Ao voltar para casa após um longo dia de aula, Miguel caminhava pelas ruas tranquilas do bairro. O sol começava a se pôr, pintando o céu de tons dourados e alaranjados. Enquanto seguia seu caminho, ele notou um cachorrinho latindo animadamente para um gato travesso que cruzava seu caminho.

Miguel parou por um instante, observando a cena adorável. A porta de uma casa próxima se abriu, e um homem apareceu para chamar o cachorrinho de volta. Parecia ser o dono do pequeno pet, que corria em círculos ao redor do gato, espalhando alegria pela rua.

Enquanto estava parado ali, absorvido pela fofura do momento, algo rápido passou por ele, seguido de um estrondoso barulho entre as latas de lixo próximas. Miguel se virou e viu uma bicicleta caída no chão, e ali, no meio das latas de lixo, estava ela novamente: Rafaela.

Prontamente, Miguel correu para socorrê-la. Ao se aproximar, percebeu que ela estava com o joelho ralado. Ele se ajoelhou ao lado dela e falou com gentileza:

Miguel: - Você está bem? Foi um tombo e tanto.

Rafaela, um pouco desconcertada, olhou para Miguel e exclamou em voz alta:

Rafaela: - E você! Por que ficou parado aí na rua? Não viu que eu ia passar?

Miguel: - Desculpe, não foi minha intenção. Eu estava distraído com o cachorrinho e não vi você se aproximando.

Rafaela: - Distraído com o cachorrinho? Isso não é desculpa!

Apesar do tom de repreensão, Miguel percebeu uma pitada de diversão no olhar de Rafaela. Ela tentou se levantar, mas o joelho machucado a impediu.

Miguel: - Deixe-me ajudá-la a se levantar.

Com cuidado, Miguel a ajudou a se erguer, e Rafaela apoiou-se nele enquanto mancava um pouco.

Rafaela: - Ai, meu joelho está doendo...

Miguel: - Vamos, posso te levar para sua casa?

Rafaela hesitou por um momento, mas acabou aceitando a oferta. Com o braço de Miguel em volta dela para apoiá-la, eles caminharam juntos até a casa de Rafaela, que estava próxima do local do acidente.

Rafaela: - Você não poderia simplesmente ter me ajudado quando eu caí?

Miguel: - Eu não imaginei que isso iria acontecer, foi tudo muito rápido. Desculpe novamente.

Rafaela: - Tudo bem, estou brincando. Obrigada por me ajudar.

Miguel: - De nada. Tenho que admitir que você é bastante rápida. Quase não consegui ver você passar.

Rafaela soltou uma risada divertida, mesmo com o joelho ainda dolorido. Eles chegaram à porta de sua casa, e Rafaela se despediu com um sorriso.

Rafaela: - Até mais, Miguel. E tome cuidado por aí, viu?

Miguel: - Pode deixar. Cuide do seu joelho.

Assim, os dois se despediram, cada um seguindo seu caminho. Miguel sentiu uma estranha sensação de que, de alguma forma, aquele encontro inesperado com Rafaela estava longe de ser o último.

Enquanto caminhava de volta para casa, ele refletiu sobre como o destino parecia cruzar seus caminhos de forma misteriosa.

Ao adentrar em sua casa, Miguel sentiu o conforto familiar envolvendo-o. Era um lugar onde ele se sentia à vontade, um refúgio depois de um dia agitado. Ele seguiu sua rotina habitual, tirando os sapatos na porta e caminhando pelo corredor até o banheiro.

Enquanto a água do chuveiro esquentava, ele pegou seu celular e conferiu suas redes sociais. Como de costume, não havia muitas notificações. Miguel não era muito ativo nas redes sociais, apesar de ter uma vasta lista de contatos. Ele sabia que, em muitos casos, havia adicionado mulheres bonitas sem nem mesmo trocar uma mensagem para conhecê-las. Era um hábito que ele admitia ser um tanto superficial.

"Parece que eu gosto mais de ser um espectador da vida alheia do que de realmente me conectar com as pessoas", pensou Miguel.

Ele percebeu que passava bastante tempo apenas observando as postagens e histórias de outras pessoas, especialmente de mulheres bonitas. Era como se vivesse em um mundo paralelo, onde podia apreciar a beleza e a vida dos outros sem se envolver diretamente.

Com um suspiro, Miguel deixou o celular de lado e entrou no chuveiro. A água quente escorria sobre seu corpo, proporcionando uma sensação reconfortante. No meio do banho, ele olhou para o piso molhado e viu seu reflexo. Aquela imagem refletida nas gotas d'água o fez pensar sobre sua própria vida.

"Será que eu sou tão interessante assim para alguém como Isabela querer se aproximar de mim?", refletiu ele brevemente.

Era uma questão que o intrigava. Ele não se considerava alguém especialmente notável ou carismático. A ideia de alguém como Isabela, cheia de energia e curiosidade, querer se relacionar com ele parecia quase inacreditável.

Depois do banho, Miguel se secou e se deitou em sua cama, pronto para dormir. Enquanto a escuridão tomava conta do quarto, seus pensamentos vagaram para o encontro inesperado com Rafaela e as interações intrigantes com Isabela.

"Será que elas enxergam algo em mim que eu mesmo não vejo?", questionou-se antes de fechar os olhos e se entregar aos sonhos.