Hello Twice! escrita por brngitbck


Capítulo 2
Jeongyeon é a salvação #roomatesmalucas!


Notas iniciais do capítulo

E... eu esqueci de postar hehehehe
Mas aí vai mais um



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Depois de organizar as coisas sozinha em seu quarto, e decidindo de vez que ficaria mesmo com a cama de baixo, Dahyun saiu para procurar Jeongyeon como ela mesma tinha sugerido. Precisava descobrir onde comprar comida e outros itens, onde encontrar hospitais e farmácias, quais ruas e meios de transporte pegar para chegar à faculdade... coisas assim. Uma ajuda, claro, seria muito bem-vinda.

Carregando consigo a caneca amarelo-mostarda de interior branco que tinha ganhado de sua mãe como um presente de primeiro dia fora de casa, ela encontrou Jeongyeon ainda na cozinha. Apoiada com os cotovelos sobre o balcão e perdida em pensamentos enquanto mastigava alguma coisa, ela assistia a televisão de longe, bastante distraída com o clipe de um grupo de kpop famoso que passava nos comerciais.

Não estava tão distraída assim, porém, para que a chegada de Dahyun passasse desapercebida.

— Que...? - perguntou, surpresa. Levantou o corpo novamente e desligou a televisão com o controle que estava em sua mão. - Já organizou suas coisas? Você é rápida.

— Eu só precisei guardar as roupas nas gavetas e deixar o notebook sobre a bancada. Não tenho livros para organizar ainda, sabe?

— Bom... Você também pode deixar sua escova e pasta de dentes no banheiro, se quiser, é aquela porta ali - E apontou para sua direita. - Quer conhecer a vizinhança agora?

Dahyun colocou sua caneca no porta-canecas sobre o balcão, acenou positivamente com a cabeça, sorrindo: - Gostaria muito.

No mesmo instante em que ela respondeu, no entanto, o apito agudo que a porta de entrada emitia quando era aberta soou mais uma vez.

A pessoa que entrava demorou alguns segundos para alcançar a sala, tempo em que as duas na cozinha ficaram no mais completo silêncio, aguardando. Uma menina que Dahyun ainda não conhecia pisou no degrau de entrada, cabisbaixa. Tirou os sapatos ali, parecendo completamente distraída com seus pensamentos que claramente não eram nada bons, a expressão em seu rosto denunciava isso.

Ela passou por Dahyun e Jeongyeon parecendo completamente inconsciente da presença das duas, resmungando qualquer coisa que nenhuma delas conseguiu ouvir direito. Quando já alcançava o corredor para ir para seu quarto, no entanto, foi impedida por Jeongyeon, que chamou por ela com a voz bastante alta para trazê-la à realidade novamente.

— Ei, Nayeon! Não vai cumprimentar a nova moradora? Fechou a porta e deixou a educação do lado de fora?

Apesar de Jeongyeon estar claramente bastante calma, soando até brincalhona, o olhar que Nayeon lançou-lhes fez Dahyun estremecer. Ela lembrava muito uma personagem de anime, daqueles que viram escuridão pura quando se sentem miseráveis e são provocados. Se a tal Nayeon vivesse em uma animação, Dahyun sabia que com certeza estaria vendo a aura de desprezo ao redor dela nesse momento.

Não houve resposta à provocação, no entanto. As duas apenas se encararam por um momento antes dela abrir a porta do quarto e entrar.

— É... Parece que vamos ter de deixar as apresentações pra outra hora - Jeongyeon disse, com um suspiro. - Ela deve ter brigado com o namorado de novo, sei lá. Devo ser a única bem-humorada dessa casa hoje - E virando seu olhar para Dahyun mais uma vez: - Já terminei de comer. Vou te mostrar o mercadinho mais próximo.

Do lado de fora da Belle Époque, as duas desceram as escadas. Jeong tomou alguns passos rápidos em direção à rua porque sabia que precisaria estar à frente para mostrar o caminho.

