Desarmonia: Os 4 deuses da Harmonia Livro 1 escrita por Alice P Shadow


Capítulo 7
Capítulo 06




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Seus olhos precisaram de adaptar do branco fantasmagórico para as cores de uma sala de madeira polida repleta de verde. No começo sentiu uma pontada na cabeça, mas, poucos segundos depois, parecia que nada tinha acontecido. Estava um silêncio sepulcral. Até mesmo os pensamentos de Opala, que antes estavam rápidos, intensos e confusos, simplesmente cessaram. 

Não havia mais o que fazer e nem para onde fugir.

— Estamos aqui. – Ouviu um sussurro e só então percebeu que não estava sozinha. Lynn Fiori se levantava devagar, os olhos azuis focados em Opala. – Viemos mesmo.

— Não parece com tanta raiva. – Disse em resposta e se levantou com a ajuda da garota. Pegou impulso com sua mão e logo estava de pé. 

— Não estou. Eu queria vir, na verdade. 

— Mas, e aquela história de…

— Só porque eu queria, não significava que todo mundo deveria ser obrigado a participar. Você claramente não teria se inscrito se pudesse. 

— Não teria. Mesmo.

O silêncio retornou. As duas garotas começaram a andar pela pequena sala sem saber o que fazer. Era um local simples, na verdade. Todas as vezes que Opala fantasiou com sua possível ida do Infinito, imaginava castelos de ouro, estátuas gigantes de deuses, safiras adornando cada canto de uma sala, servos aos montes, construções bizarras e animais que nunca havia visto. Mas aquele lugar era… normal demais. Havia um sofá de bambu com almofadas verde-claras, quadros de paisagens, trepadeiras envolvendo algumas colunas simples e diversas plantas comuns que ela via diariamente em Bonavida.

Mas não havia porta. Ou janela. É como se estivessem presas num cubículo sem saída. Ou melhor: não “era como”. Elas realmente estavam. Opala respirou fundo quando o nervosismo se instaurou em suas veias. Estava assustada, com saudade da mãe e faminta. Ter vomitado sua única refeição do dia a deixou ainda mais fraca e já podia sentir o mundo girar.

— Você tá legal, ruivinha? – Fiori questionou. Seus passos foram rápidos até ela e a ajudou a se sentar no sofá – Acho melhor ficar sentada enquanto procuro uma saída.

— Eu tô legal. — Mentiu. Não queria ficar parada feito inútil. – Acha que alguém vai vir nos buscar?

— Não faço ideia. – A garota colocou um dos seus cachos atrás da orelha, os olhos não parando um segundo. Ela analisava o local em busca de saída com uma força e vivacidade de deixar Ecclair com inveja. 

— Peço desculpas pelo atraso. – Uma voz acoou no ambiente.

Em poucos segundos, um arco dourado era desenhado numa parede mais vazia da sala. Faíscas brilhantes, mágicas, desenharam o arco de cima a baixo, que desfez aquela parte da parede de madeira, e revelou uma garota jovem, imponente e assustadora na visão das novatas. Ela não deveria ser maior de idade pelos traços mais infantis, mas se portava como alguém importante. A expressão era séria, seu cabelo estava perfeitamente arrumado num penteado complexo, com tranças nas raízes, e mais ao comprimento, seus os cachos loiros fechados estavam soltos, como se seu próprio cabelo fosse projetado para ser uma coroa. Ela estava adornada com jóias vermelhas, aparentemente rubis, e seu vestido era branco, com um corpete vermelho envolvendo sua cintura de forma graciosa, sem apertar muito. 

— Não costumo fazer as boas-vindas. – A garota confessou, um tom ameno e suave, diferente da sua imponência amedrontadora – Mas meu primo precisou se ausentar. Logo conhecerão o… Seletor. Acho que é assim que o chamam. Sejam bem-vindas ao Mundo Acima.

— Mundo Acima? – Opala murmurou, confusa.

— Vocês chamam aqui de Infinito, não é? – A jovem caminhou suavemente até as duas, usando magia para surgir uma bandeja de comida com amendoins, frutas e chocolate – Comam, por favor. 

