Antes Que Fosse escrita por Lotte e Ysayo


Capítulo 3
Capítulo 02




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Demetria não esperava ser difícil falar com Benjamin sobre a irmã, mas estava sendo. Haviam se passado quase três anos desde que Demetria vira Aria pela última vez. E quando se viram, Howard não sabia que seria a última, então não houve uma despedida com abraços, como o esperado. Quer dizer, não que Demetria, à época Dytto, fosse do tipo que se despede com abraços, principalmente de sua irmã. Mas talvez ela tivesse feito algo diferente do gritar e bater a porta do quarto na cara da mais velha que já segurava a mala do outro lado no corredor. Das várias coisas com as quais Demetria fingia não se importar, a mais difícil era o abandono; por isso ela reagia na maior parte das vezes com acessos de raiva. Talvez por ter que lidar com a morte de sua mãe muito precocemente, não o fez de uma forma saudável o suficiente para aprender que as coisas – e principalmente pessoas – irem embora era mais comum do que pensava. Mesmo agora, com dezenove anos, não sabia lidar bem com aquilo, apesar de não bater portas como antigamente.

━ De onde ela está demora muito pras corujas chegarem até Hogsmeade... Aposto que na próxima carta dela tenha algo sobre isso.

Tão assertivo quanto a mentira de Demetria, era o fato de que Aria tinha enviado apenas duas cartas ao longo de três anos e a última faria aniversário no mês seguinte. Não adiantou de nada, de qualquer jeito, que Demetria tentasse encobrir, pelo motivo que fosse, que a Howard mais velha não mantinha contato com a mais nova. A confusão evidente na expressão da americana - e no comentário sobre mais cedo ou mais tarde receber uma coruja da irmã -, só fez com que Chevrin se sentisse ainda mais pressionado à verdade.

━ É que... Nosso relacionamento terminou um ano depois de eu ter voltado pra França... E eu já voltei há bastante tempo, você sabe ━ a garganta estava seca.

Falar sobre Aria não era mais doloroso pra Benjamin. Talvez fosse ligeiramente estranho, mas isso certamente se devia ao fato de perceber que a família Howard estivera no escuro sobre a garota tanto quanto ele.

━ Ah ━ Demetria desviou o olhar para a taça e virou todo conteúdo para dentro da garganta. ━ Eu não sabia. Não é como se Aria me contasse tudo, também — desistia de sustentar a mentira. ━ No final, ela terminou com todo mundo, eu acho. Com você e com a gente.

Um sorriso tão gelado quanto o vidro da taça que segurava surgiu no rosto de Demetria, antes de ela se recostar mais uma vez na cadeira e finalmente olhar pro rosto do francês que se mantinha mudo.

━ Eu sinto muito ━ Demetria falou com sinceridade, depois de contemplar que tudo o que citou sobre a irmã, desde que haviam se encontrado naquele restaurante, deve ter soado extremamente insensível. ━ Mesmo que tenha passado tanto tempo.

━ Eu também sinto muito ━ disse Benjamin, pressionando os lábios por um segundo.

Ele queria dizer algo que a animasse, algo positivo ou que desse outra visão ao comportamento da ex-namorada, mas não podia fazer isso. Aria se afastara e essa escolha era apenas dela. Era tão simples que chegava a soar triste. O garçom retornou para a mesa para encher novamente as taças vazias e falou algo em francês, que Demetria não se esforçou em compreender, mas que mesmo assim foi o suficiente para fazê-la mover-se na cadeira, como se espantasse o recém adquirido peso à conversa. Não que tenha mudado muito de imediato, mas aos poucos a áurea ia se tornando menos soturna, principalmente quando voltavam ao fato que os permitira desfrutar de uma mesa no La Tour d'Argent.

━ Pelo menos agora que sei que você não é mais meu cunhado, isso ━ e a loira acenou com o indicador para as duas pessoas naquela mesa ━ parece bem menos inapropriado. Mas de todas as coisas que poderíamos ser, tinha que ser um casal?

━ O romance convence, eu te disse ━ Benjamin deu de ombros. ━ Seria mais difícil se fingíssemos nos odiar.

