Um segredo obscuro - Dramione escrita por Aline Lupin


Capítulo 10
Capítulo 11




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Lembrou-se perfeitamente dele. Os olhos azuis, o olhar doce. O seu sorriso. Droga! Parecia que realmente, não havia como esconder que estava sentindo sua falta. O enterro, tudo que aconteceu em seguida. Ver seu corpo sem vida, naquela caindo aos pedaços, parecia que tudo aquilo não passava de um sonho e que ela iria acordar em breve, em sua cama, no seu loft, em Londres. Que poderia ligar para ele, em seguida, para saber que estava vivo. Mas, não estava. Nunca mais estaria ao seu lado. E isso estava a matando aos poucos. Fingiu que tudo estava bem, mas não estava.

— Você está muito calada – escutou a voz de Malfoy, perfurando a bolha de auto piedade que criara.

Ela o fitou, com raiva. Estavam indo em direção a mansão Malfoy. Uma das casas que nunca, jamais iria pisar na vida. Ao menos jurou. Agora, ela estava indo direto para lá. Para a casa que considerava um ninho de cobras.

— Por que você está me levando para sua casa? – Ela perguntou, com indignação.

— Porque você está mal vista – ele disse, fitando-a de soslaio, mas voltou a fitar a estrada. Estavam mais perto das montanhas do que alguns minutos atrás. A floresta de pinheiros ao redor começava a rarear e o caminho se tornava mais árido – E tenho certeza que a senhora Thompson não quer mais vê-la. Sinto muito – Mas, o seu tom de voz não lhe dizia isso. Parecia se divertir.

— Eu duvido muito disso – ela retrucou, cruzando o braço – O que você quer? Se aproveitar de mim? Pois, saiba que tem pessoas que vão atrás de mim. E eu acabo com você em dois tempos.

Ele gargalhou. Parecia não levar a sério sua ameaça.

— Eu tenho muitos advogados Hermione – ele replicou, com bom humor – Mas, não se preocupe, eu não quero nada com você.

Ela tentou não se sentir ofendida, mas sentiu. E era ridículo sentir-se ofendida, mas era seu orgulho. E presava muito por ele.

— Bom, mas isso não explica muita coisa – disse, tentando esquecer suas palavras – Você não precisa me ajudar. Posso me mandar daqui. Ir para outro lugar.

— Pode – ele concordou, sem fita-la, fazendo a curva na estrada, causando frio na barriga. Ela tinha medo de outro acidente, mas ao que parecia, ele era bom dirigindo – Mas, veja, eu resolvi ajuda-la, como um presente de desculpas.

— Pelo o que? – Ela indagou, arqueando as sobrancelhas.

— Sabe, há certas coisas que não sinto orgulho. Inclusive, ter atrapalho sua vida – ele disse. E não parecia mentir, contudo, ela não desejava suas desculpas – E não é somente isso. Eu tenho meus interesses em te manter viva.

— Me manter viva? – Ela indagou, descrente – Ninguém vai me matar, senhor prefeito.

— Ah, eu duvido muito disso. Lembre-se que os freios do seu carro estavam com defeito – ele apontou, olhando de soslaio para ela – Já tenho uma equipe cuidando do assunto e vamos descobrir quem está fazendo isso com você.

— E você quer descobrir por que...?

— Minha reputação com prefeito está em jogo. E talvez, quem está tentando matar você, assassinou Fred Wesley, Roy e Harry Potter.

— O que? – Ela exclamou ao ouvir o nome do amigo de escola.

Malfoy parecia ter soltado um muxoxo, de repente. Ou praguejado. A mansão estava cada vez mais a vista e próxima. Hermione somente queria sair do carro. Ela precisava. Precisava respirar.

— Não...Harry...- ela disse, passando a mão pelo rosto, sentindo-se enjoada.

O silêncio se tornara opressor dentro do carro. Logo, a mansão com dimensões extensas, no estilo georgiana ficou mais nítida. O carro parou em frente aos portões altos. A propriedade era cercada por muros, cobertos de cerca viva. No centro da propriedade, por entre as barras do portão, era possível ver um chafariz. A casa parecia ter saído de uma revista de famosas mansões mais ricas do mundo. Contudo, a grandiosidade do local não parecia aplacar o sentimento que sentia. Era o sentimento de não ter mais nada sobre seu controle. Não falava com Harry há anos, mas sempre gostara dele. Não pensara muito nele, naqueles anos, o que a afundava em remorso. Remorso por nunca mais ter falado com ele.

— Ei – escutou a voz de Malfoy. Ela virou o rosto, sentindo os olhos arderem – Sinto muito por isso. Eu pensei que...bom...soubesse.

