Aquarius escrita por Marielli Barbosa


Capítulo 1
We are Young


Notas iniciais do capítulo

we are young - fun., Janelle Monáe



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nós somos jovens.

 

O primeiro dia de setembro é marcado pelo dia da volta às aulas em Hogwarts, na estação 9 ¾ algumas famílias se despediam, inclusive os Potter que davam orientações e conselhos aos seus filhos, a caçula Lily Luna ingressava pela primeira vez e recebia abraços apertados de todos seus parentes, enquanto James e Albus entravam numa discussão sobre qual casa a irmã entraria.

— Com toda a minha experiência, afirmo com certeza: Lily irá para a Grifinória, ou seja, para a melhor casa – afirmou James ajeitando sua capa de forma confiante.

— Experiência em que? De passar o maior tempo da sua vida na sala do senhor Filch cumprindo detenções? – debochou Albus erguendo uma sobrancelha – E que eu me lembre, vocês ficaram em último ano passado na taça das casas... se isso é a melhor casa, o que seria a pior então?

— Sabe, não precisamos vencer a taça das casas para sermos os melhores – se intrometeu Roxanne Weasley puxando a orelha de Albus e entrando rapidamente no trem antes que ele pudesse se defender.

— Rox... você me paga – gritou Albus para que a outra pudesse ouvir.

— A verdade é que não existe melhores casas – pontuou Lily Luna, sentada em uma das malas brincando com seu tronquilho de estimação entre os dedos.

— Como sempre, a minha filha mais jovem está certa – disse uma Ginny orgulhosa sorrindo carinhosamente para a garota – E vocês dois, parem de discutir e vão ajudar Harry com as malas!

Enquanto os dois iam rapidamente ajudar o pai, seus outros primos Hugo e Rose brigavam pra decidir quem colocava as malas, a garota era uma irmã protetora e jurava que seu pequeno Hugo se machucaria caso pegasse alguma mala pesada, Hermione tentava remediar e evitar brigas, fazendo com que ambos dividissem a tarefa. Já outros alunos já se acomodavam em suas cabines, como os restantes dos Weasley’s, alguns eram mais tranquilos, outros já planejavam que tipo de brincadeira fariam naquele ano.

Em uma das cabines mais ao meio do expresso de Hogwarts, estavam acomodados um grupo de amigos compostos por três adolescentes. A garota com os cabelos castanhos encaracolados ao lado da janela lia um livro sobre astronomia: Doralice Nott, uma corvinal meio atrapalhada, a sua frente estava a loirinha: Lola Goldstein, uma lufana típica com os melhores conselhos possíveis e a ponta dos bancos: Louis Weasley, um meio veela que não gostava muito de lembrar disso.

— Então, já contei pra vocês da nova criatura mágica que mamãe trouxe da viagem do Egito? – disse Lola já cansada de organizar seus cartões colecionáveis dos sapos de chocolate, e olhava pra seus amigos que continuavam com seus livros em mãos.

— Uma fênix?? – perguntou Dora, enquanto virava uma página de sua edição de Corpos Celestes e seus Exoplanetas — Ela pode se regenerar, são imunes a brasílico, sem falar das lágrimas mágicas. Um bicho de estimação bem útil se você analisar. – Complementou olhando Lola seriamente – Se bem que, a domesticação de uma fênix é extremamente difícil e são muito raras.

— Um pelúcio? Eles são tão fofos – falou Louis sorrindo – Ou uma esfinge? Que com certeza é bem mais interessante, que é extremamente inteligente e pode te ajudar a exercitar suas habilidades de percepção.

— Aonde fui amarrar meu hipogrifo pra arranjar amigos corvinais como vocês? É uma conversa, por Helga! Não quero uma aula de Trato das Criaturas mágicas! - bufou Lola guardando suas cartas com um vermelhidão nas suas bochechas impaciente.

— Desculpa, é muito tempo sem Hogwarts, sinto falta de demonstrar meu conhecimento. – respondeu Doralice e já emendava uma outra pergunta para evitar que Lola reclamasse mais. – Então, qual a criatura?