━ Não que a gente precisasse fingir ━ Demetria sorriu.

━ Eu precisaria ━ Benjamin encostou as costas na cadeira, o sorriso se esticando lentamente nos lábios com a compreensão que tomava as linhas do rosto da americana. ━ Dependendo do dia, claro.

Ver o sorriso de Benjamin em resposta aliviou um pouco a sensação no peito de Demetria. Aparentemente ele lidava bem melhor que ela com toda aquela confusão sobre Aria; saber disso a fazia se sentir menos culpada.

━ Minha irmã pode não nos matar agora ━ Demetria ignorou o esforço que fez para não usar o nome dela ━, mas Jasper... Uma filha é aceitável, mas as duas? Ele iria arrancar sua cabeça.

Benjamin riu, um riso de verdade que precisou ser abafado quando um novo olhar veio da mesa ao lado. Era engraçado – de um jeito estranho – pensar na situação narrada por Demetria.

━ Ele com certeza arrancaria minha cabeça ━ comentou com o fundo da voz ainda cheia de um riso contido. ━ Mas qual é?! Eu não sou esse tipo de cara. Sou do time dos bonzinhos sem graça, lembra?

━ É verdade, você é o texugo nerd ━ a lembrança do apelido carinhoso com que Demetria o havia batizado quando o conheceu surgiu como se nunca tivesse sido esquecido. ━ Sobre isso Jasper não precisa se preocupar. Pra você eu sou só loira e você definitivamente não faz o meu tipo.

A última coisa era uma mentirada, embora ela não soubesse, já que o pensamento discordante correu a mente da sonserina um pouco rápido demais para ser facilmente confundido - ou ignorado.

━ Perfeito. E pra falar a verdade, acho que só precisa dar menor importância à situação. Eu duvido que somos os primeiros a mentir sobre isso pra conseguir entrar aqui ou em qualquer outro lugar muito disputado ━ Benjamin deu de ombros; aquele não era o tipo de quebra de regras que tiraria seu sono.

━ Se vale como pagamento pela ajuda, eu sou ótima companhia pra amigos solteiros ━ o mesmo olhar adolescente, de quando estava prestes à aprontar, surgiu no rosto da americana. ━ Isso é, se você estiver solteiro. Mas considerando toda a encenação de casamento sem um pingo de precaução, eu duvido muito que não esteja, então você vai sair com a gente mais tarde. Vai ser mais divertido que ficar em casa sofrendo pela ex.

Demetria se arrependeu no segundo seguinte. Mas então, percebeu que depois de tanto tempo duvidava muito que Chevrin ainda estivesse sofrendo por qualquer coisa. E se isso não foi evidenciado em palavras pronunciadas pelo lufano, não ver a mínima contração no rosto do francês deveria ser comprovação suficiente. Se antes Benjamin estava certo de que não perderia o sono, não podia dizer o mesmo sobre a proposta de Howard sobre ser uma ótima companhia para amigos— solteiros ou não. O francês tinha uma vaga lembrança dos hábitos da loira e estes estavam longe de ser o tipo de coisa que ele faria para não ficar em casa sofrendo pela ex.

━ Com a gente? ━ Benjamin arqueou a sobrancelha, descartando a necessidade de explicar que àquela altura o sofrimento pelo relacionamento rompido não existia. ━ Você e a amiga que te deixou ━ os fios loiros chacoalharam com a confirmação animada que Demetria fazia com a cabeça, mas talvez ele não tenha percebido pois apresentou outra opção ━ ou a gente envolve outras pessoas?

Benjamin quis saber inicialmente, mas logo aquilo pareceu irrelevante para a situação; ele continuou sem dar a Demetria chance de resposta.

━ Sua ideia de diversão é exatamente o que me faz pensar duas vezes nessa proposta.

Howard apertou os olhos claros para o rapaz, formulando na mente uma forma de respondê-lo à altura. Benjamin também estava pensando numa forma de negar ao convite de Demetria quando o garçom se aproximou com uma bandeja.

━ Eu só não vou te responder agora, porque a comida chegou.

