Foram 2 anos muito difíceis, não só pela falta que sentia do Justin, mas pela morte dos meus pais. Eles morreram em um acidente de avião á 1 ano, foi horrível essa sensação de perda, e pensar que a última coisa que disse á eles foi: Eu não suporto mais olhar para vocês, ainda bem que eu e Brid vamos morar em outro país! Desde aquele dia não falei mais com eles, a Brid ás vezes ligava lá pra saber como estavam, mas eu estava magoada demais para perdoá-los.

Eu me sentia como se eu tivesse caindo e o buraco não tinha fim, então eu continuava, caindo...caindo...caindo...

E para melhorar, a CARTA, o pedaço de papel mais repugnante que eu já recebi, uma folha sem valor, mas que me partiu o coração e o deixou em pedaços.

Samantha,

Como sinto sua falta... me desculpe por não ter lhe mandado uma carta antes, ou ligado, qualquer coisa. A verdade era que eu não sabia o que dizer, como explicar a você como tenho passado todo esse tempo.

Eu fiquei sabendo sobre seus pais, sinto muito. Eu queria estar ai com você para te apoiar e te ajudar a superar essa perda, porque eu sei o quanto é difícil se você não tiver alguém ao seu lado.

Mas eu não quero que fique triste, então não pense nisso agora, eu escrevo, porque quero que saiba que você é única e ninguém vai ser mais especial para mim do que você, mas, eu estou namorando. Me desculpa Sammy, Caitlin voltou á algum tempo e aconteceu, foi tudo tão rápido. Eu não estava mais conseguindo viver direito sem você, eu não conseguia ter forças pra sair com meus amigos, escrever uma música, até mesmo tocar violão... Não estou dizendo que Caty ocupou seu lugar! Isso NUNCA! Mas, ela me ajuda muito.

Só peço que me perdoe algum dia.

                                                                 Com amor, Justin.

Uma ferida complicada de cicatrizar, que com a ajuda de duas pessoas, as mais importantes na minha vida, está fechando aos poucos.

- Ryan, meu baby! – Falei chamando sua atenção. Ele conversava com uma menina ruiva sorridente.

- Sam! Como passou o feriado sem mim? – Ele perguntou brincalhão.

- Para falar a verdade, bem! – Ri, quando sua expressão mudou totalmente.

- Sem graça! Aposto que não viveria sem mim gracinha! – Ele disse beijando meu rosto. Segurei sua mão e caminhamos juntos até a sala de aula.

- Ry, é nosso último ano aqui e depois faculdade. Nós vamos nos separar, não vou agüentar mais uma despedida. – Disse triste. Ele sentou ao meu lado na carteira e segurou meu rosto.

 - Meu amor, não pense nisso agora, é cedo demais, estamos no meio do ano ainda, além do mais eu prometi á você nunca te deixar! Lembra? – Ele falou sorrindo.

- Lembro sim! Obrigada Ry, não sei o que seria de mim sem você! – O olhei e sorri agradecida. Nossa troca de olhares foi interrompida por um par de olhos furiosos e um grito estridente.

- SAMANTHA! PORQUE NÃO ME ACORDOU? – Minha irmã berrou, na porta da sala descabelada. Eu e o Ryan gargalhamos. Brid repetiu um ano, por isso estudava com a gente, no 3º colegial.

- Não tem graça, eu acordei com o Cheddar me lambendo! – Cheddar era meu cachorro, um labrador preto, filhote. Me acalmei e parei de rir. Olhei para ela e falei.

- Sister, vai pentear o cabelo e depois a gente conversa! – Eu falei debochando. Ryan riu e foi sentar no seu lugar, quando o professor entrou na sala.

As aulas foram legais, como era o último dia, antes das férias de julho, o professor não passou nada novo, apenas uma revisão. Logo, o sinal tão esperado bateu. Finalmente o fim das aulas.

- Então, o que vocês vão fazer nas férias? – Ryan perguntou. Parei de andar e abaixei a cabeça.

- O que aconteceu Sam? – Minha irmã perguntou. Ryan me olhou e logo entendeu.

- Amanhã, faz 1 ano que... seus pais morreram, não é? – Ele falou. Apenas assenti com a cabeça e sai correndo.

