo ou algo assim? Um tremendo absurdo na opinião dos três parados em sua frente.

— Você não vai tomar inibidor nenhum fofinha, eu não vou deixar.

Os três ali olharam para o Chan ele já estava a apelidando, e para os dois de seu bando aquilo era um forte sinal dado ao fato de que aquele beta era com certeza o mais reservado do bando.

— Mas, meu senhor, por que vocês são assim? — Ela parecia querer chorar, mas respirou fundo. — Por que não posso tomar Bang Chan?

— Porque eu quero te sentir para sempre.

Ela estava boquiaberta, aquilo era inacreditável.

— Alfa você não vai falar nada?

Eles só podiam estar loucos e ela estava em pânico, ninguém se interessava nela, ela era feia, e repulsiva, inclusive seu cheiro sempre foi causador de falatório; diziam ser “muito enjoativo” para os demais; pelo menos foi nisso que seu ex marido com quem tinha um relacionamento extremamente abusivo da parte dele para com ela a fez acreditar por anos e aquilo estava enraizado muito profundamente em si, fazendo com que nada nem ninguém conseguisse mudar esse seu pensamento sobre si mesma e sempre que alguém a elogiava ou coisa do tipo sua ação imediata era recusar, fugir, ou negar e agora que estava tentando recomeçar sua vida aquilo estava acontecendo com ela e isso a deixou em desespero e o medo a tomou.

— Não eu não vou, e me chame de Minho. — Ele acabou usando a sua voz de lobo o que arrepiou os três ali.

O lobo dele gritava em sua mente “ela é nossa” “nossa ômega” “nossa companheira” “ela está triste, faça alguma coisa” e ele realmente percebeu sua tristeza, mas também não queria a pressionar, então ele se acalmou ignorando seu lobo por hora e voltou a falar.

— Olha Jin-ah eu te peço por favor que não tome o inibidor por nossa causa, seu cheiro é delicioso sim acredite em mim, nós o adoramos e inibidores fazem mal demais e não queremos isso para você, então por favor, me deixe levar essa caixa e pegar seu reembolso, eu volto já, enquanto isso fique com eles e relaxe sim?

Ela estava ainda sem ação pela voz de lobo usada anteriormente pelo alfa.

— Está bem Minho. — Seu lobo estava em conflito dentro de si, mas seguiria qualquer coisa que o Minho dissesse pois ele o reconheceu como companheiro também, só estava machucado demais para aceitar aquilo de cara.

— Eu já volto, meninos terminem tudo e vão para casa eu os vejo lá depois.

Ele se vira pega a sacola da mesa e sai dali.

— Fofinha, por favor nos desculpe por isso, mas você entende que você é perfeita e não tem nada que se esconder?

— Eu já disse que não sou fofa Bang Chan.

— Coração? — O outro beta que estava quieto até agora se pronunciou, ele analisava tudo e só pensava que queria muito ela para si, mas ia com calma pois era nítido que ela tinha seus traumas. — Por favor se acalme sim? Nós só vamos terminar aqui e já vamos está bem?

— Certo, vou ajudar vocês.

...

Eles terminaram e o clima entre eles melhorou na medida do possível, e então com tudo feito eles se despediram dela se desculpando novamente, de fato teve um momento de tensão entre eles, mas ela nem de longe os odiou ou algo do tipo e ao se despedir deles ela fez questão de que soubessem.

— Me desculpem se fui rude com vocês, eu só não estou acostumada com nada disso e vocês... — Ela olhou para os dois ali — Bem, vocês se empolgaram e eu me assustei, só isso, mas não se preocupem eu não vou mais incomodá-los.

— Acredite em mim fofinha, você nunca vai ser um incomodo para mim.

— Faço as palavras do Channie as minhas coração, mas por hora vamos deixá-la em paz.

Por hora... as palavras do beta ficaram ecoando na mente dela, aparentemente eles não vão desistir de se aproximar de si e esse pensamento a deixou perdida.

— Muito obrigada por hoje, de verdade vizinhos, vocês me ajudaram e muito.