Benjamin sorriu, calando-se para qualquer comentário que pudesse denunciá-los e só pegaram os talheres quando o garçom se afastou. O cheiro que invadiu o nariz de Howard a fez esquecer momentaneamente os planos para mais tarde – não que eles estivessem bem definidos – e ela se ajeitou em seu assento, colocando o guardanapo de tecido sobre o colo. Pra sua surpresa, a fumaça que saíra da bandeja tinha fonte apenas do prato de Benjamin; o que lhe foi entregue era bem diferente do que o francês havia recebido.

━ Tá de brincadeira ━ reclamou com as sobrancelhas pressionadas, olhando para seu grande demais para a quantidade pífia de comida. ━ Mas que diabos é isso?

Uma coisa era certa: nada naquele dia poderia fazer com que Benjamin sofresse mais para segurar o riso do que a expressão de surpresa e descrença que a americana fez ao receber seu prato.

━ Tá achando engraçado, Chevrin? ━ A loira mordeu o lábio, segurando a vontade de soltar um palavrão.

━ De modo algum ━ respondeu Benjamin, sarcástico.

Howard acenou, irritada, para o garçom que alcançou a mesa com a maior cara cínica - ou foi o que Demetria achou.

━ Oui, madame? ━ ele falou, fazendo a loira balançar a cabeça negativamente, visivelmente sem paciência.

━ O que é isso, exatamente? ━ Demetria tentava não soar agressiva, ainda.

━ Seu pedido, madame. Informei dos ingredientes antes, gostaria que os repetisse?

A loira lançou um olhar urgente pra Benjamin ao receber as palavras na língua nativa do francês, que parecia um pouco vermelho de tanto segurar o riso. Saber da falta de intenção do garçom em usar do inglês com a estrangeira só somava pontos à graça que acometia o lufano, dificultando para ele a tarefa de conter o riso, principalmente quando levava em conta que, de forma involuntária, toda a indignação alheia passava por sua cabeça, fazendo com que prestar atenção na conversa entre funcionário e cliente fosse uma tarefa totalmente prejudicada.

━ Uma tradução aqui seria ótimo, querido ━ Demetria falou, erguendo as sobrancelhas para o lufano com insistência.

Benjamin interviu e de forma livre guiou o diálogo com o funcionário, conforme o necessário. Poucas palavras trocadas depois, o garçom estava se afastando da mesa.

━ E então? ━ Howard ergueu as sobrancelhas. ━ Vão trocar o meu prato?

━ Você vai ter que esperar o próximo, ma chérie ━ o bruxo a relembrou que havia pedido a Imagination du Chef, que se tratava de uma refeição completa em cinco pratos; aquele era só o primeiro.

━ Vai, pode rir ━ ela resmungou, ignorando a insistente vontade do sorriso em aparecer atrás dos lábios. ━ Pelo menos, alguém tá se divertindo hoje.

Na verdade, Demetria estava se divertindo também. Mais até do que esperava quando escreveu a carta naquela manhã. Passado o desentendimento inicial, a americana pareceu se interessar mais pela escolha de seu pedido e a troca frequente de pratos. Entre um intervalo e outro conversaram sobre a viagem da mais nova dos Howard até ali.

━ Então, quando você chegou?

━ Há quatro dias ━ afirmou Demetria, entre garfadas. ━ São duas semanas de humilhação em restaurantes, tomadas que não funcionam e amigas que te largam.

━ Aliás, por que exatamente sua amiga te deixou? ━ Benjamin não conteve a curiosidade, ainda que pudesse obter as respostas de outra forma menos ética.

