Na festa de aniversário de Eduardo, estavam a maior parte dos colegas de faculdade deles e muitos ali sabiam do que havia acontecido e alguns falaram coisas desagradáveis nas redes sociais, porém pessoalmente só olhavam torto. E por que Edu os convidara? Simples, eram conhecidos de conhecidos e não tinha como controlar, não era intencional mas foi um teste de fogo e até que Ana conseguiu dar conta.

Não demorou muito para que todos os convidados chegassem, e Olivia estava sempre próxima da amiga, as duas aproveitaram os drinks que o próprio Edu fazia mas era mais pra aparecer aos outros convidados, ênfase em convidados, pois muitos garotos já estavam de olho no anfitrião.

Ana gostava das festas do amigo, pois ele adorava preparar o ambiente e deixar confortável a todos e era garantido se divertir, porém nessa em específico, sentia-se estranha e deslocada mesmo na companhia de Olivia e Eduardo era complicado ficar ali perto das pessoas que a julgaram tanto e também a antiga amiga, companheira, ficante ou sei lá o que, pois era impreciso, que sofreu tanto quanto ela.

Em certo momento, avistou a pessoa que a fazia sentir-se feliz, nervosa e ao mesmo calmo e confiante, ele vinha andando quase que em câmera lenta com o cabelo desgrenhado de um jeito totalmente sexy, com seus jeans rasgados e uma camisa de manga comprida que destoava totalmente dos outras caras que usavam regata e bermuda, era realmente elegante à própria moda dele o que fazia com que ela o admirasse pela sua espontaneidade e originalidade.

— E aí gatinha, tudo bem? – Jonas tenta claramente envergonhado xavecar a garota na brincadeira arrancando risadas

— Tudo sim lindo, quer tomar um drink comigo?

— Com certeza, ainda mais na sua companhia.

— Brincadeira. Mas e aí, o que eu perdi da festa até agora?

— Na verdade nada, pelo menos pra mim. Mas tem bastante gente já ficando por ai, inclusive perdi a Olivia de vista – disse rindo a se dar conta da falta da amiga.

— Vamos então lá pra área do bar, estou com sede.

Jonas se aproximou mais incisivamente dela e passou o passou o braço pela cintura da moça, ela não se afastou, mas ficou surpresa com a iniciativa do rapaz e algo dentro de si a alertou para uma possível chance de ficar com ele.

Olivia percebeu a chegada de Jonas e furtivamente “fugiu” para deixar a amiga livre, e também queria seguir a ideia de encontrar alguém, mesmo que pra curtir, pra esquecer do outro cara que ainda tirava sua paz e um desafio maior era que ele também estava no recinto, pois o aniversário acontecia num pub que Edu alugou naquela noite para sua festa e alguns convidados traziam outros e perdeu-se o controle.

Outra pessoa indesejada apareceu ali que era Paula, realmente ninguém esperava por ela justamente por ser a festa do melhor amigo da garota que ela envolveu na própria confusão, porém mesmo assim ainda tinha suas razões que precisava resolver e com ajuda profissional. Assim que chegou avistou Ana e Jonas juntos e sentiu um certo ciúme dela, sabia que tinha perdido uma garota incrível e pela primeira vez pensou antes no bem estar  da Ana e decidiu que seria mais um problema na vida dela.

Jonas percebeu a presença de Paula e abraçou Ana mais próximo para que ela não visse a outra no lugar, sabia que ainda não estava totalmente resolvido e se preocupava por medo dela ficar triste novamente, mesmo que ela fosse forte também era vulnerável em relação à Paula, tentava não se importar muito mas era difícil ver a Ana sofrendo por alguém que aparentemente não se importava com ela.

Ana se acomodou ao abraço dele e parecia o mais confortável do mundo, sentia uma paz que já não tinha a um tempo desde que viveu aquilo tudo com a Paula e também com Gahbryel, dedicar um sentimento a alguém era algo muito importante pra ela e essa decepção a abalou muito e talvez isso a barrasse de prosseguir com Jonas e caso ele tomasse a iniciativa provavelmente ela toparia; a chance aconteceu quase que ao mesmo tempo que pensara nisso quando a música deles, ou quase isso, tocou parecia um sinal!

— Não acredito! The Smiths? There is a ligth that never goes out é a minha música favorita!

— Desde sempre, lembro que eu que te apresentei essa banda, que legal que temos isso em comum.