Ela parou logo que abriu o pequeno portão.

— Certo - disse, usando o braço para apontar para a direita, onde a larga rua sem calçadas se estendia até alcançar uma outra, transversal à ela: - Se seguir por aqui você chega na avenida e pode pegar os ônibus para a faculdade. - E, esticando o braço para o lado oposto: - Nós vamos por aqui, que é onde fica o mercadinho.

Elas não demoraram muito, foram apenas duas esquinas percorridas, para alcançar uma lojinha pequena e bastante iluminada por dentro. A fachada era toda de vidro e era possível ver todas as várias prateleiras que a formavam do lado de dentro. Uma moça bastante nova e alta que atendia os clientes que entravam ali ficou observando as duas conversarem do lado de fora, algo que apenas Dahyun percebeu porque Jeongyeon estava de costas para ela, explicando como as coisas funcionavam.

— Nós normalmente compramos nossas coisas aqui porque é perto da república e tem praticamente tudo que precisamos por um preço bem razoável. Se precisar, é só seguir essa rua por mais 3 quarteirões e entrar a esquerda para achar um mercado maior. É mais barato, mas é mais longe. Posso te levar lá depois, se quiser...

— Eu tenho certeza que vou precisar de ajuda - Dahyun respondeu com um risinho. - Não sou muito boa com localização...

Nesse momento, ela também reparou que a garota que conheceu mais cedo, Momo, estava dentro da loja, justamente saindo do caixa com os vários produtos que tinha comprado. A própria Momo não as viu logo de cara e Jeongyeon, que só agora girava o corpo para entrar na loja, também não parecia tê-la percebido por conta do que disse em seguida:

— É bom que compre o suficiente para passar a semana porque... Bem, você já conheceu Mo...

Ela parou por aí, porque trocou olhares com o assunto da conversa, que passava pela porta da loja para voltar para casa.

— Sério, Yoo? - ela questionou, parecendo mais indignada do que irritada. - Está mesmo do lado da Chaeyoung? Acha mesmo que estou errada por defender o que eu comprei com meu dinheiro?

— Ah... - Jeongyeon respondeu, abaixando levemente a cabeça pela vergonha de ser pega em flagrante. Tomou alguns passos em direção à loja, evitando trocas de olhares, e alcançou a entrada enquanto falava as últimas palavras: - Não, não acho. Me desculpe, Momo, mas você sabe que tivemos outras situações piores que essa.

Momo bufou, aumentando um pouco a voz enquanto voltava para o lado de dentro.

— Ei, eu já pedi desculpas!

Dahyun, que apenas colocava os lábios para dentro da boca para segurar o riso, entrou também.

Jeongyeon e Dahyun cumprimentaram a mulher no balcão. Ela tinha cabelos compridos e castanhos, agora reparava, suficientemente próxima para isso. Dahyun supôs que seria uma amiga das meninas da república, visto que Jeongyeon cumprimentou-a com bastante informalidade.

— Não adianta pedir desculpas se continua fazendo, Momo - Jeongyeon respondeu, sem olhar para trás, e alcançou o balcão no momento em que a atendente abria um sorriso bastante largo e bonito, de dentes perfeitamente alinhados. - Tudo bem por aqui, Tzuyu? Pronta para volta às aulas?

Momo não falou mais nada porque, afinal, tinha acabado de sair da mesma loja e apenas esperava que elas terminassem suas compras para voltarem juntas à Belle Époque de uma vez. Já tinha conversado a mesma coisa com Tzuyu, inclusive, e não viu necessidade de abrir mais a boca.

Dahyun, por sua vez, para se adiantar, andou até uma das prateleiras e começou a analisar o preço de algumas coisas. Jeongyeon tinha razão, o preço de tudo era bastante ok por ali, apesar de ser apenas uma loja de conveniência pequena. Ela andou até um monte de cestinhas que a loja fornecia para pegar uma e preenchê-la com suas coisas enquanto a garota no caixa respondia as perguntas.