— Não, eu não sabia – negou com a cabeça, irritada.

Ele anuiu com a cabeça. Então, no console do carro pegou o controle, para abrir os portões. Se abriram, de forma lenta, aumentando ainda mais a agonia de Hermione. Ela somente queria sair do carro, tomar um táxi e sair daquele fim de mundo. Faltava apenas uma semana para sua advogada voltar de viagem. Apenas uma semana e poderia se livrar daquele lugar e voltar para Londres. Respirou profusamente, enquanto os portões davam passagem para que o Mustang pudesse entrar.

Malfoy guiou o carro, fazendo a volta do chafariz de querubins e estacionou o carro em frente as escadarias.

— Vou te ajudar a sair do carro – ele avisou, saindo do carro.

Ela esperou, batucando as pontas do dedo do apoio da porta. Observou ele dar a volta no carro e abrir o porta mala. A sua mala de rodinha estava lá dentro. Não conseguia compreender o que ele poderia ganhar com isso, ajudando-a. Mas, no momento, ela não poderia reclamar. Estava impossibilitada. E com a perna engessada, não teria para onde ir.

Malfoy levou sua mala de rodinha para o topo da escada. Alguém abriu a porta em seguida. Um homem vestido com roupas um tanto formais apareceu. Parecia ser algum empregado. Pegou a mala e entrou dentro da casa. Em seguida estava de volta, com uma cadeira de rodas desmontada na mão, deixando-a montada. Malfoy desceu as escadas em seguida, indo em direção ao carro. Ela sentiu-se estranha por depender da caridade dele. Não queria aquele tipo de ajuda. Não vinda dele. Apesar disso, ele abriu a porta e ajudou a sair do carro. Pegou-a no colo, sem dizer nada, subindo com ela alguns lances de escada. O que de fato era muito estranho, por estar sendo carregada por ele. Então, parecendo sem folego, ele a deixou na cadeira. Logo o empregado dele, que parecia ser o mordomo, ajudou a apoiar sua perna engessada, no apoio para os pés, que havia na cadeira. Ela se sentiu tão constrangida por ter toda a atenção voltada para ela. Era como se fosse realmente alguém importante. Mas, não era. Não para Malfoy.

— Quer que eu prepare o quarto para sua convida, senhor? – O homem, que parecia ser o mordomo, perguntou.

— Sim, por favor, David. Avise Alexia que temos uma convidada. Peça para ela colocar um prato a mais no jantar.

— Sim senhor.

Então, ele se retirou. Malfoy, sem dizer nada, empurrou a cadeira de rodas para dentro da casa. Hermione não sabia o que dizer, naquele momento. Ele estava estranhamente quieto. Pararam em frente ao hall de entrada, onde havia um lustre enorme, pendendo do teto com pé direito alto. Havia uma escadaria, que dava acesso ao segundo andar, coberta por um tapete bordo. A casa parecia mais um hotel de luxo, do que uma residência. Toda aquela riqueza a fez se sentir um tanto insignificante.  Não que com seu dinheiro não tivesse visto lugares luxuosos, mas de repente, sentia-se pequena perto de Malfoy. Sentia-se a mesma garota interiorana, que vivia com os pais, em uma cidade pequena.

— Bom, vamos ter um problema agora – ele disse, tirando os óculos de sol, colocando-os sobre a camisa preta – Você precisa subir – Então, ele fitou as escadas, com a mão na cintura – Acha que consegue se apoiar em mim, enquanto ajudo-a subir?

Ela testou ficar em pé, mas apenas se desequilibrou para trás. O que era muito humilhante. Ele a fitou com o cenho franzido. Foi quando notou o olho direito dele. Estava arroxeado. Na verdade, o roxo se estendia até a maçã do rosto.

— Quem fez isso? – Indagou.

— Ninguém – respondeu ele, fechando semblante divertido – Vamos tentar de novo? Dessa vez, eu vou apoia-la.

Então, se aproximou dela. E isso a deixou nervosa. Não queria estar perto dele. Seu rosto estava muito perto. Pode notar o olho direito avermelhado, as veias saltadas. Sentiu pena. E a pena a fez desejar tocar seu rosto. Fez isso, sem pensar. Ele se retraiu, indo para trás, um tanto assustado.

— Você está me paquerando, Granger? – Indagou, sardônico, mas seu olhar estava longe dela. Parecia que o que ela fez, o deixou constrangido.

— Não, eu...que bobagem – ela riu, para deixar o clima mais leve.

Ele a fitou, com um olhar desconfiado. As sobrancelhas arqueadas.