Opala não pensou duas vezes antes de comer. Não era um banquete, mas o necessário para parar de ver o mundo girar. Lynn não ficou parada e também comeu o que estava na bandeja dourada. Na dela havia mais coisa de a de Ecclair. Provavelmente a adolescente a qual conversavam percebeu que Opala estava mal e não poderia comer muito. 

— Aqui chamamos o mundo de vocês de Mundo Abaixo. – Continuou, movendo os dedos e uma cadeira surgiu diante de todas. Ela se sentou lentamente, olhando as duas diretamente nos olhos, sem medo ou receio. – E nós o Mundo Acima. Não por status. Na física de nossos mundos, vocês estão realmente localizados abaixo. Conseguem ver?

A garota moveu os dedos novamente numa sequência de movimentos que pareceu fascinar Ecclair. Era tão natural que mal percebeu quando uma projeção surgiu à sua frente. Era um tipo de magia que formava desenhos, representando um mundo dividido em quatro reinos, um vão chamado de o “Encontro” e então, logo abaixo, o “Mundo Abaixo”. Os desenhos eram brancos, e cintilavam com o sol que adentrava pelo arco, como se fosse alguma pedra preciosa.

— O que separa nossos mundo é o “Encontro”. Um espaço de luz e sombra que não é tão amigável e nem tão aterrorizante quanto parece. De toda maneira, não é algo que vocês devam se preocupar, e sim, o Mundo Acima. 

— Estamos no Infini- Mundo Acima, agora. – Fiori comentou enquanto comia um morango e o mergulhava no chocolate derretido. – Devo me preocupar?

— Não. Os Reis da Harmonia possuem tudo sob controle. Aliás, me chamo Dalila. Dalila Dízon. Vocês têm alguma dúvida antes que eu comece a levá-las para seus aposentos? Garanto que terão uma recepção mais apropriada quando o Seletor recuperar as forças.

— Recuperar as forças?

— Você é a Opala, não é? – Ecclair assentiu, surpresa por Dalila saber seu nome. – Magia drena uma parte de nossa força. É como se você lutasse com uma espada e se cansasse, só que… sem a espada. Ela drena sua energia mental e física. Um evento mágico, como entrar no Astral, requer muita magia, mesmo que indiretamente.

Dalila omitia informações. Não diria que seu primo mal havia usado magia, e, que, aquela cerimônia havia sido feita com a combinação de seus próprios poderes para conduzir o Caminho, junto com os poderes dos conselheiros para manter o Astral estável. Mark, na realidade, havia usado um resquício de sua magia apenas para estar ali, presente. O que não deu muito certo. E agora estava de cama.

— Venham comigo, então. Podem tirar suas dúvidas no caminho.

— Ela não é muito séria pra uma adolescente? – Lynn perguntou aos sussurros quando a mais jovem já havia se afastado o suficiente para não as ouvir. 

— Talvez ela esteja surtando por dentro. – Ponderou Opala em resposta. – Ou esteja acostumada.

As duas silenciaram ao sair da sala de madeira. Se depararam com um jardim gigantesco, abundante em espécies de fauna e flora que elas nunca haviam visto na vida. Toda a exuberância da imaginação de Opala estava presente ali. E a realidade superava qualquer expectativa que tivesse.

Uma raposa branca caminhou entre algumas plantas, e, onde sua pata tocava, um rastro de neve era formado no chão em que ela teve contato. O animal acompanhou o trio com curiosidade e as seguiu de perto, mas sem se aproximar o suficiente para que fosse notada. Opala cruzou o olhar com o da raposa, que correu para dentro da área verde e sumiu de seu campo de visão.

— Tem muitos animais aqui. – Dalila comentou quando uma águia pousou em seu braço, no local em que uma braçadeira manifestada por magia protegia sua pele. – Vocês vão se acostumar. 

— O que exatamente faremos aqui? – Opala questionou quando entraram numa porta do outro lado do jardim, e finalmente se viu dentro de um castelo magnífico.

