Caçadores urbanos e o mistério do filho proibido escrita por Tynn, WSU


Capítulo 12
Capítulo 11 – Vulto




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As águas cristalinas do rio Tapacurá se moviam preguiçosamente entre os dedos de Thaís, que estava acocorada às margens do curso d’água. A loira fechou as mãos em formato de concha e admirou seu reflexo distorcido naquela poça. Fazia pouco mais de 10 minutos que ela, Raul e Natanael chegaram ao destino apontado pelo GPS, desceram do carro e foram examinar as redondezas. A partir daquele momento, eles precisariam ir a pé. 

— Oh, galega… – Raul chamou, exibindo o celular para Thaís. – Dá para tirar uma foto minha nessa paisagem irada? – Ele estendeu os braços bronzeados, tencionando os músculos. – Aposto que uma foto aqui vai bombar no meu instagram.

Thaís revirou os olhos constrangida, mas acabou cedendo ao pedido do colega. Ela pegou o celular de Raul e subiu em cima de uma pedra, tirando várias fotos enquanto o ex-militar fazia poses para a câmera. O local, de fato, era bastante bonito e digno de ser registrado. Eles estavam em Vitória de Santo Antão, um município da Zona da Mata de Pernambuco, a cerca de 46 quilômetros da capital. Apesar do centro comercial ser bastante populoso naquele município, eles estavam agora às margens de um rio calmo e silencioso, envoltos por árvores, arbustos e pedras escorregadias. O sol queimava alto no céu, criando um mormaço pouco agradável, mas suportável até o momento.

A sessão de fotos só acabou quando Natanael chegou com uma bússola nas mãos, apontando para um ponto a direita, na direção de uma floresta cerrada. Ao examinar a bússola, tanto Thaís quanto Raul perceberam que ela se agitava energeticamente naquela direção.

— Esse negócio aí tá com defeito, visse? – Raul avisou, apontando para a agulha. – Eu nunca vi uma bússola que fica se mexendo como se tivesse mal de Parkinson. Além disso, o Norte fica para o outro lado.

— Ela não está apontando para o Norte – Natanael explicou. – Eu desenhei uma runa mística no fundo da bússola, a agulha está apontando para onde existe uma entidade de outro mundo.

— Sei não, boy. Gosto nem um pouco dessas tuas macumbas aí.

— Isso se chama magia arcana e vem de Ocultgard. Meus pais eram de lá.

— Ocult-o-quê?

— Vamos, Raul... – Thaís resolveu interromper o interrogatório, puxando o amigo musculoso pelo braço e sussurrando em seu ouvido. – Você faz muitas perguntas para o Natanael, não sabe que ele gosta de privacidade?

— Porra nenhuma! Se vamos seguir um maluco segurando uma bússola quebrada, quero saber onde estamos nos metendo.

O casal parou apenas quando chegou no carro prateado. Raul pegou uma mochila camuflada do porta-malas e a posicionou sobre as suas costas, puxando da cintura a pistola para verificar a munição. Depois de constatar que tudo estava em ordem, escondendo a arma embaixo da camiseta. O rapaz segurou uma garrafa de água e deu um gole generoso, guardando-a em um suporte preto colado à coxa. Apesar de não fazer mais parte do exército, ele agia e se vestia como tal, usando costumeiramente calças camufladas, uma camiseta regata branca e o cabelo cortado rente a cabeça. O porta-malas do carro se fechou com um estrondo assim que ele pegou todo o seu material de caçada. À frente, Thaís também caminhava com uma mochila nas costas, um pouco menor, mas proporcional ao seu porte físico.

Natanael era o único que não estava preocupado em carregar quilos de equipamentos. Os itens mais importantes ao bruxo eram os gizes de cera, para desenhar runas mágicas no campo de batalha, e seu smartphone. O rapaz caminhou até a entrada da floresta, vendo que a bússola continuava a se mover de forma frenética para lá. Ele esperou que os outros dois companheiros se aproximassem.

