A Química do Amor escrita por MisuhoTita


Capítulo 2
O Acidente de Rafael




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Dirijo com pressa pelas ruas da cidade, querendo chegar depressa ao hospital, tudo isso para saber notícias de Rafael, meu melhor amigo desde a época da faculdade. Pouco mais de uma hora atrás, recebera uma ligação de Fátima, mãe de Rafael, me informando que meu amigo, praticamente um irmão, sofreu um acidente de moto, e, no momento, encontra-se em estado muito gravo no hospital.

Quando eu recebi aquela ligação o mundo ruiu. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que Fátima estava me dizendo. Mas, a voz completamente desesperada dela me fez ter certeza de que ela dizia a verdade e, é por este motivo que agora eu dirijo com pressa para o hospital, pois, eu preciso ter notícias do meu amigo.

Paro no farol vermelho e começa a ficar impaciente, pois, eu realmente estou com pressa. Enquanto espero o sinal abrir, começo a bater meus dedos de forma impaciente no volante, a preocupação com Rafael tomando conta de mim em um nível absurdo.

Fátima não quis me dar muitos detalhes pelo telefone, e, isso só faz com que eu fique ainda mais preocupado com meu amigo.

Finalmente o sinal abre, e, não perco tempo em tirar o carro do ponto morto, colocar a primeira marcha e pisar na embreagem. Tão logo o carro entra em movimento, engato uma segunda e terceira marcha e piso com força no acelerador. Vejo o velocímetro subindo e meu carro ganhando velocidade, e, enquanto dirijo não penso em mais nada, a não ser em meu amigo.

Dirijo em uma grande velocidade e correndo o risco de levar uma multa por excesso de velocidade, rapidamente chego ao hospital. Volto o meu olhar para o estacionamento e não demoro a encontrar uma vaga livre, e estaciono de qualquer forma.

Desligo o carro, tiro a chave da ignição e desço do veículo, indo direto para a recepção, onde, ao avistar a recepcionista, não perco tempo em dizer:

― Preciso saber de Rafael Villa Lobos.

― O senhor é da família? – a recepcionista me pergunta.

― Praticamente. Escuta, minha filha, não tenho tempo a perder, apenas me diga onde está o Rafael.

― Edan! – escuto uma voz familiar, antes que a recepcionista possa me responder qualquer coisa.

Olho para trás e vejo Fátima, com o rosto, completamente inchado, provavelmente ela deve ter chorado bastante, o que significa que, no mínimo, o estado de Rafael é bastante delicado.

― Fátima! – não perco tempo em dizer – O que houve? Como está o Rafael?

― Venha comigo, Edan. Aqui não é o melhor lugar para conversarmos.

Seguimos juntos para o elevador, e, não demora nada para chegarmos a um corredor vazio, e, em seguida, a uma sala de espera, onde logo vejo Theodoro, o pai de Rafael, que, tal como Fátima, está com uma aparência tensa. A única que não está ali é Regininha, a irmã caçula de Rafael, e, imagino que ela deva estar bem ocupada, já que não está ali com a família.

― Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo? – pergunto – Como está o Rafael? O acidente foi muito grave?

Meus olhos encaram Theodoro, um homem com seus setenta anos, cabelos loiros começando a ficar grisalhos e olhos verdes. Ao seu lado, Fátima, com seus sessenta e cinco anos, cabelos castanhos e ondulados, presos em um coque mal feito e os olhos azuis completamente inchados.

― Rafael estava saindo de casa para o trabalho. – Theodoro finalmente me responde – O celular dele tocou, e, enquanto tirava o Smarthphone do bolso para atender a ligação, uma moto em alta velocidade o atropelou. O motorista da moto estava completamente bêbado e morreu na hora, e quanto a Rafael, está em estado grave na UTI e, infelizmente, não temos nenhuma notícia de seu estado. Regininha está vendo se consegue alguma notícia para nos dar, já que ela trabalha aqui.

― Então é por isso que a Regininha não está aqui com vocês. – me vejo falando.

― Sim, Edan. – é Fátima quem me responde – Ela está tentando conseguir alguma notícia para nós.

― Espero sinceramente que ela nos traga boas notícias. – volto a falar.

E, realmente espero, pois, eu simplesmente não imagino a minha vida sem Rafael, meu melhor amigo, ao meu lado.

Rafael e eu nos conhecemos quando ambos tínhamos os nossos dezoito anos de idade, os dois calouros no curso de Ciências Atmosféricas em Harvard, e, não demorou nada para nos tornarmos amigos. Com o tempo, fomos ficando cada vez mais próximos, pois além de estudarmos juntos, sempre íamos para as mesmas festas e farras juntos, simplesmente inseparáveis e, por isso mesmo, acabei conhecendo e me aproximando da família de Rafael, assim como ele também se aproximou da minha. Após a graduação, fizemos juntos a pós e o mestrado, e, trabalhamos juntos para o governo, aqui mesmo em Washington. Estávamos com planos de, ano que vem, íamos juntos para o doutorado na Groelândia mas agora, sem ter notícias de meu melhor amigo, sem saber se ele vai viver ou não, este parece um sonho distante.

Rafael é como um irmão para mim, o irmão que eu escolhi ter, e, por isso mesmo é que estou tão preocupado com ele, com medo de que o pior possa vir a acontecer.

A cada minuto sem notícias de meu amigo me sinto ainda mais aflito e, tudo o que quero é que Regininha ou qualquer médico apareça para nos dizer que vai ficar tudo bem. Olho para Theodoro que, está abraçado a Fátima, que não para de chorar. Coitada, como mãe, imagino que a situação seja muito mais difícil para ela do que para mim, que sou apenas um amigo da família.

As horas se arrastam sem que tenhamos qualquer notícia e, nenhum de nós tem ânimo ou vontade de conversar, e, por isso mesmo, ficamos em silêncio, esperando por alguma notícia, qualquer uma que seja.

Ouço barulho de passos se aproximando e, imediatamente, tanto eu quanto Theodoro e Fátima nos levantamos, ao mesmo tempo em que as portas da sala onde estamos se abrem e surgem duas pessoas em seus jalecos brancos. Um homem que eu não conheço e, Regininha, a irmã caçula de Rafael e uma das mulheres mais lindas que já conheci em minha vida.

Regininha é simplesmente perfeita, dona de um corpo escultural, tem cabelos negros e ondulados que caem de forma perfeita por suas costas. Olhos de um verde tão intenso que parecem pedras preciosas, e lábios tão perfeitos e vermelhos que parecem esperar por um beijo.

Vejo a atenção de Regininha se voltando para seus pais e, a voz dela soa carregada de tristeza ao dizer:

― Infelizmente o estado do meu irmão é bastante grave e delicado. Ele sofreu uma lesão na coluna vertebral e, no momento, não sabemos a extensão desta lesão. Só saberemos se Rafael acordar, ele está em coma. Este é o doutor Fernandes, ele está cuidando do caso de meu irmão e poderá dar mais detalhes, pois ele é neurologista.

Vejo Theodoro e Fátima se aproximando do médico, ao mesmo tempo em que os olhos verdes de Regininha finalmente parecem me notar e, no mesmo instante, vejo a expressão na face dela se fechar completamente.

― Oi Regininha. – eu a cumprimento.

― Para você é doutora Villa Lobos, senhor Vasconcellos. – ela me responde, ainda de cara fechada – Até onde eu sei não somos amigos para você me tratar com tanta intimidade.

 


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