— Não nos agradeça fofinha, foi um grande prazer poder te ajudar; até breve. — Ele a abraça em um impulso e faz um breve carinho em seus cabelos.

— Até mais coração. — Esse por sua vez deixa um selar em sua bochecha e ela jurou querer chorar bem ali.

— Até meninos.

...

Ela estava limpando as coisas e organizava tudo do seu jeitinho quando bateram em sua porta.

...

— Minho, oi.

— Oi meu bem, eu posso entrar?

— Claro, por favor entre.

Ela deu espaço para que ele passasse e fechou a porta em seguida.

— Sente-se, fique à vontade Minho. — O nome dele saía mais baixinho de sua boca, ela estava bem nervosa com a presença dele e ele podia sentir.

— Quero te fazer uma pergunta, mas antes — Ele tira o dinheiro do reembolso que pegou para ela e a entrega e junto com o dinheiro uma barra de chocolate que estava em uma sacola.

— Não precisava do chocolate.

— Não mesmo? Então me dê aqui. — Ele pega a barra de volta e a abre dividindo-a no meio e dando a outra metade para ela que sorriu com aquilo.

— O que você quer saber Minho?

— Sua história.

Ela piscou algumas vezes sem saber o que falar.

— Como assim?

— Você está aqui para se esconder de algo, fugir ou coisa assim, está nitidamente muito magoada e eu quero entender você, então mesmo sendo nosso primeiro contato por favor, desabafe comigo.

— Todos nos seu bando são assim? — Ele a olha sem entender — Impulsivos?

— Talvez, você ainda não conheceu três de nós, mas vai e talvez o Felix te peça em casamento na hora na verdade muito me espanta o Innie não ter feito isso. — Eles sorriram por um instante com o absurdo daquilo, mas ele sabia que provavelmente isso aconteceria, o Felix era mesmo assim sendo talvez o mais impulsivo e empolgado do bando, já ela sentia que poderia confiar nesse alfa em sua frente, mas ao mesmo tempo ela tinha medo de expor suas feridas para alguém que acabara de conhecer. — Eu sei que posso estar te pedindo demais, mas eu quero e preciso te entender.

Ele segurou em uma de suas mãos e ela respirou fundo.

— Tudo bem Minho, eu vou te contar por que vim morar aqui. — Ela respira fundo e então começa a falar.

...

Narração da Jin-ah:

Minho, a três anos eu me divorciei, estava casada a sete anos mas me relacionava com meu ex a quase quatorze anos e um belo dia ele me mandou uma mensagem no celular me dizendo que não queria mais continuar casado comigo, eu apenas li tudo o que ele escreveu e aceitei, pois no fundo eu já imaginava que aquilo estava vindo; na verdade assim que me casei com ele notei que algo não estava certo, pois já na lua de mel ele me rejeitou, entenda, eu me vi em plena lua de mel implorando por carinho e atenção, intimidade então mal existiu e dali para frente por sete anos eu me afundei em depressão e ele sempre que questionado me dizia que eu era louca, que ele me amava sim, ai melhorava por uns três dias e depois voltava tudo.

Fisicamente ele nunca me agrediu, mas se eu tentava o beijar ele recuava e fazia cara de nojo para mim, um abraço? Era um milagre quando acontecia, ele falava muito mal do meu cheiro; dizia que nunca ninguém gostaria dele, enfim nem um amigo me trataria do jeito que ele fazia comigo e aquilo ferrou tanto minha cabeça que eu apenas me deixei afundar, eu trabalhava, mas acabei saindo do emprego e abrindo uma loja com ele e quanto o casamento acabou meu sustento também foi embora, pois o ramo da loja era muito especifico e eu sozinha não daria conta daquilo, então vendemos tudo na conversa de que ele me daria minha parte do dinheiro porém isso não aconteceu e ele acabou ficando com tudo para ele e eu sem forças por estar completamente quebrada por dentro acabei deixando tudo para lá e o que sobrou de tudo aquilo foi a imagem que ele plantou em minha mente que ninguém nunca se interessaria em mim, pois eu era repulsiva demais.