O bruxo manteve o questionário, tirando o foco do assunto acompanhar Demetria em uma aventura noite adentro, afinal seria sagaz de sua parte evitar qualquer – novo – problema em que a loira pudesse colocá-lo. E isso não era exagero da parte dele. Confusão na recepção do restaurante e abandono da amiga eram só uma amostra grátis do caos que parecia sempre pairar sobre a caçula dos Howards. As perguntas, é claro, soavam como incentivo para a loira contar todo seu trajeto pelo país, o que, naquele momento, Benjamin não se importou. Gostava de ouvir e, além disso, quanto mais ouvia e menos falava, mais tinha tempo para saborear a refeição. Chevrin ouviu tudo com a atenção dividida entre o próprio prato e a taça de champanhe, e embora não tenha reparado de forma consciente, mais tarde ele perceberia que raramente conseguia ter uma conversa normal com a ex-cunhada como a que estava tendo naquele dia. Não que as alfinetadas e certo estranhamento deixassem de existir, mas agora parecia mais natural, como se fosse algo que iria se adaptar a eles ou se extinguir naturalmente conforme passassem mais tempos juntos. Ainda que isso não estivesse, de fato, nos planos.

Apesar da estranheza nas primeiras palavras trocadas – totalmente compreensível quando levado em consideração que Demetria não sabia que não tinha mais um motivo pra manter contato com Chevrin –, conforme os minutos foram passando, francês e americana pareciam ter voltado alguns anos atrás, na época em que ele ainda era um estrangeiro na Inglaterra tanto quanto as irmãs Howard. Nem sequer a sonserina imaginava que pudesse se lembrar de situações que aconteceram quando conviviam com mais frequência por consequência do relacionamento dele com sua irmã, e estranhamente, Aria sempre ficava escondida, como se nunca tivesse feito parte daquela conversa. E além disso, não haviam entrelinhas; não era como se estivessem se esforçando para não tocar no assunto, só não parecia mais relevante. Era como se, pra eles finalmente se darem bem, era necessário Aria sair de cena. Ou Demetria crescer um pouco mais e deixar de ser uma pirralha desesperada por atenção.

━ Eu juro por Merlin que se aparecer outro prato na minha frente eu vou explodir ━ a loira descansou as costas na cadeira, ao mesmo tempo que colocava o guardanapo sobre a mesa. ━ Como alguém pede tanta comida, de propósito?

━ Achei que era você a insatisfeita com a quantidade de comida quando chegou o primeiro prato ━ lembrou Benjamin para seu próprio deleite, recebendo um sutil sinal de ironia no sorriso de Demetria.

━ Mas não vou negar que deve ter sido o melhor almoço que eu já tive em toda minha vida ━ "em parte pela comida, em parte pela companhia", pensou a americana por trás do sorriso.

━ Isso quer dizer que consegui fazer você mudar de ideia sobre a França?

Benjamin perguntou, a princípio, sem perceber como aquilo podia soar inadequado se somado ao que havia passado pela cabeça da loira. Mas ela nunca tinha falado nada sobre sua companhia. Logo, qualquer interpretação extra seria nada além de uma grandessíssima coincidência. Não que ela tivesse interpretado dessa forma quando seus olhos verdes foram pressionados pelas pálpebras em claro sinal de desconfiança.

━ Você havia mencionado isso na carta ━ o francês acrescentou a explicação, torcendo para que isso ajudasse mais do que atrapalhasse.

Como se salvo pelo gongo, o telefone de Demetria tocou, ou melhor, fez um som esquisito de ronco que só parou quando ela levou o aparelho à orelha.

━ Apareceu a margarida ━ falou a americana assim que ouviu a voz de Lauren, acenando pra Benjamin numa tentativa de sinalizar quem era do outro lado da linha.

Benjamin não era um completo ignorante à tecnologia e por isso teve a certeza de que, na teoria, não deveria ser necessário tanto esforço para entender o que a outra pessoa queria dizer quando notou Demetria aumentar o volume da voz, ao mesmo tempo que tampava o outro ouvido como se, de fato, aquilo pudesse ajudar.

━ O quê? Tá muito barulho, não consigo te escutar! Tá, tá! Manda mensagem! ━ o telefone deixou o ouvido. ━ Lauren. A amiga que abandona a outra num país estranho ━ comentou, antes de balançar o celular na altura dos ombros. ━ E isso aqui é muito mais útil que cartas. Sério, nós deveríamos começar a considerar como meio de comunicação.