— Preparada... não, acho, mas eu não tenho muita escolha né. Tô tentando convencer meu chefe a me dar um aumento pra eu poder largar esse emprego e pagar meu quarto só com o salário do outro. Vou ter mais tempo se conseguir, não dá para continuar estudando a matéria do semestre inteiro só nos domingos - E parando um momento, mirou a garota que fazia suas compras: - Ela é amiga de vocês?

Jeongyeon virou-se para Dahyun, que nesse ponto já tinha pego vários produtos em sua cestinha de compras. Vendo que era citada, ela deu alguns passinhos rápidos e se plantou na frente de um monte de enlatados, mais perto do caixa. Seu corpo estava bastante enrijecido, esperando as devidas apresentações de Jeongyeon antes de dizer qualquer coisa.

— É a moradora nova - ela disse, apoiando o rosto na mão, o braço apoiado sobre o balcão. - O quarto estava desocupado, né, uma hora isso ia acontecer.

— Está tudo bem, não podia esperar que guardassem para mim porque eu não ia mesmo voltar - E, virando-se para Dahyun, a balconista mostrou-lhe outro sorriso, curvando o corpo para frente. - Sou Chou Tzuyu, muito prazer.

Dahyun aproximou-se mais um pouco enquanto respondia.

— Me chamo Kim Dahyun, o prazer é todo meu.

— Eu só estava mostrando as redondezas pra ela - Jeongyeon continuou, para Tzuyu, e virou-se mais uma vez para Dahyun em seguida. - Acho melhor voltarmos logo para a Belle Époque. Sana vai acordar logo e quero que vocês se conheçam ainda hoje.

A verdade é que Dahyun ainda não sabia quem era Sana, mas deduziu que deveria ser o nome da colega de quarto que acordava tarde aos fins de semana. Lembrou-se dos nomes que Momo apresentou quando abriu a geladeira e aí teve mais certeza. Levando sua cesta ao caixa, ela pagou sua conta, se despediu da garota da loja e saiu, acompanhada por Momo. Jeongyeon, antes disso, falou com Tzuyu uma última vez:

— Boa sorte com seu chefe... - E também colocou-se para fora.

As três voltaram conversando até república e, como era perto, não demoraram nada para chegar. Momo estava mais calma naquele ponto e Dahyun percebeu que ela era bastante extrovertida e engraçada quando não estava irritada com Chaeyoung, e teve mais tempo para conhecer melhor Jeongyeon durante a conversa, julgando-a definitivamente como a mais simpática entre todas as meninas.

Enquanto Dahyun dava um jeito na geladeira para arrumar espaço para si e Jeongyeon voltava para seu quarto, o da direita na extremidade do corredor, Momo colocou as compras sobre o balcão e rumou para a porta logo a frente, do lado esquerdo do de Jeongyeon.

Entrou com passos silenciosos. Sabia quem estaria ali dentro e não pretendia incomodar.

—---------------

Logo depois do chamado de Jeongyeon, quando as meninas se preparavam para sair da Belle Époque, Nayeon se enfiou para seu quarto e se jogou na cama, cobrindo com a coberta até acima de sua cabeça. Felizmente estava sozinha, Momo devia ter saído mais cedo para qualquer coisa que não lhe interessava minimamente naquele momento, ocupada demais com seus próprios problemas para se importar.

Bufando, ela pegou o celular, acendeu-o e abriu a última conversa do histórico. Franziu a sobrancelha lendo as últimas mensagens que tinha trocado com aquela pessoa em específico. Um homem, agora, seu ex-namorado.

— Idiota... - disse, baixinho mas com bastante ódio, enquanto escrevia uma última mensagem para o tal número.

"Passo amanhã para pegar minhas coisas" era a mensagem. A única, antes de largar o celular com força ao lado do travesseiro e se enfiar nas cobertas novamente.