Ele era perfeitamente construído, como se tivesse saído de um sonho. Elas caminharam por corredores com janelas imensas, até que se encontraram no salão de entrada. As paredes gigantescas emergiram adornadas de trepadeiras verdes, brilhantes e exuberantes, que contornavam vigas e arcos de passagem. Aquilo agregava o senso de elegância atemporal. Flores de cores singulares cresciam em meio a alguns arcos, o que trazia um toque doce e puro ao ambiente. A cada passo, as novatas podiam notar como cada detalhe era meticulosamente planejado

As janelas do salão de entrada eram verdadeiras obras-primas em formato de vitral. Elas filtravam a luz do sol em tonalidades etéreas, criando um jogo de cores dançantes nos espaços interiores. Essa luminosidade suave contrasta com a robustez das pedras de algumas paredes, oferecendo um equilíbrio perfeito entre natureza e construção humana.

Em duas paredes opostas, havia fontes adornadas com delicadas esculturas de plantas e flores, que despejam água cristalina, refletindo o céu límpido que transpassa o teto de vidro. O castelo daquele reino era mais do que uma residência real; era uma celebração da harmonia entre a majestade da natureza e a grandiosidade humana. Um refúgio onde a beleza das plantas e a elegância arquitetônica se uniam para criar um ambiente verdadeiramente mágico.

— Você não escutou uma palavra do que eu disse, não é?

— Hm? – Opala despertou do transe que estava e encarou a adolescente. – Desculpe.

— Tudo bem, não é todo dia que se conhece um castelo. – Deu de ombros e caminhou até uma das esculturas de flores – Mas garanto que o castelo de Dízon-Regnum é de tirar ainda mais o fôlego. 

— Dízon? Seu sobrenome? – Fiori interveio, subitamente interessada na conversa. Ela não parecia tão encantada com o castelo, apesar de que claramente Opala a viu sorrir uma hora ou outra para alguns vitrais. 

— Sou a princesa de lá. Minha irmã, Amita, é a rainha. 

— …majestade. – Opala começou a se curvar, incerta se deveria fazer isso, o que arrancou uma risada sincera da jovem loira. 

— Não! Por favor, sem essa. – Disse entre risadas. – Se uma de vocês duas se curvar pra mim fora de eventos oficiais, eu juro que coloco vocês pra cuidar dos Heutn como tarefa do dia. E acreditem, vocês não vão querer cuidar daquelas pestinhas. Mas seria engraçado.

— O que é um… Réuntin? – Lynn questionou, o sotaque saindo diferente do que Dalila havia pronunciado.

— Heutn. São filhotes de… hm… Como vou explicar isso para humanos?

— Considerem uma espécie de híbrido entre o que vocês chamam de lince e um cervo. Mas eles não são seres exatamente… orgânicos. – Um homem mais velho surgiu no aposento e fez uma reverência suave às três garotas. – Eles são o que chamamos de Vita Magi. São pequenos animais desenvolvidos através de magia, máquina e DNA. Heutn são os mais recentes desenvolvidos em nosso mundo, então, ainda estamos aprendendo a lidar. Os filhotes ainda vão crescer, mas, agem como qualquer filhote. 

— Guvin, finalmente. Te entrego as garotas e preciso ir. Tinha combinado de aproveitar a Festa da Troca hoje com umas amigas daqui e eu já estava atrasada. – Dalila falou com certo entusiasmo e se virou para as garotas. – Este é Guvin, mordomo pessoal do Seletor. Estarão em boas mãos. Até mais!

Opala e Lynn se entreolharam, meio perplexas. 

— Dalila é uma fonte de vida que precisamos nesse castelo de vez em quando. – Sr. Guvin comentou depois que a princesa se afastou, seguida por dois guardas com brasões dourados em suas fardas. – Por favor, me acompanhem.

O mordomo as conduziu escada acima. Enquanto andavam, Guvin comentava sobre Kouris-Regnum, o nome do reino ao qual elas estavam. Era uma terra de abundância, fartura e generosidade. Pessoas de todo o Mundo Acima vinham prestigiar a Troca, que ocorria não só ali, mas em cada um dos Regnum. Porém, a de Kouris era a mais famosa, e, por isso, muitos turistas estavam ali hoje.

— Reyes possui festas animadas demais. Os Dízon são muito sóbrios e… Bragi não realizará a cerimônia. Eram nosso maior concorrente. – Havia um pesar na voz do homem. Algo grave provavelmente havia acontecido. – De toda maneira, é um ano incomum. Os outros Regnum só farão a Cerimônia da Troca no ano que vem, quando completar cinco anos desde a última.