— Um Erumpente, e sim eu sei que é uma criatura que não pode ser comercializada! – respondeu Lola antes que a amiga a interrompesse com informações inúteis – Minha mãe é Magizoologista e seu único objetivo é domestica-la a tempo de recoloca-la novamente em seu habitat.

— Sim, não estou surpresa. Sua mãe é incrível e está sempre disposta a ajudar qualquer criatura que esteja em perigo.

— É por isso que você mora num sítio, não é? – perguntou Louis jogando o livro que estava lendo no banco – Pra ter onde colocar tanta criatura resgatada.

— Não é um sítio. É uma casa de campo.

— Mas não é a mesma coisa?

 — Então, mais algo extraordinário? – interrompeu Doralice antes que os dois começassem a discutir sobre casas.

— Ah... verdade – respondeu Lola abaixando os olhos – Tem mais algo.

— Então? – disse Doralice encarando a amiga que estava estranhamente constrangida.

— Despeja tudo de uma vez. – comentou Louis impaciente.

 — Ok. Vamos lá – disse Lola respirando fundo. – Beijei uma garota e agora ela finge que não existo e detalhe: apareceu com um namorado.

— Calma. Muita informação pra minha cabeça. – disse Doralice enquanto colocava as mãos na cabeça.

— Vocês que disseram para eu despejar tudo de uma vez!

— Vamos em etapas. Você beijou alguém. Parabéns, tirou o bv antes de mim. – disse Louis batendo uma palma pra demonstrar sua felicidade. – Agora, essa daí, finge que não te conhece e ainda por cima aparece com um cara??? Quem é essa louca? Que magoou nossa texuguinha?

— De todos os outros apelidos que você me dá, esse é pior.

— Nossa coelhinha? – disse Louis ao mesmo tempo que Doralice perguntava quem era a garota.

 — Prefiro me isentar do nome dela. – respondeu Lola ignorando outro apelido idiota de Louis.

— Tudo bem, você que sabe. – falou Doralice morrendo de curiosidade. – Mas como vocês se conheceram? E chegaram a essa etapa do beijo?

— Vocês sabem que meu pai trabalha no Ministério, né? – lembrou Lola para seus amigos que apenas acenaram com a cabeça. – Em um dos jantares de negócio dele que ocorreram antes da nossa viagem pro Egito conheci uma garota e a gente se deu tão bem sabe? Ela faz totalmente meu tipo. Ruiva, feminista e militante dos direitos humanos. Tem alguém melhor?

— Você tem certeza que ela está namorando mesmo? Eles podem ser apenas amigos?

— Doralice, ela estava pendurada no pescoço do garoto enquanto dava um beijo nele.

— Ah. É, realmente. Isso foi bem deselegante da parte dela. Mas, pensa aqui comigo: Ela não te merece Lola, tenho certeza que cedo ou tarde vai perceber que você é incrível e quando esse dia chegar será tarde demais. – aconselhou Doralice sentando de forma ereta e colocando suas mãos em seu colo olhando diretamente para Lola.

— Ok, de que livro você tirou essa fala? – disse Lola enquanto pegava um chiclete e colocava na boca.

— Foi de um filme na verdade. Um filme trouxa que assisti por acaso nas férias. Mas isso não é relevante, a mensagem que é.

— Eu só achei que seria diferente dessa vez, sabe? Foi meu primeiro beijo! Até dediquei uma página do meu journal do nosso futuro casamento.

— Amiga, nós já conversamos sobre criar expectativas depois se decepcionar – disse Louis olhando a amiga – Mas você não precisa de um sermão agora.

— Quem sabe ela tem algum problema? Ou algo mais pessoal... tipo, vai que ela ainda não se assumiu e tem medo? – questionou Doralice encarando a amiga preocupada

— Pode ser... mas aparecer com outro cara e ignorar minha existência não é a melhor forma de passar por isso. Eu poderia ajudar...

