Crônicas de Estrada escrita por Vagus


Capítulo 2
Capítulo II - Fogo




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Fogo

Quase mágico o destoante luar,

Me fazia quase aclamar o brilho.

Luzes acessas por toda a estrada,

E o espelho refletindo o seu sorriso.

 

À noite em um carro velho...

Correndo pela madrugada.

Ouvia o vento rosnando incrédulo,

Sobre nossa quase perfeita escapada.

Seus lábios vermelho-vinho,

Sua jaqueta escura jogada no banco ao lado;

Eu, no banco de trás, ouvindo um blues,

Com fones de ouvido,

E jeans rasgados.

 

O frio eu tocava como um baixo,

Com meus dedos no imaginário.

As malditas luzes da estrada,

Escurecendo todos os lados.

 

Ela estava a 160...

Numa pista quase deserta.

Passamos por uma placa a 90,

Mas eu já não a julgo certa.

 

Estrelas eu só não enxergo,

O mais próximo que chego é olhar ao teto

Com foro rasgado.

Imagino o teu cabelo,

Enquanto meus olhos estão fechados.

Abraço o frio,

E peço a ele uma amostra dos teus amassos.

 

Mas você só olha à frente,

Fumando um de seus cigarros.

O pouco que faço é admira-los,

Jogados pelo tapete do carro.

As faíscas que saem deles,

Me faz propício a experimenta-los.

O proibido de seu cheiro me infecta,

E penso que deveria estar sentado ao seu lado.

 

Você relaxa as pernas,

E deixa a velocidade nos guiar.

Eu me ajeito no banco de trás,

E pergunto se não é hora de pararmos.

 

À beira da estrada eu vejo beleza...

Nas covas de suas bochechas.

O rubor quente e fedorento daquele cigarro,

Que agora acendo com meu isqueiro.

O fogo é paradoxo das suas mãos frias,

Tão frias que eu as toco.

Não sou insano para larga-las:

“Olhe para mim, não percamos o foco”.

Sou quase fascinado e estou distante...

Nessa estrada sem destino.

Me admira olhar ao seu semblante,

E perceber teu refletido rosto sorrindo.

 

Ela dirige sobre uma serena estrada...

E me mostra o amanhã,

Balançando uma caixa de fósforos.

Agora eu sento no banco ao seu lado,

E trago um pouco do seu fedorento tabaco.

Acima de nós, paira um vento fraco,

Quase destoante da nossa fuga aos fatos.

~Gabriel.


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