— Como eu expliquei no QG, uma entidade entrou em contato comigo para falar sobre o filho proibido, ela tem informações importantes sobre o novo ser que ameaça o equilíbrio entre os dois mundos. Mas essa entidade está presa e devemos libertá-la.

— E como eu sei se essa tal entidade não vai nos estraçalhar assim que a gente libertar a belezinha? – Raul perguntou irônico. 

— Raul, nem todo mundo é um monstro devorador de pessoas.

— Tu é muito inocente. Se vamos atrás de algo que nem gente é, devemos estar preparados para matar.

Natanael respirou fundo e encostou-se em uma árvore, cansado demais para continuar o debate. Diariamente ele precisava conviver com as atitudes céticas de Raul, que desacreditava (e debochava) de basicamente tudo o que ele ou Eduarda falavam. Na maioria das vezes, o bruxo simplesmente ignorava e continuava com seu trabalho, uma vez que Vanessa era capaz de lidar com o temperamento forte do ex-militar. Agora que a chefe não estava ali, estava ficando cada vez mais complicado conviver com Raul. Thaís leu a expressão no rosto do bruxo, não era difícil deduzir o que ele estava pensando.

— Okay, okay... – a loira falou, se colocando entre os dois. – O acordo vai ser o seguinte: nós vamos atrás da pista que Natanael encontrou. E, antes de soltar qualquer entidade, vamos ter uma boa conversa. Você, Raul, pode ficar com a arma apontada para a criatura e meter bala se ela fizer qualquer movimento suspeito. – Natanael já ia intervir, mas Thaís fez sinal para ele permanecer calado. – E, Natan, não significa que você viu uma pessoa boa só porque apareceu um ser de luz enquanto meditava. Você sabe que muitos monstros conseguem se disfarçar em anjos, velhinhas bondosas e até mesmo em gatos fofinhos!

— Já que precisamos usar a violência sempre, assim seja! – o feiticeiro desabafou, virando-se para entrar na floresta. – Pelo visto o senhor desconfiado aí não é capaz de dar um passo sem querer atirar em todo mundo.

— Ei, ei, ei, boyzinho, agora tu vai escutar – Raul segurou o braço de Natanael antes que ele continuasse andando. – Quando eu era do exército, vi com meus próprios olhos um demônio filho da puta desmembrar meus companheiros do pilotão. Todos jovens, com seus 18 anos, que viajavam em missão para honrar seu país. O demônio era nosso sargento, um bigodudo engraçado e cheio de piadas, que dilacerou e devorou seus próprios homens. Se eu fosse mais esperto naquela época, teria metido bala na cabeça daquele desgraçado. Então é melhor você começar a escutar o que eu tô falando, moleque. Tu ainda tem muito que aprender.

Raul soltou Natanael, que permaneceu calado e encarando o companheiro de equipe. Apesar do braço estar dolorido, dado a força com que o ex-militar apertou sua pele, Natanael não reclamou ou fez cara feia, apenas massageou o local. Ele sempre se perguntou por que Raul evitava falar de seus colegas do quartel, agora entendia o motivo. Aparentemente todos os caçadores queriam corrigir algum erro do passado e ali estava a motivação de Raul. O bruxo colocou a bússola na sua frente e ficou parado antes de adentrar na floresta, dessa vez esperando que Raul e Thaís ficassem lado a lado para prosseguir. Eles eram uma equipe e deviam agir como tal para sobreviver.

À medida que entravam na floresta, contudo, a caminhada ficava mais difícil e a visibilidade prejudicada. As árvores eram grandes e frondosas, fazendo sombra por toda a região, e as raízes criavam verdadeiras armadilhas no solo. Thaís puxou a sua faca e começou a cortar alguns galhos que dificultava o trajeto enquanto Natanael tentava identificar a localização apontada pela bússola. Havia barulho de roedores que se escondiam em buracos no chão assim que viam os visitantes. Meia-dúzia de aves voaram para longe, parecia que o trio não era bem-vindo naquela mata.