— Já que você mencionou “ruiva” acredito que devo compartilhar meu sofrimento também. – disse Doralice encarando amiga. – James Sirius Potter está em um relacionamento com Daisy Storm, sua então melhor amiga, inteligente, linda, monitora da Grifinória e é claro: ruiva.

— Ah... sinto muito? – respondeu Lola incerta. – Se bem que, James Sirius com uma namorada não é algo preocupante, não é? Ano passado ele não estava saindo com a Alexia?

— Amiga, você ouviu a parte da “melhor amiga, inteligente e linda”? A e a parte de ela ser uma monitora? Ou o pior, ela ser ruiva?

— Qual a paranoia de ela ser ruiva?

— Lola se você tem quedas por ruivas, imagina um Potter? Que só se casou com ruivas! – constatou Doralice indignada. – Sem falar que eles são melhores amigos. Os meus pais eram melhores amigos na época de Hogwarts e agora são casados com uma família linda e se amam muito.

— Todas as pessoas são diferentes Dora. – disse Lola suavemente. – Mas pensa aqui comigo, porque você não se declara pra ele?

— Eu já falei isso pra ela. – falou Louis olhando de lado Doralice. – O James precisa tomar ciência dos seus sentimentos por ele. Sabe? Pra ele notar que você existe e prestar atenção em você.

— Com toda certeza, assim que vocês se aproximarem, ele vai ver que você é uma menina muito foda! E daí ele vai largar essa garota, sem ofensas a ela é claro. – disse Lola encarando a amiga. – Não lembro quem é ela de qualquer forma.

— Vocês não entendem? – perguntou Doralice se encostando no banco desanimada. – O James é popular, sabe? Ele é carismático, talentoso, é amigo de todo mundo, sem falar que ele é lindo! Nunca que ele olharia pra mim? Pra alguém como eu, sabe?

— Nada disso Doralice! Vamos parar com essa vibe pra baixo – disse Lola dando um basta na negatividade – De qualquer forma, como você descobriu? Pegou eles no flagra como eu?

— Não, eu ouvi dos meus primos. Eles são “o casalzinho” do ano. – Desdenhou Louis revirando os olhos e fazendo aspas com a palavra “casalzinho” – Mas, como nossa querida florzinha disse, vamos espalhar essa vibe baixo astral.

— E como você sugere melhorar nosso humor? – disse Doralice enquanto Lola julgava outro apelido idiota que Louis dava pra ela.

— Ok, vamos lá! – disse Louis pegando algo na sua mochila no chão. – Olha só o que ganhei do meu avô.

Louis segurava um pequeno rádio trouxa com uma estética meio anos 80, preto com detalhes prateados. Segundo ele, seu avô o tinha encantado para que tocasse uma música que combinasse com o clima e a aura das pessoas a sua volta. Assim que Louis ligou o rádio “We are young” do Fun começou a tocar. A música tinha um timbre melancólico com uma letra muito característica e que talvez piorasse a situação.

— Ótimo Louis, essa música piorou nosso humor. – concluiu Doralice preste a desligar o rádio

— Calma Dora, vamos analisar a letra. – disse Lola ouvindo o próximo trecho “We are young; so let’s set the world on fire; we can burn brighter that the sun”— “Esta noite, somos jovens; vamos colocar o fogo no mundo; podemos queimar com mais luz do que o sol” é uma citação motivacional, porque é a verdade. Não é o fim do mundo, sabe? Somos jovens. – disse Lola citando a letra e totalmente comprada pelo sentimento que a música trazia.

— Às vezes queria ter esse seu otimismo e inteligência emocional que demonstra em situações como essa. – admirou Doralice, deixando a música tocar e envolvendo todos na mesma energia.

Já haviam passado algumas horas de viagem e Doralice decidiu ir no banheiro e dar uma olhadinha no seu irmão mais novo que estava embarcando em Hogwarts pela primeira vez naquele ano, o garoto tinha insistindo em ir sozinho na cabine e que a presença da irmã mais velha afastaria os outros. Mas isso não tirou a preocupação da sua cabeça, seu primeiro ano não foi o dos melhores, ainda mais quando falava seu sobrenome.