Não ouviu o celular vibrar mais uma vez. Sabia que não receberia resposta para aquilo. Jeongyeon estava certa, afinal, e Nayeon tinha mesmo brigado com o namorado, mas dessa vez o relacionamento parecia ter chegado, enfim, aos seus últimos dias.

Tinha raiva dele por vários motivos, mas especialmente por ter esperado tanto tempo para dizer que não queria mais estar com ela. O feriado do natal tinha sido tão recente e ela tinha gastado tanto dinheiro com o presente que lhe deu que sentia raiva sempre que lembrava da reação realmente muito estranha que teve ao recebê-lo. Isso, claro, não era nem a pior parte - o pior tinha sido mesmo a traição.

Ela teve muito tempo com aqueles pensamentos, refletindo sobre o quão estúpida tinha sido, porque Momo demorou a voltar ao quarto. Apesar de serem bastante próximas por dormirem juntas, ela não sabia dizer se estava no humor certo para falar sobre o assunto.

Quando ela chegou e ela sentiu seu olhar da porta encarando-a na escuridão que o quarto mergulhava, ela sabia que não tinha outra escolha.

Momo andou até a cama e se sentou no espaço ao lado de Nayeon em silêncio por longos instantes. Sua mão permaneceu apoiada sobre o corpo de Nayeon sob a coberta, acariciando-a por pena.

— Você foi no encontro, não foi?

Nayeon girou bruscamente o corpo na cama para mirar o teto, enxergando nada além da feição escurecida do rosto da outra no canto do olho.

— Ele disse que já estava com ela há meses... - Sentiu os olhos marejarem um pouco logo após essas palavras. A voz tornou-se um pouco trêmula também. Era algo duro tanto de se ouvir quanto de falar. - Eu precisava acabar logo com isso, Momo. Não tive outra escolha senão ir.

Momo suspirou pesadamente em resposta, virando o rosto para o lado. O que poderia dizer naquele momento?

— Você quer fazer algo para se distrair? Ver um filme, comer algo, qualquer coisa...?

Com a resposta, que não era exatamente o que Nayeon queria ouvir, ela virou o corpo de lado novamente, voltando a mexer no celular. Esperava por uma solução. Esperava que Momo pudesse voltar no tempo e consertar tudo para ela. Coisas que claramente ela não podia cumprir. Sua expressão, que minutos antes quando virou para falar parecia um pouco mais triste que irritada, voltava a ser apenas irritada. Ela franziu a sobrancelha quando deslizou o dedo sobre a tela do celular, descendo a tela inicial de uma rede social qualquer, fungou o nariz e limpou a única lágrima que escorria em seu rosto.

— Acho que só quero sentir ódio hoje - ela respondeu, secamente. Os olhos não estavam mais marejados naquele momento. - Deixe a luz apagada se não for precisar do quarto, por favor.

—-------------

Algum tempo se passou e Dahyun já estava sentada no sofá da sala completamente sozinha, celular em mãos e a televisão ligada em volume baixo, quando ouviu um som de impacto vindo do quarto logo ao lado de onde estava. Era aproximadamente 11 da manhã quando isso aconteceu.

Ela ouviu algumas vozes abafadas e, apesar de não conseguir realmente entender nenhuma palavra, uma delas era certamente da garota que ela já conhecia, Jeongyeon. O quarto era dela, afinal, e ela reconheceu facilmente seu tom de voz.

A outra, um pouco mais aguda, foi necessário mais algum tempo para que deduzisse ser da colega de quarto que Jeongyeon comentara mais cedo. Era a que acordava tarde aos sábados, recordou-se. Era o motivo para não ter entrado naquele quarto ainda.

Quando a menina abriu a porta, saiu diretamente em direção ao banheiro sem olhar para os lados. Deu um longo e sonoro bocejo, típico de quem tinha acabado de sair da cama. Obviamente, não tinha visto Dahyun.

