Através de Robert escrita por HEILA HANS SHEFTER


Capítulo 76
CAPÍTulo 76




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Ao se aproximarem da queda d'água, o som ensurdecedor da água abafava qualquer outro ruído. Foi somente quando estavam bem próximos que perceberam uma tênue luz bruxuleante por trás do véu de água. Nathan e Robert, determinados a chegar até lá, escalaram as pedras escorregadias, cada movimento feito com cuidado para evitar uma queda perigosa.
Finalmente, eles alcançaram a área atrás da cachoeira e foram recebidos por uma cena que os deixou sem palavras. Ali, sentada com seu irmão nos braços, estava Allien, envolta na jaqueta para protegê-lo do frio da noite. Nathan, ao acender sua lanterna, revelou os detalhes ao seu companheiro, e juntos observaram as frutas colhidas e os cones improvisados cheios de água.
A comoção tomou conta deles, uma mistura de alívio e admiração diante da determinação e astúcia das crianças em sobreviverem naquelas condições adversas. Com um olhar de gratidão para o céu estrelado, Nathan sentiu um imenso amor e orgulho por seus filhos, prometendo protegê-los e cuidar deles com ainda mais dedicação a partir daquele momento.
Ainda na fogueira, um galho com o resto do peixe que sobrou de sua alimentação.
Robert, com fome passou e ainda pegou uma lasca de peixe e falou:
— Sabor agridoce...e riu.
Allien, ouvindo o barulho, e acordou assustada.
Em um momento de desespero e pânico, Allien agiu por instinto, sem perceber a presença de seu pai e de seu namorado nas proximidades. Com um galho pontiagudo em mãos, ela avançou na direção dos vultos que estavam ali, totalmente tomada pelo medo e pela adrenalina que pulsava em suas veias.
Nathan, ao ver a filha se aproximando com um olhar selvagem, instintivamente se preparou para se defender, mas antes que pudesse reagir, Robert agiu com rapidez. Correndo em sua direção, ele envolveu Allien em seus braços, formando uma barreira protetora entre ela e Nathan. Seus braços a envolveram com firmeza, não para restringi-la, mas para acalmá-la e protegê-la de si mesma.
Com mãos firmes, Robert segurou Allien, contendo seus movimentos impulsivos sem causar-lhe dor ou ferimentos. Ele entendia o desespero dela, a angústia que a consumia, e seu único objetivo era acalmar seu coração agitado e garantir sua segurança. Enquanto isso, Nathan olhava para a cena com uma mistura de alívio e preocupação, agradecendo silenciosamente por ter alguém tão determinado e amoroso ao lado de sua filha em momentos de aflição.
— Eu tenho uma namorada, tão brava e forte.
— Robert! Ela gritou, soltando o galho.
E virando para atrás, como se não acreditasse no que seu ouvido acabava de escutar, ela se jogou nos seus braços.
Robert, não precisava de nada mais na vida, ali estava seu mundo.
— Hã ... Hã... O Robert, merece um abraço desse, mas seu pai quase é morto num ataque de fúrias de uma jovem com uma lança em mãos?
— Pai! E se jogando nos braços de Nathan, Allien chorava, enquanto pedia desculpas pelo ataque.
Ela explicou a ele que aquele homem tentou machucá-la e conseguiu fugir com Jack pela janela dois dias atrás. Depois, encontraram aquele lugar e decidiram se esconder ali.
— Ele tocou em você, Allien? Nathan tinha fogo nos olhos.
— Ele deslizou suas mãos pelos meus braços e depois começou a acariciar minhas pernas, enviando calafrios pela minha espinha. Quando eu tentei me afastar, ele me segurou com força, me forçando a ficar onde estava. Foi então que, em um ato de desespero, eu o chutei no meio das pernas. Ele reagiu com raiva, me atingindo com um murro e um tapa no rosto antes de sair do quarto. Foi somente quando ele partiu que consegui convencer meu irmão a desamarrar as cordas que nos prendiam, e juntos conseguimos fugir do local.
Robert aproximou a lanterna, a luz revelando os hematomas roxos que manchavam os pulsos dela. Seu sangue começou a ferver de indignação, mas quando direcionou o feixe de luz para o rosto dela, o choque o paralisou. Marcas de dedos estavam estampadas de forma brutal em sua bochecha, e um olho estava inchado e escurecido, resultado de um golpe covarde. Uma onda de fúria tomou conta de Robert, uma fúria que pulsava dentro dele, clamando por justiça e vingança contra o monstro que havia feito aquilo com ela.