Depois de um tempo que ele foi embora ele voltou me pedindo ajuda para que eu convencesse minha melhor amiga de ficar com ele pois ele a amava mas de acordo com ele por minha causa ela o rejeitou e por isso eu teria ao obrigação de ajudá-lo a ficar com ela, eu fui pega de surpresa mas jamais perderia uma amizade por causa dele ou de alfa algum e mesmo ele me mostrando os "nudes" e as mensagens que eles trocaram quando ainda estávamos juntos eu não a odiei, apenas liguei para ela e disse que se ela gostasse dele que ficasse com ele, mas ela não quis, e meses depois ele apareceu novamente, mas desta vez foi para me contar que tinha ido a igreja e que Deus deu a ele uma ômega perfeita, e que ele a amava, mas que para ficar com ela ele teria que ser honesto comigo e por isso tinha ido até mim, para me dizer que nunca, em momento algum dos treze anos que passou ao meu lado ele foi sequer capaz de gostar de mim, ele me disse chorando “eu nunca te amei, me perdoe” e meses depois disso ele engravidou essa outra mulher e o filhote que tiveram levou o nome que eu disse por treze anos a ele que era o meu sonho de colocar em um filhote nosso; pois aquele nome especificamente era o nome da minha vó por parte de pai e eu sonhava em poder homenageá-lo daquela forma...

...

O Minho seguia a ouvindo não queria a interromper, mas dentro de si ele sentia uma enorme vontade de abraçá-la.

...

Acontece Minho, que ninguém ser capaz de me amar já não era novidade para mim, pois apesar de eu ter ótimas lembranças com meus pais, quando tinha seis anos de idade minha mãe me chamou para uma conversa séria onde ela me disse que não me amava e jamais amaria pois eu era a cara do meu pai e ela na verdade amava outra pessoa que não era ele e o fato de eu ser a cara dele não deixaria que ela me amasse, antes de mim ela contou que engravidou desse outro homem mas perdeu a criança no parto pois teve pré-eclâmpsia, enfim minha mãe e eu tínhamos um relacionamento extremamente difícil, eu a amava e no fundo acho que ela também me amou, mas ela sempre me tratou muito mal e dizia que eu nunca seria amada por ninguém, e no fim se olhar bem para tudo que eu vivi eu acho que ela acertou.

E com minhas amizades durante a vida? Mesma coisa, uma vez minha melhor amiga na época da escola disse que só andava comigo por eu ser feia e isso apenas realçava a beleza dela e que fora isso eu não prestava para nada, e durante todos os ciclos de amizade que tive eu acabava sendo humilhada e maltratada.

E não importa o que acontecesse em minha vida eu sempre acabava triste, humilhada e sozinha.

...

Teve mais coisas que ela contou para ele com mais detalhes e ele apenas ouviu tudo aquilo sentindo sua profunda dor e entendendo bem ali o porquê de todo o receio dela para com eles.

...

— Sabe Minho, no meu caso não foi só o fato de tanto ouvir que nunca ninguém me amaria que acabei acreditando, pois comigo sempre foi assim, a vida vai me esfregando essa realidade na cara sempre que pode, acontece que eu não quero mais, eu não vou mais passar por nada assim simplesmente não consigo sabe? Então se não posso ser amada, não serei! Se tenho que ficar sozinha, então eu ficarei e foi por isso que voltei, quero refazer minha vida do jeito que a própria vida deseja para mim, sozinha e quem sabe enfim ter um pouco de paz no meu coração.

Ele engoliu seco, e seu pensamento era “quanta dor e solidão alguém consegue aguentar?” E “quem seria monstro a ponto de falar mal de um cheiro tão maravilhoso quanto o dela? Ou de sua beleza?”

O lobo dentro dele estava irado e ele mesmo se controlou para não demonstrar seu ódio por aqueles que a fizeram sofrer.

Era muito para suportar e ele novamente quis abraçá-la, mas se conteve, afinal ela só contou tudo aquilo para ele com o intuito de que ele e seu bando a deixasse em paz e ele sabia disso, mas ele não podia deixá-la, não, ele nunca mais a deixaria só e estava decidido.

