Um segredo obscuro - Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 11
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, cometi o erro de não postar aqui o capítulo 7, vou ter que ajustar tudo. Mas, vocês podem ler direto no Spirit



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Hermione tivera grandes problemas para tomar seu banho, com alguém a ajudando. Infelizmente, fora assim no hospital e seria assim naquele lugar. Bom, pensou como faria isso sozinha, com a perna engessada, em uma pensão. Não, não seria nada prático. Contudo, não conseguia se sentir agradecida por Malfoy. Todas as lembranças ruins que compartilhou com ele, na adolescência vieram à tona. Ele realmente era um valentão e covarde. Não era justo tudo que fizera e sair impune sempre, a cada ataque que fazia contra seus amigos, a cada vez que a apelidava de nomes ofensivos. A cada instante que precisou suportar a presença de Parkinson, pregando peças nela e ele nunca jamais interferira. Na verdade, ele era o garoto que liderava aquele grupo de delinquentes mimados e ricos.

Saiu do banho, com a ajuda de Mary, uma jovem que trabalhava para os Malfoy. Ela era silenciosa e discreta. O que não confortava Hermione. Ela não gostava do olhar passivo da jovem, muito menos da sua aparência esguia e pálida. Muito menos, do uniforme sóbrio que usava. Roupas de uma doméstica, mas de classe alta.

— A senhorita se sente bem? - Mary perguntou, ajudando Hermione a se sentar na cama.

Ela estava enrolada na tolha. Os cabelos úmidos caiam sobre seus ombros. Queria ficar só, apenas precisava de um tempo para processar tudo.

— Sim. Obrigada Mary. Eu me ajeitarei sozinha, agora - a dispensou, tentando ser gentil, mas sabia que talvez, pudesse ter sido rude.

— Deixe-me ao menos pegar suas roupas, senhorita - Mary pediu, solicita.

Hermione segurou a respiração, sentindo a irritação vir de forma involuntária. Não, ela não queria ajuda. Poderia mancar até sua mala, mas não teve tempo de protestar. Mary arrastou a mala de rodinhas para perto de Hermione e a abriu, sem cerimônias.

— Qual roupa gostaria de vestir para essa noite, senhorita? - perguntou ela.

Hermione franziu o cenho. Não tinha qualquer roupa formal para a ocasião. Não tinha pensado em ficar tanto tempo ali.

— Deixe a bolsa perto de mim. Eu mesma procuro Mary, obrigada - ela queria se fazer entendida e que Mary entendesse que deveria partir.

A jovem anuiu com a cabeça, sem demonstrar qualquer emoção e se retirou do quarto, parecendo compreender a mensagem. Hermione, aproveitando que estava sozinha, puxou a toalha do corpo, para secar os cabelos. Logo veio a sua mente o rosto de Mary. Plácido, por vezes sérios. O que ela deve ter presenciado naquela casa? O que poderia ter visto? Teria suportado o lado sombrio de Malfoy? Apenas de pensar nisso, seu estomago se retorceu. Não deveria ter sido tão grossa com Mary. Ela não tinha culpa dos seus problemas.

Depois que conseguiu se secar minimamente, pegou uma calça de linho preto e a vestiu com dificuldade, devido a perna engessada. Era a única calça que iria conseguir colocar, de fato. Com a perna daquele jeito, teria problemas para se vestir. Depois, colocou uma blusa preta, de tecido leve. Percebeu que a jaqueta de couro de Malfoy estava sobre a cama. O gesto atencioso, de ter deixado com ela sua jaqueta fora algo inusitado. Desarmou-a, contudo, ela ainda desconfiava de suas ações. Uma pessoa como ele não mudaria de um dia para a noite, mas, fazia muito tempo que não o via. Os anos haviam se passado e talvez ele tivesse realmente mudado. Porém, não conseguia acreditar em sua melhora. Não. Algo estava errado. Talvez, devesse partir, no dia seguinte. E se distanciar daquela cidade. Mas, havia a questão da sabotagem dos freios do seu carro e morte de duas pessoas que eram muito importantes para ela. Bom, Fred era. Harry, bom, ele fora um bom amigo, durante seus anos de infância e adolescência. E saber de sua morte a deixou estarrecida. Não poderia partir, enquanto não entendesse o que estava acontecendo. Precisava de respostas e a única pessoa que poderia lhe fornecer era Malfoy. Teria que confiar nele. Ser cautelosa, no entanto. Não sabia realmente com quem estava lidando.

Depois de se arrumar e colocar uma sapatilha preta no pé que não estava quebrado, ela tentou se colocar de pé. Testou caminhar. Precisou se escorar nas paredes. Mas, já estava se acostumando ao peso do gesso. Começou a mancar, quase se desequilibrando, mas finalmente, havia conseguido se colocar de pé. Todo seu corpo protestava, apesar da sua pequena vitória, ao chegar na sacada, que estava fechada. Abriu-a, para se ir para o lado de fora. Segurou-se no parapeito de pedra, observando o dia esmaecendo no horizonte. Podia ver pontos dourados no céu cinzento. A floresta de pinheiros ao longe e o desenho das montanhas. Respirou o ar gelado, sentindo os pelos dos seus braços expostos se arrepiarem. Apesar do frio, não se importava. Precisava estar ali, pois respirar dentro daquele quarto lhe era difícil. Pobre Harry, era o que pensava. O que havia de errado com aquela cidade? Será que era por isso que Gina estava tão arredia em conversar com ela? Provavelmente, sim. Precisava reparar aquilo. Ao menos com ela. Por que Molly não contara a ela sobre a morte de Harry? Por que permaneceu em silêncio sobre isso? Estaria supondo que ela sabia do ocorrido? Era provável. Mas, era estranho. Harry fazia parte da família Weasley. Eles deveriam estar tristes por isso. E talvez, estivessem. Ela não poderia julgar aquela situação, pois não estivera presente e fora poucas vezes na casa de Molly, enquanto estivera na cidade. Um clique veio em sua mente, por que George, ou Fred não comunicaram o falecimento de Harry a ela? Teria falecido há pouco tempo? Ou não acharam conveniente contar a ela?