A própria Dahyun a observou atravessar a sala, reparando, no seu caminho até o banheiro, que seus cabelos eram tingidos de rosa e que vestia um pijama azul com algumas formas amarelas estampadas sobre o tecido. Eram bastante pequenas e ela passou tão rápido que foi impossível identificar o que eram.

E mesmo depois de sair do banheiro, a garota ainda teve tempo de ir em direção à pia para pegar um copo de água - e fez isso com passos lentos, olhos fechados e cara de sono - e ir até o fogão para colocar uma chaleira cheia de água para esquentar antes de notar a presença dela sofá. Foi logo depois do caminho que fez, quando se virou para voltar para o quarto, que reparou na pessoa sorridente e um pouco constrangida que a observava de longe.

Ela inclinou levemente a cabeça e franziu as sobrancelhas para Dahyun, desconfiada e confusa.

— Hmm... Quem é...?

Antes que pudesse responder por si própria, no entanto, Dahyun ouviu um "AH!" vindo do quarto ao lado. Jeongyeon saiu apressada de lá, apoiando-se na parede onde a porta se fechava para poder olhar a garota de cabelos rosa e dizer:

— Ainda bem que deixou a porta aberta, Sana, porque eu esqueci completamente de te avisar - E apontou para a menina à sua esquerda. - Essa é Dahyun, a moradora nova. Vai ocupar a cama que era da Tzuyu.

Talvez não fosse a melhor maneira de introduzir uma pessoa nova, Dahyun pensou. Não queria ser vista como a "substituta"... Mas como avisar isso para Jeongyeon? Seria estranho tentar fazer isso agora, apesar da sobrancelha arqueada que a garota, Sana - como Jeongyeon tinha chamado, ao menos - mostrar nitidamente que a apresentação daquela forma tinha sido uma má ideia.

— Bem... - ela disse, após algum curto tempo em silêncio e um suspiro. - Ela não ia manter o quarto para sempre, não é...?

— Foi o que ela disse mais cedo - Jeongyeon completou, ajeitando o óculos no nariz e se colocando novamente para dentro do quarto. - Acho que já desistiu há bastante tempo - gritou lá de dentro.

Sana voltou-se à região da cozinha mais uma vez, desistindo de ir para o quarto, para aguardar que a água esquentasse. Seus olhos mantiveram-se focados na chaleira para evitar os olhos de Dahyun, que nesse momento já começava a pensar que não faria mais nenhuma amiga além de Jeongyeon por ali. Talvez, se se esforçasse bastante, conseguisse se aproximar de Chaeyoung também, se não invadisse seu espaço nem tirasse suas coisas do lugar, mas achou bem possível que isso acontecesse também. Momo, e especialmente Nayeon, pareciam totalmente impossíveis, e Sana parecia ser a pior delas.

Estava condenada ao fracasso. Em meio àquele silêncio constrangedor, era bem fácil pensar no pior.

Devia se desculpar com Sana? Imaginou que seria o melhor a fazer, mesmo que não tivesse feito nada de errado, mas não teve tempo para isso. Foi ela mesma quem voltou a falar primeiro.

— Não leve a mal, tá bem? - Sana pediu, ainda focando seus olhos na água, que agora começava a formar bolhas. - Não criei esse clima estranho de propósito. Tzuyu e eu éramos muito próximas, só isso - E, virando os olhos para ela mais uma vez, agora com um sorrisinho de culpa no rosto: - Desculpa, não quero fazer sua experiência por aqui ainda pior. Sei que já deve ter conhecido as outras.

— Você era a última, apesar de eu não ter falado nada com Nayeon ainda - explicou. - Mas não precisa se desculpar, mesmo. Eu entendo.