- SAM! SAM, ESPERA! – Pude ouvir ele gritar, mas não liguei, precisava de um refúgio, de alguma coisa pra passar aquela dor em meu peito.

Cansada de andar, parei em frente uma loja de eletrodomésticos. Uma imagem na TV, mas fez ficar pior. Como ele era tão insensível ao ponto de beijar outra garota e dizer que estava apaixonado? Não era á mim que ele amava? Eu estou tão confusa. Perdida, sem saber pra onde ir, ou o que fazer. As lágrimas surgiram do nada, e invadiram meu rosto por completo, me deixando rendida ao sofrimento. Eu não queria que tudo aquilo fosse real.      

Parei de chorar, e prestei atenção na TV, uma música do Justin começou a tocar, ele estava lindo, sua carinha de bebê ainda continuava lá, mas, ele estava com um rosto mais maduro. Suspirei derrotada, eu o amava e não tinha como espantar esse amor, ele nunca iria me deixar, aquilo não era uma opção, o amor é real e verdadeiro e não se apaga facilmente. Essa é a verdade, meu amor por ele era maior que a distância, maior do que o tempo, maior que tudo! É um amor doentio, não é comum.

Continuei andando, até chegar no colégio novamente. Avistei Brid e Ryan, com uma feição preocupada. Me aproximei e eles correram até mim, bravos.

- Você é louca? Como some assim? Aqui é Londres Sam, é perigoso! – Minha irmã tagarelava nervosa. Abracei ela forte, o que fez ela parar de falar e retribuir o abraço. Ryan sorriu e se juntou a nós.

- Desculpe sair correndo, você sabe como é difícil pra mim. – Eu falei triste. Minha irmã beijou meu rosto e saiu andando. Fiquei confusa, Ryan me olhou sorrindo.

- Ela tem que estudar, tem uma prova de recuperação. – Ele explicou, entendendo que eu não havia escutado ela dizer.

- Ela não muda mesmo. – Falei rindo e negando com a cabeça.

- Quer fazer alguma coisa? Pra ver se você se distrai um pouco? – Ryan perguntou. Assenti sorrindo fraco.

- Odeio quando você fica assim. – Ryan admitiu, segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou. Foi tudo rápido, mas mágico. Não como meu beijo com o Justin, mas ele me fazia bem. Ry me beijava com carinho e doçura. É isso que mais amo nela, ele é sempre atencioso e carinhoso. Eu o amo muito, mas é apenas um amor de irmão. Me afastei dele devagar, e o olhei com culpa.

- Ryan, eu não posso. – Falei triste. Minha voz embargada denunciava a chegada de lágrimas. – Você sabe que eu ainda amo o Justin.

- É, eu sei sim, mesmo ele sendo meu amigo, acho que precisa esquecê-lo e eu posso te ajudar Sammy. – Ele falou irritado.

- Primeiro: se acalme, não precisa ficar nervoso. Segundo: eu já tentei não lembra? Eu não consigo esquecer ele, Ry. Achei que já tivesse entendido.

- Desculpa, mas é que eu não me conformo de você não conseguir esquecê-lo, ele te fez sofrer Sam, e pelo que você me disse, mais de uma vez! Então, naquela noite eu pensei que você iria aceitar. – Ele falou arrependido.

Flash Back

Eu e Ryan estávamos conversando no quarto animados. Ele sabia tudo sobre mim, e eu sobre ele. Foi quando a carta chegou, quando ele estava lá pra me segurar e me apoiar. Um ato que admirei muito.

- Vai ficar tudo bem Sammy, você verá. – Ele estava abraçado comigo.

Foi quando o beijo aconteceu, e ele foi me deitando na cama. Era um passo que eu não queria dar. Eu ainda não estava pronta, queria fazer isso com uma pessoa que eu amasse. Ou seja, a pessoa que eu não podia ter.

- É melhor a gente parar Ryan, nossa amizade é muito importante pra ser arriscada. – Falei, inventando um desculpa qualquer.

Depois daquele dia nada mudou, eu o perdoei e continuamos sendo amigos, os mesmos amigos de sempre.

- Não queria te dar nenhuma expectativa. Eu te amo Ry, muito! Mas, não o suficiente. – Falei triste. Virei e sai andando de volta para o quarto.