Não demorou muito para eles perceberem que estavam perdidos. Thaís já não seria capaz de apontar em qual direção eles vieram depois de 10 minutos de andança. Já Raul estava atento aos passos, entretanto sua preocupação era outra. Ele escutou uma movimentação suspeita em um ponto perto das suas costas. Virou-se ao mesmo tempo de Nataneal, que apontava a bússola naquela direção. O barulho mudou para um ponto a esquerda deles, depois moveu para trás e sumiu. A agulha da bússola se movia agora em quase todas as direções.

— Mermão, tô agoniado com essa tua entidade aprisionada. Ela parece bem soltinha para meu gosto. – Raul puxou o revólver da cintura e apontou para a fonte do barulho, que saltou mais uma vez e desapareceu. – Que porra de entidade é essa? É um macaco?

— Eu não faço ideia... – Natanael admitiu, dando um giro para acompanhar a bússola. – Não sabia que ela se movia tão rápido.

— É melhor ficarmos atentos – Thaís disse e se colocou de costas para o bruxo. O trio então tomou uma posição defensiva, cada um encarando um ângulo da floresta. – Se ela nos atacar, precisamos agir rápidos. Não sei se estará a fim de conversa.

Natanael pegou um giz do bolso, pensando em qual tipo de feitiço poderia fazer para sobreviver a um possível ataque. O vulto passou a alguns metros à sua frente. Parecia ser uma criatura pequena, talvez humanoide, que se movia muito depressa. Dava-se apenas para ver um borrão passando de um galho ao outro. Se era um macaco ou outro primata, Natanael não era capaz de discernir. Colado ao seu ombro direito estava Thaís, com seus olhos perspicazes, ela observou o vulto saltar e posicionou a faca à frente, tentando parecer ameaçadora, mas sem sucesso. Raul bufou quando avistou a mancha preta passar dessa vez na sua frente.

— Tô de saco cheio já! – ele disse e atirou na direção do vulto.

O barulho de tiro ecoou por toda a mata, fazendo inúmeras aves debandarem voo como resposta. Dava-se para escutar os animais correndo nas mais variadas direções, roedores, castores e pequenos mamíferos, se escondendo na algazarra.

Depois de alguns instantes de agitação, a mata ficou silenciosa, um silêncio quase palpável. O trio só era capaz de escutar a respiração descompassada um do outro. De repente, um assobio tomou conta do ouvido deles. Um assobio alto, agudo, de raiva e de dor. Eles não conseguiam identificar sua origem, parecia vir de todas as direções, tão alto que seria capaz de estourar os seus tímpanos se continuasse por muito tempo. Natanael olhou a bússola e viu a agulha girar em círculos velozmente, até o vidro trincar e o objeto parar de funcionar.

O primeiro a ser atacado foi Raul. Um cipó de madeira enroscou-se no braço direito do rapaz, fazendo-o gritar de dor devido a uma forte sensação de queimadura. Ele foi impulsionado para frente, sendo puxado pelo cipó enquanto era arrastado para o meio da floresta. A arma caiu no chão com o golpe. Ele olhou para trás e viu os amigos ficarem distantes, sentindo a dor de ter todo seu corpo de 96 quilos ser arrastado no meio da mata pelo braço. Uma risada irritante fez o soldado se encher de ódio e ele viu o vulto passar por cima dele. Parecia ser uma pessoa, pequena e ágil.

No meio da selva, Thaís corria na direção ao qual Raul havia sido levado. Antes mesmo de se embrenhar pelas árvores, ela viu uma criatura saltar a sua frente. Os cabelos longos do ser bailavam no ar em um giro rápido e Thaís sentiu um golpe atingir sua cabeça. A garota caiu no chão atordoada, não fora capaz de ver o que a atingiu. Antes mesmo de se levantar, a criatura puxou a perna da garota e a arremessou contra uma árvore. A loira bateu com força, rolando no chão desorientada. Ela olhou para frente e observou o ataque à última vítima.

