Back to Life - ByaHime escrita por MrsOtosaka


Capítulo 4
O corvo e as moscas




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No céu escuro, não havia sinal do luar em parte alguma e apenas a fria brisa noturna era sentida por todos no reino das almas. Inoue Orihime estava olhando o vasto território ducal pela sua janela, estava no quarto que foi preparado com bastante cuidado para ela, afinal, a ruiva era uma convidada de honra para todos e recebê-la bem era a obrigação de cada um naquela mansão. Olhando ao redor, o quarto não perdia em nada ao seu antigo aposento no palácio de Karakura, entretanto, tinha uma falta de cor no ambiente. 

 

A moça tinha a impressão de que aquele local de certa forma era sombrio; era escasso de cores e vida, bom, era um continente que nunca esteve antes e com certeza acharia estranho de primeiro. Portanto, trataria de se acostumar o mais rápido possível, pois tudo indicaria que ela ficaria ali por muito tempo. A Inoue não tinha vontade alguma de voltar de onde saiu, não importando as circunstâncias, contudo, ela sabia que uma hora ela teria que retornar para esclarecer de uma vez por todas as coisas.

 

— A casa Inoue está nas mãos daquela mulher… Não vejo a hora de despejá-la para sempre de minha família. 

 

Sua madrasta era uma mulher vil, que ocupou o lugar de sua mãe sem vergonha alguma, manchando toda a reputação que seu antigo pai uma vez construiu junto de sua primeira esposa. O que era daquela desavergonhada mulher estava guardado e seria ela, Orihime, que bateria o martelo da justiça e selaria o destino daquela mulher para sempre. Apenas não era hora disso ainda. 

 

Usando um longo vestido branco de seda, caminhou até a cama macia e sentou-se devagar. Sora havia a deixado no quarto e infelizmente foi arrastado para o seu trabalho, afinal, ele tinha largado tudo para correr atrás dela; para aproveitar, já era tarde da noite e pediu para sua irmã mais nova descansar e de manhã eles poderiam conversar mais uma vez. O duque não estava na propriedade nesse momento, certamente estava trabalhando ou resolvendo algum assunto no palácio. 

 

— Posso cumprimentá-lo amanhã, não há necessidade de tanta pressa. — falou consigo mesmo.

 

Se sentiria estranha em ficar na casa de alguém sem nunca ter visto essa pessoa antes, por isso seria o mais educada possível e não iria atrair problema nenhum para a casa dos Kuchiki. Sentindo seu corpo pesado, ela deitou-se na cama e se cobriu, fechando os olhos em seguida. Hoje tinha sido um agitado dia, havia chegado ao seu destino e reencontrado seu irmão depois de mais de uma década; além do fato de ter que acalmá-lo depois que soube sua real situação no outro reino. 

 

Só conseguia agradecer aos deuses por ter chegado em segurança a esse continente, também não saberia o que fazer se não tivesse a ajuda das pessoas que reuniu, era realmente grata a cada um deles. Com esses pensamentos, ela adormeceu, entretanto, no meio da noite, seus olhos se abriram com certa ferocidade. Graças às diversas tentativas de assassinatos contra ela antes, seu sono acabou se tornando leve demais e praticamente qualquer som poderia a acordar. 

 

Um leve som escutado por ela, mas não vinha da porta ou das paredes. Algo estava se chocando contra o vidro de uma das grandes janelas do quarto, fazendo a ruiva se levantar e olhar para a lamentável figura do lado de fora. Um corvo batia com o seu bico na vidraça enquanto tremia de frio, o clima era insuportável até pelos animais.

 

Andou até lá e abriu a janela com suas mãos, fazendo seu corpo se encolher um pouco pelo vento congelante que adentrou ao quarto. O corvo não perdeu tempo e pulou para dentro do quarto da jovem, pousando em cima de uma mesa de madeira que estava próximo daquela janela; a mulher rapidamente a fechou e soltou um longo suspiro. 

 

— Senhor corvo, como foste parar nesse frio congelante? Não deveria estar em algum ninho? — indagou ela, como se a ave fosse a responder. 

 

O corvo ainda tremia e piedosa do jeito que era, pegou aquele pássaro e colocou e voltou para a cama, sentando-se. Ela deixou aquela ave em seu colo e a cobriu com o seu cobertor, o pequeno ser parecia se aconchegar rapidamente e seu corpo gradualmente parou de tremer. 

 

— Se sente melhor? 

 

A ave balançou a cabeça, como se a entendesse. A moça afrouxou os cantos de sua boca em um leve sorriso, o corvo era de certa forma adorável na visão da mulher, algo incomum, afinal, as mulheres gostavam mais de coisas fofas e aquele pássaro não parecia nada adorável para elas. Como se o pássaro tivesse lembrado apenas agora de seu objetivo, ele começou a se mexer freneticamente. 

 

— Uh? O que houve? — Ela tirou o lençol ao redor dele, observando ele voar em direção a porta e ficando em pé, parado em frente a grande abertura. — Deseja sair? 

