Luzes que iluminaram minha escuridão escrita por Nefil1bata
Notas iniciais do capítulo
O personagem Gabriel é uma homenagem a um amigo e colega de turma da faculdade e como ele sempre lembrava a todos que seu nome era Gahbryel, pois é, ele e seu nome eram bem diferentes e únicos. A saudade é sentida e sua luz sempre será lembrada por quem ele iluminou.
Ana vive sua vida como editora numa revista local, onde seus dias seguem com tranquilidade, mas o passado ainda se intromete em seus pensamentos e lembram-na de seus antigos relacionamentos, começando com Gabriel seu primeiro namorado.
Os dois se conheceram por meio de Edu, melhor amigo de ambos e que se tornou seu cupido numa festa de adolescente onde álcool e musicas pop da época eram o enredo do início da história deles. Não eram total estranhos mas naquele momento deram chance pra se aproximarem e perceberam que podiam ter algo a mais.
Aproximadamente duas semanas depois, os dois saíram em encontros e muitas coisas em comum foram descobertas como o gosto musical, filmes de terror à fantasia e o que mais os aproximava que era a literatura. O relacionamento se tornou cada vez mais forte e o que casual se tornou muito mais intenso e Ana tomou coragem de pedi-lo em namoro e com muito entusiasmo Gabriel aceitou.
— Então, eu sei que já tem um tempo que a gente se conhece mas nesses últimos tempos eu percebi algo muito além da amizade. Quero saber se teria chance da gente ter algo a mais.
_ Então você quer namorar comigo?
E ao ver o sorriso acanhado de Ana ele não perdeu mais tempo e aconteceu o primeiro beijo do casal.
“Love wiil tear us apart”
O tempo passou e muitas mudanças ocorreram, os dois ainda eram amigos e o carinho era muito presente entre eles, mas algo faltava: a alegria de estar junto dele. Ana gostava do amigo que conheceu só que o namorado que foi se revelando era possessivo, carente e fazia-se de vítima nas vezes em que ela pedia um tempo ou se afastava para conviver com seus amigos; o clima de tensão era bem mais nítido agora e ela tinha medo do que ele poderia fazer caso o deixasse de vez e temia o pior.
Quando Gabriel brigou com um dos colegas dela em uma das festas da turma do 2º C utilizando de garrafa quebrada e outras coisas que encontrou pelo caminho quase machucou seriamente o outro rapaz e se não fosse por outras pessoas que dispersaram a confusão poderia ter sido bem pior. Ao ver a cena, Ana percebeu que não adiantaria continuar com ele e que não era ela que ajudaria ou o mudaria e decidiu optar pelo término.
— Nossa Gabriel pra quê tudo isso? Você não percebe que isso só te afasta das pessoas e de mim? Pra mim já chega, a gente termina aqui!
— Não, por favor não faz isso! Eu preciso de você pra eu ser feliz, você é a luz que me guia. Sem você eu não vou mais ter sentido em viver!
— Não tem como a gente continuar, você sempre age assim possessivo e paranoico, vendo coisas onde não existe. Por favor só me deixa em paz!
E assim ela seguiu para casa com os amigos Edu e Olivia, que a consolavam e a deixavam distante dele. O caminho foi longo e a viagem de carro se tornou bem mais difícil de aguentar pois a cena e as ações daquela noite a marcaram demais, porém ainda não tinha acabado.
Pouco tempo depois, talvez duas semanas ela continuava a receber mensagens e ligações constantes dele, pedindo perdão e jurando que iria mudar porém ela já sabia que não era verdade e tentava ao máximo ignorar e continuar sua vida trabalhando e estudando. Em um dia no trabalho enquanto arrumava algumas instantes e organizava os novos livros, Olivia vem ao seu encontro para conversar e ela acha estranho, por quê em uma quarta- feira comum ela apareceria por ali?
— Amiga você vai precisar ser forte, o irmão do Gabriel encontrou ele caído no chão do quarto ao lado de vários comprimidos e algumas garrafas de bebida; levaram ele ao hospital mas não tiveram como fazer muita coisa e o Carlos me informou que ele não resistiu...
“ I know it´s over”
Ela processava a informação e nem ouvia mais o que a amiga falava, tudo a atingiu ao mesmo tempo, a culpa por tê-lo deixado, o remorso por ter se afastado e principalmente por não estar junto a ele quando mais precisava. Nada mais fazia sentido e num rompante saiu correndo da loja e sua amiga a seguiu desesperada. As duas pegaram o primeiro meio transporte disponível e foram para casa de Gabriel; Ana ainda não acreditava no que estava acontecendo e a enxurrada de emoções a invadiam com mais voracidade, as lágrimas vinham sem cessar e angústia crescendo cada vez mais no peito. Ao chegarem na casa, viram a mãe desolada num estado já letárgico sem conseguir mais reagir à situação e quando viu Ana teve um vislumbre da realidade e a recebeu com um abraço; as duas ficaram unidas por um longo momento e Ana não conseguia parar de pedir desculpas.
— Dona Jussara eu sinto muito, me desculpa por favor! Eu não sabia que isso ia acontecer
— Não se culpe, ele já vinha lutando há muito tempo com essa doença. Você o fez feliz no tempo que ele ainda tinha e não foi culpa de ninguém, muito menos dele isso ter acontecido.
Demorou ainda para que seguissem com os ritos, dona Jussara escolheu a ultima roupa que o filho usaria e para deixa-lo mais como ele era, o vestiu com a camisa da banda favorita e sua calça rasgada de estimação. Seu rosto estava sereno e parecia estar apenas adormecido, os detalhes do funeral eram singelos e a família estava concentrada em seu próprio luto. A temida hora de enterrar de fato refletia a realidade que era mais palpável e dura de encarar, decretava que Gabriel realmente partira.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado, é um começo meio triste, mas vocês vão entender. Obrigada!