Batidas na porta a despertaram. Quem poderia ser agora? Provavelmente, era Mary para verificar se ela estava bem.

— Entre - convidou.

A porta se abriu, revelando Malfoy, vestido com uma camisa social branca, calças pretas e sapatos oxford. Seus cabelos estavam úmidos, o que evidenciava que havia tomado banho. Ele se aproximou dela, com um olhar curioso.

— Então, conseguiu se mover sem minha ajuda? - a pergunta parecia uma provocação, mas ela não deu atenção.

— Bom, não estou aleijada - ela retrucou, dando de ombros - Talvez, não precise mais da sua ajuda.

— Que pena. Eu estava gostando disso.

Seu tom de voz era um tanto malicioso e um sorriso se formava em seus lábios. Parecia um tanto jovial, devido aos olhos. Seus olhos também sorriam, o que era novo para ela. Nunca o viu ser tão aberto em suas relações, muito menos consigo.

— E isso significa que você me queria vulnerável? - ela o instigou.

— Talvez - ele brincou - Parece menos mandona, quando está assim.

Ela revirou os olhos. Ele era tão machista, quanto se lembrava.

— Eu não sou mandona. Sou firme, ainda mais com homens como você, que parecem adorar mulheres indefesas.

Ele deu de ombros, não parecendo ofendido.

— Bom, vamos parar com as nossas diferenças e pensar em algo que você me deve - Ela abriu a boca para protestar, contudo, ele continuou a falar: - Pedi para prepararem um jantar para nós e vim verificar se quer ajuda para descer.

Claramente, ela iria precisar. Contudo, não entendia o cuidado que ele a dispensava. Nada fazia o menor sentido.

— Diga-me, até onde você quer chegar com isso?

Ele apenas deu de ombros, como se não fosse algo importante a ser respondido.

— Nenhum lugar. É assim que trato meus convidados.

— Ah, é assim? Você se tornou um verdadeiro gentleman - ironizou.

— Se está pensando que vou cair nas suas provocações, está enganada, Granger - ele retrucou, com ar solene - Eu lhe disse uma vez e reafirmo, as pessoas mudam.

— Claro, claro. Com toda certeza vamos apagar o que houve no ensino médio - Então, ela cruzou os braços, como se assim, pudesse estar segura dele. Mas, ele não parecia oferecer nenhuma ameaça a ela. Nem ao menos chegara perto dela. Não tão perto quanto estava, quando a havia trazido até o quarto.

O semblante dele murchou. Parecia que se lembrar daquele tempo era algo que o incomodava profundamente. O que era bom. Muito bom. Ela queria culpá-lo por todo. Mesmo que parte do seu sofrimento não fosse causado por ele. Agora, ele seria seu bode expiatório. O que não era justo. Sabia disso. Mas, era egoísta. Não sabia perdoar as pessoas. E não se dava ao trabalho disso.

— Bom, Granger, se quer continuar com as animosidades do passado, sinta-se livre - Então, ele abriu os braços, em gesto de rendição - Mas, quando está na minha casa, como minha convidada, peço ao menos o mínimo de respeito. Pois, eu a acolhi, para que não ficasse sozinha.

— Eu não pedi por isso! - ela retrucou, sentindo-se constrangida e com remorso. Droga! Ele realmente sabia como desarmá-la.

— Sinta-se livre para partir a qualquer momento. Não é minha prisioneira - replicou, sardônico.

Ela o fitou com fúria. Ele sempre tinha a palavra final? O que beirava a irritação. Ele não se dobrava diante dela. O que de certa forma era bom. Não estava preocupado realmente com o que pensavam dele. Mas, estava preocupado com ela, começou a perceber. Se a trouxe, mesmo sem que ela pedisse, demonstrava que queria de fato ajudá-la. Ou poderia ser por outros interesses. Havia fato de que não estava em posição de discutir. Não naquele momento.

— Estou muito bem aqui, obrigada - ela se dobrou, a contragosto, o que o fez sorrir, mas seus olhos não. Estavam frios. Ela havia o ferido. E isso a fez se sentir culpada. Não queria sentir isso. Não. Ele não merecia que ela se sentisse culpada. Não depois do passado que compartilharam.

— Vejo que você deve ter pensado muito sobre o quanto está em desvantagem - Aquela frase conseguiu arruinar toda a imagem que ele mostrava a ela. Ferveu de raiva por isso. Estava pronta para rebater, quando ele completou: - Mas, tudo bem. Eu acho que meio que devo isso a você, pelo que já a fiz passar e por seus amigos.

Hermione não tinha mais argumentos, perante aquela confissão. Ela simplesmente estava chocada. E ele parecia ter percebido isso, mas se manteve calado.

— Podemos ir agora? - perguntou, interrompendo o silêncio.

Ela anuiu com a cabeça e se apoiou no braço que ele estendera. O caminho até o andar de baixo não fora o mais fácil, mas ele se mostrava paciente. A culpa a inundou de forma sufocante. Por que ele precisava ser tão atencioso? Tão gentil? Era quase difícil odiá-lo. Na verdade, não havia mais motivos para odiá-lo. O que lhe restava agora era algo que não queria sentir. Recusava-se a sentir. Que era admiração.


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