Crônicas de Estrada escrita por Vagus
Eclipse
Faz tempo desde a última vez...
Que pensei em você por um erro.
Certo de que nosso tempo se esvai,
Receios silenciam em meu peito.
O sexo já não é tão prazeroso,
Ou teu gosto, teu cheiro,
Teu lábio gostoso.
Desfaz-se um significado embaçado em esboço...
O carro está estacionado ao lado do posto,
E você, com um sorriso esquisito no rosto.
O destino é nossa próxima parada,
E você está excitada,
Com os deslindes que reservam o fim dessa estrada.
Faz dias desde a última vez...
Que dormimos em camas ou motéis.
Faz até sentido dizer que,
Esse carro foi nossa casa itinerante.
Estranho que, a cada dia teu radiante,
Torna-se sorumbático meu semblante.
Você já não se importa, pois, não parece importante.
Acho que perdi um bom tempo encostado na janela...
Gostaria de dirigir um pouco, e guiar o carro pelo sendeiro.
Mas, ele é seu; e eu seu... passageiro.
Efêmero como uma placa que avisa... o limite da via.
Já rimos delas em algum momento passado,
Porém, esses fatos antigos não são mais engraçados.
Faz dias desde a última vez...
Que eu jurei que não ia me apaixonar,
Que não haveria de haver amor para dar,
Que você era só um erro que eu queria praticar.
Nesse devaneio, à beira de um eclipse solar:
Sob um sol que sobe vertical no horizonte,
E se sobrepõe ao soturno luar.
Tua lua cheia guia as estradas,
E o sol surge obscuro durante a madrugada.
Há coisas erradas que passam em pensamento,
E perco falas antigas para o vento.
Remetendo a quando erros, fogo e estrada guiavam nossos atos,
Em um prisma plissado, escutando noturnas rádios.
Parece muito tempo, tanto que te soa um fardo.
É corolário, como açoite...
Acho que trocaria toda a minha eternidade,
Por só mais uns instantes,
Daquela noite.
~Gabriel.
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