 

Então ela se levantou novamente e realizando a vontade do pequeno corvo, ela abriu a porta e a ave parecia se curvar um pouco em agradecimento. Orihime deu uma leve risada, antes de seguir a pequena ave pelos corredores da mansão. 

 

— Senhor corvo — A ruiva o chamou educadamente. — Eu não conheço a mansão e se continuar assim, vamos nos perder. 

 

Escutando o crocitar da ave em resposta, imaginou o que ela queria dizer. A Inoue nunca pensou que algum dia gostaria de entender a linguagem de um corvo e antes que pudesse dizer algo, aquele pequeno corpo coberto por penas negras voou em direção a algo. 

 

A madrugada era fria e os corredores estavam escuros, entretanto, duas grandes janelas transmitiam a luz da lua que antes não se podia ver. Um homem com longos cabelos negros estava em frente à uma dessas janelas, como se esperassem algo e logo sua atenção desviou para ave que vinha em sua direção. 

 

— Pensei que havia se perdido. — disse ele, esticando o braço para o corvo pousar, logo acariciando de leve a cabeça dele. — Que bom que encontrou o caminho de volta.

 

A ave começou a corvejar, o homem escutou cada som com atenção, como se realmente entendesse a ave. Seu olhar desviou para a jovem que apareceu em seu campo de visão agora. Orihime não imaginou que pudesse encontrar alguém acordado na mansão agora e olhando para a pessoa que usava roupas negras, e tinha uma pele de porcelana, logo deduziu quem era aquele homem.

 

— Duque. — A ruiva fez uma pequena reverência, segurando seu delicado vestido. 

 

— Você… — O homem a olhou atentamente, como se estivesse gravando qualquer detalhe dela. — Sinto por não estar presente quando a senhorita chegou, era meu dever como anfitrião recebê-la. — disse ele e por mais que suas palavras tivessem significados gentis, seu tom era mais frio que o clima do reino das almas. — Todos a trataram bem?

 

— Sim, fui muito bem recebida. — respondeu ela, educadamente. 

 

— Isso é bom.

 

A conversa morreu entre eles e um grande silêncio ficou, deixando a ruiva um pouco nervosa. Logo fez mais uma reverência respeitosa e disse:

 

— Agora que o senhor corvo achou seu caminho de volta, eu irei me retirar com a licença do duque. 

 

— Espero que tenha uma boa noite.

 

— Desejo o mesmo para o duque. 

 

A Inoue se virou e foi embora, refazendo seu caminho até o seu quarto, deixando o homem e o corvo para trás. Quando a ruiva saiu totalmente da visão do homem, ele voltou a olhar para a ave. 

 

— Não é essa a primeira pessoa que você trata bem? — perguntou o homem para o corvo. — Parece que a irmã mais nova de Sora é especial. 

 

Aquele não era um simples corvo, era uma besta que poderia devorar qualquer coisa. Exceto por Byakuya, aquele animal não mostrava afeição por ninguém e por isso era temido por todos os servos e até mesmo pelos outros nobres. Ninguém tinha coragem de chegar perto dele e a besta não deixava ninguém chegar perto de si de qualquer jeito. 

 

O Kuchiki tinha sentido a presença dos dois há tempos, escutou a forma que ela se dirigia a ave e não pôde deixar de se sentir estranho com isso, qualquer mulher teria afastado o corvo de perto com medo de que ele fosse atrair alguma coisa ruim, afinal, o pássaro era sinal de infortúnio. 

 

— Não está pensando em trocar de dono, certo? — Os olhos frios do homem fitaram o animal. 

 

A besta começou a bater as asas em agitação, como se estivesse negando a pergunta dele e não se sabia se ele fazia isso por lealdade ou medo. Minutos depois, o homem abandonou o lugar junto do animal, sem saber que aquele breve encontro mudaria sua vida completamente. 

 

 

•| ⊱❆⊰ |•

 

 

— Nunca imaginei que a irmã mais nova de Sora fosse alguém tão adorável! Se soubesse, certamente teria a trazido para a mansão o mais rápido possível. — disse o velho, com um certo sorriso no rosto. 

 

— Suas palavras me deixam envergonhada. — A ruiva sorriu um pouco sem graça. 

 

Já era de manhã e agora estava tomando café da manhã junto de seu irmão, não imaginando que Ginrei Kuchiki pudesse os fazer companhia. Aquele senhor era o antigo duque, que se aposentou e deixou seu lugar para o seu único neto: Byakuya Kuchiki. 

 

— Não é apenas por ser a minha irmã, mas o senhor tem toda a razão! Eu sinto muito por não ter trago ela comigo para cá! — Sora exclamou com um sorriso bobo em seu rosto, ele jamais perderia qualquer oportunidade de adorar sua irmã.

 

"É uma pena que o príncipe de Karakura tenha colocado suas mãos na jovem, ou se não já teria a amarrado com o meu neto!" pensou Ginrei, tinha realmente adorado a jovem. 