— Jin-ah minha querida, obrigada por compartilhar sua história comigo, sei que deve ter sido ruim tocar na sua ferida assim e ainda mais para um completo estranho, mas eu garanto a você que não foi em vão.

Ele se levantou e ela apenas o acompanhou até a porta, havia passado um bom tempo ali falando com ele e ela sentiu que talvez apenas o incomodou demais por horas.

— Amanhã vou pedir para o Hyunjin vim te ver, por favor receba ele e o conheça sim?

Ela estava confusa, mesmo depois de tudo que ele ouviu dela ele ainda mandaria os membros de seu bando para sua casa?

— Minho, você está falando sério?

— Sim, e muito, preciso que todos os membros do meu bando a conheçam e ainda faltam três deles, preciso tirar uma última dúvida e isso só será possível quando todos a conhecer.

Ela não entendeu nada, mas como precisava ficar sozinha logo ela acabou concordando com ele.

— Está bem então, agradeço a ajuda de hoje e sinto muito se magoei você, o Han ou o Bang Chan, essa não era minha intenção eu juro.

— Não se desculpe minha querida, e mais uma vez obrigada por se abrir comigo. — Ele segura uma de suas mãos e a beija enquanto intencionalmente ele libera mais de seu cheiro para confortá-la o que no fundo ela agradece imensamente pois aquilo realmente a confortou um pouco. — Fique bem querida, até breve.

Quando ele se virou e foi em direção a sua casa seu lobo uivava de tristeza em sua mente.

— Eu sei, ela ainda sofre muito, mas se acalme, nós vamos cuidar dela.

ΑΩβ


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Notas finais do capítulo

Lembrando que tudo que trago aqui é a forma mais simples possível desse universo complexo, e os termos que estou usando é como eu quis tratá-los na FIC, então se houverem dúvidas por favor me perguntem. =)

Inibidores de cheiro: Meio que exatamente o que o nome quer dizer, mas tomado como se fossem os anticoncepcionais, e tem sua função esconder completamente o cheiro seja de qual status seja dos demais o que automaticamente tira quem o toma do radar dos lobos. Também tem em forma de adesivos mas estes são sofisticados e por isso mais caros.

Lobo interior: A voz que fala dentro deles, seu eu interior dentro dos instintos dos lobos, eles expressam suas vontades, se manifestam e conversas com seus donos, isso não ocorre o tempo todo, mas em situações que atingem seus instintos mais primitivos isso irá acontecer.

Voz de lobo: Voz de autoridade, usada apenas pelos alfas. Quando usada, ômegas e betas acabam se submetendo. (mas os alfas do bando Lee sí usarão em casos específicos ou extremos).

Lugar de conforto: Um lugar separado para que eles passem por seus períodos/ciclos (serão explicados quando ocorrerem na FIC) pois eles precisam estar em um lugar preparado e que tenha tudo que eles precisam para passar por isso. Geralmente arrumados por eles mesmo tendo suas características de acordo com as necessidades do status em questão, sendo apenas os Alfas que escolhem se querem ou não seus cantos de conforto por “não precisar” exatamente (podendo ter exceções) mas os ômegas e betas precisam ter.

Filhotes: Nada literal, apenas a forma carinhosa que tratam seus filhos e filhas, falam assim mais por uma tradição antiga da linguagem.

Acho que para esse cap. é isso amores.

Espero que tenham curtido, mesmo sabendo que a história da Jin-ah pode ter sido demais para vocês, acreditem em mim teve um motivo para isso.

E sim, ela já se abriu com o Minho pois apesar de todo seu trauma ela de verdade não vê problema em falar sobre sua história, muito pelo contrário ali ela se sentiu grata por poder desabafar.

Fiquem bem e se cuidem, ainda não tenho um dia para trazer cap. mas tentarei trazer com mais frequência.

Bebam bastante água, e depositem em vocês mesmo todo o carinho possível, pois é onde mais vale a pena fazer esse depósito, quando você se ama primeiro amar os outros fica mais fácil.

Beijoka da Adnoka



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