O momento foi quebrado, quando o pequeno Jack, em meio a toda a essa comoção acordou assustado gritando:
— Allien, corre, corre.... Eu não vou deixar ele te bater, corre.
Allien correu e o abraçou. Olhando para todos, ela disse que ele estava tendo pesadelo sempre que dormia.
— Eu estou aqui pequeno. Calma, meu irmãozinho ...
O menino olhou para ela, sem ainda notar quem era os dois homens ali e disse;
— Beijo ... vai curar, a mamãe diz, que beijo vai curar tudo.
E beijou o olho de Allien.
Nathan tinha lagrimas escorrendo em sua face. Seu filho ainda um bebê, estava preocupado com sua irmã. Era lindo ver o amor deles.
Robert, que também olhava maravilhado, ele enxugou as lágrimas que teimavam em rolar em seu rosto, ele amava aquele menino, desde o dia que nasceu ele o amou.
— Jack, olha meu irmão ... quem está aqui, é o papai, olha lá.
Meio escondido atrás de Allien, com um semblante de medo estampado em seu rosto, ele espiou por sobre os ombros dela. Nathan sentiu um aperto no coração ao testemunhar as consequências cruéis das ações daquele monstro sobre seu filho. Como alguém poderia infligir tanto medo e dor a uma criança inocente? A raiva fervia dentro de Nathan, misturada com uma sensação de impotência diante do sofrimento que seu filho havia suportado.
— Venha filho. Venha no papai... falou Nathan;
— Papai... papai. E Jack correu para os braços de seu pai.
— Robert! É você?
— Sou eu meu amigão ...
— Você voltou.
—Eu voltei, meu amigo.
Robert, puxou Allien para perto e segurou suas mãos.
— Vamos achar um jeito de sair daqui esse lugar é difícil para entrar, imagina para descer aquilo tudo e sair.
— Calma, Robert.Eu sei descer e é fácil. Entrei e sai muitas vezes e com as mãos cheias.
Nathan, apagou o fogo e olhou para Allien, que pegando sua jaqueta chamou seu irmão.
— Eu levo o pequeno Jack, Allien.
— Pai, eu já me acostumei, será mais fácil vocês me seguirem.
E assim, Allien chamou o menino, e ele enfiou a cabeça dentro da jaqueta dela, seus braços ao redor do pescoço e as pernas em sua cintura.
— É meu macaquinho ...vejam.
— Macaquinho, papai. Vamos brincar com Allien.E com uma agilidade impressionante, ela andou pelas pedras, até chegar na parte rasa do lago, passando pelo muro de pedras. Assim quando entrou na agua pode andar em pé com agua na cintura, e seu irmão praticamente ficou seco.
Robert e Nathan haviam levado o triplo de tempo para entrar na caverna e ela com uma criança grudada em seu corpo, fez o percurso tão rápido.
Cody e Bill, os recebeu com abraços calorosos.
Nathan subiu em seu cavalo e o pequeno Jack foi com ele enquanto Allien foi com Robert.
Nathan pensou em não permitir, mas sua filha já havia passado muito nas mãos daqueles bandidos, para que ele proibisse aquele amor de juventude.
Quando chegaram ao café encontraram Carson trancado com Elizabeth no quarto, segundo Willian Thatcher, sua filha era mais brava do que uma onça pintada. Somente Carson, aquele médico, foi capaz de segurar pelo braço e puxá-la para o quarto, onde mesmo sobre seus gritos de protesto, ele a manteve a horas trancada, e que so sabia que ele ainda estava vivo, porque ouvia as ameaças de Elizabeth.
Nathan sorriu, mas ouviu Willian Thatcher que abraçava os netos, dizer:
— Sobe com eles Nathan, e amanse aquela onça brava.
A porta do quarto se abriu e Nathan notou uma mulher brava, realmente dona onça morava dentro dela, mas ao ver seu filho no colo de Nathan, o olhar de Elizabeth mudou completamente e o menino foi arrancado de seus braços, de uma forma que ele nunca saberia explicar, e para sua surpresa, ela puxou Allien que chegava atrás deles, de forma a ter seus dois meninos em seus braços.
Lagrimas marcaram aquele momento, onde o reencontro da família era cheio de amor.


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