E sobre nós, ela queria dizer a comunidade bruxa. Nunca precisou usar celular antes daquela viagem, mas sabia que se não morasse em Hogsmeade com certeza continuaria a usá-lo. Particularmente, Benjamin não sabia se concordava com o uso dos celulares, porque estava muito acostumado aos próprios métodos, mas sua opinião não era algo que alguém quisesse, ainda mais quando o novo vibrar do celular se tornou o maior foco da mesa.

━ Ah, não... Já tô até vendo ━ a saída com Lauren pelo visto aconteceria mais cedo do que previra. ━ Então, parece que ela está numa festa privé do trouxa da noite passada... Num tal de Le 10ème Ciel. Parece que é perto da Torre Eiffel, você conhece?

━ Conheço. Mas não entendo sua cara, achei que era o tipo de coisa que gostasse. Ou será que tudo isso é porque não conseguiu um trouxa também? ━ Benjamin não precisava que ela dissesse para que descobrisse o que a havia incomodado, mas ainda assim escutou tudo como se desconhecesse cada detalhe dos fatos; o fundo de curiosidade também era algo totalmente genuíno.

━ Eu já tive minha cota de homens franceses, eu acho ━ sentiu uma pitada de confusão com sua própria afirmação, pois não era isso que ela pensava na noite anterior; a necessidade de se justificar veio rápido demais. ━ Perder minha companhia de viagem pra um trouxa estrangeiro é o culpado. Agora me resta ficar de babá ou vela, o que não é muito animador pra quem ainda vai ficar mais uma semana no seu país.

Apesar do incômodo presente em suas últimas palavras ser genuíno, no que Demetria pensava agora, enquanto olhava de um lado para o outro em busca do garçom que os atendera durante a refeição, é que era ótimo que Benjamin conhecesse o lugar onde Lauren a esperava, pois além da loira não fazer ideia de como andar pelas cidades de Paris sem ajuda, era mais uma desculpa para arrastá-lo junto caso ele insistisse em negar. Certa de que iria de encontro a amiga naquele momento, a loira antecipou a aproximação do garçom - após sinalizar, imitando o movimento do lufano tantas vezes antes – para descobrir como faria para pedir a conta.

━ Como que pede a conta em francês?

━ L'addition.

━ Ladición ━ repetiu a palavra que o bruxo tentava lhe ensinar, à toa.

━ L'addition ━ Benjamin repetiu, mais devagar.

━ Larition ━ Demetria tentou uma segunda vez, até que o garçom os alcançou.

━ Oui? ━ O garçom se dirigiu ao francês na mesa, mas foi Demetria quem falou.

━ Ladition ━ falou com um sorriso largo, incapaz de perceber o olhar de deboche do funcionário antes deste se afastar, pois ela havia tornado sua atenção para Chevrin, erguendo as sobrancelhas como quem está orgulhosa de si mesma.

Benjamin e Demetria aproveitaram o tempo até a conta chegar para terminar a taça da bebida que fora enchida novamente em algum momento do almoço e quando o pequeno caderninho com as despesas foi estendido, foi Chevrin quem pegou o objeto e analisou o resultado para fazer o pagamento.

━ Ei, devolve! ━ A americana reclamou. ━ Quem convida é quem paga.

Demetria ergueu-se um pouco da cadeira pra tentar agarrar a conta, mas o francês o afastou de seu alcance, prendeu algumas notas trouxas dentro e o entregou para o garçom com algum comentário sussurrado. Com a conta fora de alcance, lhes restou deixar a mesa e sair do salão em meio a uma conversa – discreta – sobre machismo que obviamente foi iniciada por uma Demetria já emburrada com algumas – talvez grande parte – das pessoas do país.

━ Outra prova do machismo francês? ━ Murmurou Demetria, enquanto passavam pela recepção, se sentindo mais pesada do que quando entrou, mas definitivamente triunfante ao trocar olhares com a recepcionista.

━ Somos um casal, esqueceu? É de bom tom que eu pague a conta, se quer saber ━ a farsa precisava ser mantida até ultrapassarem a recepção.

━ Não quero você espalhando por aí que eu vim comer de graça, ainda tenho uma reputação a zelar ━ Demetria o ameaçou, enquanto descia as escadas.

━ Não se preocupe. Não vou contar a ninguém.

 


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