As duas amigas respiravam o ar fresco dos jardins de Hogwarts. Era um dia com poucas nuvens, e aproveitavam o bom tempo pra relaxar um pouco durante o fim de semana.

Pansy respirou fundo, vendo a garota ao seu lado ler seu livro calmamente, nem ao menos notando o quão entediada ela estava. Pensou se esse era o momento certo de fazer o convite que tanto pensava sobre, mas nunca era o momento certo de se interromper a leitura de Phoenix Black.

Felizmente, tinham uma conexão inacreditável.

— O que você quer, Parkinson?

— Ir ao baile com você. – disse sincera, atraindo o olhar confuso da amiga.

— Comigo?

— Com você, minha sonsa favorita. – respondeu, vendo-a rir fraco ao ouvir o apelido – Você mesma disse ontem à noite. Disse que terminaria com o bostinha do Blaise antes do baile porque não queria ele estragando as fotos do seu último ano agarrado em você.

— E troco um sanguessuga pelo outro?

— Quem me dera me agarrar a você feito um parasita, mas claro, Nix, você é uma puta sonsa.

— Obrigada, bom dia pra você também.

— Qual é, Black? Já tá ficando chato. 

A garota se sentou, arrumando os cabelos e fitando Pansy, ainda jogada à grama.

— Por que quer ir ao baile comigo? Com certeza você e o Draquinho seriam..

— Nem termina.

— Claro. – riu sarcástica. – O que realmente quer, Pansy? 

A dona dos cabelos curtos se sentou raivosamente, fitando Black diretamente e cara à cara. Queria gritar o que realmente queria, jogar na cara dela todos seus sentimentos e obrigá-la a sentir o mesmo. Por Merlin, ela era maluca? Ou achava que estava brincando?

— Eu sei que quer ir comigo, isso é óbvio, não sou idiota. – continuou Phoenix. – Quero saber o porquê. Não é vantajoso pra você.

— Não é vantajoso pra mim? – desdenhou em um riso – O que quer dizer com isso?

— Agora você é a sonsa, Pansy. Vamos lá, minha família está descredibilizada, meu sangue não está tão puro.. Quero dizer, nem sabe se seus pais morreriam de amores por esse lindo e juvenil casal sáfico. Aparecer no baile juntas não faria bem a sua reputação, que já está meio caidinha.

— Então não considera a possibilidade que eu possa querer beijar você apenar por querer? Por um desejo meu, por vontade de te ter como..

Não terminou a frase, apenas riu incrédula e desviou o olhar.

— Como o que, Pansy?

Não respondeu. Já estava chateada o suficiente. Tudo bem, seu histórico não era nada bom, mas sempre esteve grudada a ela. Isso já deveria ser indício de alguma coisa.

— Vamos fazer assim, então. – disse Parkinson, depois de longos minutos em silêncio. – Você arruma alguém pro baile que seja da sua laia, e eu arrumo alguém no meu patamar. Mas até as 22:00, depois disso, se não arrumarmos ninguém, vamos juntas.

— Talvez eu simplesmente vá com o meu namorado?

— Aquele cara não tá nem em cogitação – gargalhou sarcástica. – Está tentando dizer que não posso ser uma namorada melhor que ele?

— Quem acabou de inventar essa aposta idiota foi você.

— Quem acabou de ofender meu caráter foi você.

— E desde quando liga pra caráter, Pansy? 

"Desde que vi que você também liga, imbecil". Isso era o que queria jogar na cara de Black. Mas nada saía de sua boca, apenas um olhar raivoso do fundo de suas íris.

— Conte os prós e os contras.

— O que?

— Mandei dizer os prós e os contras. Vamos lá, se vai escolher o Zabini, vamos comparar o merdinha comigo. O que fez você aceitar o pedido de namoro dele?

— Ele é bonito. Mas você também, então empate

— Me acha bonita? – perguntou incrédula.– Quer dizer, claro. Continua.

— Ele é bem inteligente, mas só abre a boca pra falar asneira. Outro empate.

— Ah, qual é!

— Mas você fica melhor de terno. – comentou Nix, assustando verdadeiramente Pansy. – 3x2 pra Parkinson.

Tentou falar, mas nada saía de sua boca. Agora havia ficado realmente sem palavras.

— Você ouve minhas asneiras, me acompanha quando quero ler, rouba comida da cozinha à noite comigo..

— E o Zabini não faz nada disso?

— Ele nem me dá bom dia.

— E está se diminuindo pra encaixar nesse merda?! – falou Pansy, revoltada.

— Porque a gente é o casal perfeito.

— Nem você acredita nisso.

Realmente não acreditava. Namorava Blaise porque ele era bonito, influente, charmoso e bem, bem quieto. Não abria a boca pra nada que não fosse direcionado ao seu Draquinho, e Black adorava aquilo. Porque não queria muito saber dos princípios de vida dele. E, bom, ninguém namorava muito um sonserino daqueles pra conversar.

Mas achava que seu pai gostaria de saber que achou um bom garoto. Pelo menos, até ver ele e Pansy como o genro e nora mais unidos da Grã-Bretanha. Agora realmente as coisas estavam confusas pra Nix.

Era seu último ano em Hogwarts. Achava que o par pro baile de conclusão era o menor de seus problemas. Não pra Pansy.

Queria Nix e queria agora.

— Nix, não te prometo que vou ser a maior cavalheira do mundo, que vou mudar totalmente minha personalidade pra ser romântica com você ou sei lá. Só tô te chamando pra ir ao baile comigo, nada demais. Como amigas, se quiser.

A garota bufou. Achava Pansy uma imbecil ardilosa, manipuladora e mentirosa. E adorava aquilo.

— Vamos combinar os coturnos ou..

— Te odeio tanto, Phoenix Black. – riu, abraçando a garota. – Santo Merlin, o que que eu fiz?

— Não faz de novo.

— Nunca! Dizem que sangue ruim pega..

Phoenix não teve nem tempo de brigar com a garota: ela se aconchegou à sua frente, apoiando suas costas em Black. Abraçadas, olhando a vista do fim de tarde.

— Merdinha asquerosa. – resmungou Nix.

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