— Qual é, James você é tão idiota – ouviu Doralice de uma das cabines enquanto passava pelo corredor. ‘james? Meu james?’ parou imediatamente batendo em sua testa. Não é como se apenas um James existisse em Hogwarts. E só em pensar nele já ficava nervosa. 'por Rowena, sou uma grande idiota' Expirando fortemente com os olhos fechados e concentrada em se acalmar, acabou não percebendo que a porta da cabine em questão tinha sido aberta do nada lhe assustando fazendo com que escorregasse e quase caísse no chão.

— Opa... tudo bem? – perguntou James enquanto a segurava pela cintura a segurando e assim evitando uma queda.

O que? James está me segurando... como? e por Merlin como ele é cheiroso... e forte... e'

 — Oi? Garota da corvinal você tá bem? – perguntou James de novo, pois ela lhe estava encarando sem dizer nada.

— Doralice. Meu nome é Doralice. – respondeu desnorteada enquanto se distanciava de James, não responderia mais por seus atos se ainda ficasse tão colada nele.

— James. James Sirius Potter, mas você já deve saber, não?

— Claro... Quer dizer, não. Oi James. – respondeu gaguejando e já percebendo seu rosto esquentando.

— Você está bem? – perguntou de novo, com um sorriso de canto.

— Estou ótima. Em perfeito estado. – falou Doralice rindo de forma exagerada e parando no meio por pura vergonha.

— Tem certeza? Você tá vermelha. – Questionou risonho e inclinando a cabeça.

‘Meu deus, como é injusto ele ter um sorriso tão perfeito.”

— Não, claro que não estou. É impressão sua James, quer dizer Potter. É impressão sua.

— James, você não pode estar falando sério sobre aquele plano, não é? – saiu Fred Weasley II da cabine parando e encarando Doralice com uma sobrancelha erguida. – Oi?

 — Oi. – respondeu Doralice dando um aceno desnecessário e parando no meio do caminho.

— Eu... estou atrapalhando algo? Ou...

— Não. – respondeu Doralice mais alto que pretendia.

— Você pode perdoar o idiota do meu primo por ter insinuado qualquer coisa? – sorriu James pra ela enquanto dava um tapa na cabeça do outro. – Eu só a ajudei Fred.

— Exatamente. Muito obrigada, inclusive.

— Imagina. – disse James sorrindo de novo... – Você queria passar, não é?

— Hã...? – respondeu uma Doralice perdida, pois ficou concentrada nos pequenos detalhes do rosto do James, os óculos de grau, os olhos castanhos esverdeados, o cabelo meio castanho acaju e meio bagunçados e ‘desde quando ele tem sardas???’

— No corredor. Suponho?

— Corredor... Ah. Sim, verdade. Eu quero passar pelo corredor. É isso. Eu... vou ir. – disse Doralice enquanto passava ao lado de James e ia em frente.

Doralice não acreditava que tinha feito papel de idiota no seu primeiro dialogo com James. Ela vinha conservando sua paixonite por ele desde seu primeiro ano, quando a ajudou com o bullying que vinha sofrendo de alguns grifinórios irritantes. Eles tinham decidido prendê-la no armário de vassouras e estava entrando em pânico quando James apareceu abrindo a porta e ajudando ela a superar a crise.

Ele provavelmente não lembrava disso, mas ela gostava de pensar nele todas as vezes que era humilhada de alguma forma por gente sem noção. Da forma que ele falou com seus colegas de casa, com vergonha e decepcionado. Ela não tivera nenhuma reação, pois estava abalada demais, só lembrava do sorriso dele e da forma com que se prontificou em ajuda-la.

Era realmente uma tola. Uma tola por James Sirius Potter. Decidiu se manter o mais longe possível dele, ainda mais agora que tinha certeza que ele era realmente apaixonado por Daisy. Não ia insistir em algo que ela sabia que nunca ia acontecer, e com esse pensamento nem um pouco otimista foi em busca de seu irmão.


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