— Está esperando o que? Vamos dançar!

Eufóricos, os dois foram em direção à pista de dança envolvidos naquela música que contagiava demais, ambos dançavam sincronizados e vivenciando o que a letra da musica dizia e naquele momento quando seus olhos se encontraram não existia mais receio e os dois se encontraram num beijo apaixonado; Ana passou os braços ao redor do pescoço dele e ele apertou sua cintura, aprofundaram o beijo com a paixão que já nutriam desde o colégio e que por todo esse tempo não conseguiram vivenciar.

Tal momento era simbólico para Ana por conseguir realizar essa paixão da adolescência, mas o que a deixava mais feliz era o fato que mesmo passado todos esses anos ainda era real e imperfeito mas que isso já valia a pena pra felicidade dela.

— Ana, eu já queria isso há muito tempo, desde aquela época da escola e quando eu sai de lá senti muito a sua falta, tentei entrar em contato mas descobrir que você namorava e preferi me afastar, mas ao te rever naquela festa percebi que ainda gosto de você.

— Nossa, vai parecer um clichê, mas era apaixonada por você e tinha muita vergonha de te falar sobre isso, só que você foi embora e eu conheci o Ghabryel. Depois desse tempo todo meu coração ainda acelera por você.

— Caramba, sério? Nós somos dois idiotas mesmo. Mas será que naquela época conseguiríamos dar conta de um relacionamento?

— Não tem como saber, éramos imaturos. Só que agora eu estou disposta a tentar, mas preciso ir com calma, eu gosto de você  e quero tentar, porém é complicado.

— Eu entendo – Jonas continuou abraçado nela e lhe deu um beijo suave. A música ainda tocava e os últimos versos embalavam seus passos.

A noite trouxe muitas descobertas, Jonas descobriu que Ana fora para um intercâmbio ao Canadá para aprender melhor o inglês e ele se aprimorou num curso exclusivo derivado do ITA e lá percebeu seu interesse pela engenharia. Conversaram sobre antigos relacionamentos e refletiram sobre as coisas que os incomodavam e até que concordaram bastante. As coisas fluíam naturalmente, os beijos se encaixavam perfeitamente e as músicas os envolviam pois a maioria eram de suas bandas favoritas, por sorte Eduardo era bem eclético e deu uma boa abertura para a amiga curtir da melhor forma possível.

Enquanto estavam próximos ao bar tomando seus drinks, Ana avistou Paula de longe e ela estava bem vestida e parecia ter ficado horas se arrumando para impressionar qualquer um ali, porém ela já não se deslumbrava com aquilo; não tinha certeza se foi notada por ela, mas preferiu se concentrar em Jonas que estava dando ótimos resultados.

Olivia conheceu Vitor, que era um aluno de História e bem eclético, contrastava com o estilo alternativo dela, mas os dois se entenderam bem demais, pois estavam praticamente atracados em beijos alucinantes, ela se sentia livre por ter esquecido aquela obsessão por Rodrigo, percebeu que tinham outras pessoas interessantes (gostosos) e que também fossem gentis com ela.

Eduardo estava um tantinho embriagado e muito contente gritou do alto de uma mesa que estava na hora dos parabéns.

— Oie gente, como vocês sabem, hoje eu completo 22 anos de muita luz e beleza e alguns tem a sorte de me terem como amigo e algo mais para poucos e especialmente duas pessoas aqui são minhas irmãs, venham aqui comigo Ana e Olivia!

As meninas um pouco envergonhadas foram ao encontro do amigo e por incrível que pareça subiram na mesa com ele e a partir daí começaram a cantar os parabéns. Comeram o bolo e a festa continuou muito mais intensamente e parece que todas as amarras de cada um ali foram soltas; Olivia dançou de forma extrovertida e até mesmo sexy fazendo Vitor babar. Jonas e Ana cada vez mais próximos e sem tantos pudores também, pois já estava num cantinho por ali numa pegação nervosa e Eduardo já se encontrava num beijo triplo sabe-se lá como ele conseguiu.

Paula também estava próxima de algumas pessoas e divertia-se com pelo menos uns 4 que já ficara naquela noite, porém fazia isso mais para distração e não dar a entender que foi à festa para ver a Ana e ao vê-la com outra pessoa sentiu uma pontada no peito e teve certeza que perdeu a garota da sua vida talvez. Com a bebedeira, avançou em direção à ela na intensão de conversar.