 

A beleza da Inoue era exótica, ela trazia cores para onde quer que fosse e para aquela mansão sombria, sua presença era como um sol. O velho realmente lamentou que ela estava casada agora. 

 

— Como é a vida em Karakura? Espero que ninguém tenha feito a vida da imperatriz difícil. 

 

As palavras do senhor deixaram a jovem um pouco hesitante, até mesmo Sora se calou e seu sorriso sumiu por um momento. A ruptura de seu compromisso não deveria ser nada para eles, isto é, se eles não fossem a família que adotaram Rukia Kuchiki e sua irmã mais velha. 

 

— Senhor Ginrei — A jovem o chamou da forma mais educada possível, não sabia qual seria a reação dele. — Meu noivado foi quebrado. 

 

Com as palavras da jovem, a aura ao redor do idoso começou a florescer, como se a primavera tivesse acabado de chegar. Os dois irmãos ficaram atordoados e ela continuou: 

 

— Talvez o reino não saiba, mas a senhorita Rukia voltou para Karakura e… 

 

Antes que pudesse terminar de falar, ela viu o senhor bater na mesa, fazendo-a rachar como se fosse uma pequena folha seca. Orihime se calou, a família Kuchiki certamente ainda adorava suas antigas senhoritas mesmo depois de cortar todos os laços com elas. Sem contar que a mais velha já foi casada com o duque.

 

— Até quando essa pirralha terá que manchar o nome da minha família?! — Ginrei estava enfurecido. 

 

A Inoue não estava esperando por isso, então foi pega de surpresa pelas palavras do antigo duque Kuchiki. 

 

— Avô. — uma voz surgiu atrás de e de seu irmão que estava sentado ao seu lado na grande mesa. — Não há necessidade de se preocupar com isso, não temos mais relação alguma com essas duas senhoritas. — Em seu tom mais gélido, Byakuya deixou o salão de jantar mais frio com sua presença. 

 

— Por mais que diga isso, essa pirralha ainda teve a ousadia de escapar do julgamento! Agora aparece e também pede um novo julgamento para provar a inocência de sua irmã, isso é uma vergonha! 

 

"Um novo julgamento?" Orihime olhou atordoada para o senhor. 

 

— Ainda destruiu o noivado da princesa e príncipe herdeiro! Como posso ter criado uma pessoa assim em minha residência? 

 

Os olhos cinzentos do duque pousaram na jovem que estava sentada, como se mais uma vez estivesse captando qualquer movimento que ela fizesse. 

 

— O noivado da senhorita Inoue foi cancelado? — indagou ele. 

 

— Foi a decisão mais sensata que minha irmã poderia ter tomado. — disse Sora, deixando claro que quem terminou tudo foi ela. 

 

— Eu vejo, mas creio que o príncipe herdeiro não ficará contente ao saber que a senhorita seguiu seu irmão. — Byakuya agora entendia bem o motivo dela estar no reino das almas e não podia julgar, afinal, ela foi realmente inteligente em ir atrás de seu irmão. — Mas não há necessidade de se preocupar, existe um limite até onde aquelas mãos podem alcançar. É uma pena, Karakura perdeu uma boa imperatriz. 

 

As últimas palavras do homem deixaram um clima estranho na mesa, pois Byakuya Kuchiki não era alguém que espalhava elogios ou muito menos falava muito; era realmente surpreendente a postura dele agora. Sora foi o primeiro a quebrar o silêncio ao seu levantar e dizer:

 

— Bom, agora tenho trabalho a fazer, infelizmente terei que deixá-la agora. — lamentou ele, acariciando a cabeça da jovem.

 

— Não precisa se preocupar comigo, estarei bem aqui. 

 

— Prometo que marcarei um dia e a levarei para conhecer a capital, tenho certeza que você irá adorar e também… 

 

O homem foi interrompido pela empregada que chegava ofegante, após correr tanto. 

 

— Riruka? — A mulher levantou-se, preocupada. 

 

— Senhorita…! Aconteceu algo ruim! — exclamou ela, olhando aflita para a ruiva. — Eu não encontro o Yukio desde ontem, não apenas isso, eles fizeram que o viram ser levado pela… pela carroça de escravos. 

 

A escravidão era estritamente proibida no reino, mas ainda haviam pessoas que contrabandeavam pessoas e as vendiam como escravos para os mais sujos nobres. Escutando as palavras da empregada, Orihime colocou sua mão na cabeça dela e acariciou o cabelo rosa da garota, impedindo ela de olhar para a face da ruiva. 

 

— É mesmo? — sua voz estava calma, entretanto, todos podiam notar a raiva e frieza por trás dela, deixando uma pitada de surpresa nos três homens presentes. — Eu peço a licença de vocês agora, existem certas moscas perturbando minha gente. 

 

A Inoue não suportava que alguém colocasse a mão em seus protegidos e o castigo para tamanha ousadia era algo semelhante à morte. Não importava quem fosse, ela certamente não deixaria essa pessoa ir de jeito nenhum.


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