POV Jacob

       Ouvi o som do despertador tocando exatamente as 7h30min como de costume. Renesmee resmungou algo impossível de ser entendido. Desliguei o alarme do celular, me virando para abraçar a minha mulher. Ainda era estranho dormir e acordar sempre ao lado dela durante esses últimos meses, afastei os fios acobreados que cobriam seu rosto e novamente a ouvi gemer algo que não entendi. Para alguém que gostava de acordar cedo e correr, no último mês ela vem ficando bem sonolenta. Beijei seu ombro nu e sussurrei em seu ouvido.

      - Bom dia senhora Black.

      - Bom dia senhor Black. – ela responde e se meche, então acaba ficando encima de mim, a perfeita visão do paraíso. – É hoje! – ela arfa

      - É hoje. – concordei. – E tenho certeza que você vai gabaritar essa prova.

        Um banho mais demorado. Um café da manhã na padaria da esquina. E nós despedimos como em todas as manhãs em frente a nossa casa. Avisei que não almoçaríamos juntos hoje mas , deixei claro que ligaria para ela assim que a prova terminasse. Tudo estava exatamente como costumava ser, então por qual motivo eu continuava a sentir que tinha algo diferente hoje?

        Por várias vezes verifiquei meu celular, esperando com ansiedade a hora exata para ligar para Nessie, saber como tinha sido a prova embora já tivesse quase certeza que ela se sairia bem. O velho juiz Philips deu tapinhas nas minhas costas tentando me trazer a realidade novamente, fazendo com que a minha mente retornasse as conversas na nossa mesa

        - Pensando na esposa novamente, Black? – o juiz me perguntou.

       - Com certeza. – respondi descontraído 

      - Com uma esposa como aquela, não podia ser diferente- brincou Thomas. O encarei apontando meu dedo para ele.

      - Tira o olho, ela é muito bem casada. – falei usando um tom suave, estava brincando.

       Meu celular começou a tocar, era a Rachel mas quando eu pensei em atender eu vi os homens cobertos dos pés a cabeça entrando no restaurante. Não houve tempo para reações, o som de risos e vozes ao meu redor pararam imediatamente. Eu não senti dor. Não sentia nada e isso se devia a onda de adrenalina que percorreu o meu corpo no instante em que vi a arma apontada pra mim. Eu cai. E então um deles estava sobre mim, me olhava bem nos olhos deixando claro que aquilo era pessoal.

       - Considere isso o nosso presente de casamento para a sua esposa. Não se preocupe, cuidarei dela depois. Vou cuidar dela pessoalmente, serei carinhoso.

      O homem que falava, cambaleou para trás ao também ser atingido. Foi a minha chance, eu saquei minha arma e atirei sem pensar duas vezes o acertando no peito. Depois disso, a escuridão tomou conta e eu não sentia mais nada. O mundo ao meu redor havia sido silenciado, eu só torcia para que Renesmee ficasse bem, ficasse segura.

        Embora uma vida inteira ao lado dela não fosse o bastante, eu estava feliz ao saber que ela ficaria segura. A última ameaça a ela não havia sido presa, havia sido morta. Ela ficaria bem, ao menos era isso o que eu esperava.

Pov Renesmee

         Não me lembro se alguma vez já senti tanto medo como agora. Não, eu certamente nunca havia sentido tanto medo pois a alguns metros estava o amor da minha vida. E eu não sabia o que encontraria. Abandonei meu carro ali mesmo, e sai correndo passando por tantas pessoas cujos rostos eu nunca tinha visto, mas que agora presenciaram o pior momento da minha vida.

         Havia um cordão de isolamento, fechando metade da rua e muitas pessoas tentando ver o que estava acontecendo. Quando enfim consegui chegar na fita, quando tentei passar pra conferir com meus próprios olhos um policial me parou.

      - Senhora, não pode se aproximar. – ele disse e tentava me segurar mas eu me debatia e tentava o tirar da minha frente, eu não estava conseguindo encontrar a minha própria voz naquele momento. – Senhora se acalme, Senhora por favor se afaste- ele insistia.

      - Eu sou Renesmee Black! – gritei a plenos pulmões, o homem afrouxou o aperto em meu braço.

       - Senhora Black, por favor, as equipes estão trabalhando. – foi tudo o que ele disse com a voz cheia de pesar.

        - Deixa ela passar – ouvi a voz de uma mulher, era a mulher do juiz Philips. Ela chorava, seus olhos estavam vermelhos e inchados. – Deixa ela passar, agora! – ela gritou

     A cena ao meu redor era caótica, e por isso haviam tantos carros parados. Do lado de fora, espalhados entre a avenida e a calçada haviam pelo menos quatro corpos caídos cobertos. – Onde ele esta ? Onde meu marido esta ? – questionei, sem conseguir mais mover as minhas pernas, eu conseguia ver dois corpos caídos e cobertos lá dentro também.

        – Jacob foi atingido...

     Fui ao chão, literalmente. Meus joelhos tremeram, minhas pernas não responderam a um comando simples de ficar em pé. Uma dor horrível esmagava meu peito, quando senti braços musculosos me levantando me debati sem querer que ninguém encostasse em mim naquele momento. Meus olhos fixos, imaginando qual daqueles dois era o meu marido.

    - Vem, Nessie. – era o meu irmão. – Graças a Deus o Thomas me ligou.

    - Ben, o Jake ele...- tentei falar mas ele cortou minha fala.

    - Ele não morreu – Benjamim foi direto ao ponto – Não ainda, ele corre risco de vida. Você precisa ficar forte agora, faça isso por ele. – as mãos do meu irmão foram para a minha barriga e eu soube que ele não estava se referindo ao Jacob – Ele ou ela precisa de você. Por favor.

       Claro que Benjamim sabia sobre a suspeita de gravidez, não era novidade que Tia não sabia esconder nada dele. Mas ainda assim foi surpresa que ele tivesse tanta certeza sobre isso, se nem eu mesma tinha.

        - Vem, vou te levar pra ver Jacob. – ele disse me ajudando a levantar. – meus sentimentos senhora Philips, o juiz era um bom homem, não merecia esse fim. – Ben me ajudou a passar por todas as pessoas que estavam ali e me levou até onde havia estacionado o próprio carro.

       - Eu não posso perder Jacob, não vou aguentar perder ele.

        O caminho até o hospital foi torturante, eu fechei os olhos e tentei focar nas inúmeras vezes em que fui feliz ao lado de Jacob. Não podia pensar no corpo dele inerte e frio, não! Eu só conseguia pensar em abraçar e sentir o movimento de sua respiração. Ouvir o bater do seu coração como das inúmeras vezes em que me deitei com a cabeça sobre o seu peito nu. As lágrimas corriam em cascata pelo meu rosto.

       - Não me deixa Jake, por favor. Deus, não tira ele de mim. – sussurrei como uma oração.- Não tira ele da gente – não precisava de testes, meu irmão tinha razão havia sim uma semente de Jacob sendo gerada no meu ventre. Eu sentia isso.

       Eu tive tanto medo de te amar, e agora me apavora a possibilidade de te perder pra sempre. Eu não aceito te perder!