— Por que Kouris realiza todo ano?

— O Seletor assim decidiu. 

— Vou colocar um daqueles filhotes de lince-cervo-máquina na cueca dele pra comer suas bolas. – Lynn resmungou, o que fez Opala segurar o riso e desviar o olhar do da garota para não cair na risada. Por sorte, Guvin não escutou. Ou fez a gentileza de fingir. 

Eles caminharam por mais um corredor extenso, até que finalmente chegaram numa ala menos grandiosa e mais aconchegante. Guvin abriu uma porta de madeira maciça, incrustada com algumas esmeraldas, e revelou uma sala delicada, com uma mesa no centro, dois sofás bem grandes, com almofadas fofinhas, e uma janela de madeira na parede ao fundo, em formato circular, que permitia que a luz do sol iluminasse o quarto. Próxima às paredes, havia estantes de livros, armários e mais móveis de madeira que com toda certeza era mais caros que a casa inteira de Opala.

O olhar dela percorreu o cômodo e notou duas portas mais simples, porém igualmente refinadas, cada uma de um lado oposto da sala. 

— Seus quartos. Podem escolher o que preferir, eles são idênticos. – O mordomo comentou, se preparando para sair e fechar a porta. – Por favor, se acomodem. Irei pedir para que venham buscá-las na hora do jantar. 

A porta se fechou em um barulho suave. A brisa da janela entreaberta pareceu beijar o rosto de Ecclair, que se culpou no mesmo segundo por se sentir… bem. Sem dizer uma palavra, se dirigiu até a porta da esquerda e a abriu com cuidado. Assim que colocou o pé para dentro do seu novo quarto, mais uma vez se viu maravilhada com aquele mundo.

O quarto era espaçoso, maior que o seu habitual, mas não era grande o suficiente para que se sentisse sozinha. Era perfeito. 

Havia uma janela de vidro que deslizava para o lado, se tornando uma porta para uma varanda com piso de madeira-clara. Pequenos vasos de flores compunham o ambiente, e rosas cor de rosa envolviam a cerca que batia próxima do tronco de Opala. Não havia espinhos nas plantas. 

Dentro do quarto tinha uma cama de casal estilo as de princesa que ela sempre havia lido nos livros. Um tecido verde se misturava com outro rosa e a permitia "fechar" a cama para ter privacidade. Também impediria os mosquitos de atacar durante a noite. 

O tapete felpudo também era um ponto a se destacar. Ela não resistiu em tirar os sapatos e sentir a maciez, rindo baixinho com a sensação boa que era estar ali.

No cômodo também havia uma mesa grande, com cadernos, utensílios de escrita, mais livros e uma caixinha de presente, fechada com um laço amarelo. Opala caminhou até a mesa com cuidado e se sentou na cadeira a sua frente, puxando a fita amarela e abrindo a caixa, curiosa. 

Lá dentro, havia uma carta, e, abaixo dela, uma pulseira com um pingente de uma folha verde. Ela abriu a carta com cuidado, e, a mensagem escrita numa letra muito bonita era simples e direta: Bem-vinda a Kouris-Regnum. Por favor, use esse presente antes do jantar. 

Sem motivos para não usar, Opala simplesmente pegou a pulseira e encaixou em seu pulso com considerável dificuldade. Fazer isso com uma mão só, usando aqueles feixes péssimos de abrir com a unha, fez com que ela gastasse mais tempo do que queria com a pulseira. E isso a irritou um pouco.

Deixou a caixa e a carta de lado. Seus passos foram até o guarda-roupa, e o abriu, curiosa. Lá dentro pôde encontrar uma série de vestidos, calças, túnicas, camisetas, blusas e sapatos que sempre sonhara em ter. Era como se ele adivinhasse seu gosto pessoal num toque de mágica. "O que provavelmente é o que essa coisa fez".

A barra de seu vestido ainda estava um pouco molhada, então, Opala pegou outra roupa para se vestir. "Preciso de um banho". Como se o quarto lesse seus pensamentos, ela reparou numa porta discreta. Assim que girou a maçaneta, se separou com uma pequena suíte, perfeita para um banho. Ela se despiu com cuidado e ligou o chuveiro, suspirando de aprovação assim que a água quente deslizou por sua pele.