— Eu sei que sou bonito – ele alfinetou. O que a fez revirar os olhos – Venha, vamos te ajudar a subir as escadas.

Dessa vez, ela deixou que ele se aproximasse. Dessa vez, ele evitou ficar com o rosto tão perto do seu. O que era bom. Ela não queria ficar olhando para aquele hematoma feio. Com a ajuda dele, ele a puxou pelo tronco, enquanto ela apoiou seu braço sobre seu ombro. Mancou, enquanto ele tentava suportar seu peso. Chegaram a base da escada e ela se apoiou no corrimão. Fora uma subida difícil. Para ambos. Sua perna parecia pesar toneladas. Então, chegaram ao patamar. Ela estava exausta. Foram muitos lances de escadas, até chegar ali. Malfoy respirava profusamente e transpirava. Mas, não a soltara. A pegou no colo, a deixando desprevenida e seguiu com ela, pelo corredor largo e extenso. O tapete continuava ali. O tom bordo parecia deixar o local mais requintado. Havia quadros preenchendo as paredes, assim como vasos de planta, para decorar o local. Um quarto estava com a porta aberta e Malfoy entrou com ela. O cômodo era grande e havia até uma sacada.  Havia uma cama king size no centro do quarto, com lençóis brancos e travesseiros no mesmo tom, talvez, de pena de ganso. Malfoy a depositou na cama, exausto e deitou-se ao lado dela.

— Santo Deus. Você pesa muito.

— Ar...obrigada? – Ela disse, irritada – Eu não te pedi ajuda. Disse isso várias vezes.

Mas, ela se sentia grata. Estranhamente grata. Notou o lustre pequeno que pendia do teto. O quarto tinha pouca decoração. Os tons pasteis da parede deixavam o local mais claro, mergulhando o quarto em um tom rosado. A luz não estava acesa, mas a claridade vinha da sacada, que tinha as cortinas diáfanas abertas. Hermione observou Malfoy, deitado na cama espaçosa, com o braço sobre o rosto, como se fosse intimo dela. Riu da postura dele e deitou-se na cama, sentiu a macies dos lençóis.

— De que está rindo, Granger? – Perguntou ele, em tom seco.

— De você – respondeu ela.

— E o que te faz rir de mim? Uma mera mortal como você deveria ter medo – ele replicou, em tom sério.

— Há, que medo.

— Pois, deveria ter – ele se inclinou sobre ela, então, a pegando desprevenida. Seus olhos continham fúria, mas se aquietaram. Havia malicia, dessa vez. Ela sentiu o coração bater mais rápido e o corpo esquentar pela aproximação dele – Você é muito petulante.

O que veio a seguir, a surpreendeu. Ele passou o dedo indicador sobre a pele do seu rosto, enviando arrepios do lado direito do seu corpo. Não percebeu de imediato, mas prendia a própria respiração. Então, com o dedo indicador, ele puxou uma mecha dos seus cabelos, enrolando em seu dedo. Aproximou, de leve seu rosto do dela. Encarava-a sem o menor pudor. Parecia tentar desvenda-la. E ela se sentia tensa por isso. Desviou o olhar, fechando os olhos. Sentiu sua respiração toca-la. Ele estava aproximando cada vez mais seu rosto. Então, depositou um beijo na curva do seu pescoço. Em seguida, se afastou. Ela se sentiu fria por dentro, de repente. Era como se tê-lo longe, a fizesse compreender o que era o calor, de fato. E o que ele a fizera sentir, de fato, era algo muito mais prazeroso e intenso. Como se todo seu corpo estivesse incendiando, apenas por seu toque. Ela abriu os olhos, para vê-lo sair da cama. Ele ajeitou a camisa preta, alisando o tecido.

— Eu vou pedir para Mary ajudá-la a se vestir – ele disse, de forma seca, sem fita-la. Virou-se para sacada, como se observasse algo – O jantar vai ser servido as sete horas. Eu virei busca-la. Por enquanto, sinta-se livre para usar o banheiro. Há um conjugado ao quarto.

E sem dizer mais nada, saiu do quarto. Ela se sentou, em seguida, ajeitando os cabelos.

— O que há de errado com esse cara? – Perguntou a si mesma, passando a mão pelo pescoço, no lado que ele havia beijado. Parecia queimar ainda, como se os lábios dele ainda estivessem ali, tocando-a – Idiota! – Resmungou.

Precisava sair dali o mais breve possível. Principalmente pelo fato e que estava tendo ideias que não queria ter sobre ele. Porém, o que ele havia dito no carro veio como um soco, jogando-a de volta a realidade. Harry estava morto. O que a fez se questionar, o que de fato estava acontecendo com aquele lugar?


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