Natanael estava correndo na direção oposta, sabia que não seria páreo contra aquele ser, precisava encontrar uma árvore grande o suficiente para desenhar símbolos mágicos no tronco. Todavia, os passos dados pelo rapaz eram curtos demais. Ele escutou uma risada infantil no seu ouvido e caiu no chão quando um chicote interceptou suas pernas. O bruxo cuspiu um bocado de mato que acabou quase engolindo, quando seu corpo foi virado para cima e ele viu a criatura encarando-o de perto. Era uma garota, de pele morena, olhos pretos e o cabelo longo, embaraçado. Ela usava apenas um vestido surrado, sujo e desbotado. Com um chicote esverdeado, a criatura esticou o braço e enlaçou o pescoço do bruxo, deixando-o sufocado.

— Isso é para tu aprender a não entrar nessas florestas e ameaçar os meus bichos! – A menina gritou com uma voz aguda. Os olhos dela brilhavam, cheios de ódio. – Posso sentir a catinga de uma pessoa que nem tu de muito longe, bichinho.

— E-eu... – Natanael tentou falar, mas já estava ficando sem ar. – Não quero…

Ele tentou pegar o giz com a mão livre, tateou o chão a procura do material, mas o giz escapuliu assim que conseguiu encontrá-lo, ficando mais longe de seus dedos. A criatura continuou apertando o chicote enquanto mantinha um sorriso neurótico no rosto, algo que misturava a fúria e a loucura. Ela ficou contemplando o menino aos seus pés que ficava cada vez mais pálido.

Enquanto isso, Thaís tentava se reequilibrar depois do golpe que sofreu. A mente estava confusa, ela conseguia ver a menina em cima de Natanael, mas não era capaz de identificar o que exatamente acontecia. A loira se levantou, apoiando-se na árvore, e semicerrou os olhos. Observou o chicote da criatura no pescoço de Natanael, apesar dela parecer apenas uma criança. Uma menina, cabloca, com cabelos negros e olhos escuros, que defendia a mata. Nesse momento, Thaís teve um surto de adrenalina. Ela nunca imaginou que se depararia com aquela lenda, entretanto todas as evidências apontavam para aquilo. Abriu a bolsa com pressa, o mais rápido que pôde, e puxou de lá uma barra de cereal. Se as cantigas populares estiverem certas, só havia uma forma de acalmar a fúria daquela entidade.

— Cumade Fulôzinha! – Thaís gritou, apontado o alimento em direção a entidade, que virou o rosto para saber quem chamava pelo seu nome. – Não é assim que te chamam? Nós, nós não viemos fazer mal a floresta ou aos seus bichos. Olha, trouxemos até comida para você.

— Então tu me conhece... – a menina refletiu, ainda apertando Natanael. – Mas eu não gosto desse troço que você trouxe, eu gosto de papa! Todo mundo sabe que eu adoro uma bela de uma papa. E era para deixar na frente da floresta, sua intrusa! Agora deixa eu acabar com esse daqui, ele tem uma energia cabulosa.

— Por favor, ele não te fez mal algum, Cumade! – Thaís implorou, os olhos ficando marejados. Ela deu dois passos para a frente, apontando a barra de cereal. – A papa ia esfriar se eu trouxesse para cá. Essa barrinha de cereal é gostosa, você vai ver. Aposto que nunca comeu antes.

Cumade Fulôzinha afrouxou o chicote do pescoço de Natanael. Ele deu um longo suspiro aliviado, mas as cordas ainda estavam em volta do pescoço. A menina esticou a mão esquerda e pegou a barrinha de cereal. Primeiro cheirou, depois apertou e ficou girando o alimento com uma curiosidade infantil. Ela finalmente pareceu decidida a experimentar a comida.

Thaís ficou em expectativa, vendo a garota colocar a barrinha de cereal entre os dentes para dar a primeira mordida. Foi nesse momento que tudo deu errado. Raul apareceu ao seu lado de supetão. Com o braço avermelhado devido as marcas do cipó, ele apontou a arma na cabeça de Cumade Fulôzinha, empurrando Thaís para dar um tiro certeiro na assombração enquanto ela estava distraída.

— É agora que tu morre de vez – disse, triunfante.