Por alguns segundos, ela permaneceu parada, olhando a parede. Até que a culpa veio como um baque e seus olhos se encheram de lágrimas. O que estava fazendo? Havia perdido sua mãe. Sua família. Sua vida. E estava ali, deslumbrada com tudo aquilo. Adorando cada segundo. Com vontade de ficar ali. Não deveria agir como uma rebelde? Tentar de tudo pra voltar? Então… por que não sentia vontade de voltar? Queria que sua mãe estivesse ali. 

Mas só isso.

Não desejava voltar para Bonavida. Não queria ficar presa em um vilarejo pro resto da sua vida. Estar ali, em Kouris, era um novo começo. Mesmo assim, o coração de Opala se apertou. Ela sentia que estava errada. Não poderia se dar ao luxo de ser feliz ali. 

Limpou algumas lágrimas com a mão, e só então observou seu braço novamente. A marca da rosa branca continuava ali, a lembrando do que sua mãe havia feito para tentar a salvar. Não funcionou, de qualquer jeito, mas era um símbolo que a lembrava de onde pertencia. Mesmo que agora nunca mais pudesse voltar ao Mundo Abaixo, Opala nunca se deixaria esquecer quem era e suas origens. 

Se fosse para ser uma humana em meio aos deuses, ela seria. Até o último dia de sua vida. Até que o último suspiro escapasse de seus lábios. "Me sinto patética."

Só que nem isso era motivação o suficiente para explicar o motivo de se sentir tão bem ali. 

Ela saiu do banho, o rosto meio avermelhado pelo vapor e pelo choro. Se envolveu na toalha e voltou para o quarto, colocando a roupa que havia escolhido minutos atrás: um vestido simples florido, estilo de camponês. Deixou o cabelo solto e calçou um sapato confortável, mas, logo percebeu que não tinha mais o que fazer. 

Caminhou de volta para a sala que dividia com Lynn e percebeu que a garota ainda estava no quarto dela já que a porta estava fechada. Como não havia sido proibida de sair dali, Opala simplesmente abriu a porta e saiu pelos corredores do castelo. Um misto de alegria e excitação percorreu seu estômago enquanto andava pelos corredores exuberantes. 

Se aproximou com cautela de uma das janelas que iam do teto ao chão, e observou o pôr do sol que começava a se formar. Ao longe, podia ver a cidade a todo vapor. Pelo que Dalila havia comentado, hoje era um dia de Festa. Será que era como o Renascer em Bonavida? Depois da cerimônia, todos iam para o centro do vilarejo festejar, comer e beber. As crianças brincavam aos montes, pulando em pilhas de folhas de Outono, comendo milho cozido e dançando ao redor de uma grandiosa fogueira. Um sorriso fraco percorreu seu rosto. Queria ir até lá. Saber se era como estar em casa.

— Vai ser uma festa e tanto. – Alguém comentou logo ao lado da garota, que tomou um susto e deu um passo para o lado. – Desculpe, não quis te assustar. 

— Não assustou. – Apressou-se em responder, o que tirou uma risada dos lábios do homem. E só então Opala ousou olhar para ele.

Vestido com uma camisa despojada, branca, de linho e uma calça de couro, aquele homem parecia uma pintura de tão perfeito. O cabelo era longo, escuro, em tranças perfeitamente tecidas. Havia alguns adornos dourados, que davam uma beleza etérea para ele. Seu maxilar marcado era de se invejar. O corpo também não era de se ignorar. E Opala corou assim que percebeu o caminho de seus pensamentos. 

— Claro, não assustei. – Ele mantinha aquele meio sorriso, o olhar na cidade distante do horizonte. – Podemos ir lá, se quiser.

— Quem é você? 

— Mark. – Respondeu simplesmente.

— Sou Opala.

— Eu sei. – Ele colocou uma das mãos no bolso da calça de forma casual, e a olhou pelo canto dos olhos. Sua aura parecia a dominar. – Eu te escolhi, lembra?

Então aquele era o Seletor. 

Definitivamente por isso ela não esperava.


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