Mais um longo silêncio se fez enquanto Sana preparava seu café da manhã de almoço de sábado. Dahyun não saiu do lugar, continuou mexendo no celular enquanto esperava para ver se a outra ia se aproximar para conversar, sentindo-se cada vez mais ansiosa para conhecer Sana depois do susto inicial e perceber que, afinal, ela talvez não fosse tão ruim assim, só tivesse sido atingida pessoalmente pela substituição. A refeição que Sana escolheu foi um chá escuro, que Dahyun não conseguiu identificar qual, e duas torradas, trazendo-as em um prato pequeno. Ela colocou tudo sobre a mesa de centro, sentando a uma certa distância segura da outra.

Nenhuma das duas falou nada de início. Sentiam que seria simplesmente muito estranho começar uma conversa depois do que tinha acontecido, mesmo com as desculpas. Ficaram ouvindo o som da televisão e dos movimentos de Jeongyeon no quarto ao lado até que Sana tomou a coragem de tentar dizer qualquer coisa:

— Em qual curso você se matriculou?

Achando que ficariam em silêncio até alguém aparecer para quebrá-lo, Dahyun foi pega um pouco de surpresa pela pergunta que surgia. Virou o rosto rapidamente em direção à Sana, não sabendo, de início, o que deveria dizer.

— Sou da arquitetura, e você?

— Direito - Sana respondeu, dando uma mordida em uma de suas torradas em seguida. - Chaeyoung e eu, apesar de não sermos do mesmo ano. Eu sou mais velha.

— Mesmo? Você não parece mais velha.

— Mesmo - ela confirmou, bebendo um pouco do chá em seu copo. - Que bom que acha que não, apesar que Chaeyoung não vai gostar de ouvir isso.

Dahyun riu, mas temia um pouco aquilo. Seria possível agradar todo mundo? Talvez ficasse ainda mais difícil fazendo comentários como aqueles.

— Jeongyeon já deve ter te apresentado tudo por aqui, não é? - Sana continuou e, como estava olhando para a própria comida e para a televisão, não viu o aceno positivo da cabeça de Dahyun. - Conheceu a lojinha onde Tzuyu trabalha? É a mais barata e mais próxima daqui, então dá para chegar à pé até lá... Mas tem um mercado por perto também, se precisar. É meio longe e às vezes não dá para escapar de ir até ele, mas eu evitaria o esforço. Mas eu dirijo, qualquer coisa, então pode me avisar quando precisar de uma carona. Todas as meninas fazem isso, e é claro que não sou motorista particular, mas, se estiver de saída ou algo assim, não me importo de levar. Só não consigo todas de uma vez, o carro é pequeno.

Ok, desconsiderando-se Jeongyeon, é claro, que ficava sempre por perto para ajudar ela a se enturmar e conhecer o lugar, Sana era com certeza a segunda mais prestativa dali. Dahyun até se sentiu um pouco mal por ter julgado ela cedo demais, mas claro, não era culpa sua e afastou os pensamentos sem demora. Não iria dispensar a ajuda de Jeongyeon para chegar ao mercado caso voltasse a oferecer, claro, mas a ideia de Sana parecia definitivamente menos cansativa.

— Eu preciso aprender a dirigir também - Foi o que Dahyun respondeu. - Ajudaria muito não ter que pegar ônibus todos os dias. Eu fazia isso em casa pra ir para a escola e era bem chato.

— Se organizarmos direitinho, não vai mais precisar disso - Sana completou.

Não demorou muito para que Sana voltasse ao seu quarto e Dahyun ficasse sozinha novamente. Ela saiu naquele dia para comprar mais algumas coisas, depois fez seu almoço ouvindo algumas músicas em seu celular - baixinho, porque era a moradora nova e sentia que deveria evitar incomodar - e, por fim, ficou sozinha em seu quarto, lendo um livro e assistindo séries em seu celular enquanto esperava que Chaeyoung voltasse para conversarem mais um pouco. Ela não voltou até o início da noite e Dahyun não estaria mais no quarto quando isso aconteceu.

Jeongyeon também ficou ocupada o restante do dia e não teve tempo para conversas. Achou que deveria ser mesmo assim - pelo menos teria mais algum tempo antes de estragar tudo com todo mundo mais uma vez.


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