Tudo aconteceu muito rápido. Thaís gritou aos prantos, segurando o braço do soldado e empurrando-o para cima. O disparo da arma causou um estrondo ensurdecedor. A bala viajou em direção a Cumade Fulôzinha, mas passou por cima de sua cabeça devido à reação rápida de Thaís antes do disparada. A menina soltou um assobio nervosa e deu um pulo para trás, libertando Natanael de seu chicote mortífero.

— Vocês estão banidos dessa floresta! – Cumade Fulôzinha gritou, erguendo os braços. – Eu vou matar cada um de vocês, cada um!  

Raízes de árvores brotaram do chão, alastrando-se em direção aos caçadores e prendendo suas pernas, braços e cabeças. Natanael ficou aprisionado no chão, sendo incapaz de mover nem um centímetro sequer de seu corpo. Thaís ajoelhou-se, com inúmeras raízes presas aos seus calcanhares, e encarou a menina enfurecida.

— Cumade Fulôzinha, nós não viemos lhe fazer mal – implorou a loira. – Viemos aqui para libertar uma entidade aprisionada, ela nos pediu ajuda mais cedo. Por favor, Cumade, Perdoe a estupidez do meu amigo. Eu a salvei, não foi?

A assombração olhou para Raul, que estava na pior situação dos três. Vários caules de árvores prendiam o abdômen, os braços e o pescoço do soldado, que remexia o corpo desesperadamente. Cumade olhou para Thaís.

— Em tu eu acredito, tu tem bom coração. Mas por que tu anda junto com esses dois tabacudos?

— Eles vieram me ajudar a libertar a entidade.

— O Honorato? – Cumade falou pensativa. – Ouxe, a maldição que fizeram para ele é difícil de tirar. Foi uma bruxa muito poderosa. Eu tô achando que é invenção essa parte da história.

— Por isso viemos com Natanael, ele também é um bruxo! E, sabe, só um bruxo é capaz de desfazer uma bruxaria, não é mesmo? – Thaís continuou a conversa, ficando mais esperançosa a cada segundo. Sentiu as raízes se afrouxarem nos seus calcanhares. – Além do mais, eu tenho muita comida aqui. Eu trouxe um monte de coisa, você vai poder experimentar o quanto quiser. Eu posso até te trazer papa depois, mas a gente primeiro precisa salvar o Honorato, você sabe onde ele está?

— Ah se eu sei, sou eu que cuido dele. É engraçado uma criança fazer isso, só que o pobrezinho não pode ir para canto nenhum… – Cumade Fulôzinha andou até a barrinha de cereal que estava caída no solo. Ela deu uma limpada com as mãos e mordeu, mastigando lentamente para aproveitar o alimento. A expressão de dúvida de seu rosto se transformou em uma grande cara de felicidade após sentir o sabor. – Isso é muito gostoso! Oxente, como é que nunca provei antes? Vocês da cidade grande têm mais coisas assim? Eu gosto, visse!

— Eu tenho sim, eu tenho! – Thaís percebeu que seus calcanhares já estavam livres. Ela se levantou e pegou a bolsa, puxando várias barrinhas de cereais. Ao olhar para o lado, viu que as raízes começavam a se desenrolar e soltar seus companheiros também. – Toma, tenho mais aqui. Essa é de chocolate, essa daqui de banana e acho que você vai gostar de castanha. 

— Oba! Oba! – Cumade Fulôzinha pegou as barrinhas, uma após a outra, e começou a abrir e comer com todo o prazer que apenas uma criança era capaz de sentir. – Venham, venham! – falou de bocha cheia enquanto andavam. – Vou levar vocês para Honorato, ele tá precisando de uma ajudinha para poder bater perna por aí.

Thaís correu até Natanael e ajudou o amigo a ficar de pé. Ele parecia bastante debilitado depois de ter seu pescoço preso pelo chicote, mas conseguia respirar melhor. Apenas Raul mantinha uma expressão de ódio no rosto, andando como se marchasse no exército, mas não tentou dar um novo tiro na Cumade Fulôzinha, apesar de ter vontade. O trio caminhou pela floresta seguindo a comadre, que se deliciava com as barrinhas de cereais.


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